De mãos levantadas ao alto.
Sorriso nos lábios.
Felicidades em cada gesto.
Agradecimento.
É o que sinto anos após
Te-lo conhecido.
Estarmos juntos.
Contentamento.
Ele satisfaz meus desejos.
Falamos de sonhos.
Ele já faz abrir o caminho.
Deixo-me deleitar por algum tempo.
Ouvi-lo.
Entender sua voz.
Satisfazer seus desejos.
Como se cada árvore fosse uma flor,
Cada folha feita a tinta.
Com o menor do gesto abrupto se rompe,
A mais singela lágrima desfalece.
Um instante.
Dois instantes.
Tudo acaba.
E já nem houve.
E pior: “nem há”.
A dor da perda
Por não saber cuidar…
Mas estas coisas são para as árvores,
No que se refere a ele,
Não há perder,
Não há decair,
É o caridoso entregar
De tanto o possuir.
Olhar presunçoso,
Coração que sabe ofertar.
Me vejo altiva no grito,
E porte respeitoso ao recebe-lo.
O pertencer nunca foi melhor.
O ter nunca foi mais perfeito.
Sigo o que me é revelado,
Enfrento cada obstáculo.
Decaio e me levanto.
O tenho!
Eu sei que o demônio faz convites,
Recusa ofertas,
Apenas para deleite.
Ele nos tenta.
Mas quem de nós
Iria aceitar arder em chamas
Quando podemos ter
Um ao outro.
Nossa família.
Não me aflijo com isso.
É possível superar.
Acordar.
Levantar as mãos ao céu.
Seguir caminho reto.
Chorar.
Sujar as mãos em terra fértil,
Moldar o corpo enquanto desenha a terra.
Colher resultado.
Sentar na grama perfeita.
Contemplar azul imenso.
Levantar as mãos cansadas.
Ele está chegando.
Isso basta.
Tê-lo.
A colheita se perfaz.
Cada lágrima ganha nova forma.
A dor transforma.
No amor.
Em Allah.
Os demônios são arrastados
Para o inferno.
Aqui na nossa terra
São arrastados os matos,
Os bichos peçonhentos...
(E nossos demônios).
As plantas sorriem e vão ao alto.
Eu sei disso.
Cada vez que ele chega.
Uma flor ganha forma.
E um fruto amadurece.
Para te-lo.
Eles sabem que o amo.
Mostram a ele que o espero.
Mesmo quando a chuva cai aos montes,
Se arrasta brava e suja.
Ela sabe que o terreno
Que por instantes ela toca.
Por uma vida espera-o.
Como eu.
O dia ganha a noite,
E da noite vem o dia.
E as flores não morrem,
E as árvores não se vão.
Não são de tinta.
Não são cálamos.
Tudo gira a seu tempo.
Conforme Allah determina.
Havia um desenho lá no alto.
Aqui há nós dois juntos.
O mais é falso.
Mesmo quando as nuvens
Ganham o efeito de sombras
E eu chego ao desespero:
-Por Allah já não posso ver…
Meus joelhos já não se dobram.
Eu sei que as horas passam,
E que ele vem.
Horas determinadas.
Lágrimas diferentes.
Um amor a regalo.
Que se perfaz sobre a grama,
Que adora a terra nua e quente,
Que admira tantos frutos juntos,
Que aprecia mil sabores…
Grata.
Agradecida.
Minha alma sabe o que ganhar amanhã.
Aquele que me ama.
Que espero.
Cuido.
E digo:
-Querido,
Me entenda!
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