sábado, 4 de janeiro de 2025

A Minha Garota

O relógio conta os minutos,
Como passa a minha vida,
Contando as horas,
Removendo meus dias.

Eu a vejo sofrer na cama,
Está adoentada,
Me coloco de joelhos,
Junto as mãos em oração
Escorado na minha cama,
Marco o lençol,
Molho o cobertor
De lágrimas e dor.

Não me adianta mais,
O chorar,
O pedir por ela,
Nem mesmo amar,
Fingir ódio
Ou me esconder em desamor,
Há sempre um alguém
A ser mais forte,
E fazer de outro o mais fraco,
Me fere de morte ver ela se esvair.

Eu me apego as imagens,
Ne agarro as lembranças,
Não basta isto,
O ignorar e o fingir,
O sistema não quer me ver feliz,
Jogou toda a lucidez pro alto,
E seu carro contra o acostamento,
Até o poste ali ao lado,
Deixou-a imobilizada
Emudecida em estado de silêncio
E eu de morte,
Ambos sobre a cama.

Ela a tentar receber saúde,
Eu a rezar feito um louco,
Preciso remover ela deste estado,
Tentar buscar no passado,
Motivos para que sobreviva,
Ideias que o façam
Mantê-la viva
E segura.

O que se deseja
Além de ver a pessoa que se ama
Viva?
Tê-la ao seu lado,
De quê me vale o para sempre sua
E eu a buscar todo dia
No cemitério,
Morte viva,
Alma doentia,
As palavras ferem a alma,
Os atos mutilam a mente,
Admito meu medo,
De joelhos cicatrizados,
Mãos marcadas por estarem unidas,
Eu não tenho mais que eu
Por eu próprio,
Cero os olhos,
Comprimo os lábios
Para pedir em silêncio
Tenho medo que outro ouça
Exceto Allah,
Mãos em cicatrizes,
Eu errei por está que amou,
Ela está em morte,
Deitada imóvel a buscar saúde,
Ferida,
Será que me ouve?

Por quê será que minha cabeça
Não entende?
Por quê meu cérebro
Evita entender,
O sistema é numeroso,
Estratégico e quer me ver destruído,
Será que penso que evitar contar
Me impede de ser mutilado?
Por quê eu finjo que não vejo,
Que não sinto,
Que sobrevivo?

Cheguei num ponto
De admitir que isto existe,
Me faz de alvo
E não hesita em fazer.

Parece agora que ela se move,
Será que posso ter esperança,
Ou é apenas uma imagem,
Um desejo muito forte,
Um meio de me manter aqui preso,
Acreditando que posso
Alcançar um meio
De tira-la daí,
De busca-la esteja onde for,
De mantê-la comigo.

Eu não tenho quem pensar em mim,
Todos a minha volta
Tem coisas importantes 
Em que se preocupar,
Eu estou perdido,
Doente e de joelhos.

Este sistema não se importa
Em publicar o ódio que sentem,
Em espalhar discórdia,
Eu não me sinto bem,
Colocaram meu irmã para longe,
Eles precisam viver,
Estou preso a remédios 
E a maldita esperança,
A está que amo,
Que está presa a cama,
Os remédios não lhe adiantam,
E a eu que passo as orações 
E corro os remédios?

Minha memória
Está se perdendo,
Eu não posso explicar
Mais nada,
Conto as orações,
Passo os remédios,
Falo algo,
Repito palavrões,
Digo que amo
E depois fujo.

Mas, queria encontra-la agora,
Deitar ao seu lado
Não lhe importa,
Ela não sente nada,
Não se move ou fala,
Eu busco lá dentro dela,
Um movimento,
Um desejo de viver,
Como eu poderia salva-la,
Impedi-la de partir?
Eu chorei por ela,
Ela choraria por mim.

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