sábado, 4 de maio de 2024

Bandido

Ela sentia-se muito só,
De braços esticados para a terra,
Coluna arqueada,
Olhos voltados ao que fazia.
Indigno.
Inapropriado.
De repente, estava em chamas.
Como se a visse fraca.

Chamou-a.
Ela recusou-se a ouvir.
Trabalhava.
Jamais estaria a mercê,
Feito garota patética.
Dinheiro é pouco.
Beleza é questão de escolha.
Era da roça,
O bronzeado que lhe tomava,
Vinha da terra,
Os músculos que a sustentavam.

E da terra, 
De suas próprias terras,
Veio a pedra,
Que foi desferida contra a sua coluna,
A fez contorcer,
Quase gritar,
A forçou a olha-lo.
Ignorado.
Estúpido.
Agressor.
Se jogou feito um retardado
Contra uma noite de mato.

Gritava e esperneava,
Fingia que tinha sido atingido por algo,
Fazia-se ferido por mais que pelo ego.
-Veja, estou de pau duro,
Sente-se em minha vara.
Ele gritava escondido.
Falava de uma parte de seu corpo 
Como se fosse um membro a parte,
Era como se não a tivesse,
Como se fosse um objeto.

Não o era.
Ele logo o soube,
Assim que uma vara o perfurou com força,
Assim que um pau duro,
Atingiu-o onde ele deveria ter um cérebro,
Assim que o facão da moça pobre
E trabalhadora,
Cortou lhe a face,
Para que se acostumasse
A olhar o próprio rosto 
E constatar a sua falta de coragem,
A sua tendência a esconder-se,
Ele não veria mais a luz do dia,
Não da mesma forma.

-grite.
Ela disse.
Grite com o ímpeto e força de antes.
Apenas grite.
Sinta o prazer que teve
Ao ferir-me.
Ele correu.
Fugiu como jamais faria
Se estivesse a vê-la.
Fugiu com uma vara
Colada a sua cara.
Fugiu.
De si mesmo.
Do que fazia.
Do quê… era?!

Agora ela sabia.
Com conhecimento brutal.
Sabia.
Que todo homem porta um pênis.
E que teria que entender isso
Com força.
Com uma dor rasgando o íntimo.
Uma dor traiçoeira.
Dor que nunca deveria ter provado.
Que tentou quebrar suas defesas.
Obriga-la.
Força-la a entender sobre coisas
Que ainda não queria.
E que parecia não ser a hora adequada.

Uma forçada.
Ela escolheu não agir para companhia,
Se esquivar,
Olhar no fundo dos olhos
E buscar,
Quem é este cujo corpo divide-se
E comanda tanto
Como se nem o pertencesse?
Quem é este dominado por um pênis?

Sentia apenas nojo.
Odiava-a pelo ataque traiçoeiro.
Odiava a certeza que o movia.
Acreditar que poderia feri-la
A ponto de te-la?!
Feri-la a pedradas,
Com palavras,
Com amizade falsa...
Odiava ainda mais
Este que o levou a acreditar nisto.
Acreditar que alguma atitude sua
Por mais violenta que fosse
Seria o bastante para te-la.
Odiava.
Odiava com todas as suas forças.
Odiava esta certeza.
Ganha-la?
Odiava.
Odiava a ideia.

Preferia o esquecimento do sono.
Da terrível vivência de um pesadelo.
Mas foi real.
Por mais que fechasse os olhos.
Ou sentisse medo.
Foi real.
E ele não tardaria a voltar.
O medo não lhe trouxe paz.
Nem ele seria capaz.
Ela daria uma plantação 
Para não viver tal pesadelo.
Ele rompeu uma linha de segurança,
Invadiu uma linha de confiança,
Sem aviso.
Sem que ela cresse que seria capaz.
Ele o foi.
Ferida por uma pedra.
Próximo a coluna.

Mas ela teria que levantar-se.
Se proteger.
Lutar.
Unir todas as suas forças.
Olhar para aquela cara imunda
De bandido.
Desgraçado, baixo, traiçoeiro.
Queria ve-lo inflamar.
Arder em labaredas.
Gritar até virar cinzas.
Queria cortar cada um de seus músculos,
Até que fosse impedido de esconder-se,
Até que nunca tivesse forças 
Ou coragem para erguer uma pedra.
Maldito bandido
Com uma vara na cara.

Vassalo

Adorava o caule da flor 

Que tinha entre os dedos,

Esmagado.

Quase até ficar caído,

A arrebatar sua flor,

Até que lhe tocasse,

Sem que fizesse esforço.


Qualquer coisa no mundo.

Tudo para não vê-lo.

Não iria.

Evitaria a todo custo.

Olha-lo era esforço demasiado,

Por mais ensaiado,

Petrificado e sólido 

Que pudesse mante-lo,

A mero encontro

E esforço dele,

Esmorecia,

Tremia por dentro.

