quarta-feira, 4 de junho de 2025

Espuma e Sangue

A embarcação estava
Em alto mãe
Rumava ao seu país
De origem,
Que, contudo,
Estava em estado de guerra.
Guerrilheiros treinavam
Em mar aberto,
Permaneciam em navio
A distância segura,
E de lá atiravam
A tiros de canhão.
Tudo seguia rumo certo,
Chegar até determinado ponto,
Mirar no inimigo
E atirar sem ser visto,
Vários países eram signatários
Da guerra,
O navio seguia sem bandeira,
Não havia face,
Apenas uma bala enorme
E redonda voando pelos ares
Até o adversário.
Todavia, foi levado vinho
Para o mar,
Alguns barris,
Não tantos,
Não podia ter tanto peso,
O navio seguia,
Atirava,
E voltava,
Na volta os soldados bebiam.
Assim se fez,
Os tiros foram dados,
A estação do ano
Era propícia pra facilitar
A estratégia,
Havia frio,
Eco frio trazia neblina,
As luzes apagadas,
E nada se via.
Só se sentia o canhão
Que ardia
E cuspia fogo ao alto,
Até o pico da neblina
E ao fim destroços.
Três barris foram abertos,
O vinho foi servido
Feito água na garganta,
Risos soltos,
Contudo, Norberto retirou
A arma do coldre
E disparou para o alto,
Isto não estava previsto,
No entanto,
Todos gostaram,
Aplaudiram e seguiram
A ideia.
Porém, Norberto se desiquilibrou,
De arma em punho,
Caiu sobre o painel do navio
E quebrou o local onde
Se dava a localização
De onde estava e para onde iria.
O capitão se desesperou,
Agora teriam que usar o rádio,
E isto possibilidade ser interceptado
Pelo inimigo bem no calor do tiro.
Não teve alternativa,
Norberto foi condenado a morte
Instantaneamente ao fato:
- você colocou em risco
Nossa manobra estratégica,
Você colocou a guerra em perigo,
Agora estamos mediante
Duas alternativas nos chocar
Na encosta ou sermos avistados.
Norberto, chacoalhou a cabeça
Incerto e amedrontado,
No entanto, o oficial não pestanejou:
- pondo a guerra em risco,
Você será morto,
Você não vale a vida de todos
Que deixou em jogo.
Então, ele tirou sua arma
E apontou para Norberto,
Destravou a arma
Com um clique seco.
- vá até a amurada,
Você será morto
Para lembrete de todos.
- senhor, me perdoe.
Não tive a intenção.
Norberto tentou conversar,
Porém, não houve acordo.
Um tiro seco acertou-o
Em meio a sua testa,
E um corpo de braços abertos
Caiu em alto mãe
Sangrando e sem vida.
A bebida continuou,
Já não havia tanto.
Nisto, além do convés,
Adiante no horizonte,
Se avistou embarcação,
Tudo indicava que fosse inimiga,
O capitão pegou o binóculo
E os notou:
- são seus lábios guerreiros,
Armados como o nosso!
Eu preciso sair,
Preciso garantir minha vida
Já que sou o oficial da categoria militar,
Saindo, nós temos chances
De ganhar a guerra,
Ficando iremos naufragar juntos.
Ele decidiu,
Não tinham tempo
Para mudar a rota,
Era colidir e naufragar
Em águas salgadas e frias,
Ou insistir e lutar.
A luta trás risco de morte,
A colisão é morte certa,
Mais vale uma esperança
De sobrevivência,
A encarar águas geladas
Rumo ao fundo do oceano.
- eu o levou, capitão.
Vamos buscar o bote salva vidas!
Se ofereceu um soldado.
Imediatamente, o bote foi organizado.
Agora o capitão e o soldado
Se salvariam rumo
A alguma forma de ajuda
Por terra.
Dois temos foram dispostos,
O soldado iria para remar.
O capitão para insistir
Na estratégia até vencer.
Assim se fez.
Pouco após virar as costas,
Ouviu-se o primeiro tiro
Contra o navio que se aproximava,
Logo após, choveu fogo
Em resposta.
Foi tiro sobre tiro,
Três navios contra um,
Era certo o fracasso
Deste outro.
O soldado remou rápido,
Logo o fogo armado
Não foi mais visto,
Apenas ouvido.
Neste instante,
O soldado com os braços
Cansados de remar
O mar cheio de ondas
Cobertas de sangue
E chamuscada de negro,
Com destroços e até fumo
Sobre ela,
Soltou os temos,
Retirou a arma de seu coldre,
Destravou,
Apontou para o rosto do capitão,
Puxou o gatilho e disse:
-capitão, eu sou irmão
Do homem que você fuzilou.
Então, ele soltou o gatilho,
A bala saiu de dentro da arma
Com uma espécie de faísca
De suas entranhas
Atingindo a testa do capitão
E fazendo-o cair depois do bote,
Sangrando e emudecido,
Sem chances de sobreviver
Como o irmão que uma vez perdido,
Nunca mais seria recuperado.
Lá ao fundo,
O navio de guerra afundava
Aos poucos e em destroços
Para o fundo da água,
Poucos pareciam pular
Por decisão própria
O que iria representar
Que todos morreram em guerra,
Nenhum teve opção.
O sangue ganhou a superfície
Da água e veio junto a espuma branca
De encontro com as pedras
Da beira mar,
Azul, vermelho e branco
Se misturavam em sua frente.
Ele remou até as pedras,
Pulou entre elas,
Amarrou o bote para caso
De necessidade
E saiu em terra seca,
Depois disso,
Virou para trás,
Sem poder avistar
Nem ao menos o corpo
De seu irmão
Para ser enterrado,
Deu um beijo na própria arma,
Como sinônimo de força,
E atirou para o alto,
Por ter honrado sua morte
Com o impedimento do assassino.

