terça-feira, 27 de maio de 2025

Rainha Bianca IV - Álvaro prefere a morte

- indefesa,
Me sinto indefesa.
Bianca falou alto
Em frente a penteadeira
Enquanto penteava seus cabelos
Longos.
- eu a ajudo, Magestade.
Obrigado por me permitir
Ficar ao seu lado.
Lhe disse Álvaro,
Se colocando de joelhos
Enquanto pegava a escova
E penteava os seus cabelos.
- eu tenho me sentido indisposta,
Você tem demonstrado
Seu valor ao me ajudar,
Me sinto tonta.
Ela lhe respondeu.
 - senhora, me perdoe a intromissão.
Mas, com a partida do rei
Sobraram apenas suas amantes
A vagar pelo castelo
E oferecer seus serviços...
Cujo principal era dar prazer a ele...
Ele pigarreou,
Se pôs em pé,
E a olhou de frente.
- eu a amo,
Por favor, entenda.
Não seria conveniente
Trocar os empregados internos
Por novos que você prefira?
Eu lhe digo isso por amor.
Lhe juro.
Ao dizer estás palavras
Álvaro lhe caiu aos pés
Em prantos sentido:
- eu a amo,
Eu a amo,
Eu a amo.
Ele dizia entre o choro.
- você tem razão, Álvaro,
Muitas das pessoas que ficam
Próximas demais de mim,
Eu não sei quem são,
Preciso resolver isso.
Meu pé não melhora,
Tenho medo de perder a perna...
Ela lhe respondeu,
Ele a virou na cadeira
Para dar as costas
Ao espelho,
Depois pegou seu rosto
Entre suas mãos
E beijou seus lábios
Com afeto e amor.
- entenda, senhora,
Que amor não se finge,
O falso não se mantém,
Faz tantos meses
Desde que fizemos amor
E eu a esperei,
Não posso ser de outra,
Não serei.
Ele lhe disse atento,
E em tom desesperador.
- me aceita de volta,
Me perdoe,
Eu sou seu,
 Não sei ser de outra.
Ele pediu chorando.
- providencie que todos
Que moram no castelo,
Na parte interna
Que fiquem na sala
Para eu ter reconhecimento
E decida quem permanece
E quem será enviado
Para o trabalho exterior.
Ela indagou,
Gostou de sentir seus lábios,
Sentiu seu coração pulsar,
Até sentiu melhora na perna,
Todavia, não pode esquecer a cena,
A maldita cena de ser traída,
Rejeitada, posta de lado
Feito um objeto,
Lhe foi repulsivo,
Só em pensar perdia a fome
E sentia nojo.
Então, o olhou no rosto
E resistiu ao desejo
Lhe desferindo um tapa
Contra o rosto.
- vai-te
E só retorne ao resolver
O que pedi.
Ele saiu.
No mesmo dia
Tudo se resolveu,
Realmente, todas as empregadas
Já haviam transado com o rei,
Até mesmo alguns dos homens.
Ela decidiu não manter
Nenhum destes com ela,
Não sabiam quem eram,
E seus meios de ganhar a vida
Era nojentos.
Resolvida a questão,
Novas pessoas adentraram
Para a parte interna.
Logo, todos os serviçais
Sabiam seus trabalhos,
E lugares onde poderiam
E não ir.
- Bianca, você gosta
Que eu lhe dê banho?
Todos os dias eu lhe cuidei,
Lhe faço os chás,
Até mesmo troco suas roupas,
Me perdoe o ato errôneo
Eu só quis seu prazer.
Alvaro lhe pediu,
Sempre chorando.
Ela não sentiu-se capaz.
Dormiam juntos,
Já não sentia tanta dor,
Mas não se dispôs a perdoar,
Lhe parecia castigo,
Ou o fantasma do rei
Que lhe voltava às vistas
Sempre com tantas raparigas.
- vai-te Álvaro.
Já estou melhor,
Não retorna
Ao quarto.
Lhe deu ordens.
Álvaro deu um passo
Para trás,
Ficou branco,
Perdeu a cor do rosto.
- eu a abracei em cada noite,
Lhe protegi do frio,
Não a toquei,
Eu te amo...
Ele lhe dizia.
- o inverno acabou.
Está demasiado calor.
Ela respondeu,
Sentiu na cama
Virou as costas para a janela.
- por favor,
Não me ignore mais,
Me é terrível ser homem
Ter de implorar por sua vontade
A cada instante
E saber que não posso
Despertar você ao desejo,
Você me amou?
Ele lhe pediu,
A pegou pelos ombros
E chacoalhou com carinho.
- me diga,
E diga
Se me amou,
Preciso saber.
Ele pediu em prantos.
- não me fale de amor.
Ela respondeu secamente.
Retirando sua mão
Com carinho
De sobre o ombro.
- por favor,
Me diga que sentiu algo,
Eu não sou capaz de sobreviver...
Ele indagou
Se colocando de joelhos
Ao lado de suas pernas.
- eu te espero mil vidas,
Mil dias, mil noites,
Não me retire de sua vida,
Se eu for colocado
Para fora,
Você logo irá me substituir,
Por favor,
Eu te amo...
Ele continuou.
- eu não sou capaz
De desejar mais você!
Ela mentiu pra ele,
Da forma mais descarada
Que pôde.
- é mentira,
Você me deseja,
Eu noto isso em seu olhar,
Em seu corpo,
Você corresponde as minhas carícias,
Você está tentando se enganar,
É mentira...
É mentira...
É mentira...
Ele respondeu chorando,
Tocando suas pernas,
Que se abriram a espera-lo,
Mas ela mentiu outra vez.
- eu não sinto nada por você,
Vá para outro quarto.
Ela cismou.
- e te espero lá,
Isto, ir para te esperar?
Ele perguntou babando
De tanto chorar.
- não!
Ela falou
E levantou seu rosto
Para o alto.
- eu não vivo sem você,
Eu não vivo sem você...
Ele respondeu trôpego,
Levantou-se de perto dela,
Foi até a penteadeira,
Retirou o cabo da escova de ouro
E enfiou contra seu peito,
Caindo de joelhos no chão
Sangrando.
- Álvaro?
Álvaro, por favor.
O que você fez?
Bianca gritou
E se levantou.
- sem você eu não irei viver.
Ele respondeu,
Caindo para a frente
E se colocando de lado,
Então retirou o cabo
Da escova que estava cravado
Em seu peito,
E levou-o para a frente
Para atentar contra sua vida
Outra vez.
- sem você,
Prefiro a morte!
Gritou.
Ele correu até ele,
Ainda um pouco manca,
Segurou com ambas as mãos
A mão dele.
- não, por favor,
Não faça isso!
Ela falou com os olhos
Lacrimejantes.
- então, me perdoe.
Ele disse.
Recomeçou a chorar,
Se colocou de lado,
Incapaz de olhar pra ela.
- por favor,
Não chore em minha frente,
Eu me odeio por te ver sofrer,
Eu odeio a qualquer um
Que lhe cometa maldade,
Me perdoe,
Eu sou um maldito traidor
Arrependido.
Bianca se agachou.
Lhe passou a mão no rosto,
Olhou o peito dele,
Ainda sangrava.
Eu vou buscar ajuda,
Por favor, fique comigo.
Foi tudo que ela falou,
Então, foi até a porta
E gritou por socorro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...