sábado, 28 de janeiro de 2023

Mas, Mulheres choram

 


O jeito tranquilo e a expressão serena

Revelavam o quanto estava feliz,

Como sentia-se satisfeito com a carícia,

Completo por estar ali,

O sorriso satisfeito no lado dos lábios dela,


Denunciava o quanto o havia cuidado,

Afinal, sabia por sua expressão suas ideias,

Chegava a adivinhar seus gestos precisos,

Isso a deixava com pensamentos vagos,

Queria-o, e não poria isso em questão,


Porém, já os imaginava com filhos,

E isso era dar vazão,

No entanto, uma vazão segura e distante,

Até mesmo a dois amantes ardentes,

Seria melhor, talvez, por um teor de mistério,


Tingir um ar de indecisão no que aconteceria,

Precisar gestos e resultados,

É interessante quando se trata de adolescentes,

Mas, agora referia-se a um casal de adultos,

E ela era adulta, sentia-se assim aos vintes anos,


Ele com um pouco mais que isso era maduro,

Queria conhece-lo melhor,

Precisava disso,

Antes de vislumbrar todo um futuro,

E por calçada em terra íngreme e arredia,


Sabe-se que homens magoam e mulheres choram,

A dor que fere faz chorar,

E indiferente a toda esta história,

Terras deslizam e podem não parar,

Podem não encontrar abrigo para ficar,


A calçada iria com ela,

Para tão longe onde não se pudesse alcançar,

E sabe-se, mulheres choram,

Tudo agora ressoava a um romance fugaz,

Um sonho bobo de quem tem visão lá no alto,


Estrelas brilham e se apagam,

Com a mesma precisão de detalhes e certezas,

Mesmo a lua as vezes se distancia,

Poderia-se apostar que brilha mais a certas horas,

Ninguém iria duvidar que chega a apagar-se,


E houve um dia em que se apostou

Que não existiria a vida sem a lua,

Como se houvesse algo de dependência,

A terra é alheia a essas coisas de romances,

Um sorriso difícil e solitário lhe tomou os lábios,


Foi com tristeza que afastou-se um pouco,

Com mais ainda segurou seu rosto

E olhou firme em seus olhos,

Cortou o beijo que não queria dar fim,

Pensou no quarto que ficou por organizar,


Pensou nas revistas jogadas pelo chão de giz,

No quarto torto na parede branca,

Pensou nele e o quis,

Bem, queria-a, sim, queria-o...

Mas, mulheres choram...


Em noites solitárias e sonolentas,

Ela chorava: e ele?

Saberia, mesmo se não contasse?

Quando os lábios omitem o que denuncia?

Gostava da sua presença por perto,


Isso a deixava segura de si mesma,

Orgulhosa por conseguir sua atenção,

Cuidando dela,

Neste momento ele interrompe seus pensamentos,

Passa um braço por seus ombros e a puxa,


Próximo, bem próximo,

Segura o contato mas não a toma,

Apenas a pede para ficar,

Assim, sem dizer nada,

Gestos falam é certo que falam,


Mas, bem, mulheres choram,

Tentou garantir que ele ficasse bem,

Queria essa garantia por parte dele,

Apenas esta,


E isto não era pedir mais dele do que poderia dar,

Não, não era,

Se gestos falam o que a boca nega,

Então, puxou-o para próximo,


Mais próximo ainda,

Através de seus ombros largos,

Gostou do cheiro que sentia,

Ficou ali por minutos,


A decisão de se retirar não foi fácil,

Mas, tremula se afastou...

Não pensava agora que para trás deixava

Aquele que um dia amou,


No exato instante atrás,

Amou, mas mulheres,

Você sabe,

As mulheres choram.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Cada letra do seu nome

 


No caderno,

Ela rabiscou o nome dele mil vezes,

Apagou uma, duas, depois três,

Riscou sobre ele,


Mas, depois de escrito não se apaga,

Não o que se refere a sentimentos,

Soletrava-o em mente,

Inventava palavra com cada letra,


Não sabia se queria decorar,

Porém, não pensava em esquecer,

Fez de suas letras o início de cada frase sua,

No fim gostou do que fazia,


Virou costume,

Nem precisava refletir e ele vinha,

Seu nome soletrado em cada frase do dia,

E ao final o pôr do sol para melancolia,


Uma nuvem que fugia,

Uma estrela que se abria,

E lá tarde, muito tarde a lua,

Na noite o silêncio,


Nesta hora não haviam frases,

Nem mesmo letras de seu nome pronunciadas,

Mas, haviam ainda as lembranças,

Cada letra era ensaiada no caderno,


Escrita da forma mais bonita,

Até que suas amigas lhe atentavam,

-Uau, aí um nome se fez,

Está apaixonada e prefere manter segredo.


