quarta-feira, 28 de maio de 2025

Um Bom Vinho

Depois da segunda taça
De vinho bordô
Tomada em frente a lareira
Do fogão a lenha
Herança da vovó,
Recorda-se até trinta anos passados.
Lá por aquelas idades
A coisa do crime era mais formalizada,
Polícia ainda era polícia
E bandido tinha cara,
Facilmente andava-se
Pelas ruas
E reconhecia-se um.
O problema é a formatação
Da sistematização,
Tudo misturou-se
Já não usa-se farda
Para roubar bancos,
Pode-se ser confundido
Com um policial,
E ser chamado de corrupto
Na cara,
Ainda ter de discutir
Por quê fulano
E ciclano estão por aí as soltas...
A verdade
É que a mentira foi configurada,
Dizia meu tio:
“ Meu irmão,
Deus me livre
Ser estuprado pelo fulano,
Olha,
Prefiro que ele me mate!”
Fulano era tão feio
Que se enojava o ato
De ser submetido
Ao prazer de maldito bandido.
“A morte ou um foragido!”
Grita-se logo na partida
Pra não haver mal uso da bebida.

Bianca IV - Cede ao Luto

-A paixão
Concede-se o perdão!
Rainha Bianca falou
Com voz macia
No leito de medicação de Álvaro.
Ele sorriu,
Deu sinal de vida,
Sem poder abrir os olhos,
Ainda.
Ela lhe devolveu o sorriso,
Ele estremeceu,
Parecia perceber seu carinho,
Mesmo sem vê-la,
O amor tem dessas coisas.
Contudo, ela buscou sua mão,
Deu-lhe o aperto suave
Que lhe deu em cada vez,
Foi a primeira vez que ele devolveu,
Roçou os dedos suaves
Contra os dela.
- você sente?
Ela indagou.
- estás vivo!
Está é a bondade de Allah,
Salvar a quem a medicina desenganou.
Ela disse mais para si mesma.
Os médicos desistiram de medicar,
Porém, Bianca encomendou
Pomadas feitas na própria cozinha
A base de erva cidreira
E folhas de lima,
E insistiu em limpar os ferimentos
E cuidar de Álvaro.
Três meses
Ele permaneceu dormente
Sem sinais vitais intensos,
Em cada dia
Ela o visitou,
Em todos o cuidou.
Dois meses depois de mexer-se,
Saiu da cama,
Passou a dormir com ela.
Um dia, próximo às onze
Uma faxineira bate a porta:
- senhora,
Há uma notícia a lhe ser dada.
Bianca levantou-se,
Com os cabelos em desalinho,
Fazia frio,
Sentada entre as cobertas
Permitiu a entrada da moça.
- abra a porta e entre.
Ela o fez.
- senhora, lhe informo
Que Vanessa sobreviveu
A briga acalorada entre
Vossa Magestade e Álvaro...
Disse a moça.
- eu não soube disso.
Respondeu Bianca,
Álvaro simplesmente
Se acolheu num travesseiro.
- meu Deus, quanto um erro
É capaz de perseguir
Uma pessoa,
Eu não mereço Senhor,
Eu não mereço.
Ele disse.
- prefiro a morte,
Perder minha esposa
Por uma estupidez,
Antes a morte
Sangrenta em dor lancinante!
Ele disse,
Pôs-se a chorar.
Bianca bateu em suas costas,
Sobre o cobertor
Em sinal de simpatia e calma.
- tá bem, fico feliz por Vanessa.
Ela está com a família dela,
Cuidando da horta de casa?
Indagou com olhar choroso.
- na verdade,
Logo depois de melhorar,
Ela descobriu estar grávida,
Nasceu a criança
E é um menino,
Ela pediu se Vossa Magestade
Gostaria de ver a criança?
Indagou Karine.
- um filho,
Do ato tão deplorável emergiu um filho,
De Álvaro?
Perguntou Bianca,
Ficando em pé nua,
E caminhando até a janela
Fechada
Sem notar o frio
Contra seu corpo que tremia.
- senhora,
Não sabe-se de outro relacionamento
De Vanessa,
No entanto,
O filho é de Álvaro caso seja
Sua vontade...
- quem lhe falou que seria
Desta forma Karine?
Indagou Bianca perplexa.
-meu Allah.
Gritou Álvaro.
Depois se levantou
Enrolado no cobertor de lá
De carneiro e correu até Bianca.
- me diz o que lhe sou?
Me fala o que mereço,
O farei!
Ele lhe disse,
Abrigado aos seus seios
Quentes e arfantes.
- preciso que se separe de mim,
E case-se com Vanessa
Assuma seu ato
E seu filho...
Antes de sair do quarto,
Retire a coroa
E a guarde no roupeiro...
Fui tudo muito rápido,
Foi um erro...
Karine, informe ao povo
Meu luto
E viuvez.
Ela disse,
Dando-lhes as costas.
- o quê?
Deseja minha morte?
Indagou Álvaro
Deixando cair o cobertor.
Karine gritou espantada,
Ele virou-se
Sem preocupar-se
Com sua falta de roupa.
Bianca olhou rápido
Para trás para ver
O que motivou o grito.
- Álvaro vista-se,
Karine prontifique dois guardas
Para retira-lo do castelo,
Providencie o casamento,
Doação de donativos,
E envio do casal com seus
Respectivos entes para outro reino...
Então, virando-se para Álvaro
Encerrou:
- não quero mais ver-lhe
Ou ter notícias de ambos.
- guardas, por favor.
Chamou Karine da porta.

