quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Nas Barrancas

Enquanto Mashy,
O rei galo,
Do terreiro de Chácara
Das Barrancas,
Perdia seu caso de flor,
Sem flor,
Na barranca do rio.

Sua mãe,
Deitada na sua tábua de descanso,
Ganhava um cocôzinho
De pássaro no peito.

Que veio
De um belo sabiá,
Amarelo, de asas escuras,
E coroa de rei pássaro,
Estilo árabe,
De cor escura, também.

O qual, por sua vez,
Voava de canela a canela,
Sobre ela.

Decidida a tomar um banho,
A mãe dele foi até o rio,
Encontrou o vaso e o trouxe.

Pitelmario,
O pato rei,
De coroa vermelha,
Estilo colar grosso,
Que inicia na testa,
Possui uma haste para cima,
E parte para a cabeça,
Até atrás de sua orelha.

Pitel decidiu nadar na poeira
Que se juntou ao lado de casa,
Não sem ter uma ideia
Inédita e inteligente,
Própria do garoto rei pato.

Ele juntou uma folha seca,
Sujou suas lindas asas brancas
Na poeira,
De maneira que a cor das folhas
E a cor das asas se confundiram,
Repousou a folha do seu lado,
E nadou na poeira
Em frente a sua mãe,
Mexendo os dois pés,
Com o peito jogado na terra,
Deslizando.

A mãe foi acometida
De grande susto,
Pensou que Pitel havia
Machucado o pé,
Correu até ele,
Juntou o garoto nos braços,
Os dois riram muito
Sentados na poeira da terra.

Bruce Wayne,
O rei cachorrinho,
Deitado na tábua de descanso
Embaixo da canela,
Apenas contemplou a cena toda.
Rindo em silêncio.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Pouso Forçado

O Pouso Forçado
Pitel,
O pato,
Decidiu comer,
E comer muito.
Comeu ração,
Comeu milho,
Comeu até bolo,
Comeu grama.

Pitel ficou gordinho.
Ele sentiu-se na janela,
Dali voou em busca de bergamota,
Contudo,
Pitel gordão,
Não mediu esforços,
Mas não obteve êxito.

Bateu suas asas,
Acelerou o vôo,
Mas, não foi tão forte,
Não conseguiu voar tão alto,
Muito menos tão distante.

A distância de cinco metros
Não foi atingida,
Ele baixou na horta,
Achou ali muita salada,
Trocou a fruta
Por folhas verdinhas.

Por ter desistido
De ir adiante
Não perdeu nada,
Mas a horta
Estava de porta fechada,
Ali Pitel ficou andou e comeu
Até sua mãe abrir a porta
E ajuda-lo.

Pitel é um lindo pato gordinho,
Feliz por isso,
Ele se alimenta muito,
Goza de boa saúde,
Come de tudo.

Viva a Pitel que sabe se alimentar
E se proteger.
Pitel é bem cuidado.
Pitel é amado.
Pitel come de tudo um pouco,
Eita, patinho gorducho.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Minha Avó

O vento uiva na janela,
Ao longe uma está aberta,
Suas aberturas se chocam,
Uma dobradiça range sem parar,
A outra se quebra no primeiro estalar,
A abertura fica pendurada,
A bater da parede até sua outra parte.

Eu acordo assustado,
Há vento lá fora,
Sinto medo de que uma árvore caia,
Atinja a casa,
E eu morra dormindo.
Desconhecer o motivo da sua
Própria morte,
Deve ser o mais terrível,
Eu imagino.

Jogo o cobertor para longe,
Saio da cama,
Procuro abrigo,
Corro até o quarto da minha avó,
Abraço sua cintura.
Ela está trêmula,
Amedrontada em pé,
Contempla a parede de mãos juntas
E reza.

Antes de eu chegar até ela,
Ela reza por mim,
Eu me achego nela
E suas preces se intensificam.
Pede a Allah cuida deste menino,
Allah a ouve,
Eu sinto isso,
Abrigado a sua barriga,
Abraçado com a minha cabeça
Apertando-se contra seu ventre.

Allah sabe o poder de uma avó,
Suas preces chegam ao céu,
Debruçam a seus pés
E o convencem.
São preces que não precisam ser gritadas,
Exclamadas ou buscadas,
Chegam a Allah
Por terem sido pronunciadas
Por sua boca.

As avós tem este poder,
De nos dar todos os mimos,
Melhores carinhos,
E o abrigo mais seguro.
O vento ressoa forte,
Bate contra a parede de madeira,
Tão intenso,
Que penso como ela não se rompe.