Preços de Vitrine

Aconteceu de ela
Gostaria de fazer compras
Em certa loja
De calçados,
Nisto, precisando de trabalho
Levou currículo lá.
Pediu para deixar
Com a gerente
Assim conversaria
Com ela
A respeito de suas necessidades
E aptidão para o trabalho.
Estava com vontade
De trabalhar,
Gostava do lugar,
E se esforçaria para ser a melhor.
A vendedora
Que sempre a atendeu
E foi educada,
Desta vez,
Não foi
E nem disfarçou.
Riu alto da cara dela,
Pegou o currículo
E disse que iria pôr
Entre os demais que chegaram
E em caso de precisar contratar
É que a gerente iria
Tirar tempo para selecionar,
E apenas, então, chamar
Para conversar.
Ela deu um passo para trás,
Seus olhos lacrimejaram
De vergonha e medo.
Saindo para fora,
No terceiro degrau da escada
Ela olhou para a vitrine
E viu um cartaz escrito
Contrata-se.
Do lado havia outro
Especificando data
E porcentagem de promoção.
Era no próximo sábado,
Seria após três dias,
Ela tinha dinheiro,
Não era uma miserável
Comprava e pagava
E iria comprovar.
Chegando o sábado,
Ela chegou dirigindo
Seu próprio carro,
Tirou sua bolsa de couro falso,
Que mais parecia um
Plástico desbotado,
Quase uma sacola de supermercado,
Mas, ainda assim uma bolsa,
E tinha dinheiro,
Isto era o que importava.
Ela pensou
Enquanto pegava a bolsa
Da parte traseira do carro
Estacionado em frente a loja
E batia a sujeira
Que se acomodou sobre ela.
A poeira da rua
Que voou enquanto dirigia,
Pegou seu cãozinho
Que estava no banco
Do caroneiro
E o pôs em seu colo.
Ela não deixava o garoto,
O tinha por filho,
Devotava a ele
Todo o amor que sentia.
Entrou na loja
E haviam poucas pessoas,
Na maioria estavam aglomeradas
Apenas as vendedoras,
Nenhum cliente,
Ela sorriu internamente,
Um dia viriam quem tais
Pessoas eram,
Porquê não se maltrata
As pessoas nem outros seres.
Ao entrar,
Foi vista com desdém,
Finalmente, via quem eram,
Logo quando precisou de trabalho,
O destino é triste
Com quem precisa de emprego.
Ela foi até a banca de calçados
Compatível com seu gosto
E o valor que poderia desembolsar,
De repente, choveu vendedoras
Ao seu lado.
Uma lhe chamou de amiga,
Se tornou confidente
De segredos familiares,
Recordou a ela que sempre
Compravam juntas,
Claro, uma vendia
A outra pagava.
Mas, ela não guardava rancor,
Não lhes prestava ódio,
Não se sentia capaz,
Então, iludida com tanto carinho,
Café servido,
E bolachas disponíveis
Para os clientes,
Acabou por soltar o cãozinho.
Logo depois,
De repente tornou-se noite,
As horas correram no relógio,
E se aproximava uma tempestade,
Escolhida uma sandália,
Bonita, promocional e apta
Para o trabalho,
Ela se dirigiu para fazer o pagamento,
No entanto, seu por falta do bichinho.
Correu para fora desesperada,
Gritando que precisava
Do animalzinho,
A outra fingiu entender,
Olhou para trás de uma forma
Estranha, rindo
E parecendo sentir ódio,
De íntima passou
A completa estranha,
Há se afastou
Como se ela tivesse alguma doença.
Ela correu para a calçada,
Esqueceu a falsa bolsa,
O dinheiro dentro,
Esqueceu tudo,
De repente muitas pessoas
Se juntaram ao redor,
Cenário de pesadelo,
Era data de promoção
Todos se reuniram para comprar.
Então, cada qual
Tinha mil cachorros
E todos pareciam ter a cara
Do animalzinho dela,
Ela o buscava e não o reconhecia.
Depois gritou seu nome,
Gritou alto o quanto o amava
E o quanto o queria ao seu lado,
Chamou-o em desespero,
E o bichinho ficou emudecido,
Alguém o havia pego
E neste instante deveria
Estar indo embora com ele,
Ela precisava recupera-lo,
O amava.
Precisava dele com ela,
Mas, estava sem dinheiro
Para pagar para tê-lo de volta,
Então, voltou para dentro,
E lá percebeu que nunca teve bolsa,
Ela entendeu quando a vendedora
A atendeu lhe entregando
Uma sacola de plástico
Do tipo das de supermercado
De volta,
Lá dentro estava seu dinheiro,
Seus documentos,
Ela nunca teve bolsa,
O que ela queria ao entrar ali
Era comprar uma,
Na verdade,
Conseguir um trabalho
Para comprar ali mesmo
Uma que fosse legal.
Então, a vendedora não
Lhe era má,
Ela é que era desligada
Com relação a estas coisas,
Ela quis a bolsa,
Mas não tinha todo o valor,
Então, veio se poderia adquirir
Neste instante de promoção,
Ou então,
Esperar até conseguir o trabalho.
Ao sair para fora
Ela pensou
E por quê não tentava
Levar currículo
Também não loja ao lado,
Ela nunca teve dinheiro
Para comprar lá,
Então, também nunca tinha
Entrado no lugar,
Os preços da vitrine
Não lhe eram apreciativos...
Então, lembrou outra vez,
Retirou os olhos da outra vitrine
E pensou: cadê seu cachorrinho?

