Parecia,
Absolutamente parecia,
A intensidade, nervuras, posicionamento...
Mas, ao fim nada deu certo.
Quando meu pai chegou,
Meus lábios ficaram trêmulos,
Rosto rubro de emoção,
Olhos encharcados,
Não precisei falar o nome do rapaz.
Meu pai levantou o olhar,
-Amor!
-Ah?
Eu indaguei sem compreender,
O coração pulsava forte.
-Você está apaixonada,
É isso.
Eu suspirei,
Já sentia que o havia perdido,
Mas então ainda era amor?!
-Filha, chega o dia
Em que os filhos abandonam a casa,
Sim, eles saem,
Vão para outro lugar,
Outro abraço,
Mas não, exatamente, outra família.
Fungicida com força
E contive os soluços.
-Sim, pai eu sei disso.
Tentei passar o máximo da certeza possível,
Agi como se estivesse com todas as respostas.
-Você sente medo desse assunto?
O abandono da família
Sem deixar de amar e até mesmo,
Estar perto?
Ele retira os olhos dos céus
E baixa-os para as minhas mãos,
Então, as pega entre as suas.
-Você tem medo de desapegar?
A pergunta fica presa no ar,
Como se não tivesse respostas,
Mas nunca mais fosse se soltar,
Uma espécie de peso
Sobrecarregou minha cabeça,
E turvos qualquer resposta.
-Ora, filha, você já nem mora mais comigo!
-Mas o senhor disse que eu tô apaixonada pai,
E meu coração se apertou com isso.
Minha resposta foi fraca,
Mas precisa.
O coração parecia que nem batia.
-Você tem medo de amar um homem mais que a eu?
Filha, o amor não troca pessoas,
Você acha que eu te amo pouco?
Ou que você me ama muito
E não saberá substituir?
Num rompante, eu respondi:
-Ora, pai, acaba de dizer que amor não substitui!
A certeza torna a frase forte,
Porém, a voz fina e embargada.
-Ontem, eu beijei ele,
E hoje mudei minha voz.
-Filha, você não quer estar vulnerável?
-Mas, sempre aprendi que o amor era forte pai,
Você me ensinou isso!
Ele olha para o lado e pensa,
Agora duas frases pesam muito sobre nós.
Tanto que dói e faz chorar,
Mas o amor deve ser desta forma...
-Já não sou tão jovem para está conversa,
Já a tinha por mais experiente.
-Mas, agora, penso que ano.