domingo, 29 de maio de 2022

Lembranças


Há manchas estranhas em todo passado,

Bem sabe-se que tudo que é lembrado,

Nem sempre equivale ao que um dia houve,

Mas, quanto ao que sinto, temo –permanece,


Se ainda o amo como naquele instante?

Eu não gostaria de afirmar mas me é equivalente,

Assemelha-se a duas gotas de chuva

Em um terreno arenoso e sem muitas pedras,


Cede e dor se misturam ao pó da terra,

É como se nada tivesse existido,

Mas, não se pode negar tudo que houve,

Visível aos olhos, sensível ao tato e esquivo,


Ao final, poderia ter dito que uma gota seria suficiente,

E talvez o fosse, naquela época, não agora,

Neste instante tenho tantos planos,

E o que houve a tempos atrás já não me vale,


Faço pouco caso de tudo que a lembrança traz,

Embora, não a veja, temo que ri do que digo,

Acima do meu esforço em negar a verdade, está ela,

E nela, cada vez que me toca, não precisa de verbetes,


Nada é tão tolo quanto o lembrar sem poder fazer nada,

A verdadeira glória está em estar perto,

Sentir cada momento e o viver em cada segundo,

Mas tenta o tempo provar alguma coisa e não consegue,


Depois que se vive o amor torna-se difícil esquecer,

Um dia me contentei com o êxito de tê-lo,

Que mediocridade!

Deveria ter lutado para conquistar seu sentimento,


Trai a mim mesma, que deslealdade!

Tomo nas mão a conquista, que miséria,

Se quiser o ter, preciso buscar nas lembranças,

Que pena, lembranças e esquecimento por toda parte,


Tudo obedece ao decurso do tempo: até o coração,

As coisas me voltam em mente mas não como antes,

Sinto que me fogem os beijos e até a razão,

Dizia ele ao meu ouvido: - por tanto, desprezo o tempo!


Respondi eu com o seu sorriso: - se, assim, você estiver comigo!

Mas, ele partiu e o tempo ficou comigo,

Dele só resta o que foi vivido,

Decaí do todo a parte,


Percorri o destino mas desisti do presente,

Queria, ao menos um pouco poder admirar,

Vislumbrar outra coisa, sonhar outros sonhos,

Mas, onde quer que olhe, só vejo: você não está,


Que este amor me possa fazer um favor,

Esqueça ou traga de volta!

Se o coração assim o quer, que assim seja.

Os beijos de pouco amor não passam de um sopro,


Mas, este do passado já ressoa em mentira,

Colocados na balança a ambos,

Não sei de mim o que sobra!

Se as lembranças aumentam reclama a alma,


Uma vez ele falou, duas vezes eu ouvi,

O que ele disse e a promessa que eu fiz,

Em meu coração ainda paira a fidelidade,

Mesmo que no dele não caiba mais que esquecimento.

sábado, 28 de maio de 2022

Te amo, meu amor!

 


O amor, renovação dos sonhos

Com bem pouco:

