segunda-feira, 2 de junho de 2025

Bosques de Chapecó

Os bosques nos arredores
Da cidade de Chapecó
Guardam neles
Histórias trágicas,
Desde seus inícios
Até a queimada de seu
Mais antigo tronco.
Mesmo o crepitar das chamas
Dos fogões de lenha
Dos cidadãos,
Confidenciam pra quem
Queira ouvir,
Poucos, contudo
Ousam falar em alta voz.
Nestas espessuras funestas
Muitos entraram vivos,
Outros já desfalecidos,
Dentro de seus troncos queimados
Há alma que entrega seus ossos,
Destes restos emergem flores
Desconhecidas de todo olhar.
Se estás árvores
Soubessem contar
Seus testemunhos
O tanto que suas águas
Conseguem entregar
Já causaria pânico.
Não há lugar mais medonho,
O ano de 2014 foi marcado
Por encontros de cadáveres
Sem rosto ou identidade,
Outros anos são silenciados.
Os soldados entram nestes bosques
Sem precaução,
Fazem destes lugares
Seu estande de tiros,
Miram pra acertar onde convir,
E se o tronco não reter a bala,
Que está venha a repousar
Em um corpo qualquer
De suas proximidades.
Nisto não há conflitos,
Quanto ao grau de seus óculos,
Visão desfocada
Ou empecilhos,
Um pente de munição dá solução.
Todavia, seu chão
É coberto por flores,
Belezas inigualáveis,
Palco para repouso de mulheres,
Ramos de folhagem
Caem tremeluzentes por troncos
Grossos que seguram dez bois,
Um guindaste não os derruba.
Raios de sol furam as copas
Das árvores aqui e ali,
No musgo de suas pedras
Repousam eventuais preciosidades,
Ora um anel com nome escrito,
Ora um documento de identidade,
Ora um rosto sem pele.
Os soldados adiantam -se
Por entre estás árvores,
As reconhecem como ninguém,
Lá poucos se perdem,
Os pássaros já os reconhecem.
Lá se caça javalis,
Mas, caem também homens
Aqui e ali.
O musgo e folhas suadas
Amortecem os passos
Dos que penetram estes bosques,
Nenhuma trilha se desenvolve
De início ao fim,
Há sempre uma estratégia,
Um meio de conduzir-se
Feito um labirinto de crimes
E chacinas.
Alguns são conduzidos
Pra lá dentro de uma viatura,
Se veem algemados
E jogados de joelhos nestas
Terras e lá encontram seu fim,
Coloca-se em relatório
“De passagem pela polícia”.
Ou nem.
De tempos em tempos
Encontra-se restos de fogueira
Por entre sua densidade,
Ou covas obscuras
Com corpos apodrecidos
Em suas entranhas.
Se os tempos são difíceis 
O pau é o freguês.
De súbito os soldados
Sentiram o extremecimento 
De quem está perto da presa,
Estava ali o bandido,
E ambos temiam a emboscada.
Ao avistar um farfalhar de folhas,
Ouviram uma respiração 
Em meio ao arvoredo,
E o movimento de folhas não mentia,
Rapidamente, todos os soldados
Se reuniram ao redor da folhagem,
Fizeram um cercado
Com um círculo de espingardas 
Engatilhadas na direção do movimento,
Cada qual com o dedo no gatilho,
O alvo na mira certeira
De poucos metros,
Apenas esperavam para metralha-lo 
A voz do sargento,
E veio,
Veio num rugir reconhecido 
E o dedo que estremecia ao ruído 
Apertou com força e segurança,
Só depois afastou a folhagem 
E os arbustos que aguentavam
O indivíduo,
Caído a sangrar por entre a moita
Estava o próprio sargento 
Com os lábios abertos
Pelo grito de dor e lamento.
" Era alto que o senhor 
Tinha que dizer sargento,
Não fogo."
Retrucou o soldado
Trêmulo por um sorriso 
Que ameaçava seu rosto
E não tardou sair num rompante.
O soldado sem dizer palavra
Perdeu sua espingarda
Em meio ao conflito
E abandonou o corpo ferido
Do sargento ali mesmo,
Todos saíram de lá emudecidos.

