domingo, 15 de dezembro de 2024

Minha Avó

O vento uiva na janela,
Ao longe uma está aberta,
Suas aberturas se chocam,
Uma dobradiça range sem parar,
A outra se quebra no primeiro estalar,
A abertura fica pendurada,
A bater da parede até sua outra parte.

Eu acordo assustado,
Há vento lá fora,
Sinto medo de que uma árvore caia,
Atinja a casa,
E eu morra dormindo.
Desconhecer o motivo da sua
Própria morte,
Deve ser o mais terrível,
Eu imagino.

Jogo o cobertor para longe,
Saio da cama,
Procuro abrigo,
Corro até o quarto da minha avó,
Abraço sua cintura.
Ela está trêmula,
Amedrontada em pé,
Contempla a parede de mãos juntas
E reza.

Antes de eu chegar até ela,
Ela reza por mim,
Eu me achego nela
E suas preces se intensificam.
Pede a Allah cuida deste menino,
Allah a ouve,
Eu sinto isso,
Abrigado a sua barriga,
Abraçado com a minha cabeça
Apertando-se contra seu ventre.

Allah sabe o poder de uma avó,
Suas preces chegam ao céu,
Debruçam a seus pés
E o convencem.
São preces que não precisam ser gritadas,
Exclamadas ou buscadas,
Chegam a Allah
Por terem sido pronunciadas
Por sua boca.

As avós tem este poder,
De nos dar todos os mimos,
Melhores carinhos,
E o abrigo mais seguro.
O vento ressoa forte,
Bate contra a parede de madeira,
Tão intenso,
Que penso como ela não se rompe.

Um galho quebra,
Açoita a parede,
Mas eu não sinto medo.
A janela bate ainda mais forte,
A porta vem para a frente,
Bate intensa,
A madeira se sustenta,
A tramela aguenta,
E minha avó não se move,
Estamos seguros,
Mãos unidas em prece,
Allah nos ouve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Hora

Anunciaram os djins, - aproxima-se a Hora. O povo daquelas areias Sobre o mar azul e limpo Estremeceu. Aguardaram uns de Al...