Ela sabia, entretanto, que não era segredável,

Tratava-se de um amor que não deu certo,

Algo que chegou de súbito,

E fugiu do mesmo modo,


Contudo, ela avaliou o homem

Pensando se contava tudo sobre ele,

Sabia seu nome até o final,

E o modo como beijava, sabia muito bem,


Isto é o bastante,

Olhou-a no fundo de seus olhos,

Quis saber se ela poderia descobrir se a amava,

Se há uma forma de retirar da língua de um cara


Se ele ama uma mulher ou finge,

Ou pior, se não sente nada,

Gaguejou, limpou a garganta,

Quis cuspir cada palavra,


Ali no início, e agora no fim de cada frase,

Uma palavra e outra se formava,

Bem, ao final da conversa a pergunta era feita,

E a vivencia era relatada,


A moça chora e limpa o rosto,

-Bem, entendo que não!

Só isso, apenas isso diz ela,

Uma frase apenas com um início e um fim,


Duas letras que juntas nada dizem ou diz?

-Bo?

O que faço com esta sílaba?

B.O,


-Ta certo, creio que ele trabalha com isso!

Respondi,

As vezes, quando se conhece alguém,

Não precisa se dizer muito.


Reli todo o meu caderno escrito até aquela data,

Havia tanta coisa e ao final nada!


quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

O Manteve


Os lábios dele se entreabriram,

Queria receber o beijo,

Porém, mais que tudo queria falar,

Dizer tudo que sentia,


Falar sobre a espera,

A luta tão tensa para tê-la,

O coração dela bateu forte,

Era quase feito um sonho,


Tê-lo perfeito e parado a sua frente,

Por Deus, que queria mantê-lo,

Não importava o custo,

Queria-o ali e ao seu dispor,


Poder tocá-lo,

Sonhar e viver com seu amor,

Mas, qualquer uma de suas habilidades

Na arte da conquista sumiram,


Muito antes de ele se aproximar,

E mais agora que estava prestes a beijá-la,

Ela sentia em seu íntimo que precisava dele,

Quase ansiava por suas carícias,


Ele aproximou-se e tomou-a,

Beijando-a terna, sôfrega e apaixonado,

Não parecia que o tempo havia corrido,

Nem ao menos que o beijo acabaria,


Cinquenta beijos depois,

E ainda era pouco,

Conta-se os beijos quando se ama?

Sim, ela contou cada um deles,


E absorveu-os como se nunca mais os fosse sentir,

Sugou para si todo o seu doce,

Desejou para mil e um anjos,

Que beijo assim tão doce não se repetisse,


Ah, por Deus, como queria que ele só beijasse a ela,

Que se perdesse na arte do amar,

E se fosse tentar com outra,

Que falhasse,


Por Deus, seria errado amar assim desta forma,

Será que soava egoísta,

Queria-o com toda a sua alma,

Contudo, desejava-o apenas para si mesma,


Lhe soava de todo serva,

Uma escrava de desejos incontidos,

Ele tocava a sua roupa,

E parecia que ela estava nua,


Apertava o tecido por entre os dedos,

Passeava por sua perna como se a visse pela primeira vez,

Parecia que para ele não haveria outra,

Havia curiosidade nele,


Paixão, interesse e respeito,

Sim, ele a amava,

Ela podia sentir isso nele e em cada abraço,

Mas, algo a chamava para a realidade,


O mundo lá fora pedia outra história,

E aí o que acontece?

Precisava sair e deixa-lo sozinho,

Não iria sofrer,


Ou caso sofresse não demonstraria,

Fechou os olhos com toda alma,

Então, pediu apenas uma outra vez:

Que ele não desistisse dela,


E que, passasse o tempo que fosse,

Apenas não a esquecesse,

Então, puxou-o para si e o manteve.


 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Por Entre as Suas Articulações

 

Sempre que você me vem a lembrança,

Confesso que eu choro,

Gostaria de poder voltar atrás,

Mas tudo sempre foi tão difícil para nós dois,


Então, após o choro,

Me vem um alívio e eu posso suspirar,

Por Deus pode-se morrer de amor?

