Tudo que é feito debaixo do céu,
Que fardo pesado aos desígnios de Deus,
Tudo que é feito debaixo do sol,
Não é inútil, não é corrida contra o vento,
Lutar contra força superior é que é tolo,
Acreditar que amar de chave trancada é bobo,
Chorar debaixo da chuva para não ser visto,
Negar amar de frente aquele que é amado,
Para esconder-se e sofrer em segredo.
Ora, que coisa inútil aos olhos,
O que não é dito então, não pode ser contado?
Pede a Deus e tudo ele fará,
Aguarda por ele e a porta fechada se abrirá,
Então, nesta hora o que você dirá?
É preciso haver preparo para amar,
Mas, também o que se revela pode ser inútil,
Concluí após pensar tudo isso,
Que estava louca que não seria retribuída,
Por que mereceria o amor pelo qual esperei toda a vida?
Penso, me olho no espelho,
Então, procuro o meu diferencial,
Bem, meu diferencial foi individualiza-lo,
Escolher ele quando poderia ter todos,
Esperá-lo a porta trancadas,
Quando ele não era mais que um homem nas ruas,
Manter minhas chaves mas guardar uma cópia,
Nisso, vi tudo que gostava nele,
Refleti que não era tanto mais do que eu tinha,
Passei a gostar de mim e do que sou,
Esta luta de gostar-me não parece ser apenas minha,
Eu, hoje, queria apenas saber o que vale a pena,
Debaixo dos céus,
Parece tão pequeno os detalhes da vida humana,
Não neguei-me a nada do que os olhos desejaram,
Apenas guardei para o coração o que era de mais sagrado,
Com isso, ele soube escolher o sagrado do profano,
Me indago o que é profano,
Quando, aqui sozinha, ainda não estou com quem amo,
Talvez, eu possa ter feito tudo errado,
A espera se apresenta como algo de resultado inesperado,
Mas, mesmo agora não me recuso a dar prazer ao coração,
Fecho meus olhos espero seu beijo,
E passam-se as horas e o tempo e não á com menos paixão,
Na verdade, me alegro por tê-lo tido,
Me sinto feliz por cada um dos nossos segundos,
Esta foi toda a recompensa pelo meu esforço,
Muitas foram as que quiseram estar em meu lugar,
Poucas foram dignas de mais que eu,
Ser sua e estar com você por onde quer que vá,
Mas, veja, acho que ainda te amei mais que todas,
Contudo, quando avalio minhas mãos,
E vejo no calejar macio delas todos os meus esforços,
Enxergo o quanto de trabalho me desconfortou,
Mas, o tanto que isso em honra te recompensou,
Percebo que não foi tudo inútil,
Que nunca lutei contra o vento,
Nem corri atrás dele em busca do perdido,
Há proveitos em cada coisa que se faz,
E há você,
Aquele que é digno de toda a nota,
Aquele por quem respeito,
A quem amei e amo,
Não estou ao seu lado,
Mas em tudo que fiz coloquei muito esforço,
Quase ouço o tilintar de chaves à porta,
Vejo que se abre e não parece ser a mesmo,
Já não levo nenhum susto,
Eu, hoje, sei o quanto a deixei – esqueci – aberta.