Furto a Banco

“Sem perdão,
Nem quartel”.
Gritou do alto o soldado,
Armado até os dentes,
De colete a prova de balas,
Previamente preparado
Para o conflito.
Do alto da BR,
Margens do asfalto,
Ele e muitos outros
Se embrenharam no conflito,
Diziam trezentos
Consigo mesmos,
Contudo, não se deram
Ao esmero de organizar o número.
Marcharam muito moro abaixo,
Logo no início
Resvalaram sobre uma rocha úmida
E caíram para baixo,
Descendo feito pedras
Direto contra uma árvore,
Logo ali ficaram cinco
Desvalidos e desmaiados.
Com a batida,
Houve um tremor
Isto mais todos aqueles
Homens caindo
Fizeram a rocha se deslocar,
O pequeno objetivo
Se tornou enorme
Quando desmoronou
Sobre tais homens,
Ficaram ali cem contados.
Cem corpos foram jogados
No rio,
E retirados seus cordaos
Com nome descritos:
O oficial inferior
Pegou o relatório e anotou,
“cem soldados assassinados
Em trabalho
Cujos corpos foram jogados
No rio
Como forma de ocultar o delito.
Assassino foragido.”
Ninguém discordou,
Mas cada soldado dali
Ajudou a se livrar de um peso,
Um fardo moribundo
A atrapalhar o desenvolvimento
Da ação estratégica,
Qual ela?
Bem,
Isto nos remete a seis horas
Passadas.
Eram seis da manhã,
Tocou o telefone da polícia,
Feito o atendimento
Descobriu-se que o banco
Da cidade vizinha
Foi totalmente furtado,
Não sobrou dinheiro algum,
Apenas restou cadeiras
Jogadas pelos compartimentos,
Mesas quebradas,
Portas demolidas,
E a porta de vidro da frente
Estilhaçada.
Chegada a infantaria militar,
Notou-se uma jovem
Saindo de sua casa
Logo cedo,
Decidiram entre eles que
Cedo demais para estar na rua,
Pele morena, rosto enxuto,
Corpo esbelto, vestida de jeans,
Cabelo raspado...
Isto chocou suas mentes,
Uma mulher sem cabelos?
Alguém precisava deter-lhes.
Esta troca de pensamento
Entre eles
Demorou-se um bocado
Para chegar a consenso,
A definiram perigosa
E isto exigia chamamento
De reforço militar,
Do contrário iria parecer
Que haveria margem para erro
Em seus pareceres
Sobre os dez mil reais
Que sumiram do banco local.
Ocorre, que todos desconheciam
Que tal moça residia
Exatamente no local
Onde foram feito dez ofícios
Pedindo regularização da estrada
Para permissão de tráfego humano,
Dentre outros meios
De buscar que a estrada
Fosse organizada para tráfego,
Já que havia buracos
Em pleno acesso,
Partes estava desmoronando,
E as árvores que passavam
Estavam com os galhos
Sobre a via
Instante que ao trafegar
Batiam contra os carros,
Houve também abaixo-assinado
Com pedidos de que a estrada
Não fosse abandonada
Pela prefeitura,
Pois haviam moradores lá
Que não queriam abandonar
Suas prioridades devido a estrada
Ter de ser interditada
Por impossibilidade de tráfego.
A moça se dirigiu ao local,
Contudo.
A polícia demorou um pouco
Para segui-la,
Somente o suficiente para saber
Que a guarda especial motorizada
Estava se deslocando para
Prestar apoio.
Ao chegar no ponto
Em que garantiram que ela entrou,
A polícia tentou se inserir,
Já que vizinhos apontaram
O local para onde ela foi,
Porém, logo no início
O buraco enorme do meio
Da estrada de terra e pedras
Se abriu
E consumiu duas viaturas.
As sirenes ligadas garantiram
Que os demais tomassem conhecimento
Do que houve.
Os quatro policiais da primeira
Viatura a cair morreram soterrados,
Ou ao menos foram abandonados
Lá dentro dos entulhos.
- que houve soldado?
Passe as coordenadas.
Indagou um soldado
Puxando pela janela aberta
O rapaz da segunda viatura.
- emboscada, emboscada!
A garota atirou contra nós,
Certeza,
Matou quatro neste buraco!
Gritou o homem.
O oficial inferior ali presente
Tomou nota,
Foi a viatura,
Puxou a comunicador e falou:
- mais homens,
Mais homens.
Encontramos o ladrão
