quarta-feira, 4 de junho de 2025

Estado de Guerra

Em tempos de paz
Se trafega em via pública,
Todavia, eles estavam
Em outros tempos.
Por terra,
O grupo optou por seguir
Através da mata fechada,
Facão nas mãos
Para abrir o caminho “a pique”,
Foice para o mato maior
E armas,
Porquê homem desarmado
Em tempos de bala solta
É louco.
Este grupo de cinco
Não o erram.
Eles se acudiram na
Mata fechada,
Ouvindo zumbido
De tiros nos ouvidos,
Todo o barulho era um assombro,
Visto como suspeito.
Sem delongas,
Há duas horas de caminhar,
Uma bala louca
Invadiu o lugar
E ganhou o peito de Josué.
Este com o impacto
Se viu se jogar para trás,
Saltar sangue para a frente,
E seu corpo tombou,
Com o facão em mãos,
Sobre um tronco caído,
Os outros jogaram-se
Sobre a terra,
Embrenhando-se por entre
As folhas e arbustos.
Infelizmente, a guerra
Não é o povo que escolhe
Quando inicia
Nem mesmo quando termina,
Simplesmente, sai a ordem
Por via presidencial ou militar,
E o povo é convocado a lutar.
Precisa aderir o pensamento
Que seguiu a tendência,
Armar-se e lutar até cair.
Estes cinco optaram por
Não se juntar,
A história espalhada através
Da televisão não foi forte
O bastante para convencer,
Optaram por ficar próximos
As suas famílias e protegê-los.
Agora fugiram do povo
De outro país,
E do exército de seu próprio,
Contudo, Natalício,
Avô dos outros quatro,
Não achou correto
Quando ele saiu trabalhar
E deixou sua filha moça
Sozinha em casa,
E ao retornar encontrou
A garota a chorar sobre a cama,
Por ter tido a casa invadida
E ter sido estuprada por um policial.
Ele foi buscar respaldo
Da situação,
Mas tudo que conseguiu
Foi umas noites na prisão
E uma multa gorda para pagar,
E isto, um homem estuprar
A própria filha
Nenhum homem esquece.
Por conselho, retirou
Os filhos de casa
E na primeira oportunidade
Ficou do lado de quem
Lhes protegeria e lhe entregaria
A vida,
Sua própria família.
De soslaio,
Viu quem atirou contra seu sangue,
O polícia estuprador,
Que nunca respondeu processo
Ou deu vezes para que Natalício
Fosse ouvido.
Natalício se viu obrigado
A correr,
Outra vez fugia do militar
Que lhe amargou a vida,
Contudo, num jogo de sorte,
Apostou alto,
Confiou em si próprio,
Se escondeu por trás de um tronco,
Na passagem do policial,
Ele o atingiu com a foice.
A policial tentou lutar,
Puxou o velho pelas calças,
Lhe desferindo golpes
De socos e coices,
Depois tentou buscar
Sua arma que caiu.
O velho foi mais rápido,
Juntou a arma e atirou
Muitas vezes,
Sua raiva não acabou,
Mas a munição teve fim.
Foram muitos,
Muitos tiros.
- eu vou te peneirar,
Estuprador fardado maldito!
Ele gritou.
E fez.
Depois buscou mais munição
Nos bolsos do homem fardado,
Encontrou e as levou.
Com isto,
Um quilômetro pra frente,
Ele ouviu um arbusto se mexer,
Achou grande demais
O animal que estaria ali
Pois ele conhecia toda a mata
Dos arredores de sua casa,
E sua intenção era exclusiva:
Proteger sua família,
Para isto, ele não ia longe.
E nestas voltas que dava
De suas terras até as proximidades,
Ocorreu o fato,
- pchito.
Ele sussurrou,
E fez sinal com o dedo
Sobre os lábios
Sugerindo atenção e silêncio
Para os três filhos que sobraram,
Enrique sugeriu com um gesto
Que eles rodeassem aqueles arbustos
E apontassem a arma
Contra o que quer que fosse
Que estivesse lá dentro,
E atacassem.
Porém, o velho mais seguro
E garantidor de suas vidas,
Olhou sério para os três,
E fez sinal indicando que
Não era para matar ou atirar
Sem que ele desse a ordem.
Henrique, o mais velho,
Aos quarenta e cinco anos,
Já se encontrava irritado
Com tudo isto,
Chegado próximo ao arbusto,
Ele soltou a foice bem afiada
Com toda a força do seu braço.