Um sorriso nos lábios que se expande no olhar,

Uma palavra macia dita em meia fala,


A busca por uma carícia escondida,

E a reza silenciosa de torna-la, um dia, pública,

O amor; Tão avesso ao ódio,

Quanto a saudade faz lembrar a quem sente falta,


O amor é sonhador,

É um sonho que se alcança no ato de beijar,

Muito diferente da ausência,

É juntar pedaço por pedação e estar-se inteiro,


Pelo simples fato de estar em um abraço,

É o não querer mais do que um colo para abrigo,

Choro por um e me afasto do outro – amor, ódio -,

Quem tem você por objetivo não sabe odiar,


Estar com você é distante de tudo que não faz bem,

O que chamei um dia saudade vira pó à minha alma,

Com você em meu caminho tudo muda a distinção e nome,

Amar você é bem diferente,


Mas tudo que penso geralmente perde o valor,

Com o tempo de instante a instante,

Menos o que sinto, o amor, já disse permanece comigo,

Amor e ódio; dois reais brincando de fazer joguete,


Um chama a saudade outra alega que fere,

Mas, quem tem você por objetivo pensa diferente,

Saudade, que doce sonho se o traz em sua pele,

Quanto a estar em seus braços acolhida e aconchegada,


Bem sabes, doce amor, não hei de querer outra coisa,

É certo que ser digna do seu olhar não é de menos respeito,

Me contento em estar as suas vistas do que me pôr para longe,

Escuta o que meu coração diz sobre o amor,


Amor sobre amor se torna feroz e valente,

Veja como meu coração o busca por onde passa,

Penso que se não estás comigo nem eu hei de estar,

Se este coração meigo embora arredio pudesse me ouvir,


O que não diria ao estar acomodado sobre o meu peito!

Creio que gostaria de estar sobre o calor dos meus sonhos,

Nem toda qualidade queda ao defeito,

Há de existir um amor que o convença disso,

Fecho meus olhos, rezo para que seja eu a mostrar-te isso.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Até Encontrá-lo


Ergueu-se até o seu ouvido

Então, disse a meia voz essas palavras:

- Meu amor, eu te amo, fica comigo.

Porém, o sentiu estremecer sem falar,


E por efeito sentiu aquele frio percorre-la por dentro,

Era uma espécie de medo pela certeza,

Ele não a amava e não queria isso,

Quando abandona-se as opiniões do coração


Pelas da certeza algo chama a razão,

E passa a ideia de desvelo perdido,

Orgulho ferido em um misto de dor,

Acreditou fixar-se nelas,


Então, reuniu todas as suas forças,

Abaixou os pés e foi em direção a sua boca,

Ali o beijou sôfrega e tremula pela descoberta,

Beijou-o como se nunca mais fosse beijar,


Aproveitou cada gosto, cada parte sua,

Agora, já suspeitava de todas as suas atitudes,

Dentro dela apenas o que crescia era a inquietude,

E sem ousar dizer mais nada,


Afastou-se abrupta e tremula,

Levou um tempo para ele cair em si mesmo,

E entender que aquele beijo nunca mais seria seu,

Não duvidava de seus motivos,


Mas, quem sabe o que o futuro o diria ou a ela?

Fechou os olhos distante dele,

Tentou acreditar que nada disso aconteceu,

As súplicas, a declaração ou a despedida,


Imaginou que nem o beijo teria existido,

Mas os lábios ardentes e avermelhados desmentiam,

Rosto baixo, a centímetros do peito,

Lugar onde tudo acontece e onde a razão perde espaço,


Segundos em que a alma não entende,

Ao levantar o rosto para os céus e abrir os olhos,

Viu tudo deslocar-se e ficar distante,

As certezas, as dúvidas e... ele,


Uma oscilação abalava por dentro,

Se demonstrava isso? Acreditou que não,

Ao menos ele não parecia ver nada disso,

Estranho desenlaçar interior que deixa sem razão,


Não admitiria ainda, mas já sofria com isso.

Dor dolorosa que faz os lábios sorrirem ainda,

Choro dilacerante que tenta enganar sem poder,

Por mais que tudo esteja guardado nela,


Não ousava encará-lo de frente,

Pensar que não o teria mais já era o bastante,

Renegou a razão e agora se apegava a ela,

Seus lábios surpreendiam-se vagamente,


Talvez, já estivesse previsto o fim, desde antes,

Os medos e coragens interiores se tumultuam,

Jogo do amor em que nenhum ganha ou perde,

É o que se tenta acreditar para seguir depois,


Mesmo que o depois fosse o agora e a olhasse de frente,

E ela, ainda não tinha forças para encarar seus olhos,

Jogou aquele beijo em sua boca,

E desejava mesmo sem perceber que o queria,


Num impulso, ergueu os pés apenas para voltar a baixá-los,

Queria apanhar o beijo no ar,

Sabia que nunca mais o teria,

Sentiria a falta dele em cada parte do seu corpo,

Porém, nunca mais confessaria,

Este dia, não iria se repetir agora ou depois.


quinta-feira, 26 de maio de 2022

Feito a Tarde de Outono

 