terça-feira, 27 de maio de 2025

Rainha Bianca IV - Álvaro prefere a morte

- indefesa,
Me sinto indefesa.
Bianca falou alto
Em frente a penteadeira
Enquanto penteava seus cabelos
Longos.
- eu a ajudo, Magestade.
Obrigado por me permitir
Ficar ao seu lado.
Lhe disse Álvaro,
Se colocando de joelhos
Enquanto pegava a escova
E penteava os seus cabelos.
- eu tenho me sentido indisposta,
Você tem demonstrado
Seu valor ao me ajudar,
Me sinto tonta.
Ela lhe respondeu.
 - senhora, me perdoe a intromissão.
Mas, com a partida do rei
Sobraram apenas suas amantes
A vagar pelo castelo
E oferecer seus serviços...
Cujo principal era dar prazer a ele...
Ele pigarreou,
Se pôs em pé,
E a olhou de frente.
- eu a amo,
Por favor, entenda.
Não seria conveniente
Trocar os empregados internos
Por novos que você prefira?
Eu lhe digo isso por amor.
Lhe juro.
Ao dizer estás palavras
Álvaro lhe caiu aos pés
Em prantos sentido:
- eu a amo,
Eu a amo,
Eu a amo.
Ele dizia entre o choro.
- você tem razão, Álvaro,
Muitas das pessoas que ficam
Próximas demais de mim,
Eu não sei quem são,
Preciso resolver isso.
Meu pé não melhora,
Tenho medo de perder a perna...
Ela lhe respondeu,
Ele a virou na cadeira
Para dar as costas
Ao espelho,
Depois pegou seu rosto
Entre suas mãos
E beijou seus lábios
Com afeto e amor.
- entenda, senhora,
Que amor não se finge,
O falso não se mantém,
Faz tantos meses
Desde que fizemos amor
E eu a esperei,
Não posso ser de outra,
Não serei.
Ele lhe disse atento,
E em tom desesperador.
- me aceita de volta,
Me perdoe,
Eu sou seu,
 Não sei ser de outra.
Ele pediu chorando.
- providencie que todos
Que moram no castelo,
Na parte interna
Que fiquem na sala
Para eu ter reconhecimento
E decida quem permanece
E quem será enviado
Para o trabalho exterior.
Ela indagou,
Gostou de sentir seus lábios,
Sentiu seu coração pulsar,
Até sentiu melhora na perna,
Todavia, não pode esquecer a cena,
A maldita cena de ser traída,
Rejeitada, posta de lado
Feito um objeto,
Lhe foi repulsivo,
Só em pensar perdia a fome
E sentia nojo.
Então, o olhou no rosto
E resistiu ao desejo
Lhe desferindo um tapa
Contra o rosto.
- vai-te
E só retorne ao resolver
O que pedi.
Ele saiu.
No mesmo dia
Tudo se resolveu,
Realmente, todas as empregadas
Já haviam transado com o rei,
Até mesmo alguns dos homens.
Ela decidiu não manter
Nenhum destes com ela,
Não sabiam quem eram,
E seus meios de ganhar a vida
Era nojentos.
Resolvida a questão,
Novas pessoas adentraram
Para a parte interna.
Logo, todos os serviçais
Sabiam seus trabalhos,
E lugares onde poderiam
E não ir.
- Bianca, você gosta
Que eu lhe dê banho?
Todos os dias eu lhe cuidei,
Lhe faço os chás,
Até mesmo troco suas roupas,
Me perdoe o ato errôneo
Eu só quis seu prazer.
Alvaro lhe pediu,
Sempre chorando.
Ela não sentiu-se capaz.
Dormiam juntos,
Já não sentia tanta dor,
Mas não se dispôs a perdoar,
