domingo, 3 de abril de 2022

A Primeira Estrela da Noite

 

Se pudesse contar com a sorte,

Não contaria com aquele beijo,

Não daquele jeito e naquele instante,

Mas queira Deus, voltaria para busca-lo,


Sim, queria ao menos uma outra vez,

Senti-lo terno e soturno sobre os lábios,

Quem dera pudesse descer até o pescoço,

E para ali a dizer que me ama ou algo parecido,


Num sussurro insuficiente para chegar ao ouvido,

Mas potente o bastante para não passar despercebido,

Então, e apenas dessa forma,

Eu baixaria a cabeça ao seu encontro,


E nesta hora o ouviria em silêncio ou não,

Sentiria a vibração de cada palavra por minha orelha,

Até sentir a verdade que estava sob o olhar,

Olhar este que eu não pude dar,


Mas que ainda hoje me faz indagar,

Por quê motivo fechei os olhos para beijar?

Com tantas perguntas naquela hora eu preferi silenciar,

Mas, apenas quando estamos longe me vem elas,


Eu aqui, poderia jurar, quando estava em seus braços,

Não quis outra coisa que não fosse estar lá,

E sentir cada músculo seu ao meu encontro,

Cada movimento, cada, talvez, pudesse dizer, sentimento,


Saio da grama, removo a toalha do chão,

A dobro de forma metódica, aspiro o ar com ousadia,

Com aquela audácia de quem duvida de algo,

Ou pega ímpeto para buscar o que não poderia,


Prossigo até a minha casa,

No caminho recolho uma flor,

Penso em trazê-la para perto mas me recuso,

Contemplo-a, da distância em que a deixo


Posso sentir seu cheiro e ver cada nuance sua,

Haveria um pôr-do-sol dali a pouco,

Já caia para as cinco e eu guardo a sensação

De quem não fez nada o dia todo,


Não me indago sobre quanto tempo permaneci aonde estou,

Mas, talvez, chego a pensar se poderia ter feito outra coisa,

Aquela estrela do outro dia chegaria a tempo?

Confesso ter achado estranho o dia em que a notei,


Fazia sol de um lado e do outro estava a lua,

E como se não fosse o bastante lá, também, estava ela,

Se pedidos as estrelas se realizam,

Dali a instantes eu iria descobrir, assim que a confessasse,


Neste momento não é como a anos atrás,

Em que se pede as estrelas e sonha em acontecer,

Mas, é o instante em que simplesmente se pede,

Um ruído se segue sobre a grama viçosa,


Um esquilo foge dali a brincar por entre as árvores,

Desvio um pouco o olhar e quando procuro o horizonte,

Lá está ela, e parece estar feliz,

Eu não discordaria se dissessem que ela já sabia de antemão,


Mas, com a mesma expectativa que tinha antes,

A pedi sobre ele, e confesso, ainda agora, espero a resposta,

Já quase se aproxima a manhã,

Levanto, abro a janela,

Será que você pode imaginar o que ela me disse agora?

sábado, 2 de abril de 2022

Nosso Beijo

 


E, então com o olhar fixo no dele,

Eu me aproximei consciente,

Pela primeira vez,

De mim mesma e do que sentia,


Talvez, fossem desnecessárias as palavras,

Talvez eu pudesse fazer qualquer outra coisa,

Me pôr na ponta dos pés e beijá-lo,

De forma a não deixar dúvidas sobre o que vejo,


O amo e não desejo nenhum outro,

Mas, meus passos não foram mais rápidos

E o abraço decidiu por si próprio o que fazer,

Não posso dizer que tal atitude foi de todo inesperada,


É certo que o amor existe mas nem sempre espera,

O medo veio quando eu abri meus olhos,

Sim, por um único momento eu fechei meu olhar,

Momento intenso o suficiente para sentir cada parte,


Para perceber por mim mesma que tudo era real,

Sorri, um tanto sem jeito,

Notei que esqueci o cumprimento,

Confesso que ao chegar perto,


Não quis outra coisa senão me enlaçar no seu pescoço,

Sim, quis algo, assim que meu peito acelerou um pouco,

Quis beijá-lo com um carinho que não posso contar,

Quis toma-lo para mim como se toma um segredo


Que a ninguém mais se desejará dividir,

Poderia admitir que não me senti segura assim nunca,

Mas, antes disso eu suguei o doce dos seus lábios,

Abri a sua boca com a língua de forma felina,


Não, não desejei feri-lo,

Apenas quis que ficasse disponível por todo o tempo,

Quanto tempo?

