O jeito tranquilo e a expressão serena
Revelavam o quanto estava feliz,
Como sentia-se satisfeito com a carícia,
Completo por estar ali,
O sorriso satisfeito no lado dos lábios dela,
Denunciava o quanto o havia cuidado,
Afinal, sabia por sua expressão suas ideias,
Chegava a adivinhar seus gestos precisos,
Isso a deixava com pensamentos vagos,
Queria-o, e não poria isso em questão,
Porém, já os imaginava com filhos,
E isso era dar vazão,
No entanto, uma vazão segura e distante,
Até mesmo a dois amantes ardentes,
Seria melhor, talvez, por um teor de mistério,
Tingir um ar de indecisão no que aconteceria,
Precisar gestos e resultados,
É interessante quando se trata de adolescentes,
Mas, agora referia-se a um casal de adultos,
E ela era adulta, sentia-se assim aos vintes anos,
Ele com um pouco mais que isso era maduro,
Queria conhece-lo melhor,
Precisava disso,
Antes de vislumbrar todo um futuro,
E por calçada em terra íngreme e arredia,
Sabe-se que homens magoam e mulheres choram,
A dor que fere faz chorar,
E indiferente a toda esta história,
Terras deslizam e podem não parar,
Podem não encontrar abrigo para ficar,
A calçada iria com ela,
Para tão longe onde não se pudesse alcançar,
E sabe-se, mulheres choram,
Tudo agora ressoava a um romance fugaz,
Um sonho bobo de quem tem visão lá no alto,
Estrelas brilham e se apagam,
Com a mesma precisão de detalhes e certezas,
Mesmo a lua as vezes se distancia,
Poderia-se apostar que brilha mais a certas horas,
Ninguém iria duvidar que chega a apagar-se,
E houve um dia em que se apostou
Que não existiria a vida sem a lua,
Como se houvesse algo de dependência,
A terra é alheia a essas coisas de romances,
Um sorriso difícil e solitário lhe tomou os lábios,
Foi com tristeza que afastou-se um pouco,
Com mais ainda segurou seu rosto
E olhou firme em seus olhos,
Cortou o beijo que não queria dar fim,
Pensou no quarto que ficou por organizar,
Pensou nas revistas jogadas pelo chão de giz,
No quarto torto na parede branca,
Pensou nele e o quis,
Bem, queria-a, sim, queria-o...
Mas, mulheres choram...
Em noites solitárias e sonolentas,
Ela chorava: e ele?
Saberia, mesmo se não contasse?
Quando os lábios omitem o que denuncia?
Gostava da sua presença por perto,
Isso a deixava segura de si mesma,
Orgulhosa por conseguir sua atenção,
Cuidando dela,
Neste momento ele interrompe seus pensamentos,
Passa um braço por seus ombros e a puxa,
Próximo, bem próximo,
Segura o contato mas não a toma,
Apenas a pede para ficar,
Assim, sem dizer nada,
Gestos falam é certo que falam,
Mas, bem, mulheres choram,
Tentou garantir que ele ficasse bem,
Queria essa garantia por parte dele,
Apenas esta,
E isto não era pedir mais dele do que poderia dar,
Não, não era,
Se gestos falam o que a boca nega,
Então, puxou-o para próximo,
Mais próximo ainda,
Através de seus ombros largos,
Gostou do cheiro que sentia,
Ficou ali por minutos,
A decisão de se retirar não foi fácil,
Mas, tremula se afastou...
Não pensava agora que para trás deixava
Aquele que um dia amou,
No exato instante atrás,
Amou, mas mulheres,
Você sabe,
As mulheres choram.