Lhe parecia castigo,
Ou o fantasma do rei
Que lhe voltava às vistas
Sempre com tantas raparigas.
- vai-te Álvaro.
Já estou melhor,
Não retorna
Ao quarto.
Lhe deu ordens.
Álvaro deu um passo
Para trás,
Ficou branco,
Perdeu a cor do rosto.
- eu a abracei em cada noite,
Lhe protegi do frio,
Não a toquei,
Eu te amo...
Ele lhe dizia.
- o inverno acabou.
Está demasiado calor.
Ela respondeu,
Sentiu na cama
Virou as costas para a janela.
- por favor,
Não me ignore mais,
Me é terrível ser homem
Ter de implorar por sua vontade
A cada instante
E saber que não posso
Despertar você ao desejo,
Você me amou?
Ele lhe pediu,
A pegou pelos ombros
E chacoalhou com carinho.
- me diga,
E diga
Se me amou,
Preciso saber.
Ele pediu em prantos.
- não me fale de amor.
Ela respondeu secamente.
Retirando sua mão
Com carinho
De sobre o ombro.
- por favor,
Me diga que sentiu algo,
Eu não sou capaz de sobreviver...
Ele indagou
Se colocando de joelhos
Ao lado de suas pernas.
- eu te espero mil vidas,
Mil dias, mil noites,
Não me retire de sua vida,
Se eu for colocado
Para fora,
Você logo irá me substituir,
Por favor,
Eu te amo...
Ele continuou.
- eu não sou capaz
De desejar mais você!
Ela mentiu pra ele,
Da forma mais descarada
Que pôde.
- é mentira,
Você me deseja,
Eu noto isso em seu olhar,
Em seu corpo,
Você corresponde as minhas carícias,
Você está tentando se enganar,
É mentira...
É mentira...
É mentira...
Ele respondeu chorando,
Tocando suas pernas,
Que se abriram a espera-lo,
Mas ela mentiu outra vez.
- eu não sinto nada por você,
Vá para outro quarto.
Ela cismou.
- e te espero lá,
Isto, ir para te esperar?
Ele perguntou babando
De tanto chorar.
- não!
Ela falou
E levantou seu rosto
Para o alto.
- eu não vivo sem você,
Eu não vivo sem você...
Ele respondeu trôpego,
Levantou-se de perto dela,
Foi até a penteadeira,
Retirou o cabo da escova de ouro
E enfiou contra seu peito,
Caindo de joelhos no chão
Sangrando.
- Álvaro?
Álvaro, por favor.
O que você fez?
Bianca gritou
E se levantou.
- sem você eu não irei viver.
Ele respondeu,
Caindo para a frente
E se colocando de lado,
Então retirou o cabo
Da escova que estava cravado
Em seu peito,
E levou-o para a frente
Para atentar contra sua vida
Outra vez.
- sem você,
Prefiro a morte!
Gritou.
Ele correu até ele,
Ainda um pouco manca,
Segurou com ambas as mãos
A mão dele.
- não, por favor,
Não faça isso!
Ela falou com os olhos
Lacrimejantes.
- então, me perdoe.
Ele disse.
Recomeçou a chorar,
Se colocou de lado,
Incapaz de olhar pra ela.
- por favor,
Não chore em minha frente,
Eu me odeio por te ver sofrer,
Eu odeio a qualquer um
Que lhe cometa maldade,
Me perdoe,
Eu sou um maldito traidor
Arrependido.
Bianca se agachou.
Lhe passou a mão no rosto,
Olhou o peito dele,
Ainda sangrava.
Eu vou buscar ajuda,
Por favor, fique comigo.
Foi tudo que ela falou,
Então, foi até a porta
E gritou por socorro.

