terça-feira, 23 de abril de 2024

Nunca Mais Duas Horas

Contudo, mesmo nos inícios dos tempos,
Onde o fogo se confundia no gelo,
E o destino era incerto,
O mundo seguiu curso,
Simplesmente,
Firmou destino.
Acredite.

Eu solto meu celular no lençol 
Fresco e arredio,
Não quero escrever nenhuma outra linha,
Muito menos cuidar o passar das horas,
O homem que amo
Me espera na sala.
Ele me disse:”adeus”.
Chegamos ao final.

Eu corri para o quarto
Incapaz de vê-lo,
O destino que nos uniu,
Não tardou e veio busca-lo 
Não quero que me veja chorar,
Estou tentando passar o tempo,
Me amparar,
Buscar algo.

A porta está aberta,
Desta vez,
Apenas a recostei,
Desejo profundamente que ele venha,
A abra,
Note a diferença,
E simplesmente,
Queira ficar.
Não preciso de promessas,
Nem desculpas.
Apenas ele.

Ele não vêm,
Ela não faz barulho
E não se mostra aberta,
Eu não demonstro que o espero,
Fujo.
Fujo do temível final.
Destino implacável e cruel.
Levando-o.

Há um único caminho,
O caminho que leva ao amor,
Dizem os românticos,
Eu não sei mais de meus passos,
E nem saberei dos dele.
Talvez, ame a outra mulher.
Não lhe é impossível.

As horas passam em terrível agonia,
Nunca mais será de novo nove horas,
Não com ele lá fora,
E de mim nem saberia dizer,
Me movo de um lado ao outro,
Cuido números que não voltarão a repetir.
Dez horas,
Na sala nem ruídos.

Onze horas,
E talvez, ele já tenha ido embora.
Nunca mais tais onze horas.
Doze horas demoradas,
Não tenho forças para busca-lo,
Indagar se ainda está,
Pareço nem sentir outro cheiro,
Além de seus beijos
Que tão ardentes percorreram meu corpo,
E agora nunca mais irão me tocar.

O relógio muda destino,
Ao menos tenta.
Uma hora, 
Nada dele ainda.
A porta entreaberta e silenciosa.
Não chegarão novas dez horas,
Não ele não irá ficar muito.
Me falou de suas pressas,
Entre outras coisas,
Mal ouvi-as após o “preciso ir embora”.

Mas o relógio se esforça,
Tenta evitar, concertar e se apressar.
De repente queira mudar o percurso,
Repetir-se,
Até que sempre estejamos juntos.
Tudo anda tardio, vagaroso e apressado,
Duas horas.
Um barulho quebra o silêncio.
Movo o rosto e ele está a porta.
“Estou indo”.
“Ficou tarde”.

Fecha a porta com cuidado,
Parece temer deixar uma fresta,
Ou algo que me auxilie a ve-lo,
Ou mesmo busca-lo.
Ficou tarde no relógio 
Que tentou tão fragilmente
Apressar as horas.
Tarde.
Nunca mais uma hora.
Nunca mais duas horas.
Ele nem ao menos esperou as três horas.
Nem nenhuma outra.
Foi embora.
Ficou tarde,
Absolutamente tarde.
Tarde demais.

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