Chacoalhou os chinelos pela terceira vez,

Caminhava pelo caminho a arrastar os pés,

Não porque não gostasse de algo – contrário,

Gostava do barulho que passava uma impressão errada,


De não estar sozinha,

Porque de fato,

Quanto se ama não se pode dizer que está,

Ah, mas o amor da mesma forma que chega,


Some sem fazer perguntas ou dar respostas,

Nem se quer pensou nisso,

Quando se decidiu por amar sem medidas,

Se é que o coração consulta a alma quanto a isso,


Naquele caminho de pedras, flores e espinhos,

A tortuosidade da rua se assemelhava a ela,

Logo, semblantes tristonhos dizem tudo,

Mesmo que permanecesse em silêncio mórbido,


A palavra é inútil, quando vem sozinha aos lábios,

É preciso de um resultado,

Há instantes em que se poderia afirmar sem erro

Que corações conversam entre si mesmos,


O seu decidia tudo por si próprio,

Não admitia controversas,

Coitada dela que sofria calada,

Sua dor ou renúncia ele não ouviria,


Corações, mesmo distantes,

Olham-se e reconhecem,

O dele deve ter dito na hora aos seus ouvidos:

-Cilada, cai fora antes que seja tarde.


Mas, ainda assim ele teve atitude arriscada – o beijo,

Sim, beijou-a como se fizesse uma promessa,

E logo depois desapareceu por onde veio,

Sem deixar rastro ou vestígios,


Não fosse o amor que sentia,

Nem poderia dizer que teria vindo,

Todavia, naquela tarde que caia,

Seu coração lhe fez bruscamente um pergunta:


-Ela se recusou a responder,

Alegou ofensa e fez silêncio,

O mesmo que ele sempre fez ante sua recusa,

Apresentou-se a sua alma com simples atitudes,


Descalçou o chinelo que incomodava

E pôs-se a andar de pés descalços sobre as pedras,

Doía, - mais dói a alma- foi tudo que disse.

O coração descansa quando compreende bem,


Mas, o seu as vezes parecia esquecer de bater,

Do horizonte parecia vir a salvação, - o nada,

Vazio profundo e obscuro que se aproximava,

Ante a perda talvez fosse melhor o nunca ter tido,


Somente é o coração a rocha que se oculta,

Permanece a espreita a espera de novo encontro,

O amor que sente e guarda é torre segura,

Um tornozelo ferido, um passo em falso,


Mas doce e tolo amor – jamais abalado,

Sentia-se ferida, era como a tarde que fugia,

Inclinada para o chão já não podia ver mais nada,

Sensação de perda e dor e certa angústia,


Como uma alma que derrama-se estava prestes a perder-se,

Todo o propósito daquele que parte

É ser esquecido como se nada houvesse acontecido,

Ele embebeu os lábios em mentiras feito veneno,


E o derramou sobre o beijo que entregou,

Com a boca disse: a quero, mas no íntimo se recusou.


terça-feira, 24 de maio de 2022

Saudade

 


Naquele instante nada mais que seus devaneios

A sustentar os sonhos que tiveram juntos,

O devaneio não impede que o tempo passe,

E nem que o sonho retorne a cada instante,


A moça, cujos olhos buscavam ao longe,

Estava numa espécie de transe,

Que poder-se-ia dizer que não pertencia-se;

Nem a ela ou o local onde se encontrava,


Estava longe e distante,

Um vínculo de tudo que um dia houve,

A buscava para conduzi-la até ele,

Que sonho de amor seria este?


Que passa o tempo e com ele os instantes,

Mas o amor dentro dela não muda,

Por que ia o amor assim tão devagar?