Acreditaria se eu dissesse que te amo!


Sim, amo você desde sempre,

Mas até então tudo que mais senti foi medo,

Você acha que o medo que atemoriza aprisiona?

Querido, por favor, pode me falar


Se estou aprisionada a você,

Ah, meu doce amor,

As suas articulações,

Me vejo presa a sua boca,


As suas mãos, entrelaçada as suas pernas,

Então, você sabe o tanto que eu fiz por você?

Você entende todas as vezes que chorei,

Me perdoe se nem em todas chamei seu nome,


Me desculpa se lhe poupei um sorriso ou outro,

E ainda, me perdoa se contive o suspiro,

Você viu a lágrima que sempre escorreu no rosto,

Querido, foram tão poucas vezes que nos amamos,


Então, me diga porque estou por entre seus dedos?

Mas aqui tão distante?

Sim, eu o vejo com outra,

Sim, antes também e você sabe,


Ah, se eu morrer de amor,

Você recordará a minha face?

Sinto medo de te perder,

Então, por Deus me perdoa se nunca o tive?!


Longe do seu toque,

Por entre as suas garras,

Mesmo que você não queira me perdoe,

Me sinto ligada a você,


Me entenda se eu amo meu nome por entre seus dedos,

Me queira mais se souber que aprecio suas articulações,

Aqui me disseram que irão te proteger,

Você acreditaria nisso?


Então, por quê eu desacredito?

Sua língua quando pronuncia meu nome,

Que sensação lhe trás?

Eu gosto quando seu gosto me vem a boca,


Aliás, eu gostaria muito,

E você?

Me diga o que pensa,

Você esqueceu de nós tão fácil,


Então, querido, porque me sinto presa a você,

Por Deus, passam-se os anos,

Mas você não passa,

Acredite eu te espero,


A cada romper da autora - aurora,

Em cada rosto que passa,

Eu procuro o seu ainda,

Sou obrigada a lhe ver com outra,


E agora? Não sou capaz de aceitar,

Querido, estou agarrada as suas calças,

Você, pode tirá-las?

Eu apreciaria,


Você não imagina o quanto eu gostaria,

Querido, se importa se eu ficar nua?

Não, não me sinto bem com tanta roupa,

Querido, estou sofrendo, você se importa,


Estou presa as suas botas,

Você anda com jeito,

Não me pisa ou machuca,

Quer matar-me sozinha?


Estou presa as suas articulações,

Recordo cada uma sobre meu corpo,

Querido, dispa-se das botas ou segure-as,

Mas, por favor, meu amor,


Retire as calças,

Sabe? Tem uma marca em voga,

Meu anjo,

Por Deus, retire a cueca ou afaste-a,


Preciso sentir seu tecido,

As suas articulações, querido,

As minhas doem agora e as suas,

Preciso estar por entre os seus dedos,


Entenda que eu gosto disso...

Você acha que por muito tempo vivi nisso?

Não, eu acho que soube disfarçar,

Sempre que o vejo,


Eu imagino isso,

Mas, por favor querido,

Dispa-se ou afaste, só um pouco!

Ah, por favor,


Você pode me perdoar por tudo que eu fiz,

Ou melhor, tudo que eu não fiz,

Bem, não disse eu te amo,

Não cuidei de você,


Não passei na sua rua,

Contive meus suspiros a todo custo,

Jurei não sentir saudade,

Espalhei seu nome pela cidade,


Mas disse que você estava solteiro,

Ignorei que pudesse sentir dor,

Passei algumas vezes,

Por você com outro,


Mas entenda ele era um otário,

E você o mais lindo!

Por Deus, me coloque por entre suas articulações,

Eu gostaria de estar por entre os seus dedos,


Você esqueceu de mim assim tão fácil,

E eu aqui lhe jurando, nunca te quis,

Mas se houver um lugar entre seus dedos,

Por favor, por um instante,


Me coloque por entre suas articulações,

Mande ela para escanteio,

Eu acho, que ainda saberia aplacar o gol,

Será que você duvida disso?


Apenas dispa-se ou afaste um pouco a roupa,

Ora querido, não seja tolo,

Encontre para mim um espaço.


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Amei Você, Você Sabe?


A sensação de que nos conhecíamos de antes,

Não era estranha,

A ideia de querer acariciar sua pele,


De me aconchegar...

Bem, nem mesmo o sentimento de que o amava,

Olhá-lo e desviar não seria possível,

Fingir que não o via passar...