Rainha Bianca IV - se decepciona

De casamento agendado
A rainha Bianca IV
Andava inquieta,
Tendo saído de seu quarto
Para ir ao cômodo de beleza,
Cansou-se de ver suas unhas
Serem embelezadas...
- desculpa, Mariete,
Eu estou cansada.
Ela disse,
Empurrou a garota
Pelos ombros
E puxou a mão,
Sem entender ela sentiu
Mariete estranha,
E cismou com o perfume
Que usava,
Lhe recordou demais Álvaro.
No entanto,
Este perfume foi feito
Para o seu amante real,
Nisto, não havia outro,
E ele não saia sozinho,
Como estaria em suas roupas
Ou próximo?
Contudo,
Ela olhou atentamente
Para o rosto pequeno
Da moça,
O pescoço longilíneo,
E não quis ceder ao ciúmes,
Com certeza se devia
A perda recente do esposo,
Que mesmo tendo sido
Em sua própria cama,
Com outra mulher
Ela não lhe guardou magoa,
Desde o início seu casamento
Se marcou com estes espetáculos,
Ela não se revoltava com o fato.
Aprendeu a tolerar,
E não fez o mesmo
Por não ter querido,
Porém, agora,
Saindo da sala
E se direcionando ao
Próprio quarto,
Lhe pareceria peculiar,
Por que ela nunca desejou outro?
Sempre que se via
Pelos aposentos,
Se deparava com Álvaro,
Ele lhe parecia convidativo,
Educado e muito vívido.
Esconder sua dor de viúva
Em seu peito másculo,
Foi bom,
Foi perfeito,
Mas, agora, quase lhe era suspeito.
Será que ela o amou desde antes
E o querendo nunca foi capaz
De desejar outro?
Talvez, nem mesmo o rei...
Com este pensamento
Chegou ao quarto,
Abriu sua porta
E se deparou com Álvaro
Provando as roupas reais.
Ela levou um susto,
Se voltou para fora,
Fechou a porta com cuidado,
Pôs a mão no peito,
Retomou o fôlego
E após, retornou.
- que fazes aí,
Querido Álvaro?
Ele levou um susto,
Não parecia espera-la.
- estou vendo as vestes reais
Do falecido rei,
Agora que ele se foi
O que você fará com elas?
Ele lhe indagou.
Depois a olhou com calma.
- caso queira,
Eu posso aproveita-las,
São em ouro e outras jóias,
Também, poderíamos doar
A quem não tenha o que vestir,
São tantos os desmazelados...
Ele sentou-se
Sobre a cama.
- de fato,
Tens razão quanto ao valor.
Foram feitas para ele,
E outras vem de herança familiar,
Foram sempre guardadas conosco.
Mesmo a coroa,
Sempre é guardada.
Ela respondeu
Em solavanco,
Sentiu-se retraída.
- mas você vestiu-se
Com a roupa do falecido,
E assim, tão rápido?
Eu quase o posso ver
Em você,
Isto é estranho!
Ela respondeu.
Imediatamente, Álvaro retirou
As roupas.
- a coroa me cai perfeitamente.
Ele arriscou,
Usando a jóia sobre os cabelos.
- claro, a mantenha.
Mas, não sei se gostaria de vê-lo
Usando as roupas de um morto,
Isto é estranho.
- me desculpe.
Ele respondeu.
Chegou até ela,
A beijou ternamente
Depois saiu.
De dentro do quarto
Pode-se ouvir o alvoroço
Lá fora.
Ela não resistiu,
Logo foi atrás dele.
Irritada, tentou descer às pressas
A grande escada,
Resvalou na barra do vestido,
Caiu sobre a perna,
Sentindo dor lancinante,
Percebeu que a quebrou.
- ai, minha perna.
Não consigo me mover!
Gritou, Álvaro não apareceu.
Veio a Vanessa da cozinha
Com as mãos sujas de massa,
E a ergueu,
Levou até o quarto,
A ajudou a tirar a roupa
E levou ela até o banho.
Todavia, Bianca
Não conseguia controlar a dor,
Gemia alto e chorava.
Vanessa encheu a banheira
De água quente,
Com chaleiradas do fogareiro
Ao lado no banheiro,
E isto lhe tomou o tempo.