Pedalando para o Amor

Neste dia
Ela não marcou encontro,
Não avisou que iria,
Pegou a bicicleta,
Desistiu da roupa sexy,
Escolheu uma casual,
Subiu na bicicleta e rumou.
Ao dobrar a esquina
De sua casa,
Deu uma olhada para trás,
Ao chegar na avenida
Que ligaria ela a ele,
Seu namorado,
Decidiu olhar para o céu.
Um cinza escuro
Levantava-se no horizonte,
Parecia assustador,
Olhando para a esquerda,
Vez que iria entrar na pista,
Um escuro ainda mais ameaçador
Estava sobre ela.
Nuvens esparsas,
Contudo rápidas feito flechas
Invadiam o céu,
E ameaçava chuva,
Dir-se-ia um pesadelo
Cruzando a face de seus sonhos.
Justo no instante
Em que chegaria sem avisar
A espera de um flagrante:
Te amo
Ou fica pra lá,
A chuva decidia
Competir na relação do que fazia.
Certo, se ele brigasse
Alegaria que era devido
A maldita tempestade
E ela exposta a todos vento
E lamentos.
As nuvens pareciam
Sair de um abismo
De escuridão,
Tomavam conta das casas
Lá do fundão,
Nada, nos treze anos
Em que morou ali
Moveu coisa alguma
Daquele lado,
Nem para os céus,
Todavia, o céu se levantava
E as removia para baixo.
Via-se dali,
Telhados a voar,
Até mesmo paredes a ruir,
Isto lhe parecia uma aparição
De outro horizonte,
Um ataque de alguma coisa
Sobrenatural a tudo
Que já se viu.
Movia-se telhados,
Movia-se paredes,
Movia-se ventos,
Movia-se sujeira sabe-se lá
De qual sarjeta,
O aterro sanitário voava
Pelos área em proporções catastróficas,
Um cheiro desumano
Chegava e mexia em seus cabelos.
Seria o fim do namoro,
Com certeza,
Seu amor não resistiria a isso,
Sem falar que esqueceu
De tomar banho antes
De vestir-se.
Reinava uma espécie
De vozerio,
Pessoas saindo pelas ruas,
Mas isto, a quadras de distância,
De onde tudo existia,
Chegava até ela
Apenas o fedor nos cabelos.
Histórias antigas falam
Destas coisas,
Na atualidade,
Devido a modernidade
Da arquitetura,
Isto se assemelharia
A visões,
Coisa distante da realidade.
Seu romance estava
De alguma forma preso
Entre a demoníaca visão
De levar um fora do namorado
Ou a visão fantasmagórica
De ver toda a vizinhança
Voar pelos ares.
Ela não se deu escolha,
Pedalou rapidinho até ele.