Havia algo de irresistível,

Mas, ficamos parados e nos olhando,

Por apenas alguns instantes,

Mas, foi como se ficasse em mim isto,


O alvorecer descia atrás dele,

E eu sentia que isto não importava,

Imaginar um passado ou ver algo a frente,

Tudo que me importava estava nele e com ele,


Como se ele fosse meu ponto mais alto,

Tudo que imaginei um dia numa pessoa,

Tremula e insegura por dentro,

Tinha uma estranha segurança que me guiava,


E o tinha por objetivo,

Seu eu dissesse que saberia o que fazer ou dizer,

Eu certamente mentiria,

Mas quanto ao que sentia,


Nunca pude ter tanta certeza,

Nem por um instante quis dar um passo para trás,

Por nada eu quis ver tudo que diz um dia,

Refletir sobre meus romances ou vivencias,


Mas agora meu ponto forte passava,

E então, o que havia a frente minha – atrás dele,

Era o que não importava,

Mas, nem por isso eu quis retornar no meu caminho,


Nem para tocar sua boca, ou sentir sua pele,

Talvez, nem por seu abraço,

Encarar tudo que deixei,

Refazer o que estava, talvez, por fazer,


E ele simplesmente passava,

Me olhava, e sorria mas passava,

Acho, tive certeza de que não pararia,

Iria simplesmente seguir como o faria antes,


De repente, o seu ponto mais forte,

É aquele que te vê diferente,

Apenas ele não sente,

Vê, me via, mas amar...


Porém, eu não tinha forças para sair do lugar,

O futuro, o seguir, é que era longínquo,

O vê-lo passar sem dizer nada,

Me era ao extremo difícil,


Adeus ou olá,

Prazer ou indiferença,

Há como ser indiferente com aquele a quem viu em sua cama?

A distância em que estávamos,


Eu poderia dizer que o tive em meus braços,

Com súbita clareza me vi apaixonada,

E talvez, por uma vida inteira eu me vi neste lugar,

Bem no instante em que ele iria para trás,


Para lá, longe onde eu não alcançaria,

E eu então, para o futuro,

Para algo tão distante onde ele também não estaria,

Talvez nunca mais nos víssemos,


Meus passos seriam desfeitos, um dia, seriam,

Os dele também,

Eu estaria onde ele esteve,

Ele onde eu não voltaria...


Estendi minha mão e segurei seu braço,

Com força e resistência o fiz me ver,

Forcei meu olhar sobre seus olhos,

- Sabe, um dia amei você!


 

domingo, 15 de janeiro de 2023

Essa Boca Beija?

 