Do banco e é perigoso.
Outras viaturas foram deslocalizadas para lá.
O motorista e os outros três
Integrantes da segunda viatura
Ficaram imprensado contra
As ferragens,
Foi preciso chamar os bombeiros
Para cortar a viatura e retira -los.
Também foi acionado o guincho
Para retirar tudo de lá.
Os policiais que restaram
Decidiram pegar caminho adverso,
Eles tomaram nota
De que há muito tempo
Está estrada foi abandonada
Pelo poder público
E ninguém se importava
Com os moradores que restavam.
Deste modo foi,
Que se embrenharam no mato.
Onde as árvores ganham espaço,
O sol perde o brilho,
Tudo se ofusca devido
Ao seu verde intenso.
No bosque há noite contínua,
A sobrevivência depende
De aguçar os sentidos
E esforçar -se por entre meio
A cipós tão grossos
Quanto cordas
E fortes como pedras.
Depois de abandonar
Os corpos no rio
E vê-los boiando sobre a água
Até afundar -se,
Duzentos soldados seguiram,
No caminho se depararam
Com o cipó,
O cabo Rodrigo decidiu
Cortar com sua faca afiada
E o cipó retrocedeu seu caminho
Com força,
Atacando sem querer
Vinte soldados que foram puxados
Para o lado
E tomaram açoite tão intenso
Que caíram sobre as folhas
Molhadas do chão,
Sentindo dor.
Aranhas próximas as folhas
Se levantaram
Desgostaram de todo o barulho
E voaram contra eles,
Eram aranhas de todo o tamanho
Avançando e mordendo.
Alguns jogaram-se no rio
Abraçados aos mortos
Que ainda boiavam,
Outros correram a esmo,
Chocando-se contra as árvores,
Um grupo de trinta
Correu para dentro de um
Ora pro nobis,
A flor se abraçou a eles com
Seus espinhos
E nunca permitiu suas saídas,
Morreram ali
De arma em punho,
Fardados e altivos.
Outros retornaram
Pelo caminho
Que acreditaram ter encontrado,
Na subida alguns quebraram
Suas pernas,
Outros os pés, outros os braços,
Então, começaram a lutar
Contra si mesmos.
Quatorze que correram
Mais rápido,
Reuniram pedras lá em cima
E as fizeram rolar moto abaixo,
Talvez com medo das aranhas,
Talvez, acreditaram que o cipó
Era na verdade alguma espécie de cobra.
Uma chuva de pedras enormes
Começou a rolar moro abaixo,
Carregando homens consigo
Até longas distâncias.
“Um soldado tem olhos
Mas costas”.
Disse um deles
Ao outro que jogava pedras,
Quando este virou-se para trás
Sorrindo se deparou
Com uma pedra em meio a cara
Dele,
Desceu com ímpeto metade
Do morro entre o cair
E o deslizar.
Depois, outro lhe jogou
Uma pedra em cheio
Sobre o peito,
Lhe impedindo de qualquer forma
A sobrevivência.
Um rapaz pulou no cipó
E jogou-se contra
Quem quer que fosse
Que se aproximasse,
Batendo com os dois pés
No peito do indivíduo.
Um homem gordo e corpulento,
Puxou uma rocha
Para joga-la para baixo,
Encontrou um ninho de cobras
Que pularam em seu pescoço,
Nisto, desceu rolando e gritando
Pra baixo puxando com eles mais
Três homens,
Até que perdendo o impulso
Da descida não pode puxar o quarto
Que irritado pisou sobre sua mão
Para esmaga-la no chão,
Não contente com a dor
Do outro que se rolava
Com três cobras penduradas
No pescoço,
Ele juntou uma pedra
E lhe jogou contra o rosto.
O gordo não se moveu mais,
Contudo, as cobras fugiram.
Uma tão rápida
Cruzou para trás do policial
Que atirava a pedra
E pulou na sua nuca,
Ele tentou pular no rio
Mas se chocou num cipó,
E ficou enrolado naquela tramóia
De cipós que subiam,
Desciam e partiam pra todo lado.
Sobrou, de fato, três policiais
Que correram até a BR,
Ou segundo especulações
Nunca desceram atrás da tal moça,
Estes três viram um mendigo
Andando na estrada
Com mochila nas costas,
Vendendo mandulate,
Juntaram suas mãos
Uma na outra,
Algemaram e passaram a máquina
Em seus cabelos,
O virão um negro careca
E isto era o bastante.
O conduziram para a delegacia.
Serviço feito.