Estado de Guerra

Em tempos de paz
Se trafega em via pública,
Todavia, eles estavam
Em outros tempos.
Por terra,
O grupo optou por seguir
Através da mata fechada,
Facão nas mãos
Para abrir o caminho “a pique”,
Foice para o mato maior
E armas,
Porquê homem desarmado
Em tempos de bala solta
É louco.
Este grupo de cinco
Não o erram.
Eles se acudiram na
Mata fechada,
Ouvindo zumbido
De tiros nos ouvidos,
Todo o barulho era um assombro,
Visto como suspeito.
Sem delongas,
Há duas horas de caminhar,
Uma bala louca
Invadiu o lugar
E ganhou o peito de Josué.
Este com o impacto
Se viu se jogar para trás,
Saltar sangue para a frente,
E seu corpo tombou,
Com o facão em mãos,
Sobre um tronco caído,
Os outros jogaram-se
Sobre a terra,
Embrenhando-se por entre
As folhas e arbustos.
Infelizmente, a guerra
Não é o povo que escolhe
Quando inicia
Nem mesmo quando termina,
Simplesmente, sai a ordem
Por via presidencial ou militar,
E o povo é convocado a lutar.
Precisa aderir o pensamento
Que seguiu a tendência,
Armar-se e lutar até cair.
Estes cinco optaram por
Não se juntar,
A história espalhada através
Da televisão não foi forte
O bastante para convencer,
Optaram por ficar próximos
As suas famílias e protegê-los.
Agora fugiram do povo
De outro país,
E do exército de seu próprio,
Contudo, Natalício,
Avô dos outros quatro,
Não achou correto
Quando ele saiu trabalhar
E deixou sua filha moça
Sozinha em casa,
E ao retornar encontrou
A garota a chorar sobre a cama,
Por ter tido a casa invadida
E ter sido estuprada por um policial.
Ele foi buscar respaldo
Da situação,
Mas tudo que conseguiu
Foi umas noites na prisão
E uma multa gorda para pagar,
E isto, um homem estuprar
A própria filha
Nenhum homem esquece.
Por conselho, retirou
Os filhos de casa
E na primeira oportunidade
Ficou do lado de quem
Lhes protegeria e lhe entregaria
A vida,
Sua própria família.
De soslaio,
Viu quem atirou contra seu sangue,
O polícia estuprador,
Que nunca respondeu processo
Ou deu vezes para que Natalício
Fosse ouvido.
Natalício se viu obrigado
A correr,
Outra vez fugia do militar
Que lhe amargou a vida,
Contudo, num jogo de sorte,
Apostou alto,
Confiou em si próprio,
Se escondeu por trás de um tronco,
Na passagem do policial,
Ele o atingiu com a foice.
A policial tentou lutar,
Puxou o velho pelas calças,
Lhe desferindo golpes
De socos e coices,
Depois tentou buscar
Sua arma que caiu.
O velho foi mais rápido,
Juntou a arma e atirou
Muitas vezes,
Sua raiva não acabou,
Mas a munição teve fim.
Foram muitos,
Muitos tiros.
- eu vou te peneirar,
Estuprador fardado maldito!
Ele gritou.
E fez.
Depois buscou mais munição
Nos bolsos do homem fardado,
Encontrou e as levou.
Com isto,
Um quilômetro pra frente,
Ele ouviu um arbusto se mexer,
Achou grande demais
O animal que estaria ali
Pois ele conhecia toda a mata
Dos arredores de sua casa,
E sua intenção era exclusiva:
Proteger sua família,
Para isto, ele não ia longe.
E nestas voltas que dava
De suas terras até as proximidades,
Ocorreu o fato,
- pchito.
Ele sussurrou,
E fez sinal com o dedo
Sobre os lábios
Sugerindo atenção e silêncio
Para os três filhos que sobraram,
Enrique sugeriu com um gesto
Que eles rodeassem aqueles arbustos
E apontassem a arma
Contra o que quer que fosse
Que estivesse lá dentro,
E atacassem.
Porém, o velho mais seguro
E garantidor de suas vidas,
Olhou sério para os três,
E fez sinal indicando que
Não era para matar ou atirar
Sem que ele desse a ordem.
Henrique, o mais velho,
Aos quarenta e cinco anos,
Já se encontrava irritado
Com tudo isto,
Chegado próximo ao arbusto,
Ele soltou a foice bem afiada
Com toda a força do seu braço.
Arrancou a metade dos arbustos,
E enroscou num tronco caído:
- ai, o que foi isto?
Ele gritou.
- ahhhhh.
Ouviu daquele chão
Recheado de galhos por sobre.
- não me fira,
Não me mate.
Por favor,
Estou com meu filho,
Sou mãe!
Gritou uma voz chorosa
De mulher de dentro
Daquela coisa estranha.
Ele juntou o que pode de lá,
Com a foice,
Puxando do chão para cima,
Havia lá uma mulher
E três crianças.
- o que é isto?
Quem são vocês?
Gritou Hotavino.
- é minha esposa,
Meu Deus,
Não faça nada
É sua cunhada...
Gritou Harao.
- eu mandei ela para a sua irmã,
Eu a quis seguras.
Gritou com medo,
Se referindo ao pai,
Lhe pedindo entendimento
E amparo.
- e o que você faz aí?
Gritou Natalício.
- não tem mais ônibus,
Não tem gasolina,
Eu vim caminhando,
Senti que estava sendo
Perseguida e me escondi
No mato,
Daqui do outro lado
Do rio eu iria gritar
Por passagem
Pra alguém nos buscar de caico.
Realmente, vir pelo mato
Era mais perto para chegar
Em casa,
Pois era só atravessar o rio.
Então, era só chegar
Ir até a beira do rio
E gritar para alguém vir buscar.
- você está correta.
Por que ninguém veio?
Eu não ouvi nada.
Ele gritou sereno e aflito,
Com o suor escorrendo
Por seu rosto enrugado,
E seus cabelos brancos
A esvoaçar com o vento frio.
- eu me perdi sogro.
Eu entrei no mato
E não achava o rio,
As crianças estavam
Com fome,
Parecia que tinha
Alguém atrás de nós,
Eu senti muito medo,
Daí me escondi dentro
Deste tronco podre
Caído e joguei folhas
E galhos sobre nós
Para disfarce...
Harao correu e abraçou
Sua esposa,
Beijou seus filhos.
- vocês estão vivos,
Que bom.
Vocês estão bem.
Ele as puxou de dentro
Do tronco.
Não entendeu o que houve
Na cabeça da esposa.
- meu Deus.
Eu senti medo terrível,
