Me recosto na janela,
Um veto sopra contra meus cabelos,
Me jogo com meio corpo para fora,
Desejo sentir mais do que posso,
Talvez, estar em algum outro lugar,
Bem, creio que você saiba onde iria,
-Te amo, digo sem pensar nas palavras,
Minhas mãos tremulam,
Desejo tocá-lo com muita força,
Quase fecho meus olhos,
E sinto que posso vê-lo aqui comigo,
Em cada sopro de vento que desce a rua,
Imagino se poderá trazer você,
Vejo um sopro de chuva que bate em cada janela,
E vem sorrateiro e solto em minha direção,
Sorrio, e peço a Deus que o traga,
Pego um balão que tenho ao meu lado,
Um tanto a esmo eu o encho,
Imagino que coloco dentro os meus beijos,
Após isso o amarro e o solto,
Mando nele além de beijos algumas palavras,
Mil juras de amor e algumas de nossas promessas,
Minha intenção é que as ouça e possa senti-las,
Que elas o toquem como eu o faria,
Mas peço e sofro por não poder fazer –não agora,
-Você mora no meu coração meu amor,
É como se eu ouvisse isso de sua fala,
O sorriso que sorri antes ainda não desfiz,
Mas agora ele toma todo o rosto – feliz,
-Sim, me vejo dizendo, obrigada.
Abraço o balão antes de soltar,
Desejo estar em seu coração,
Fazer parte de você,
De modo que nosso amor não se desfaça,
Que eu me integra e o entenda,
-Sim, me vejo dizer, quero tanto permanecer.
Desfaço o nó do balão e o digo,
Há razões autoexplicativas em tudo isso,
O beijo que ele tem, nenhum outro tem,
O jeito, a fala, o corpo másculo e bem torneado...
Deixo que o balão siga para algum lugar,
Seguro o queixo com uma das mãos,
Sinto a água molhar minha face,
Tento me sentar à janela,
Coloco um pé para fora,
Depois sobre ela,
Deixo ali até me sinta marcar pelas horas,
A chuva quase para,
As nuvens se dissipam e o balão segue,
Eu posso ver,
- Saudade, me vejo acenar e dizer,
Sei que logo ali está você,
Tenho uma miragem e pareço ver você,
O sorriso nunca desfeito toma vida,
Sinto um tumulto forte no peito,
Meu coração palpita e o chama,
O ouço descompassado quase em desespero,
Eu sei que você sabe sobre tudo que sinto,
Algo dentro de mim me atordoa,
Horas de admiração depois,
Vejo que era apenas a fome,
Aceno de longe,
Tomo um gole de chuva e coragem,
Então, grito:
-Você tem pão?