Não sem motivo,
Meu olhar fraquejou,
Aguardei no mesmo caminho,
Mas o andar falhou,
Fechei os olhos, eu acho,
E pedi ao amor: justiça.
Farei do amor um servo,
Ou o que fosse necessário,
Pois, amei-o,
E agora, era tarde demais para tardar,
Não porque o sol se punha,
Ou porque fosse chover,
Não porque as horas se arrastavam,
Simplesmente, porque amei-o,
Quatro lágrimas silenciosas correram,
Desceram pelo rosto silenciosas,
Que o amor que tão forte me dominava,
Fosse o bastante para preservar meu discernimento,
Que todo o esforço que fiz em vida,
Tivesse neste instante valia,
Pedi enquanto abria os olhos,
Rápida e desejosa,
Não tinha certeza sobre o nome,
Nem ao menos lhe conhecia o apelido,
Amor, talvez fosse o bastante,
O chamaria fosse como fosse,
Não sabia nada sobre sua voz,
Se quente e aveludada ou macia e encorpada,
Sabia que no abraço talvez fosse tudo junto,
Sua beleza era mais cativante que sua boca,
Me atentei a ela,
E vi: não, não o era,
O todo dele era perfeito,
Não fazia o tipo dominador,
Mas conquistava o espaço,
Não tinha tanta certeza quanto o seu rosto,
Mas, quis mais que qualquer coisa tocá-lo,
Sentir cada parte sua entre meus dedos,
Acariciá-lo até confessar:
Eu te amo;
Já que a nenhuma outra passou despercebido,
Minhas pernas vacilaram,
Mas o coração não, pelo contrário,
Tinha certeza sobre o que sentia,
Senti medo de que fosse uma vertigem,
Que num piscar de olhos desaparecesse,
Desisti de piscar,
Apenas o encarei sorrateira,
O que eu senti foi o mais verdadeiro,
Existia algo e era palpável,
Se os céus se aproximaram trouxeram ele,
Lábios que pareciam maçãs,
Uma maçã ao meio,
Com maciez, textura e solidez,
De longe, era como se sentisse o gosto,
Seus cabelos negros eram feitos girassóis,
Não a flor, as sementes, várias, juntas e vívidas,
A claridade do ambiente veio aos seus olhos,
Com um brilho tênue e singelo,
Tinha todas as belezas e aspirava todos os olhares,
- Clamo a ti, amor: me salva.
Pisquei com esta oração silenciosa,
- Antes do amanhecer me levanto e suplico,
Não me permita o anoitecer sem este beijo;
- Seja o amor que me acompanha,
Também, meu socorro;
Abri os olhos crente nesta esperança,
Consegui forças para avançar,
Confiante em cada promessa,
- Ouve minha voz, amor, pelo amor leal,
Falei esta frase em voz alta,
Não sem perceber,
Quis que me ouvisse e que a sentisse.