Passado algumas horas,
Não percebeu-se que Álvaro
Havia retornado
E ele ouvindo os gemidos
De Bianca,
E a vendo nua,
Entendeu errado o que ocorria.
- querida, você já está despida?
Ele falou,
Retirando a roupa,
Ficando apenas de coroa
E vindo abraçar Vanessa,
Bianca ficou pasma,
Quase sofreu um infarto.
A perna parecia gritar de dor,
Pulsava dor em seu sangue
E Álvaro abraça Vanessa
E se coloca aos beijos
Em sua frente?
- ahn.
Ela tentou dizer,
Mas foi em vão.
Não tinha forças
Para falar.
Álvaro, num instante
Deixou Vanessa nua,
E transou com ela,
A beijando
E deitado com ela no chão.
Enquanto transava
Com a outra,
Tentou tocar Bianca.
- vamos querida,
Goze conosco!
Isto lhe foi o ridículo.
Foi a situação mais horrível
Que já passou.
Ela tentou levantar
Da cadeira onde estava
Ao lado da banheira,
A chaleira apitou de fervente
Que estava,
Ela estava nua
E Álvaro transou com a outra?
-ahn.
Ela falou outra vez,
Pegando com as duas mãos
A perna
E tentando levantar ela do chão
Para se mover.
Os dois, estavam aos beijos
E abraços.
Ele estava pelado
Sobre o corpo flácido de Vanessa,
Que situação ridícula,
Contemplar a bunda
De seu próprio marido
Pulando dentro da vagina
De outra pessoa.
Ele não tinha bons modos,
Aliás, parecia um porco.
Ela sentiu-se ultrajada.
- se prepare querida,
Já estou gozando, então é sua vez!
Ele ainda ousou dizer.
Ela muniu-se de todo
O seu orgulho,
Ódio e coragem
Foi até o fogão
Pegou a chaleira de água fervendo
E jogou sobre ambos,
Sem preocupar-se.
Álvaro deu um único
Grito de dor.
Então, a olhou assustado,
Se recompôs e se afastou.
Colocando-se sentado num canto,
Vanessa não resistiu,
Se pôs de joelhos
E engatinhou até ele.
-oh, oh, rei querido,
Me deixe te dar prazer!
Ela disse.
- maldito!
A rainha gritou
E o queimou no rosto.
- vossa baixeza vagabunda!
Gritou Vanessa.
Se pôs em pé,
E veio contra Bianca,
Pegou seus cabelos
E levou seu rosto
Em direção a chapa quente.
- vou te queimar, vagabunda.
Quem você pensa que é?
O rei me quer!
O rei me quer!
Bianca gritava de dor
Na perna quebrada
E de medo.
Não conseguia se equilibrar,
Não tinha forças pra se defender.
Álvaro levantou-se rápido,
E puxou Vanessa pelo pescoço,
A jogando contra a parede,
Depois pegou a espada no chão,
De entre suas roupas
E matou-a.
- me perdoe, Alteza Bianca.
Eu pensei que seria do seu agrado,
Fiz para lhe dar prazer,
Eu não me vejo o suficiente
Para lhe satisfazer,
Meus amigos me confidenciar
Que o rei gostava de muitas
Garotas em única vez,
Eu pensei que era de seu costume...
Me perdoe,
Me perdoe,
Só quis agradar você!
Ele gritou chorando,
Se ajoelhou aos pés dela,
Beijou seus pés
Até os joelhos,
Chorando muito.
 - eu caí,
Quebrei minha perna.
Estou sentindo dor.
Ela gaguejou as palavras.
Ele encheu a chaleira
E pôs a água aquecer,
Também pôs lenha no fogo.
- você irá melhorar,
Mas me perdoe,
Por favor,
Ao menos diga se é capaz?
Ele indagou
Com todas as lágrimas
Do mundo em seus olhos,
Bianca apenas baixou o olhar.
- renova está morta
Do meu banheiro!
Bianca o ordenou.
- senhora,
Se não lhe sirvo para esposo,
Não me iniba de ser seu servo,
Eu a amo,
Farei tudo para lhe proteger,
Acredite no que lhe digo,
Senhora, por favor,
Só quis lhe dar prazer!
Ela continuou de olhos baixos,
O ouviu retirar Vanessa morta,
E fechar a porta atrás de si.