Terra Onde Nasci

São três horas da tarde
Em que estou com trinta
E cinco anos,
Muita coisa aconteceu,
Tudo evoluiu,
Contudo, eu não me arrependo
Nenhum pouco do dia
Em que eu disse:
“ Querido, sinto muito,
Não posso me afastar daqui”.
Eu sei que ele ficou pensativo,
No meu íntimo
Eu senti medo de perde-lo,
Mas meu amor pelo lugar
Em que nasci e me criei
Foi mais intenso,
Pois, ao menos
Eu fiquei firme,
Não esmoreci ante a ideia
De vê-lo ir
Pela estradinha de pedras
Ladeada por arvores,
E talvez, nunca mais voltar.
Ele olhou pro lado
E indagou:
“querida, vamos
Na cidade posso
Te dar vida melhor,
Facilitar as coisas”.
Então, ele me abraçou.
O abraço de quem
A gente ama é mais forte
Que tudo no mundo,
Todavia, eu olhei pela janela,
Vi a flor crescendo,
A banana se formando
No cacho,
A salada quase a ponto
De ser colhida
E encontrei forças
Para insistir:
“amor, aqui o sol brilha forte,
A chuva faz barulho no telhado,
O verde é intenso,
E as flores tem aroma de perfume.”
Ele me abraçou mais forte,
Via que tudo em mim
Que ele amava
Também estava lá fora,
O orvalho da lua,
A intensidade do sol,
O cheiro de fruta fresca,
Nisto, ele me amou e ficou.
Enfrentamos adversidades juntos,
Evoluímos no conhecimento
Sobre o plantio,
Na variedade da colheita,
Aqui nesta casa de madeira e alvenaria,
Temos galinhas e patinhos,
E agora se aproxima
A colheita do maracujá.
Eu não consegui abandonar
Nossa terra,
O lugar que me viu menina,
Que me fez forte
Para enfrentar as maldades,
Que me deu certa aversão
Com relação a cidade grande,
Aqui onde tudo é simples
E guardado por Allah,
Hoje somos mais felizes
Que poderíamos ser
Em qualquer lugar que fosse.

Tarde de maio e chuva

Aos trinta e cinco anos,
Eu pego o puf e estendo
Na cozinha,
Meu marido corta a lenha,
Os filhos a recolhem
Para dentro de casa,
Eu espalhou travesseiros
Sobre o puf e cobertores.
Desligamos a televisão
Em comum acordo,
Vamos juntos até a estante
De livros,
Escolhemos a melhor leitura,
Meu esposo
Acende o fogo,
Eu escolho o que começamos
A comer:
Pinhão ou amendoim assado
Na chapa...
Enquanto, o amendoim torra,
Meu esposo inicia a leitura,
Todos estão envoltos no puf,
Eu pego a chaleira
Colocou água
E levo para aquecer o chá.
Nos deitamos,
Com as xicaras de chá quente,
Comendo amendoim
Enquanto a lenha chamusca
Para fora,
E o fogo arde em tons de amarelo
E negro.
A chuva inicia sobre o telhado,
Cai feito sinfonia
Aos ouvidos,
Meu esposo me passa
A leitura e eu dou continuidade,
Depois é a vez das crianças
De um a um,
Cada qual lê um pouco.
A chuva torna-se fria,
Até virar gelo,
Lá fora tudo congela,
Aqui dentro nos abraçamos,
Estamos quentinhos.
Eu beijo meu esposo,
Nós beijamos nossos filhos,
Amor desde a infância
Sempre foi isso,
Demoramos para entender,
Mas, não tardamos perceber.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Muhamed o Príncipe da Lua