Um galho quebra,
Açoita a parede,
Mas eu não sinto medo.
A janela bate ainda mais forte,
A porta vem para a frente,
Bate intensa,
A madeira se sustenta,
A tramela aguenta,
E minha avó não se move,
Estamos seguros,
Mãos unidas em prece,
Allah nos ouve.

Flor

Beijo uma flor branca,
Respeito seu cheiro,
Colocada entre minhas mãos fechadas em prece,
E a trago no peito.
Desejo acalentar a dor.

Falar de um amor
Que nunca falei o suficiente,
Mas, desta vez, em silêncio.
Está a quem devo confidências
Não mais me ouve,
Com ela,
A deitar-se,
Apenas o silêncio.

Mas sentimentos
São capazes de alcançar
Onde nenhum outro algo
Seja capaz,
Então, se eu cuidar desta flor,
Pôr meu cheiro,
Sentir meu amor,
E transmitir a ela
Meu aconchego,
Ao repousar ao lado desta que dorme
Em silêncio profundo,
A flor demonstrar por meu amor
Tudo que não sou capaz.

De repente,
Ela possa aquecer-se,
Sem murchar,
Sem desvanecer,
Possa assim,
Desta maneira,
Trazer calor
A este silêncio gelado.

Eu tive tempo para falar antes,
Com a flor grudada ao peito,
Eu penso isto,
Mas não aproveitei tantos momentos
E podendo dizer
Não o disse.
Agora ela repousa em silêncio.

E minhas palavras,
Por mais que eu queira,
Não poderão mais dizer nada.
O vazio profundo a toma,
O silêncio ganhou suas falas,
Um escuro distanciamento
A toma do meu alcance,
Jogo a ela a flor,
Suas mãos já não mexem-se,
Seu corpo não reage,
Está flor ficará com ela.
Eu não posso ficar.
Não nos é permitido.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Perdi o medo do Amanhecer

Eu morri mil anos
Antes de te conhecer,
Morri a cada dia,
Por medo de te perder.
Fechei meus olhos,
Tive medo de abri-los
E você não estar,
Fiz o que pude para te convencer
A ficar,
Permanecer,
Estar.

Eu achei você sozinho,
Perdido neste mundo insano,
Distante da família,
Confiante e seguro,
Quis protege-lo,
Foste tu o enviado para eu,
Vou apenas me apossar,
Ter você,
Devolver só depois,
E que não houvesse o amanhã.

Desejei desesperadamente
Não ter um passado
De morte a cada dia,
Ou mesmo um futuro
Em tal agonia.
Apenas o hoje
E nele você.

Senti apego em seu desamparo
De estar sozinho,
Calor no seu abraço,
Quis a felicidade
De estarmos juntos.
Anos se passaram,
Aos poucos
Perco o medo do passado,
E não sinto estranheza
Em abrir os olhos
E constatar novo dia.
Você está comigo.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Sigo Chorando

Campeã de fugas,
Defino amor ao que senti,
Em curtas palavras,
Repito aqui
O que houve.
Acordo chorando a noite,
Acordo aos soluços,
Sôfrega e abraçada ao travesseiro,
Você não está.

Se você tivesse ficado,
Estaria ao meu lado.
Se você aceitasse meu beijo,
Não seria meu pecado,
Se você me desse seu abraço,
Eu não acordaria chorando.
Soluços em travesseiro molhado,
Lágrimas no chuveiro,
Sensação de desespero,
Dor e sofrimento.

Se você tivesse me oferecido
A mão,
Eu não teria caído
Naquela calçada,
Estaríamos de mãos dadas
Mesmo agora.
Estou chorando na calçada,
Sozinha e silenciosa,
Mas sou forte o bastante
Para não tropeçar,
Chamar seu nome,
Ou te procurar.

Caminho chorando nestas ruas.
Se você tivesse gostado da minha roupa,
Eu não teria me sentido insegura,
Iríamos dançar,
E nós divertir a noite toda.
Passo minhas horas chorando
Desde aquela noite
Até às próximas.

Se você gostasse
Do meu cabelo,
Eu teria aceito seus carinhos
E até mesmo buscado,
Parei cada fio,
Estou careca e chorando
Por está casa solitária.

Se você gostasse das minhas unhas,
Eu teria lhe acariciado
Muito mais,
Estaria com minhas mãos no seu corpo,
Talvez, lhe pedisse mais beijos,
Eu devo muito no salão
Lá perto de casa,
De alguma forma
Minhas unhas nunca se bastam.

Faço as unhas chorando
A soluçar em frente aquela
Garota estranha,
A qual,
Apenas para tirar dúvidas:
- você nunca teve nada com ela?