O suficiente;


Com a certeza de que nunca mais me sentiria segura assim,

Eu me enlacei nele,

Eu o puxei de encontro ao meu corpo,

Com um pedido silencioso de que não fosse sair,


Agora, eu era uma apaixonada,

E implorava por ser correspondida,

Se eu senti medo?

Sim, até o instante em que toquei seu rosto,


Apenas no momento enquanto estávamos longe,

Se eu pedi se podia beijá-lo?

Não, mas me arrisquei o bastante,

Senti um vento frio soprar as minhas costas,


Muito tempo se passou e nós não nos movemos,

Enlaçados, como dois namorados,

As gaivotas voavam e o sol percorria a tardinha,

O céu se coloria e o chão ia aos poucos escurecendo,


Mas, eu confesso e nunca iria mentir,

Eu nunca me senti como me sentia,

E ao vê-lo abrigado no meu corpo pude concluir,

Que nosso beijo não era como a tarde que caia,


As luzes se acendiam ao nosso redor,

Enquanto as estrelas sonhavam em aparecer,

E a lua, eu não sei em que lugar estaria,

Se eu pensei que faltou alguma coisa?


Sim, uma única coisa,

- Amor, me leva para casa?


quarta-feira, 30 de março de 2022

Seu Olhar

 

Vejo em seu olhar o meu refúgio,

Em seu abraço a minha fortaleza,

Auxílio para os dias nebulosos,

Confesso não ter buscado por nós,


Mas quis o destino ser melhor que eu,

Te encontrou e o colocou no meu caminho,

Eu fixo os meus olhos em seu olhar,

Sinto medo, estremeço e tento desapegar,


Não que eu sinta que não seja bom,

Mas, a um passo de distância de senti-lo,

Já vejo minhas defesas cair até a base,

Feito encalços em busca de me manter distante,


Pequenos fragmentos silenciosos e indefesos,

A espera de que eu perca a calma ou as certezas,

Buscam apenas uma possibilidade de distanciar,

Jogados no meu caminho não fazem mais que ferir,


Feito vazios em que tento a todo custo me esquivar,

Nunca pensei que o que criei para me abrigar

Findariam ao chão apenas para vir de encontro,

Bem, mas tiro os olhos da calçada,


Fixo-os em outro lugar,

Um ponto em que possa me sentir segura,

E antes de mais nada e depois de todo o resto,

Vejo você e seu olhar seguro,


-Ora, querido, o que há em seu olhar?

Ainda que tremam os montes do meu redor,

Já não vejo mais nada,

Mesmo que meu coração afundasse no mar,


Ou que cada vazio em falso fosse preenchido por lágrimas,

Que chorei por uma vida até encontrá-lo,

Eu nunca poderia negar, então não me prendo,

Me deixo conduzir pelas suas certezas,


Mesmo que estas lágrimas tenham sido turbulentas,

Que todas as minhas certezas sejam postas em dúvidas,

Estou presa em seu olhar, segura em nós dois,

Vejo os vazios serem sacudidos por algo,


Não sei definir o que os tocam,

Mas, agora eles sentem meu medo,

O medo que me fez parar agora se coloca a favor,

Não busco olhar para trás,


No caminho em que o procuro, eu deixo as incertezas,

Estou no seu abraço, me vejo sua,

Há um lugar onde as incertezas são jogadas fora,

Este lugar chama o seu abraço percebo agora.