Divagações

Aos quatorze anos
Não reflete-se muito,
O agir é impulsivo,
Beijar torna-se regalia,
Não pensa-se na postura.
É como se o ato
Fosse mais distante,
Não se imagina
Estar transando sem preservativo,
Não,
É apenas um jogar a língua
Na boca do outro,
Enrolar um pouco,
Trocar o gosto,
Provar saliva.
Simples,
Não precisa tirar a roupa,
Nem perguntar o nome,
Embora, pergunte-se.
Não se quer uma promessa,
Nem mesmo aliança.
Não se imagina
Que possa se tornar
Um compromisso
Do qual se arrependa,
É simplesmente preencher
Um número,
Apostar novos gostos,
E dar seguimentos.
Os quatorze passam,
A ideia permanece,
E a coisa toda amadurece,
E os números continuam valorosos,
Mas exigem mais de si próprios,
Aí é que tudo se complica,
Porquê ao querer-se o compromisso,
Já surge a necessidade do contrato,
E tudo iniciou-se com distanciamento,
E encerra-se no confinamento
De si próprio
A vagar por entre números.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Esperança de Vida

O trabalho de um operário
Das empresas agroindustriais
É difícil e competitivo.
Desde cedo
Se imagina que é o trabalho
Mais simples,
O ramo se assemelha
Ao rural,
“Quem não saberia
Cortar um frango?”
Disse-se o boato.
Desde cedo,
Vê-se a vovó
E a mamãe cuidar a galinha
No terreiro,
Depois, certo dia mata-la
Para fazer uma galinhada.
Quem vê o trabalho pronto,
Pensa que é simples,
Quem olha o outro fazendo
Pensa que sabe como fazer.
Nisto, não pratica-se,
Não se ajuda a vovó,
Nem a mamãe na pia.
Recordo meus dez anos,
Eu cheguei cansado
Da roça,
Fui ajudar papai a cortar lenha
Para puxar de carroça
Para fazer fogo
E aquecer-nos no maio frio.
A estação do calendário
Não nos mostra,
Mas o maio faz um frio
De cair geada.
Eu segurava o tronco seco,
Meu pai cortava com a motosserra,
- assim, pai?
Indaguei enquanto puxava
A madeira sobre um tronco caído,
Para lhe auxiliar.
- assim filho.
Agora deixa eu cortar
O caule mais grosso!
Ele falou,
Foi até o meio daquele eucalipto
E cortou tudo em pequenos troncos.
Depois, eu separava
Conforme tamanho,
Então, carregava na carroça.
Pedaços pequenos
Separados das toras maiores.
Os bois estavam ao lado,
Comendo a grama densa.
- traga os bois, filho.
Eu os peguei pela corda,
E os trouxe.
- me alcance a canga!
Eu fui até a canga
E peguei.
Ele encantou
E colocou na carroça.
A madeira estava toda carregada.
- Rahat, você acha
Que o trabalho da roça
Começa cedo?
Meu pai me pediu.
- não, pai.
Meio dia do dia eu tiro
Para ir a escola.
Eu aproveito pouco do tempo.
Eu respondi, olhando para Saul,
Meu pai.
Eu subi na carroça,
Ele também,
Peguei as cordas e guiei.
Estávamos na terra
Onde tinha um pequeno moro.
- você consegue descer aí filho?
Meu pai me pediu.
- sim, pai.
Por cima tem muitas pedras.
Eu respondi,
Encaminhei os bois.
A carroça fez um encalço,
A roda subiu sobre
Uma pedra grande,
Mas nossos bois
Eram fortes,
Ela passou a pedra resvalou
Sobre ela
E seguiu a estrada.
No caminho,
Havia uma cobra.
- veja a cobra?!
Meu pai gritou.
Ele era mais rápido
Que eu não questão
Ver cobras quando se tratasse
De eu estar perto.
O senso de responsabilidade,
Direção e carinho
De um pai se ativam
Junto a nós.
- eu não vi, pai!
Gritei, olhando para trás.
A cobra estava enrolada
Embaixo do limoeiro,
Deu o bote de lá,
E pulou sobre um dos cepos
De madeira.
- meu filho,
Meu Deus?
Meu pai gritou,
Pegou um cepo
E arremessou contra ela.
A matou com três batidas.
- o senhor é um velho
Forte pai,
Que sorte temos!
Eu gritei.
- sorte nada.
Eu estou quase cego
Preciso que você se prepare
Para conseguir trabalho,
A roça perdeu o futuro.
Meu pai disse,
Com uma das mãos
Sobre o rosto
Secando o suor que escorria
Sobre a lenha.
Chegamos a estrada principal,
Eu fiquei assustado,
Parei de cuidar as pedras,
A roda deu num encalço,
Caiu num pequeno buraco
De frente a uma pedra,