A noite estava chegando,
Estava muito frio
Eu vi o tronco podre
E comecei a cavar com as unhas,
Até fazer o buraco e me esconder...
 Ela abraçou ele
Ainda mais forte.
- eu me senti segura,
Então, não fiz fogo
Com as sujeiras que tirei
E dentro do tronco.
- fiquem calmos.
Vamos todos pra casa.
Vocês precisam comer,
Os precisamos ficar fortes.
Disse Natalício.
E se puseram a caminhar,
Cada um dos filhos
Com uma criança no colo.
Até achar o caico escondido
Atrás do Sarandi deixado
Mais para cima do lugar.
- só espero que ninguém
Tenha achado os temos
E jogados fora.
Disse Henrique.
- sim. Ninguém mexeu,
Nem o caico foi solto
Porquê não passou por aqui.
- com certeza também não
O afundaram no rio.
Os cinco seguiram caminhando.
- precisamos levar Higor
Para enterrar.
Precisamos retornar
Com cautela
Lá tem tiros e um policial morto.
- meu Deus,
Quando descobrirem
A morte daquele maldito
Irão nos matar,
Não irá sobrar ninguém.
- se acalme Hotavino!
Nós somos alvos
Desde muito antes,
Precisamos ficar a salvos!
#
Pelo mar,
Seguia a polícia
Armada até os dentes,
Preparada para o combate,
A regra era matar o inimigo
E sobreviver.
De base num navio de guerra,
Haviam muitos canhões
Dentro,
E demasiada artilharia.
Porém, o mar não conhece guerra,
E se conhece não escolhe lado.
Decidiu virar tempestade,
Uma onda emergiu com toda força,
Adentrou no convés
E soltou um canhão.
Aquele mostro de ferro
Muito menos desconhecia
Treinamento,
Veio a toda contra a parede
De madeira,
Destruindo o lado
Em que bateu.
Os soldados,
Armados se aglomeravam
O entorno dele,
Tentando ver o desfecho
E concertar o navio
Antes que afundasse,
Estavam em porte de suas armas,
Quando o canhão desgrudou da parede,
Arrancando madeira
E retornou para trás,
Indo de encontro aos policiais,
Dez foram mortos
Com único golpe.
Depois, cheio de sangue,
E daria para jurar,
Ódio,
Ele retornou e bateu
Agora do outro lado do navio.
Arrancou mais madeira.
O navio chacoalhava
Com as ondas
E o canhão parecia ganhar vida,
Uma vida assassina
E sem piedade,
Retornou outra vez,
No caminho,
Ricocheteou e ganhou
Mais algumas vidas,
Matando mais cinco.
Os policiais correram
Para segurar o mostro
Que ameaçava afundar suas vidas
Dentro daquele navio,
Buscando cordas de aço
Para tentar segurar o canhão,
Desta vez,
O ganharam,
Foi simples passar uma corda
Pelo seu redor,
Ele ficou por um instante,
Que pareceu estratégico,
Estagnado,
Parado com o final para cima,
Como se fosse soltar
Uma bola de dentro de si.
Depois correu puxando aqueles
Policiais com força tão bruta
Que os jogou ao mar.
Alguns ficaram pendurados,
Outros caiam e puxavam
Outros consigo.
Os que estavam pendurados
Foram puxados
Contra a lateral do navio,
Voou sangue e membros
Partidos para a água salgada.
Um nevoeiro chegou
Com força contra seus olhos,
Aquele canhão precisava
Ser parado,
Ou seria o fim de todos.
Encontraram, então,
Uma rede de aço
E amarraram primeiro
Uma ponta no lado
Do navio,
A outra seria segura
Por trinta policiais.
A amarração foi simples,
Márcio pulou sobre o canhão
De ferro como se ele tivesse estratégia,
Num impulso
Que ele jamais iria prever,
De porte da rede
O enlaçou.
A outra parte foi segura
Pelos trinta soldados
Depois amarrada a um mastro
Do navio.
Seguraram o canhão,
Finalmente, houve um fim
Na algazarra,
E a chuva decidiu descer
Dos céus,
Como se houvesse uma fenda
Naquele nevoeiro frio,
E tenebroso.
O vento jogava o navio,
As margens daquele oceano
Foram estudadas,
Havia pontos ali
Que não podiam se aproximar
Ou iriam bater e afundar,
Mas o vento desconhece isto,
Contudo, canhão preso,
Restava um incomodo a menos.
Podia-se comemorar,
Foi escolhido o melhor
Barril de whisky e aberto
Entre todos,
Servidos em seus copos
De vidro embaixo de chuva,
Vento e tempestade.
Neste instante,
Foi que o canhão se soltou,
Vindo com rede e mastro
Quebrado sobre os soldados,
Esmagando-os contra a parede,
Toda a tropa.
Um deles,
Totalmente esmagado
Contra a madeira do navio,
Teve forças para retirar
A arma do coldre
E atirar uma única vez
Para o alto,
Mas, o terrível mostro
De ferro não ouviu.
Continuou o mantendo contra
A parede,
Até parti-la,
Então, pareceu ficar preso
Com os soldados esmagados
Atrás de si próprio,
Metade do canhão
Fora do barco,
E a outra contida.
- desgraçado, inimigo maldito!
Gritou o oficial,
Com o pé sobre a frente
Do canhão,
Então, retirou a arma
Do colete a prova de balas,
Mirou no canhão:
- maldito!
Gritou e atirou.
A bala ricocheteou e voltou
No peito do oficial,
Perfurou o colete e o derrubou
Ferido e sangrando.
O canhão se soltou
Outra vez com a ajuda
Do movimento do navio
E retornou contra o oficial
O esmagando naquele chão.
Alguns soldados correram
E abriram um grande buraco
Na lateral do navio
Com a ideia de derrubar
O canhão para o mar,
Todavia, o canhão resvalou
E os pegou em cheio
Batendo de lado sobre eles,
Outros policiais caíram
Como se fossem palha no mar.
Outros, desistiram da ideia,
Começaram a concertar
Onde o canhão passava
Com martelos e pregos
E madeira para o navio não afundar,
Porém, o canhão era desconhecedor
Desta ideia,
Antes que fosse terminado
De concertar o buraco
Ele se chocou com tudo que pôde.
Até que enfim,
Ficou imprensado entre os outros
Canhões, depois de tê-los
Deslocado de seus lugares
E estar todo vermelho de sangue policial.