Seus olhos indecisos de estar onde estava


Não se contentavam com nada do que viam,

Alguém a observa mas ela não nota,

O jovem que a busca com o olhar

E que parece realmente gostar dela a procura,


Mas ainda assim, ela não nota,

Naquele momento ela sentia mais que vivia,

Ou vivia justamente por sentir assim tão forte,

Os que sucumbem a saudade não saberiam dizer,


Desistem antes de qualquer coisa,

Franziu a sobrancelha, fechou os olhos imperturbável,

O amor que buscava já havia encontrado,

Dentro dela, e se agora não o via nem por isso desistia,


Começou sorrateiramente com um beijo no rosto,

Terminou recostado ao seu peito na mesma noite,

Agora, distante do olhar continuava em seu peito,

Doce amor que se afigura mas permanece distante,


Se o outro alguém lhe dirige a palavra,

Ela nem ou menos o ouve,

O amor quando encontra lugar dentro do coração,

Mesmo que se ausente ainda é capaz de fazer bem,


Nenhum nome abrigado a alma ou sua paixão,

Apenas ele e seu feitio encantador,

O lugar ao seu redor parecia triste e desalentador,

Naquele instante uma lágrima dela se derrama,


E repousa sobre a sua mão caída,

Seu devaneio passa o olhar por toda a parte,

Não se contenta e o chama;

Agora, sentia o coração abatido,


Mas ainda assim a salvo, de alguma forma,

Pois se fez do amor o seu refúgio,

Porque trataria de desistir justo agora?

Um devaneio ou lembrança forte a chama,


'Para sempre hei de habitar a tua tenda',

Diz ela a lembrança antes que se perda,

'Refugiar-me-ei no abrigo de suas asas,

Por favor, me conduza a quem não hei de esquecer nunca'.


segunda-feira, 23 de maio de 2022

Enfim, o fim

 


E, por tanto, fechei a cortina,

Não quis ver o desfecho da história,

Não tornaria a tocar no assunto,

E, quisesse Deus, nem vê-lo,


Por um instante, tudo fugiu do controle,

As juras afloraram a pele,

E foram rompidas antes de serem ditas,

Através de palavras explosivas e raivosas,


Que destruiriam qualquer coisa próxima,

Com isso, destruiu-nos, destroçou tudo que vivemos,

Confesso que não senti que ele se importou,

Do nosso fim, ele não se arrependia nem um pouco,


Pareceu apanhar cada jura de amor do ar,

E esmaga-la antes que eu as tivesse de volta,

Da mesma forma que se rasga um papel velho,

Como se todo o passado não significasse nada,


Fragmentou-se no emaranhado de choro e lamento,

Perdeu-se na névoa de dor que estava solta entre nós,

Minutos depois saiu batendo a porta,

Como se nunca tivesse desejado entrar,


Se negou a um abraço como se fosse minha vontade,

Não me consultou sobre nada, apenas saiu afora,

Acho que pensou que eu desapareceria na névoa de dor,

Mas não, apenas fechei a cortina e deixei a janela aberta,


Não pedi que a janela levasse a dor ou a fúria,

As palavras foram engolidas pelo soluço,

Os atos foram retidos por seus braços fortes,

Senti medo de me aproximar e de sua reação,


Apertei a cortina e deixei o choro correr solto,

Senti um aperto no peito mas não disse nada,

Tive medo de que tudo caísse em vão,

As lágrimas que banhavam a fúria dilacerada,


Feriam mais ainda a pele do que as palavras perdidas nela,

Toda a raiva esvaída contra um rosto que sofria,

E mesmo a dor não serviu para medida de diminuir os atos,

Rejeitei toda a dor e a fiz dispersar,


Não revidei tudo que ele me disse e nem revidaria,

Quando a fúria é intensa demais que sobra para falar?

Derramou sua raiva sobre o meu olhar,

Agora ela percorria meu rosto e roubava a minha alegria,


Senti que era tarde demais para restaurar qualquer coisa,

Melhor não lutar,

Sacudiste o meu peito e nele fez uma fenda,

Atirou-se lá e saiu para fora até não restar nada,


Dor e magoa consumiam o lugar,

Repara as brechas sobre a minha face,

As lágrimas prometem desmoronar até dilacerar a pele,

Abriu a porta com sua mão direita,


A mão onde um dia sonhamos uma aliança,

Que não veio e não estaria por vir,

Estava liberto aquele que tanto amei- não voltaria,

Lá fora, estaria melhor do que esteve comigo,


Amor fortificado também entra em ruínas,

Sonhos também desfalecem seus planos,

Não deixei espaço para que me avistasse lá de fora,

E então, decidisse voltar para nós dois,


Pois inútil é o socorro do homem,

Quando aquele que juramos amor, simplesmente, não o quer.