Muhamed sofreu
Ao ver o castelo
Do príncipe de ouro, Rahat,
E do príncipe de diamante Mohamed
Ser saqueada.
Levaram toda a comida
De ambos,
E o que não puderam levar
Estragaram jogando
Contra as paredes do castelo,
Neste ato, também,
Derrubaram algumas paredes
E atentaram contra os móveis.
Por sorte,
O príncipe de diamante
Não estava,
Contudo, os trabalhadores
Do castelo que estavam
Presentes neste momento
Sofreram tortura
E alguns foram mortos.
Já quanto ao príncipe de ouro,
Este estava,
Então, amarraram ele e seus pais
E bateram em todos amarrados,
O velho rei desmaiou de dor,
Os invasores deixaram
O castelo porquê tiveram
Certeza de tê-los matado.
Muhamed,
Ao saber da história
Saiu a janela
Para acenar a ambos
Que eram seus vizinhos
De reino.
Ficou tão triste
Ao notar a ausência de
Resposta dos amigos
Que chorou,
E ao sentir mais dor,
Acabou congelando.
Gelado,
Ele virou uma espécie de bola,
A própria lua viva,
Metade reflexo de luz
E lágrimas cristalinas
Metade gelo e obscuro.
Ele ficou tão incomodado
E se tornou uma bola
Tão grande
Que afastou o sol
E fez do dia noite escura.
Enfrentou tudo que havia,
Seguia a estrada rolando,
E chorando gelo,
Em sua frente fez verter
Água gelada em tudo que viu
E por trás tudo ia se tornando gelo.
Assim, entrou no castelo,
E com um sopro de ar gelado
Acordou o príncipe de ouro
E seus pais.
Ele chorou tanto
Que fez um rio gelado
Naquele aposento
Onde estavam
Mas, ninguém congelou,
Apenas acordaram enegrecidos
E trêmulo de frio,
E ao olhar seu redor
E lembrar de todo medo e dor,
Ficaram apavorados,
Mas abraçados ao príncipe lua,
Sentiram-se seguros
Para seguir
E reconstruir cada pedra
E cada móvel.
O príncipe de diamante
Vendo o príncipe lua em frente
Ao seu castelo destruído
Correu para ele com saudade
Do amigo,
E ao tornar-se diamante
Iluminou tanto o príncipe lua
Que se fez noite
Em torno do sol por
Trinta dias.
Por trinta dias
Tudo ficou obscurecido,
Como se o universo
Estivesse envolto num manto
Negro que o cegava
E o impedia de ver
Tanto ódio e crime espalhado
Mas palavras e atos
De tantos indivíduos anônimos
Prontos para fazer maldade
Com os mais fracos
E aproveitarem-se de seus declineos.
No trinta dia,
Entre a correnteza de lágrimas
Geladas do príncipe lua,
E o próprio gelo de sua dor,
Se o príncipe de ouro
E o de diamante
Não o abraçassem
Todos juraram que o sol
Iria congelar, despencar
E cair no abismo profundo.
O povo amedrontado
Fez um pacto de amizade e respeito,
Um pacto com objetivo
De evitar cometer crimes
E não apoiar atos atentatórios
Contra as pessoas,
Patrimônio e etc.
Assinado o pacto
O sol voltou a brilhar
E o príncipe lua cessou o choro.
Contudo, sua estrada nunca
Mais teve outra coisa
Que não fosse gelo,
Sua dor de tornou notória,
Gritante e evidente.
Seu jardim congelou
E nunca deixou de ter flores,
Porém, se estagnou,
Tudo virou o próprio gelo,
Até mesmo a dor
E o ódio.