Arrancou a metade dos arbustos,
E enroscou num tronco caído:
- ai, o que foi isto?
Ele gritou.
- ahhhhh.
Ouviu daquele chão
Recheado de galhos por sobre.
- não me fira,
Não me mate.
Por favor,
Estou com meu filho,
Sou mãe!
Gritou uma voz chorosa
De mulher de dentro
Daquela coisa estranha.
Ele juntou o que pode de lá,
Com a foice,
Puxando do chão para cima,
Havia lá uma mulher
E três crianças.
- o que é isto?
Quem são vocês?
Gritou Hotavino.
- é minha esposa,
Meu Deus,
Não faça nada
É sua cunhada...
Gritou Harao.
- eu mandei ela para a sua irmã,
Eu a quis seguras.
Gritou com medo,
Se referindo ao pai,
Lhe pedindo entendimento
E amparo.
- e o que você faz aí?
Gritou Natalício.
- não tem mais ônibus,
Não tem gasolina,
Eu vim caminhando,
Senti que estava sendo
Perseguida e me escondi
No mato,
Daqui do outro lado
Do rio eu iria gritar
Por passagem
Pra alguém nos buscar de caico.
Realmente, vir pelo mato
Era mais perto para chegar
Em casa,
Pois era só atravessar o rio.
Então, era só chegar
Ir até a beira do rio
E gritar para alguém vir buscar.
- você está correta.
Por que ninguém veio?
Eu não ouvi nada.
Ele gritou sereno e aflito,
Com o suor escorrendo
Por seu rosto enrugado,
E seus cabelos brancos
A esvoaçar com o vento frio.
- eu me perdi sogro.
Eu entrei no mato
E não achava o rio,
As crianças estavam
Com fome,
Parecia que tinha
Alguém atrás de nós,
Eu senti muito medo,
Daí me escondi dentro
Deste tronco podre
Caído e joguei folhas
E galhos sobre nós
Para disfarce...
Harao correu e abraçou
Sua esposa,
Beijou seus filhos.
- vocês estão vivos,
Que bom.
Vocês estão bem.
Ele as puxou de dentro
Do tronco.
Não entendeu o que houve
Na cabeça da esposa.
- meu Deus.
Eu senti medo terrível,
A noite estava chegando,
Estava muito frio
Eu vi o tronco podre
E comecei a cavar com as unhas,
Até fazer o buraco e me esconder...
 Ela abraçou ele
Ainda mais forte.
- eu me senti segura,
Então, não fiz fogo
Com as sujeiras que tirei
E dentro do tronco.
- fiquem calmos.
Vamos todos pra casa.
Vocês precisam comer,
Os precisamos ficar fortes.
Disse Natalício.
E se puseram a caminhar,
Cada um dos filhos
Com uma criança no colo.
Até achar o caico escondido
Atrás do Sarandi deixado
Mais para cima do lugar.
- só espero que ninguém
Tenha achado os temos
E jogados fora.
Disse Henrique.
- sim. Ninguém mexeu,
Nem o caico foi solto
Porquê não passou por aqui.
- com certeza também não
O afundaram no rio.
Os cinco seguiram caminhando.
- precisamos levar Higor
Para enterrar.
Precisamos retornar
Com cautela
Lá tem tiros e um policial morto.
- meu Deus,
Quando descobrirem
A morte daquele maldito
Irão nos matar,
Não irá sobrar ninguém.
- se acalme Hotavino!
Nós somos alvos
Desde muito antes,
Precisamos ficar a salvos!
#
Pelo mar,
Seguia a polícia
Armada até os dentes,
Preparada para o combate,
A regra era matar o inimigo
E sobreviver.
De base num navio de guerra,
Haviam muitos canhões
Dentro,
E demasiada artilharia.
Porém, o mar não conhece guerra,
E se conhece não escolhe lado.
Decidiu virar tempestade,
Uma onda emergiu com toda força,
Adentrou no convés
E soltou um canhão.
Aquele mostro de ferro
Muito menos desconhecia
Treinamento,
Veio a toda contra a parede
De madeira,
Destruindo o lado
Em que bateu.
Os soldados,
Armados se aglomeravam
O entorno dele,
Tentando ver o desfecho
E concertar o navio
Antes que afundasse,
Estavam em porte de suas armas,
Quando o canhão desgrudou da parede,
Arrancando madeira
E retornou para trás,
Indo de encontro aos policiais,
Dez foram mortos
Com único golpe.