terça-feira, 29 de março de 2022

Até Outro Dia


Mas dessa vez foi muito intenso,

É certo que cada beijo era perfeito,

Porém, o de hoje tinha um outro gosto,

Não posso dizer que escapo de apaixonar-me,


Neste caso, o fim é um pouco diferenciado,

Quando fui calçar o calçado, nem olha para os meus pés,

Logo, no alcance da porta,

Foi que notei estar com os seus sapatos,


Até agora ainda posso jurar,

De forma alguma eu desejei criar uma situação,

Mas se eu pudesse, se por um instante

Pudesse estar ao meu alcance,


Ah, eu não resistiria a um outro beijo,

Juro que não oscilaria por um único segundo,

Se eu pudesse, ao menos por um pouco,

Ficar por um instante a mais ao seu lado,


Nesta ocasião ele estava mais carinhoso,

A distância me tornou mais acessível, admito,

Mas os seus carinhos ao percorrer o meu corpo,

Foram o fator definitivo,


Disso resultou a lágrima no olhar ao me pôr para fora,

Aquela ânsia louca de olhar para trás,

O acelerar do meu coração me pedindo para ficar,

Desta vez, o amor percorreu minha pele de forma pura,


O vi derramado por cada centímetro de mim,

E colhido por afagos que nunca serei capaz de expressar,

Cada jura de amor sussurrada por lábios trêmulos

Sobre a minha pele macia em forma de carícias,


Olhei para os seus braços fortes e seguros,

E em cada instante eu desejei mais um pouco,

As estrelas deveriam estar a cintilar lá fora,

Ao fundo havia uma música natural do encanto noturno,


Em mil gemidos e suspiros descontrolados,

Eu o pedia que ficasse, que o que havia ali: durasse,

Minha pele arrepiada soava carinhos nunca pensados,

Disse ao meu coração que parasse o descompasso,


Daquela forma eu já não controlava o desenrolar,

Mas, ele não me ouvia, nem minhas mãos cediam,

Se precisasse de ajuda de mim mesma,

Se daquela forma eu me perdesse para sempre,


Eu sabia: jamais seria encontrada,

Me vi desamparada ante as suas carícias,

Não queria de nenhuma forma estar fora delas,

Os seus lábios trêmulos sobre os meus:


Para sempre eu iria me lembrar disso,

E agora, sobre o meu corpo aquela necessidade o chamava,

E eu correspondia com tudo de mim e mais um pouco,

De repente, me imaginei deixando a casa,


Ele dormindo sossegado sobre os travesseiros,

Sereno como o luar da noite,

E percebi que eu não queria deixa-lo,

Tão terno e meigo como só ele,


Eu não poderia perde-lo, a ideia de deixa-lo,

Pelo tempo que fosse, me feria de morte,

Só não caí desfalecida com o pensamento

No mesmo instante, porque isso significaria perdê-lo,


Tinha que confessar o que sentia,

Talvez, isso bastasse para que ele me entendesse,

- Amor, eu te amo, não quero ir embora,

Me vi gritar sem perceber,


Mas, a esta hora eu já tinha ido embora,

E quem sabe, ele não me ouviria: eu estava longe.


sexta-feira, 25 de março de 2022

Recostada em seu Peito



Recostei meu rosto em seu pescoço,

Sorvi o seu cheiro e me acomodei no seu peito,

Fechei os olhos, não queria mais nada,

O último vestígio da saudade se acabara


No mesmo instante em que ele se voltou,

Sorriu e me disse olá, que bom revê-la,

Quando me aconcheguei nele confesso teor de revolta,

Um pingo de insegurança molhou meu olhar,


Não fora o bastante para o definir lágrima,

Mas quase afogou as minhas certezas de outrora,

Tudo que restou do medo de ficar sozinha,

Foi uma dor de cabeça a um passo antes dele,


A um segundo antes de ele me olhar e sorrir,

Assim que o vi no horizonte,

Senti tudo se afastar, mas quando me aproximei,

Não pude ocultar o passo em falso e a timidez,


Aquela espécie de tremor que vem dentro da gente

E que não nos permite pensar tão bem no que se faz,

Mas, então ele me olhou daquela forma perfeita,

E não precisou outra coisa,


Ainda assim ele sorriu para mim e isso feriu de morte

Cada incerteza que eu tive,

As coisas em que me agarrei e disse para mim mesma

Buscando esquecer de nós dois,


Tornou-se letra morta nos escombros da dor da saudade,

Percebi assim que o senti se enlaçar em minha cintura

Que tudo não passaria de cinzas e voaria para distante,

O calor que irradiava de nós dois era intenso o bastante,


Mas eu não disse nada, apenas fiquei ali a sentir o seu cheiro,

Não quis pensar que as cinzas poderiam voltar

E ofuscar a luz do meu olhar como fazem as nuvens,

Mas, me recostei bem nele e desejei não sair,


Como foram tristes os tempos em que ficamos distantes,

Eu não teria meios para descrever o tormento,

Contudo ao senti-lo tão perto,

Imaginei que ele tinha consciência sobre isso,


Nossos corações estavam em saltos,

Creio que se encontraram antes de nós dois,

Muito antes ainda do nosso abraço,

Talvez, bem antes de a saudade chegar sorrateira

E me abraçar em fria madrugada a me fazer prisioneira,


Aconchegada ao seu corpo quente eu suspirei sem perceber,

E só percebi o beijo, quando não sentia mais meus pés no chão,

Quando algo dentro de mim pareceu flutuar,

E a carícia mais esperada tocou meu rosto sem recuar.


quinta-feira, 24 de março de 2022

A Espera do Seu Beijo

 

Em doce amor eu mergulho em sua boca,

Busco de todas as formas me saciar,

Mas que doce possui este amor

Que quanto mais eu o busco mais quero?


