domingo, 15 de dezembro de 2024

Flor

Beijo uma flor branca,
Respeito seu cheiro,
Colocada entre minhas mãos fechadas em prece,
E a trago no peito.
Desejo acalentar a dor.

Falar de um amor
Que nunca falei o suficiente,
Mas, desta vez, em silêncio.
Está a quem devo confidências
Não mais me ouve,
Com ela,
A deitar-se,
Apenas o silêncio.

Mas sentimentos
São capazes de alcançar
Onde nenhum outro algo
Seja capaz,
Então, se eu cuidar desta flor,
Pôr meu cheiro,
Sentir meu amor,
E transmitir a ela
Meu aconchego,
Ao repousar ao lado desta que dorme
Em silêncio profundo,
A flor demonstrar por meu amor
Tudo que não sou capaz.

De repente,
Ela possa aquecer-se,
Sem murchar,
Sem desvanecer,
Possa assim,
Desta maneira,
Trazer calor
A este silêncio gelado.

Eu tive tempo para falar antes,
Com a flor grudada ao peito,
Eu penso isto,
Mas não aproveitei tantos momentos
E podendo dizer
Não o disse.
Agora ela repousa em silêncio.

E minhas palavras,
Por mais que eu queira,
Não poderão mais dizer nada.
O vazio profundo a toma,
O silêncio ganhou suas falas,
Um escuro distanciamento
A toma do meu alcance,
Jogo a ela a flor,
Suas mãos já não mexem-se,
Seu corpo não reage,
Está flor ficará com ela.
Eu não posso ficar.
Não nos é permitido.

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