Há uma batalha dentro de mim em busca de palavras,
Não é questão de faltar mas de melhor escolha,
O amor discute com a saudade para ver quem escolhe,
A saudade deseja embeber em lágrimas e promessas,
O amor diz que as lágrimas apenas embaçam a conversa
Enquanto as promessas embora não estejam esquecidas,
Soam um tom de cobrança desaconselhável para a hora,
Eu estou buscando um meio de vencer este dilema,
Quando se ama demais nunca se sabe o que faz,
Não há um cronograma a seguir, mas julgo saber como agir,
Junto com minhas frases é certo que escapa todo o
sentimento,
Quando se ama demais não há como refrear,
Gotas de amor seriam espalhadas pelo vento e o alcançariam,
Prefiro que sejam embebidas no doce de um beijo,
Um sussurro ao ouvido vale mais para ser correspondido,
Enquanto o vento se espalha aos quatro cantos,
A boca que grita ao mundo é a mesma que se cala
E ela sabe fazer isso no instante em que mais se precisa
dela,
Sabe calar a garganta com um nó que ninguém desata,
Só mesmo os seus beijos para afrouxarem a sua gravata,
E entenderem e talvez até, sentir tudo que se quer dizer,
Só que a extremidade dos meus dedos não é feita de ouro,
Queira Deus eles ainda saibam fazer os carinhos como em
outrora,
Na boca que se cala não há qualquer barulho, nem os estalos
do beijo,
Aquele que se aproxima o suficiente de lábios feridos,
Apenas para pedirem perdão por um erro cometido através de
um selinho,
Que é mais que um ato de carinho, é um selar de uma jura
silenciosa,
As mesmas juras que não se sabe quando se deve mexer nelas,
São capazes de provocar lembranças com efeitos devastadores,
Quiçá suas recordações fossem boas como são as minhas,
Os olhos que o olham com amor não são os mesmos que me veem,
Por um momento, nada acontece, fico parada diante dele,
Estagnada como uma flor que recém desabrocha e não sabe o
que fazer,
Exalo aquele perfume que só ele conhece e que o pertence,
Aquele que está reservado e não será de outro alguém,
Neste instante todos os músculos do meu corpo se contraem,
E meu coração balbucia muito através de pulsações
escorregadias,
Não compreendo o que ele diz, não consigo dizer muito do que
pensa,
Não é infantilidade, embora de perto soe desta forma,
Seu olhar está ferido, quando me fita parece que chora,
Suas mãos estão estreitas, parecem frias e distantes demais,
O homem a quem jurei amor quase me soa um desconhecido,
Sua barba está desfeita, o cabelo está esvoaçado pelo vento,
O mesmo vento que levou meu amor até ele surtiu efeito
reverso,
Fez com que eu cruzasse com um homem destruído por dentro,
Ouso pensar, só para mim mesma, que ele tenha sofrido,
A distância que roubou meu sorriso fez muito pior em seu
rosto,
Roupas desgrenhadas, repetia aquela em que nos conhecemos,
A saudade gritou dentro de mim com suas palavras
Que ele estava tentando reatar com nossas promessas,
O amor preferiu pensar que ele apenas ainda as recordava,
A saudade soluçou de amor, dizendo que era por ele que
chorava,
Jurava por tudo que acreditava que ela não estava lá com
ele,
Mas que servia de testemunha de que ele também buscava por ela,
O amor que se sentia menosprezado por jurar que agora era
metade,
Percebia, então, que a saudade não desistiria tão fácil,
Ela trazia com ela aquela garota que havia sido deixada para
trás,
Aquela que viveu de amor, lembranças e espera,
Bem sei que sofres amor, mas reconheço a promessa que habita
nela,
Soluçou a saudade em um pranto falando do meu coração agora,
Eu embasbacada só olhava para ele, lábios trêmulos e sorriso
gelado,
Buscava me aproximar mas as pernas estavam bambas e presas,
Me sentia fincava na terra, presa naquela explosão de
sentimentos,
“Que salve-se o que sinto, mesmo que de mim não reste nada”,
Murmurei com o amor e a saudade sem dar tanta importância,
Os olhos negros dele brilharam e buscaram por mim,
Me penetravam de forma profunda, acho que me entenderam,
O amor me pegou, estremeci e joguei-me aos seus braços:
prostrada,
Não sei se pareceu um tropeção ou um desleixo qualquer,
Também não sei o que ele pensou sobre isso,
Apenas o vi estender a mão e me segurar entre elas,
Me puxando para os seus braços até me sentir colada ao seu
peito,
Cada um deles: amor e saudade, calaram suas vozes dentro de
mim,
Se um tentava dizer ou pensar algo o outro pedia para não
reagir,
Me senti tomada pelo medo, e uma lágrima penetrou meus
lábios,
Entendi, então que chorava, e que eles moviam-se em
silêncio,
Diziam a ele que o amavam através de movimentos trêmulos e
desajeitados,
Engoli todo o medo ou o coloquei para fora, não sei dizer,
Tentei afogar meu medo no pranto até faze-lo desfalecer,
Mas não fui eu quem o reprimiu: foi ele e seus lábios
quentes,
Assim que ele baixou o rosto e roçou em mim sua face,
A saudade gotejava em pranto como se fossem palavras,
Não sei ao certo o que fala mas, também, não refreei o que
sinto,
O que sei é que me vejo abraçada a quem amo,
Sob um cenário de céu azul profundo e rostos assustados e úmidos.