domingo, 22 de maio de 2022

O Fim

 


De repente, ele virou-se de costas e começou a se afastar,

Por um instante, ela o esperou se voltar,

Foi quando percebeu sua sombra sumir a sua frente,

Logo depois o prédio desapareceu com ele,


Parecia um aviso de que beijos não são eternos,

E que juras de amor no outono nem sempre alcançam o inverno,

Tudo o que havia imaginado para os dois até então,

Foi desaparecendo no descompasso do coração,


Conforme o coração se acalmava,

As coisas pareciam ser esquecidas – abandonadas,

Deixavam ambos, lembranças como rastros,

Amores que existiram não podem ser apagados,


Haviam conversas inacabadas e coisas silenciadas,

Mas, nesta altura: quem se importaria?

Talvez em algum tempo ela refletisse melhor

E quem sabe encontrasse algo que pudesse ter feito,


Mas, naquele instante gritou com toda a voz:

-Eu te odeio, e certificou-se de encher de ódio cada palavra,

Que este adeus se certificasse de que fosse único,

Engoliria sua partida e com ela seu orgulho,


Não procuraria um retorno – nunca,

Ergueu e abaixou o pé contra a calçada endurecida,

Teve sim vontade de lutar por ele não poderia negar,

Chutou o chão até sentir-se machucar,


Mas em seu olhar não havia nenhuma lágrima,

Ergueu os olhos para o horizonte com certo triunfo,

As lágrimas têm o dom de constranger mais que ajudar,

Folhas de outono caiam na calçada quente


E desfaleciam-se queimadas com o calor,

Por vezes, contatos que inflamam a pele

Não se bastam para manter dois corpos unidos,

Em vez de correr atrás dele, ou jogar-se na calçada,


Virou-se e pegou direção oposta,

Deu as costas para ele e para tudo que houve,

Tratou de não decorar a conversa que tiveram,

Queria esquecer ele e com ele cada instante,


Sentimentos nascem e morrem da mesma forma,

Silenciosos, sorrateiros e transgressores,

Embora não se admita há com eles sempre um tempo de luta,

Em que se reflete tudo que houve,


E ainda se espera um novo toque, uma nova chama,

Mas, este não, este sem dúvida seria diferente,

Por isso, prometeu a si mesma: esquecer simplesmente,

Pelas juras de suas bocas e os beijos entregues,


Não iria morrer, tudo menos isso,

Tentou engolir o orgulho e com ele o fim de tudo,

O gosto do beijo percorre a garganta e fica no peito,

Agora, em seco engoliria o adeus e pronto.


Pelo ato de ter-lhe dado as costas e ter partido,

Apenas por isso;

Que seu peito trate de consumir em esquecimento,

O peito que arfou por amor agora o fara de outro modo,


Que consuma cada instante até que não mais exista,

Então, saberei que vivi um amor mas não o perdi,

Apenas o troquei por um outro sentimento,

Lá no alto pairava o cair da tarde,


O sol partia arredio fugindo da cidade,

Parecia rosnar, eu não quis saber se ele sentia,

E se sentia se teria algo a dizer,

Me virei de costas e passei a andar com força,


Passos seguros e ritmados me levavam para longe,

Cronometrei em pensamento cada passo,

Temi uma recaída e não poder seguir por nada,

Pela manhã, nem um segundo mais que isso,


E tudo se perderia no passado,

O coração que ama é o mesmo que esquece,

O peito que faz um alguém de refúgio,

É o mesmo que diz adeus sem choro no rosto,


Pássaros sobrevoavam pareciam prever tempos difíceis,

Um bando cantava no alto uma música triste,

O peito que o abrigou em refúgio agora trataria de esquecer.


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