Derretia em seu olhar

Sem o mínino de esforço.


E isso era tudo que não queria.

Lhe demonstrar sentimento!

Queria estar vazia.

Despida nem que fosse de sua honra,

Mas o evitaria!

Se poria longe de sua figura alta,

Poderosa e meticulosamente linda.


Forçaria a voz a todo custo.

E por nada no mundo

Deixaria transparecer o que sentia.

Mentiria.

Usaria de todas as artimanhas,

Mas jamais lhe declararia.

Antes o ódio.

Por Allah,

Que o ódio pudesse ser ensaiado,

De tal modo,

Que em sua frente

Soasse perfeito,

Exalassem, seus lábios,

O máximo de temor,

E nada de amor.

Do contrário,

Distanciamento!


Pasma ela tomou o celular em suas mãos,

Embasbacada por ele ainda

Lhe fazer oferta

De ficarem juntos,

Pelo menor tempo que fosse,

Suas últimas palavras soavam gritantes,

Então, veio o adeus e pronto.

Por quê agora reencontro?

Lentamente,

Ela quis gritar-lhe ódio.

Proferir ofensas,

Resgatar pudores perdidos.

Qualquer coisa que impusesse distância.


Mas a mínima lembrança de sua presença,

Seu olhar cheio de encantos,

E seu efeito era fulminante,

Acabava com suas defesas,

Deixava o ódio pairar no ar,

Em palavras que nunca seriam ditas,

Feito navalhas afiadas perambulantes,

Próximas o bastante para feri-la,

Tocar a garganta,

Fazer calar.

Distantes e imunes para mentiras.

Não era forte o bastante para odiar,

Não tinha resistência contra seus beijos.

Após seus carinhos,

Não era mais que uma fraca,

A emoção lhe queimava o peito,

Como se as navalhas o percorressem,

E quanto mais ela o negasse,

Mais ficavam próximas 

Até despi-la,

Romper em fio afiado de peça a peça,

Nua e sua.

A mercê.

Efeito paixão avassaladora.

Dele.


Uma parte dela

Queria enfrentar tudo que sentia,

Forçar-se ao máximo,

Ver até onde estas navalhas iriam,

Romper a pele,

Sentir escorrer o sangue,

Mas não ceder,

Se negar até suas últimas forças,

Recusar-se tanto a ser dele,

Até unir esforços 

E jogar de navalha a navalha

Contra ele.

Ve-lo sofrer

Até arrepender-se…

Por ser tão frio e desdenhoso.


Mas nenhuma navalha 

Precisou toca-la,

E a menor esforço,

Um sorriso lhe ganhou o rosto,

Vassalo, profundo e feliz,

Novo encontro,

Outra chance de estarem juntos.

Prazer por tê-lo outra vez.

Já se via a correr pelas escadas,

Romper corredores,

Zerar a distância entre eles.


Em suas primeiras palavras,

Como se sua voz

Despertasse mais que lembranças,

Deliciosas e inesquecíveis,

Despertassem um veneno

Em seu sangue,

E este o percorresse

Sem limites por cada parte,

E a ganhasse.

Simplesmente, a tivesse.


Um veneno tão mortal,

Que ser dele era mais que escolha,

Tornava-se necessidade.

Uma espécie de vício doente.

Em cada frase,

Se via paralisada,

Atingida física e verbalmente,

Cada parte sua o respondia,

Com importância e audácia.

Se via entre seus contornos,

Revia o momento em quê 

Mandou-o embora de casa,

Com as duas mãos contra seu peito,

Empurrando-o, 

Enlouquecidamente para fora,

Enquanto ele lhe puxava a seu encontro,

A deixando presa contra seu peito,

Que ele sutilmente e desgraçadamente,

Abriu os botões da camisa

Por entre seus dedos,

Como se ela fosse uma espécie de dama de ferro,

Ou rainha do gelo,

E ele não soubesse

Que iriam se amar ali fora mesmo,

Sem vergonha ou simpatia,

Apenas sexo quente.


Ainda se via 

Sucumbir ao desejo

De explorar seu pênis exposto,

Eliminar toda a sua roupa,

E desistir de rir da cara dele

Por ele imaginar

Que ela não saberia o jeito

De deixa-lo nu

E de pênis ereto e pronto.

Escorregar até seu zíper 

Era sua maior perícia,

Não sabia não reagir

Aquele pênis viril e sedento.


Puta pênis gostoso.

Colou-se nele em pouco custo.

“Goze feito um louco”,

Disse antes que ele pudesse

Ve-la, deliciosamente,

Por seus músculos.

Uma mão presa ao peito másculo 

E exposto,

Outra a percorrer seus íntimos,

Enquanto a boca gritava

Toda espécie de discurso estúpido,

Até se ver gulosa e repetidamente,

Em seu pênis bonito 

E terrivelmente gostoso,

Sexo público, louco e prazeroso.

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...