Aquele amor parecia proibido,
Mas, talvez, quisesse Deus enganar o destino,
E quem é que se oporia aquele olhar estonteante?
E aquele sorriso que ecoava no ambiente,
Fazia sobressaltar qualquer coração,
Mesmo que o mais imponente gelo o cobrisse,
Porém, nada daquilo parecia certo,
Ela precisava de um tempo para refletir,
Ficar sozinha, pensar, talvez permitir-se sentir?
Com um dar de ombros,
Sentiu algo quente percorrer seu rosto,
Sorte sua conseguir desviar o olhar,
Pois uma lágrima quente emergiu de sua alma,
Seria seu coração derretendo sua armadura?
Santo Deus, e agora: como resistiria?
Sentia-se fraca, tola, talvez, poderia ousar dizer:
apaixonada?
Ele levantou o rosto e tentou se aproximar,
Mesmo sem vê-lo, podia sentir seu olhar,
Munindo-se de todas as suas forças,
Ela voltou-se e por um breve instante
Seus olhares se cruzaram,
Em seu íntimo ela jurou a si mesma:
Não se apaixonaria!
Por mais belo, gentil ou amoroso que parecesse ser,
Como ele poderia conter tantos sonhos em um mero olhar?
Por mais que os seus beijos pudessem ser provocantes,
Afinal, assim ela imaginava,
Uma certeza ela tinha: o sofrimento a esperava na esquina,
Assim que ela se permitisse repousar em seu ombro,
Sentir-se protegida, confiante, amada,
Só então, aqueles braços fortes a soltariam,
Era assim em todas as histórias que conhecia,
Por que agora seria diferente?
Respirando fundo, ela virou-se na direção oposta,
Com passadas largas ele a deteve,
Segurando sua mão com um toque suave,
Ignorando seus pensamentos ela se virou surpresa,
E, agora, frente a frente como poderia evitar,
Aliás seria possível fugir dali?
E se o fosse, será que ela teria forças para fazê-lo?
Com uma única palavra ela sabia que o reprimiria,
Mas como poderia conter seu desejo?
Por Deus: precisava parar, mas será que queria?
Então, dando voz a vazão de sentimentos que a tomava
Pôs-se na ponta dos pés,
E o beijou como nunca acreditou ser capaz,
E com os olhos fechados,
Apenas cruzou os dedos para dar sorte.