A Tora de Madeira

O frio chegou de maneira imprevisível,
Tarde da noite,
No máximo madrugada,
Um sereno arredio descia
Das nuvens
Beirava a copa das árvores
E seguia percurso.
Mais tarde,
O sereno virou gelo,
Pequenos flocos desciam
Do céu feito uma cortina
De conchas da areia.
Dentro de casa
Giovana levantou correndo
Debaixo das cobertas
Para a cozinha
Acender o fogo
E manter lenha acesa
A noite toda.
Desta maneira
Foi mais simples aguentar
O gelo que caia e se alojava
Por entre as telhas
E sobre o gramado em frente a casa,
Com um pouco sobre
As árvores.
Ao amanhecer
Sentia-se como o frio
Adentrasse para dentro do cérebro
Feito filetes invisíveis
A corta-lo ao meio,
Os membros de cada um
Tremiam ao relento,
Os lábios gaguejavam
Para falar,
Parecia que o cérebro
Buscava as palavras
Para poder dize-las.
Todavia, o fogo no fogão
Manteve-se aceso
Com um brasido vermelho
E ardente,
A chama chamuscava
Para fora da boca do fogão,
Aquecendo toda a casa.
Ao sentir que aguentava o frio
Sem ferir-se ao desenvolver
O trabalho,
Dalvan saiu para fora de casa,
Testou os pés caminhando
De botas no relento do gelo
Derretendo sobre a grama verde,
Pouco gelo havia,
Isto ajudou -o a tomar sua decisão,
Ele testou seus dedos
Juntando madeira do chão
Levando-a para dentro de casa
E percebeu que sentia
Cada um de seus músculos,
Por tanto,
Convidou sua filha Giovana
E foram buscar lenha.
Juntou-se a junta de bois,
Entraram ambos,
Colocaram na carroça
E subiram a estrada
Rumo ao horizonte azul
E impecável que apenas
Um céu congelado
É capaz de ter.
Chegado dois quilômetros
Depois de casa,
Lá no finalzinho da propriedade
Eles buscaram a madeira
Que caiu com a última tempestade,
Havia eucalipto jogado
Por toda parte,
Pouco deles foi cortado
Em toras,
A maioria apenas foi jogado
Para um lado
Para retirar da estrada
E deixar livre o caminho
De passagem.
No entanto,
Depois de meses lá caído,
Eles secaram
E agora prestavam para lenha.
Dalvan e Giovana cortavam
O final de cada tora
E puxavam para a carroça
No tamanho da carroça e
Aproximado um metro após seu fim.
Nisto, Ezabelita chegou
Dirigindo a camioneta Strada,
Parou em frente aos bois,
E buscou os galhos menores.
Todos os três retornaram
Para casa as dez horas
Da manhã,
Bem cedo do dia,
Tinha muito tempo
Pela frente
E bastante lenha para cortar
E amontoar.
Chegado numa altura,
Ezabelita se assustou
Com uma cobra que trafegava
No meio da estrada,
Ela aumentou a velocidade
Da camioneta,
Engatou bem a terceira marcha,
E rumou para cima dela.
Porém, a cobra enrolou-se
De tal forma na roda
Do carro de Ezabelita
Sem parecer morrer
E o carro deslizou
Com aquela cobra pendurada,
A menina fechou o vidro da janela
E aumentava a velocidade
E freava sobre a cobra
Para mata-la.
Os bois correram com a carroça cheia,
Depois num ímpeto de medo
Estaquearam-se no meio
Da estrada
Uma madeira se deslocou,
Caiu para trás ligeira
Bateu no chão e
Quicou para os céus azuis
E gelados do Brasil,
Tomando proporções catastróficas,
Subindo naquele azul sem parar,
Até que de repente parou de subir
E simplesmente foi para a frente
Num rumo congelante e sem fim,
Até sumir no horizonte,
Mais tarde,
Assistindo o noticiário
Ao seu colocar mais lenha no fogo,
Descobriu-se
Que naquele voo louco e congelante
Ela se deparou com a esfinge
Atingindo em cheio seu nariz,
Bem na resvalada
Enquanto já estava a cair
Feito areia,
Porquê lá já não era tão frio.
Ela desceu deslizante,
Bateu no nariz
E feriu a estátua gravemente
Amputando parte de seu rosto,
Agora Dalvan decidiu ir buscar
Lenha para estocar
Antes do início do frio intenso,
Lhe pareceu mais sensato,
Mas quanto a atingir a esfinge
Ninguém comentou naquela casa,
Já o Faraó desceu de sua pirâmide
Danado da vida,
Decidiu por alguns dias
Parar seu trabalho
De construir tão alto as pirâmides.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Ladrões de Galinha