terça-feira, 3 de junho de 2025

O Touro

Sobe meu velho pai
No vigor de seus quarenta
E cinco anos
Na tábua da cerca do potreiro.
Apoiado no alicerce
Ele toca o berrante,
Puxa o chifre do boi
Bem para o alto,
Sopra o chifre com força,
Chama as vacas,
É hora da ordenha,
Vamos tirar leite.
Minha vaquinha,
A favorita,
Vem logo lá embaixo,
De longe eu a vejo
Calçada com minhas botinhas
De frio,
Eu aos meus quinze anos,
Já me sinto segura,
Subo no alto do poste
E a chamo:
- venha, vaquinha,
Venha.
Ela para e olha na minha direção,
Parece entender o que digo,
Abaixa a cabeça
E segue seu rumo.
Aos poucos elas se amontoam
Rumo a saída,
Meu pai salta da cerca
E vai abrir a porteira,
Eu embasbacada com o gado,
Entro no potreiro,
Com um salto
Estou sobre a grama farta,
A farfalhar por entre meus pés.
Contudo, o touro é bicho bravo,
Me vê lá debaixo
Do pé de jabuticaba
E não pensa duas vezes,
Corre em minha direção,
Eu sinto medo,
Não tenho para onde ir.
Próximo a porteira
Meu pai grita com ele:
- foge boi jabuticaba.
Ele cessa num instante,
Olha meu pai,
E eu me sinto segura.
Todavia, amedrontada
Me coloco para o meio
Do potreiro,
E o boi vira o rosto,
Seus olhos grandes me pegam
Em cheio.
Ele bufa,
Sapateia com seus pés,
Bateu o pé no chão
E o arrasta,
Faz arrancar grama,
A novilha está baruiando,
Ela entrou no cio
E o touro decide me odiar.
Ele correu atrás de mim,
Eu despenco ladeira abaixo
Feito um cacho de banana
Que simplesmente cai,
Um amontoado que perde
A razão de tanto que foge.
O touro gosta disso,
Berra alto,
Se torna um amontoado
Gordo de carne
e dois chifres enormes
A me perseguir por onde eu for,
Corre sem direção
Parece que vai se chocar
Com a cerca
Porém, no mesmo instante estaca,
Se vira e retorna para onde estou.
Eu perco o rabicó
Correndo adoidada,
Cabelos ao vento
Voando para o alto,
Lá de cima
Meu pai abre a porteira,
E o chama.
Ninguém o ouve,
Todavia, ele recorda
De puxar o berrante,
E levanta-se sobre a porteira,
Que agora aberta,
Corre com ele para o lado,
E ele esquece de si próprio,
Toca o berrante bem alto.
O touro para,
Se vira e o ouve,
Gosta do ruído,
Vai até meu pai,
Já manso e calmo,
Eu consigo me voltar,
Passo aí seu lado,
Esbaforida,
Me coloco fora do potreiro.
O berrante ganha vida
Nas mãos do meu pai,
E o touro se amansa,
As vaquinhas saem para fora,
Nós as levamos até a estrebaria,
Tiramos o leite.
E a noite chega.