Eu bati nos bois,
Eles puxaram,
Aí caiu a roda.
Tombamos,
De carroça cheia de madeira,
Pesada de tanta lenha.
- meu pai?!
Eu gritei,
Quando a roda caiu,
E imediatamente a carroça
Começou a pender.
Quebrou o eixo da frente,
Eu acho.
Ou os bois se assustaram,
Mas, virou tudo.
Eu empurrei meu pai
Para trás,
Meio que o ergui
Com minha pouca força.
Ele se empurrou na beirada
E caiu em pé,
Contudo, bateu a canela
No lado da carroça.
Eu dei um salto
E pulei.
Muito mais ágil e jovem,
Com todo o vigor juvenil.
A madeira caiu no chão,
Rolou para o lado,
Mas os bois não feriram-se,
A canga também não quebrou.
Puxamos tudo nos braços,
Depois de amarrar os bois
No pasto ao lado da estrada.
Nisto, um rapaz que morava
Não muito distante,
Passou e jogou uma garrafa no boi
Contendo líquido:
- este homem sempre passa
E joga seus lixos...
Eu falei,
Com o peito arfante.
- sim, filho.
Infelizmente ele faz isso.
Saul me respondeu.
- tenho medo de que seja veneno.
Respondi.
Ele parou,
Olhou para o céu,
Baixou os olhos pro solo
E foi até o monte
De lenha caída no chão.
- filho, vamos levar nos braços.
Respondeu.
Ele juntou abaixado
O máximo de lenha
Que pode sobre um braço
E seguiu até o galpão.
Eu tentei pegar as toras
Mais grossas e levei-as,
Uma de cada vez,
Abraçado nela.
Deixado no galpão,
Separamos as mais finas,
Coloquei dentro de uma bolsa,
E levamos até nossa casa.
Depois, fomos retirar a carroça
Para o lado da estrada,
Levamos a roda, o eixo quebrado
Com a outra roda,
E os bois para o galpão,
Só então, fomos descansar.
Sentamos em frente ao fogão,
Pés erguidas sobre a caixa de lenha
Para nos aquecer,
Sentados em bancos de madeira.
Mamãe pegou a galinha
No terreiro,
Puxou o pescoço,
Pegou a água quente
E foi depenar.
Os cortes ficaram por conta
Da vovó.
Depois, tudo foi para a panela
Sobre a chapa de fogo ardente.
#
-ai, que dor.
Estou com dor.
Me vi falar,
Aos vinte anos,
Embasbacado,
Olhos vagos,
Como se tivesse
Uma cortina de fumaça
Sobre meu olhar.
Eu estava da direção
De um carro,
Todo dolorido,
Parecia que dormi.
Então, lembrei do rosto
Do meu pai
Naquele dia,
Vi minha avó lhe levando
A cuia de chimarrão,
Sua mão cansada
Pegando a cuia,
Seu sorriso de admiração.
Senti que meu coração
Começou a pulsar.
Olhei mais intenso,
Eu estava com um tronco
De arvore em meio
As minhas pernas,
Uma estava comprimida
Pelo tronco,
E sangrava.
Eu vi minha mãe sorrir
Para meu pai,
Vi minha avó pegar a cuia,
Encher novamente
Com a água de sobre o fogão,
E servir-lhe,
Entre desmaios
Vi seu sorriso afetuoso.
Senti um calor tomar meu corpo,
Levei a mão até embaixo
Do banco,
O empurrei para trás
O máximo que pude.
Com dor saí dali,
Sangrando,
Caminhei pra rodovia,
Eu estava a poucos metros
Fora dela,
Cheguei ao corrimão da rodovia
E sentei ali.
Depois olhei para trás,
Meu carro estava destruído,
Uma falta de fôlego
Me ganhou,
Vi minha avó encher a cuia
E me servir,
- sirva-se vó,
Eu espero.
Vi suas mãos enrugadas
Segurarem forte a cuia,
Vi seus braços fracos,
Vi seu pescoço cheio de rugas,
Vi seus lábios sorrirem.
Um sopro de calor
Me ganhou,
Depois, vi uma aranha
Saindo de dentro
Do meu carro
Pela porta aberta.
- ah, você.
Eu te vi na rodovia.
Eu me vi dizer.
Ela estava no meio do asfalto
Onde passei,
Eu passei sobre ela,
Sem feri-la,
As rodas passaram pelo lado.
Ela subiu no carro,
Naquele momento
Entrou por dentro,
De alguma forma
Pulou através do espaço
Do ar-condicionado...
E me picou,
Eu lembro de ela,
Tão imensa,
Pular contra meu peito.
Lá longe,
Eu vi a fumaça saindo
Da chaminé da empresa agroindustrial:
- meu Deus, será que eu chego até lá?
Eu indaguei,
Vi minha avó tomar
Seu chimarrão,
Vi minha cuia ser servida.
Imaginando-me
Ainda com a cuia em mãos,
Eu segui aquele asfalto,
Com fortes dores,
Sozinho,
Segui em direção a fumaça.
- eu vou conseguir.
Me vi dizer.