- boa tarde, Karito.
Indaga Pedrito entrando
No bar.
Karito olha bem o casaco
De Pedrito e nota penas
De suas galinhas sobre ele.
As galinhas que ainda de manhã,
Sumiram,
E que foram buscadas
Por toda parte.
- Boa tarde, Pedrito,
Soube das minhas galinhas?
Karito indagou seguro,
Já no segundo litro de catuaba.
Pedrito sem modéstia,
Pega um copo e serve-se
Da catuaba de Karito.
- O que é isso Pedrito?
Não me leve a mal,
Estou bebendo minhas dores,
Não tenho dinheiro,
Prefiro que cada um
Pague sua bebida.
Falou Karito,
Seguro de que suas dívidas 
Tomavam valor
E os produtos do qual sobrevivia
Decaiam o preço.
- que é isso vizinho,
Eu bebo da sua
Depois pago a minha
E bebemos no mesmo litro.
Respondeu Pedrito
Rindo,
Sem importa-se que sua chapa
Da boca estava deslocada.
- amigo, prefiro que não,
Sempre que isso acontece
Você marca na conta
Pra pagar depois
E o Seu Alceu me cobra
Porquê você não paga
E eu tava junto.
Disse Karito.
Pedrito pegou sua cadeira
Puxou para trás com força,
Levantando ela pro alto
E batendo no braço de Karito
Sem importa-se,
Levando junto,
Na outra mão o copo da bebida
Como disfarce.
Karito, estava embriagado,
Mas, não tanto.
Contudo, seu Alceu fez sinal
Que não houvesse briga ali,
Levantando a mão
E baixando em frente a Karito.
Nisto chega Juvêncio,
Um vizinho de ambos.
- e aí, Pedrito,
Mas galinhas boas
Aquelas que comemos
Ontem, heim?
Carne da melhor!
Ele falou,
Cumprimentando Pedrito
Com duas batidas
De mão aberta
Em seu ombro,
Seguro e feliz.
-Ora, Juvêncio,
Quando você quiser tem,
Você sabe que lá em casa
Comida não falta!
Respondeu,
Levantando-se
E abraçando o amigo.
- Olha Pedrito,
Se você diz isso porquê 
Cada vez que some as galinhas 
eu me importo,
Saiba que buscaram estás nos ninhos
Deixando os ovos no relento.
Agora, os pintinhos não irão nascer,
E as crianças gostavam
Dos bichinhos...
Respondeu Karito.
Depois referindo-se a Juvêncio:
- o senhor sabe
A gente que tem os bichinhos
Escolhe os favoritos
Pra manter a qualidade da espécie,
Você tem suas galinhas também.
Pedrito nunca riu mais.
- Juvêncio, tem galinhas?
Ele nunca comprou uma!
Ele odeia esses bichos,
Ele mesmo confidenciou
Que prefere não ter este tipo
De carne a comprar tais animais!
Hahaha.
Pedrito falou alegre,
E voltou a servir-se
Do litro de catuaba de Karito.
- como é que é Pedrito?
Vocês dois tem ido  buscar
Sem pedir minhas galinhas
E ainda levam veneno
Pro meu quintal
Pra matar os cães que cuidam
Os ninhos?
Meus dois cães de guarda
Amanheceram caídos e
Salivando espuma?!
Karito irritou-se.
Levantou-se de sua cadeira
E pegou Pedrito pelo pescoço.
- ladrões,
Ladrões assassinos,
Quem tem coragem
De não comprar
E ir buscar sem pedir
É um assassino,
Minha família é pobre
Precisa dos bichinhos.
Por quê fazer isso?

Todavia, Pedrito
Não se apiedou
Ergueu a mão com ódio
E acertou um soco
Em cheio na cara de Karito,
Que caiu para trás
Batendo a cabeça
Contra a mesa do bar.
Sangue começou a jorrar
De sua cabeça,
Escorrendo pelos cabelos,
Ele, então, juntou uma cadeira,
Um tanto as cegas
E jogou com toda a força
Contra aquele que ria sem parar,
Ele não via direito,
Tinha sangue e suor
Escorrendo por sua testa
E olhos,
Então, acertou Alceu,
O dono do bar.
Alceu caiu sobre as garrafas
De bebida,
Uma garrafa quebrou-se
E cortou sua jugular.
Alceu jorrou metros de sangue
Pra cima,
Morreu tremendo.
Karito, juntou seu casaco
E foi embora.
Pedrito e Juvêncio continuaram
Bebendo até acabar o estoque
De bebidas.
Depois disso,
Karito colocou
Uma placa em frente
As suas terras
Escrito:
“ Vende-se.”

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...