Um sorrisinho brincava em seus lábios,

Posso dizer que minha relação com M.,

Está distante como não imaginei o ponto,

Queria não ter levado tanto tempo escrevendo,


Ter no coração tantas coisas para dizer,

Entender que o que começou em 83,

Não tardaria para eu desejar de volta,

Ainda agora sinto seus olhos repousarem em mim,


Nestas palavras que escrevo,

Eu não poderia definir suas carícias,

O modo de como tudo aconteceu,

E o que significou tanto para eu não esquecê-lo,


Bem sabes eu me irrito facilmente,

Mas também perdoo do mesmo modo,

Este silêncio me oprime em sua falta,

Seus lábios sobre minha pele morna,


A respiração percorrendo cada parte minha,

Contendo juras de amor ao pé do ouvido,

Sinto um grito se formar no fundo da garganta,

Hoje já não adianta gritar,


Só tenho o vazio e solidão a minha volta,

Inclino minha cabeça para trás,

E o imagino abrindo a porta até chegar a minha boca,

Posso sentir o gosto, o hálito fresco,


O suave de cada detalhe seu,

Sinto prazer em revê-lo,

Mas não me contenho,

Imaginar já não preenche os calafrios,


Já não dão a segurança de um retorno,

Minhas pernas abrem-se tremulas,

Quase desejo estar nua,

De repente tudo em mim vira demasia,


Eis que chega-se ao instante,

Em que adereços não bastam,

Porém, não tê-los não satisfaz,

Ou, no meu caso, não muda nada,


Lembro de tentar secar minhas lágrimas,

Todavia, não as sinto sobre meu rosto,

Inunda-se a dor por dentro,

Emudecem-se tudo o que não foi dito,


Passo a mão em suas cartas para recordar,

Solto a caneta e desisto do que escrevo,

Vejo as cartas com outros olhos,

O papel me fere pelo que diz,


Agora, tão distante parece que mente,

Junto poucas,

Mas, veja quando se fala de amor,

Poucas é o bastante,


Passo sobre minha pele,

O sangue escorre detrás dela,

A dor segue as palavras,

Mas o que foi vivido é silenciado,


De alguma forma,

Cai no vazio que deixa por onde passa,

Enrola estas cartas,

Junto as outras com minhas mãos tremulas,


Passo por meu pescoço,

Embora não saiba bem o porquê,

Ergo-a e alcanço o teto,

Sim, elas sabem me levar para longe,


Com elas me recordo das folhas de antigo jornal,

A data em que o escrevi tão sôfrega e apaixonada,

O instante em que implorei para que voltasse,

Porém, antes de todas estas palavras,


Lhe contei tudo que sua ausência me causou,

Toda a dor e ruína em que caí,

Falei de coisas, que juro, acho que não queria ouvir,

Quando folhei as notícias,


Lá estava: pendurado em tudo que escrevi,

Morto,

Confesso que o laço vermelho de fita que me deu,

Foi de valia,


Bem, penso ainda que foi,

Com estas cartas em mãos,

Agora vendo-as me parecem vazias,

Não fez sentido,


Nada fez sentido,

Nem a foto,

Pareceu-me mais uma imagem...

Não me apego a isso,


Hoje tenho um endereço onde encontra-lo,

Recoloco a carta que escrevia,

Recordo-o,

Lembro de passar por você despercebido,


Chegar até seu ombro,

Bem próximo ao seu ouvido,

Então, disse em tom claro e seguro:

- Essa boca beija


Ou então, pede beijo?

Segura eu fui do que dizia,

Porque falava com a pessoa certa,

Mas, não, eu não era tudo aquilo que você pensou,

Tive medo... mas, acho que você me entendeu.


quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O Esperaria


Ela levou as mãos aos olhos,

Tentando afastar as lágrimas que ardiam,

Ora, não fazia sentido enganá-lo,

Ignorar ou fingir que não houve amor,


Ela não conseguiria.

Por mais que colocasse esforço,

Jamais conseguiria.

O que sentiu foi muito intenso.


Um cálice servido fresco aos seus lábios,

Alimento para seu ego inflamado,

Provar do gosto de um beijo

E não ser capaz de esquecê-lo...


Não tão completamente.

Mas era assim que aprecia ser.

Presença perturbadoramente irresistível,

Para qualquer uma que quisesse,


E ela sabia,

Desde antes de beijá-lo,

Sabia.

Apenas isso.


Nas palavras que ele disse:

-Bem, querida, vamos viver o hoje.

No que ela ouviu:

-Há uma chance para o que sente,


Aproveita e vamos viver.

Que grande inutilidade!

Agora mais nada faz sentido,

Antes valia o olhar, o querer...


Agora isso pertencia ao passado.

O que uma moça ganha com seu esforço em amar,

Em empregar tudo que for capaz por alguém?

Uma noite insone,


A esperar uma jura de amor que supra?

Amores vêm e amores vão,

Mas, este já era tão antigo,

Vinha do passado e não parecia desapegar,


Não assim, tão fácil,

Não antes muito menos agora.

Bem a terra sob seus pés permanece para sempre,

Mesmo que tenha sentido ganha estremecimento,


Mesmo após tê-la visto se entregar tanto,

O sol que se levanta é o mesmo que se põe,

Porém, ele sempre teima em retornar ao seu lugar,

Talvez, existe um lugar para alguém que ama,


Quem sabe um dia,

Até o homem mais perfeito pense nisso,

E neste dia:

Ela esperaria, não esperaria?


O vento sopra para o sul e vira para o norte,

Um cheiro gostoso lhe vem e parece preencher,

Ela reconheceria este cheiro em qualquer lugar,

Era ele, tão vívido e perfeito,


Parecia tão perto que poderia senti-lo,

Fechou os olhos e aproveitou cada segundo,

Sim, um dia o amor o traria,

É certo que um dia,


Um segundo neste curso,

E um beijo repousa em seus lábios,

Sem que precise olhar reconhecia-o,

Sabia que sim,


Sorriu com toda a alma e entrelaçou-se a ele,

Beijou-o sôfrega e apaixonadamente,

Porém, quando tornou a abrir os olhos,

A quem contempla a sua frente?


Outro.

Sim, outro não mais ele.


 

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Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...