Servidor da Droga

A cidade do Paraguai
Traz com ela suas surpresas,
A vista da Ponte da Amizade
Pode falar sobre isto,
Lá de cima,
Se vê os paraguaios
Passando o grande rio
Com cargas fechadas de droga,
Toda espécie,
Desta vez,
Escolhi a maconha.
Toneladas,
Não se percebe muito
Que aquelas crianças são capazes
De carregar tanto peso
Consigo,
Contudo, eles pegam uma
Pequena embarcação a remo,
Jogam o enorme embrulho fechado
Dentro e atravessam
Para o outro lado.
O lado brasileiro.
Cruza-se a fronteira,
Já deixa de ser crime
Tão grande,
Acredite-se o simples fato
De estar do lado da polícia
Brasileira já diminui
O encargo,
De lá debaixo,
Eles acenam para a polícia
Da fronteira, A Guarda Nacional.
E seguem,
Chegam no lado brasileiro,
Jogam o embrulho
Para cima do moro,
Cruzam o mato sujo,
Passam por trás da polícia.
Eu espero longe disso,
Odeio passagem pela polícia,
Tráfico é crime grave,
Ninguém quer ser pego.
Enganar, se possível,
Combater, só se for necessário.
Fechado do lado de lá,
Onde a guarda paraguaia
Fica a espreita
Andando em seus grupos
Armados a fuzis,
Celado do lado oposto
Com a Guarda Nacional
Seus cães farejadores,
Todos armados até os dentes.
Eu me recuso a isto,
Armamento nem pensar,
Meu caso é apenas droga,
Da boa,
A verdinha,
Maconha pura,
Nada de mistura.
Chego com meu gol bolinha,
Retiramos os pneus,
Colocamos a droga em maços
Por dentro da lataria,
Sobre os pneus,
Tudo camuflado pelas ferragens,
Dentro do carro eu levo
Umas roupas pra família,
Pouca coisa,
Apenas sigo no valor
Que a cota permite.
Para sair daqui do Brasil
E seguir comprar no Paraguai,
Onde o preço é muito mais competitivo,
Tem um valor máximo
Para ser gasto,
Do contrário comete-se crime.
Com o gol bolinha cheio,
Eu sigo pela rodovia,
Logo adiante tem uns milico
Querendo dinheiro.
O tio Vande foi pego,
Passou duzentos reais
Do valor da cota:
- e aí, tio?
Eu grito da janela.
- passou da cota,
Vão apreender tudo!
Ele responde.
É os milico precisam fingir trabalho,
Agora eles levam tudo pra delegacia,
Meu tio ganha uma multa,
E um processo crime,
Lá ele pode pagar o valor
E reaver sua mercadoria.
O valor é baixo,
Uma vez pego apenas,
Não dá prisão.
- crime contra a União,
Né tio?
Eu grito.
Pois bem,
Duzentos reais
Aparentes e fora da linha
E meu tio agora é um criminoso
A nível nacional,
Tivesse ele arrancado a cabeça
Dos milicos e
Seria apenas homicídio,
Crime estadual.
O que muda?
É que o registro criminoso
Pertence a área do estado,
Quando é contra a União,
É considerado de maior monta,
Coisa jurídica,
Difícil de interpretar.
Mas é assim que funciona.
Eu estou carregado
De droga,
Não posso dar moleza,
Os milico chegam,
Eu pego os documentos do carro,
Apresento e demonstro
Que estão em dia,
Pegou minha habilitação
E sorrio para ele.
Ele deve achar que sou
Um pervertido.
Faço um sinal pro Josias
Que vem com seu carro logo atrás,
Ele é nosso laranja,
Se precisar ele assume,
Eu saio ileso,
Afinal, sou eu quem consegue
A droga pura,
A verdinha cheirosa,
Aquela que desperta os sentidos,
Ele sabe disso,
E é bem pago.
Faço sinal para ele
Oferecer dinheiro prós malandros,
Ele oferece.
- estão aqui os documentos
Senhor!
Os polícia abrem a carteira
Com o documento do veículo,
Veem uma notinha boa,
Duzentos reais.
- estou com o tio
E o amigo do gol bolinha.
Josias fala.
- podem seguir.
Os milico respondem,
Pegam a folha do processo
Do meu tio
E rasgam.
Tudo perfeito.
Ele segue.
Eu sigo.
Josias vem.
Agora é só chegar,
Abrir e dividir em pequenas
Quantidades depois passar
Para o pequeno grupo
Que se encarrega de passar
Para o povo do uso.
Quando é pouco conteúdo,
Diz-se que é pra o uso,
Deixa de constituir crime,
É apenas contravenção penal.
Uma espécie de repreensão oral.
Em meio ao caminho,
Percorrida longa distância,
Um veículo corta a passagem
Do meu tio,
E o pega em cheio.
Sua caminhonete amarela
Parte-se ao meio.
Os quatro passageiros são
Arremessados para fora sem vida.
Meu tio ficou no caminho.
Morto.
Eu saio louco do gol bolinha,
Saco minha faca da cintura,
Chego no motorista
Da van carregada de roupas
E desfeito todas as facadas
Possíveis no motorista maldito.
O homem anteriormente ferido,
Nem grita,
Morre no volante.
Agora eu preciso guinchar meu tio.
Tudo bem.
Pego seu corpo jogo no porta
Malas e o levou comigo.
- resolvido.
Seguimos viagem.
Digo para Josias.
Agora resta-nos.
Os outros são laranjas,
Não precisam chegar.
A mercadoria é conduzida
Em novo veículo,
Os outros três ficam no que sobrou do carro.
Eu guincho a van,
É claro,
Meu mercado de roupas
E objetos do Paraguai
Está lucrativo.
Deixamos o motorista da van
Sobre o que sobrou
Da caminhonete,
Em cima do capô.
Não irá fazer falta,
É um lojista,
Pois aparentemente,
 Não tem com ele
Mais que roupas variadas.
Mais adiante
Preciso passar por um posto
Policial da Federal,
Uma polícia das rodovias,
Eles me reconhecem,
Conhecem meu trabalho
E valorizam,
Eu passo com um acenar.
Sorrio,
Engatou marcha rápida
E vou.
Por conseguinte,
Passado o posto
E percorrido duas cidades,
Questão de poucos quilômetros,
Dois rapazes de motocicleta
Chegam na janela
De Josias e o obrigam
A baixar o vidro,
Ele me dá sinal de luz,
Eu fico em alerta
Sem entender o que há.
Meu trabalho é duradouro,
São dez anos que estou na ativa,
Sou esperado pela própria
Polícia militar da minha cidade,
Tenho imunidade.
Mas, os moleques desconhecem
O fato,
Com um tiro estouram o vidro,
Com outro estouram
Os miolos de Josias,
Eu só ouço os gritos,
Não entendi nada.
O relógio de Josias é furtado,
Também seu colar e pulseiras,
Tudo é retirado muito rápido
Então os moleques correm.
Eu engato minha marcha
E coloco o pé no acelerador
Até não ver mais nada.
Eu estou com a verdinha,
Preciso correr
Ou estou no prejuízo.
De repente sentiram o cheiro,
Estão atrás de um baseado,
Mas não, de graça
Não tem não.
Corro.
Agora, estou sozinho
Eles não parecem me seguir.
- o que houve,
Por Deus,
O que há?
Eu indago em voz alta.
Não há resposta,
Estou sozinho.
Com o carro carregado,
Se desiquilibrar vira tudo
No asfalto.
Me atraso,
Confesso que chego
Duas horas fora do comum
Em casa,
Aviso a família do meu tio
Para retira-lo do porta malas
E dar procedimento
No funeral.
Desligo o celular.
Abro o portão de elevação de casa,
Entro e baixo o portão fechado,
Que dá na garagem
Ao lado da porta de entrada.
- passem as correntes!
Ouço alguém falar.
Saio do carro,
Abro a janela,
Não consigo abrir.
- você matou meu filho.
Você matou meu filho,
Ele fugiu de mim
Para buscar droga,
No caminho sofreu um acidente
E teve fim trágico,
Você o matou!
Gritou Rafael lá de fora
Passando correntes por toda a casa.
- se refere ao meu tio?
Quem diz isto?
Eu indago,
Não consigo abrir a porta,
Apertou o botão do controle
O portão não responde.
- eu fui até o colegial
Do menino,
Eu investigue a morte,
Eu descobri sua droga,
Eu vim atrás de você,
Ele tinha quinze anos,
Ele era o meu bebê!
Rafael tornou a gritar
Chorando do lado de fora,
Depois disso,
Com seu irmão
Ele ateou fogo em mim,
Na casa,
No que tinha dentro.