Por amor e por te querer em minha vida,

Eu o te beijei por horas e o desejo mais ainda,

Que sua mão direita segure sempre a minha,

Que a outra permaneça a postos por nós dois,


Pois as minhas foram feitas para te amparar,

Não quero outra coisa se para ti eu não for o bastante,

Estes seus dentes brancos bem feitos e afiados

Abriram os meus lábios cerados num beijo sedento,


Encontraram o véu que ocultava a minha alma,

E o rasgaram sem dó ou piedade e me fizeram sua,

Debaixo dos seus pés caem nações inteiras,

Não cairia menos diante de tanta beleza e simpatia,


Este amor que eu sinto, meu bem,

Subsiste para todo o sempre,

Lugar em que encontro o que procuro,

Você sabe, é o seu carinho,


Lugar em que tenho tudo que preciso,

Você entende, é o seu abraço,

Amo o seu afeto e odeio a distância do nosso beijo,

Tenho como beijar seus lábios por uma vida?


Me perdoa, meu amor, mas de você não me sacio,

Existe uma ânsia louca em mim que te busca,

Por isso, estes lábios trêmulos que agora falam,

Escolhem seus braços para abrigo,


Seus dedos por desalinho,

Para que um pouco antes do néctar do seu beijo,

Eu me sinta saciar ou ao menos tente me enganar,

Sentindo-os tracejar a linha da minha boca,


Em doce previsão de tudo que estou para sentir,

Doces apertos sobre a minha pele em convite,

Dizem os seus dedos a minha boca: abra-se e faça-se minha,

Antes mesmo que chegue a tocá-los, meu bem,

Você sabe, já estão trêmulos e a sua espera.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Meu Homem

 

És dos homens o mais notável,

Não posso dizer que a lua nascia no horizonte,

Nem que pensei em sonhos de amor,

Mas pedi para beijar sua boca e ele correspondeu,


Derramou-se graça em seus lábios,

Como se suas palavras fossem feitas de afagos,

Adiei o máximo que pude sentir aquilo tudo,

Mas confesso que quando me juntei a sua cintura,


Assim que senti o calor da sua pele sobre a camiseta escura,

Eu percebi que existe hora certa para tudo,

Até para se apaixonar, confesso: fechei os olhos,

Quis adiar de todas as formas, mas não tive como,


Me coloquei na ponta dos pés e senti sua boca,

Sorvi cada beijo mais doce que o afago das suas palavras,

Os planos que eu tinha estavam em outro caminho,

Não parecia certo me apaixonar,


Mas beijei-o e não quis mais nada,

Atrás de mim eu deixava uma pequena cidade,

E nela muitos dos meus sonhos da mocidade,

Mas parado comigo em meus braços estava ele,


E neste instante era tudo que eu precisava,

Sabia que tinha que pensar mais sobre isso,

Deus e algumas pessoas sabem o quanto resisti,

Eu o vi desde o segundo em que pus meus pés ali,


Mas evitei-o, me esquivei do seu olhar, fugi do que dizia,

Se vocês pudessem me ouvir agora, saberiam disso,

Sentiriam a segurança de quem não mente em minha voz,

Mas, aqui neste papel, não posso fazer mais que escrever,

Então, não espero que entendam nem tento dar explicação,

O momento de resistir ao amor havia acabado a horas,

No exato instante em que senti o acelerar do meu coração,


Mas mesma hora em que o vi e não pude mudar o passo,

Um pouco antes do instante da fuga que falei antes,

Eu poderia sonhar o que fosse nada me afastaria dele,

Não mais, acontecesse o que for eu estaria ao seu lado,


Chamo a isso amor, mas facilmente trocaria por necessidade,

Uma espécie de vício onde se encontra tudo que precisa,

Quando os lábios se completam e as ideias também,

A ideia de perde-lo simplesmente me apavora até hoje,


Estou ficando arredia para fugir do que sinto,

Esta coisa de evitar o amor e brigar comigo mesma,

Já não dá resultado, isso apenas era interessante antes dele,

Antes de me enlaçar no seu pescoço e sentir sua pele macia,


Seus braços a percorrer-me como se não houvesse mais nada a fazer,

Cobro dele apenas seus beijos e um abraço apertado,

Nas suas mãos o amor percorre feito o suor sobre a pele,

Cada carinho seu é um convite para ficar mais perto,

Que sua mão direita percorra meu corpo por uma noite inteira,

Que não tenha outro dia se eu quiser ter outra mão ao invés da sua.

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...