Depois, cheio de sangue,
E daria para jurar,
Ódio,
Ele retornou e bateu
Agora do outro lado do navio.
Arrancou mais madeira.
O navio chacoalhava
Com as ondas
E o canhão parecia ganhar vida,
Uma vida assassina
E sem piedade,
Retornou outra vez,
No caminho,
Ricocheteou e ganhou
Mais algumas vidas,
Matando mais cinco.
Os policiais correram
Para segurar o mostro
Que ameaçava afundar suas vidas
Dentro daquele navio,
Buscando cordas de aço
Para tentar segurar o canhão,
Desta vez,
O ganharam,
Foi simples passar uma corda
Pelo seu redor,
Ele ficou por um instante,
Que pareceu estratégico,
Estagnado,
Parado com o final para cima,
Como se fosse soltar
Uma bola de dentro de si.
Depois correu puxando aqueles
Policiais com força tão bruta
Que os jogou ao mar.
Alguns ficaram pendurados,
Outros caiam e puxavam
Outros consigo.
Os que estavam pendurados
Foram puxados
Contra a lateral do navio,
Voou sangue e membros
Partidos para a água salgada.
Um nevoeiro chegou
Com força contra seus olhos,
Aquele canhão precisava
Ser parado,
Ou seria o fim de todos.
Encontraram, então,
Uma rede de aço
E amarraram primeiro
Uma ponta no lado
Do navio,
A outra seria segura
Por trinta policiais.
A amarração foi simples,
Márcio pulou sobre o canhão
De ferro como se ele tivesse estratégia,
Num impulso
Que ele jamais iria prever,
De porte da rede
O enlaçou.
A outra parte foi segura
Pelos trinta soldados
Depois amarrada a um mastro
Do navio.
Seguraram o canhão,
Finalmente, houve um fim
Na algazarra,
E a chuva decidiu descer
Dos céus,
Como se houvesse uma fenda
Naquele nevoeiro frio,
E tenebroso.
O vento jogava o navio,
As margens daquele oceano
Foram estudadas,
Havia pontos ali
Que não podiam se aproximar
Ou iriam bater e afundar,
Mas o vento desconhece isto,
Contudo, canhão preso,
Restava um incomodo a menos.
Podia-se comemorar,
Foi escolhido o melhor
Barril de whisky e aberto
Entre todos,
Servidos em seus copos
De vidro embaixo de chuva,
Vento e tempestade.
Neste instante,
Foi que o canhão se soltou,
Vindo com rede e mastro
Quebrado sobre os soldados,
Esmagando-os contra a parede,
Toda a tropa.
Um deles,
Totalmente esmagado
Contra a madeira do navio,
Teve forças para retirar
A arma do coldre
E atirar uma única vez
Para o alto,
Mas, o terrível mostro
De ferro não ouviu.
Continuou o mantendo contra
A parede,
Até parti-la,
Então, pareceu ficar preso
Com os soldados esmagados
Atrás de si próprio,
Metade do canhão
Fora do barco,
E a outra contida.
- desgraçado, inimigo maldito!
Gritou o oficial,
Com o pé sobre a frente
Do canhão,
Então, retirou a arma
Do colete a prova de balas,
Mirou no canhão:
- maldito!
Gritou e atirou.
A bala ricocheteou e voltou
No peito do oficial,
Perfurou o colete e o derrubou
Ferido e sangrando.
O canhão se soltou
Outra vez com a ajuda
Do movimento do navio
E retornou contra o oficial
O esmagando naquele chão.
Alguns soldados correram
E abriram um grande buraco
Na lateral do navio
Com a ideia de derrubar
O canhão para o mar,
Todavia, o canhão resvalou
E os pegou em cheio
Batendo de lado sobre eles,
Outros policiais caíram
Como se fossem palha no mar.
Outros, desistiram da ideia,
Começaram a concertar
Onde o canhão passava
Com martelos e pregos
E madeira para o navio não afundar,
Porém, o canhão era desconhecedor
Desta ideia,
Antes que fosse terminado
De concertar o buraco
Ele se chocou com tudo que pôde.
Até que enfim,
Ficou imprensado entre os outros
Canhões, depois de tê-los
Deslocado de seus lugares
E estar todo vermelho de sangue policial.

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