Manhã Juntos

A manhã de maio
Surge chuvosa,
Dá até preguiça de levantar-se,
Não fosse o sorriso
Do bebê,
Escolheríamos dormir mais.
Acordo, beijo meu esposo,
Olho para o lado
E lá está
Aqueles olhinhos abertos,
E o sorriso me chamando,
Eu levanto,
Beijo seu rosto
E vou pra cozinha.
Coloco a lenha na brasa
Que sobrou do fogo
Da noite anterior,
Esquento o leite
Acrescento mel,
E faço o mama.
Meu esposo levanta,
Me abraça
Sentada na cadeira,
Senta-se sobre a caixa de lenha,
Pega o bebê no colo.
Eu faço o café
Com o leite fresco,
Ele toma com o bebê no colo,
Não há nada mais perfeito,
Eu lavo a louça,
Ele passa o pano na casa.
Está próximo ao meio dia,
Eu jogo uma toalha
Sobre a chapa no fogão
A lenha,
Aqueço a toalha,
Pego o bebê no colo
E vamos para o banho,
No caminho
Pego o rodo e passo pano
Uma última vez
Onde nosso menino Shitzu
Passou com os pés sujos
Da terra molhada,
É tão cedo
E ele já amanheceu,
Tomou seu desjejum,
Fez seu xixi no pé de bergamota
E retornou para o banho matinal.
Eu não resisto
A tanto amor,
Nem meu esposo
Que pega o garotão
Segura no colo
E enche de beijos,
Agora nós quatro
Nos dirigimos para o banho.
É manhã ainda,
Poucas horas foram vividas
Neste início de dia,
E eu sinto como se toda
A felicidade vivenciada
Em uma vida estivesse
Sido revivida naquelas horas.
É como se todo meu passado
Não bastasse
Se eu retirasse dele
Apenas o que houve de melhor
E o comparasse com estás
Poucas horas vividas
Na doce manhã fria.
Eu beijo meu esposo no banheiro,
Ele gosta de segurar o bebê,
Eu ajudo ele a lava-lo,
Depois me ajoelho
E lavo o Brucinho,
Então, o trago para o nosso abraço.
Nosso banho é assim,
Em quatro pessoas,
Dividimos nossas toalhas,
Um lava as costas do outro,
E no final,
Nos beijamos
Eu com o Bruh,
Ele com o bebê.
O chuveiro fica bem fechado,
Ele sai para a área externa,
Deixa a porta aberta,
Eu pego o rodo
E retiro a água empoçada,
Com o Bruh no colo,
Ainda dá tempo,
Depois de tudo isso,
De nos abraçarmos ,
 Nós mantemos a toalha
Sobre as crianças
(O Bruh, e o Brian).
Entramos na sala,
A casa toda está aquecida,
O fogo ferve na labareda,
É hora de pôr a comida
Sobre a chapa quente,
Eu escolho enroladinho
De salsinha,
Ele escolhe fazer a massa.
Eu seguro o neném,
Então o soltamos no puf,
Ao lado do Bruh,
Eu modelo a massa
Ele coloca a salsinha,
Põe a gordura para aquecer,
O bebê abraça o Brucinho.
Nós lhe colocamos
Um pequeno cobertorzinho,
Mesmo sabendo que o fogo
Os mantém aquecidos,
Colocamos os enroladinhos
Na gordura,
Fritamos e nós servimos.
Ele gosta com maionese,
Eu prefiro com mostarda e mel,
Eu acrescento café
No leite e mel,
Sirvo na xícara,
Almoçamos assim,
O resto da massa dos enroladinhos
Que sobra
Nós guardamos para a sopa
Das crianças.

Casada por Acaso

O término do namoro Levou Ana ao dezenove Pote de dez litros de sorvete, Já conhecia todos os sabores, Brincava com as cores...