Se você tivesse gostado
Da minha pele,
Iríamos ido ver o mar,
Poderíamos mergulhar juntos,
Jogar vôlei na areia,
Juntar conchas na beira da praia,
Minhas lágrimas estão salinas
Eu nem duvido que se juntaram
Ao mar
Entre a dor e a esperança,
O mar é tão enorme,
Eu espero te ver no horizonte,
Você prática sky aquático?
Eu comprei prancha
Chorando ali naquela barraca,
Naquela lago ao lado.

Você sabe onde vou agora?
Se você tivesse gostado dos meus lábios
Eu teria conversado mais
Sobre uma diversidade de assuntos,
Eu não teria comprado
Tantos batons,
Usados mil tons,
E evitado tanto
Contato com seus olhos,
Mantenho meus olhos chorando
Desde que pararam de olha-lo.

Ninguém consegue ser feliz deste jeito,
Eu chorando aqui dentro,
Enquanto você precisa partir,
Mesmo que eu te busque,
Chorando pelas ruas
As quais percorremos juntos,
Foi horrível a decisão que te fez partir,
Terrível a decisão que me fez ficar,
Sigo chorando em cada hora,
Por todo o caminho que te levou embora,
Será que você consegue sorrir,
Sigo chorando sem ter você aqui.

Sono e Sonhos

Bem,
Você diz
Que o sonho estranha-se ao sono,
Eu penso que não,
Não contradiz,
Se dormir me trouxesse você
Eu estaria feliz.
Aqui sente-se sua falta,
Quer tê-lo próximo,
Saber como você está,
Aqui amo-o,
Aí você pensa se dorme,
Como lhe apraz o sono,
E o que fazer
Ao levantar-se.

O levantar só traz sua falta,
O sol grita ausência,
E o redor não satisfaz,
Você é querido para realidade,
Sua falta faz doer,
Triste mesmo
É quando o sono
Adianta não lhe trazer.

Ir busca-lo
Poderia resumir nossas vontades,
Mas, neste momento
Não consegue ser bastante,
Espera-lo satisfaz,
Preenche.
Que cara bonito você é,
Rosto sereno,
Conhecedor de si mesmo,
Capaz de fazer falta,
Nutrir saudades,
Compensar distâncias.

Você poderia pensar que olhar
Sua fotografia
Não é suficiente,
Mas eu lhe falo,
Me contento no sono,
Olhos abertos eu o busco,
No sonho eu lhe tenho.
Parece mais prático.

Cabelos escuros,
Barba bem-feita,
Olhar que acompanha,
Mesmo distante,
Sinto que você está perto,
Eu ao menos,
Estaria satisfeita com isso.
Sorriso franco,
Maxilar perfeito,
Pele escura.

Em você eu me encontro,
Em você eu o busco,
É como se você tivesse respostas,
Soubesse minhas vontades,
E entendesse de segurança,
Aqui eu sinto medos,
Me refreio e está bom
Se você estiver
Na foto que levo comigo,
Na imagem que guardo,
No sonho de estarmos juntos.

Você é lindo,
É um tal de encontro
Por simplesmente estar perto,
É íntimo e profundo,
É um ter em não ter,
Aqui há saudades,
Amparos e esperanças.

Corpo definido,
Rosto definido,
Ideias definidas,
Sonho condiz com sono
Caso esta seja a forma
De trazê-lo perto.

Ótimo ,
Você tem a si próprio,
Mas, eu não o tenho,
E gostaria de mais proximidade,
Queria dividir medos,
E poder compreender suas certezas,
Gostaria do seu abraço,
Compartilhar ideias.

Eu sinto como se suas forças
Fossem mais potentes
Que as minhas,
Eu confesso
Que conto as horas
Ao invés de sair da cama,
Puxo o cobertor
Em busca de abrigo,
Aceito o meio-termo
Ao invés de estar aí contigo.

Poxa,
Não é que eu não vá até você,
Mas, eu tenho sua fotografia,
Guardo sua imagem,
Me nutro de suas forças,
Aí me basta esperar.

Confundir sonhos
Com sono,
Conciliar desejos
Com fechar os olhos
E imaginar.
Eu sinto ódio longe de você,
A raiva predomina,
Se você estivesse
Seria de outra forma.

Eu sinto frio,
Dificuldade para respirar,
E conto as horas
Como se estivesse num sono
Que de tão profundo
O traz,
Basta o imaginar.

Ver suas formas,
Sentir medos,
Odiar,
Chorar,
Imagina-lo.
Eu odeio a realidade,
Tudo parece forjado.

O sono é diferente
Ele o mantém comigo.
Se eu quiser você esteve,
Se desejar você está,
Se eu imaginar você fica,
Se eu dormir estou segura.
Se eu acordar eu mantenho
O sono,
Nele os sonhos,
Nos sonhos você perto.

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...