sábado, 24 de maio de 2025

Bolinho na Banha

O dia amanhece chovendo,
Feito um sereno
A mergulhar nas folhas,
Percorrer cada pétala de flor,
Só depois cair na terra.
Escorre a chuva
Sobre o pó,
Leva-o consigo
Até onde possa,
Lá ao final,
Faz-se poça.
Fica,
Se aprofunda
Sob o véu da terra.
Da folha,
Percorre o galho,
Galga o tronco,
Beija a raiz.
Mas, o fogão não sabe disso,
Dia chuvoso e frio,
No horário de fazer-se o almoço,
Encerra-se a lenha
Conforme cai o brasido
Em cinzas para o cinzeiro.
Colhida as cinzas
Semeio na horta,
Do pó da árvore,
Planeja-se seu adubo.
A chuva fina
Cede lugar para chuva grossa,
O frio aumenta,
Eu me dirijo ao meu pai
Buscar lenha.
De chegada ele adianta:
“Estou em idade avançada,
Sirva-se de feixes de lenha,
De braçada a braçada
Complete sua caixa,
Encerrei o almoço.”
Isto é coisa que irrita,
Acreditar que se vá percorrer
Mais de duzentos metros
Com braçadas de lenha
Até em casa.
“ se for deste jeito,
Morro ao relento”.
Eu não resisto a ideia
E ataco.
“que você é menos que eu,
Um velho?”.
Ele revida.
A raiva me domina
Naquele porão de lenhas cortadas,
Tento gritar,
Perco mesmo a cabeça,
Tento cuspir na sua cara,
Ganho uma mão
Contra a minha boca.
Ataco a dedos 
Contra suas costelas
Envelhecidas 
E sinto pouca dó.
Neste instante
Eu endoideço,
Ele me chama de doente,
Me fala pra ir ao médico,
Eu já nem me sinto no corpo,
Sou feita de ódio e veneno.
“ dá-me a chave do carro
Pra levar a lenha
Ou endoideço,
Como posso ir carregada
De lenha em plena chuva,
Irão acender madeira molhada?
Certo que não irá,
Muito menos queimará.”
Ele me olha irritado,
É meia manhã,
A chuva não dá trégua,
Nem ele:
“ o carro é meu,
E você não o leva.”
Ah, isto me ressoa feito 
Um abraço pro meu ódio,
Grito e grito como uma louca:
“ mais valor eu tinha
Quando saia seminua
Usando o carro
Em noite de chuva e frio
Para ir até a balada,
Deve ser lá mesmo
O lugar de se usar carro emprestado!”
Me irrito,
Pego as chaves de sua mão,
Abro as portas,
Colocou duas bolsas
Transbordantes de lenha
E retorno,
Com o orgulho ferido,
É certo,
Todavia, muito correta
Por não estar seminua
Rumo ao desconhecido,
Ele que se acalme em seu canto,
Enquanto eu queimo meu brasido.
Mas, de vestido curtinho?
Nem se cogita para o frio de maio,
No verão, talvez,
Se não houver roupa 
Que melhor se encaixe.
E quanto a baladas 
Recheadas de estranhos,
Prefiro meu fogão a lenha,
E uns bolinhos fritos
Na frigideira de banha
Dos porcos que nós 
Mesmos criamos.

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...