O ano é 2025,
Minha família preocupa-se
Em saber ler, interpretar e escrever,
Transcrevemos nossas primeiras ideias,
Tentamos nos livrar de um passado
De escravagismo literário,
E trabalhos de mão de obra forçada.
Nós não nos preocupamos
Em descrever um manual
De como foi nossa trajetória,
Ou como seria de tudo fosse diferente,
Não profetizamos nomes de descendentes,
Não temos um lugar específico no cemitério,
Mas temos fé
E rezamos quando temos medo.
Neste instante
Nos preocupamos em reconhecer
Os números, saber soma-los
E outras regras simples relacionadas,
Tentamos identificar vozes,
Nos defender de artimanhas
E desejamos uma casa
Que a tempestade não derrube
E o rio não carregue.
Nós não pensamos
Em guardar os mortos,
Mas guardamos o dia dos finados,
Não tentamos deixar heranças significativas,
Mas plantamos uns pés de frutas,
Cuidamos dos animais,
E gostamos dos vagalumes.
A gente sonhou com castelos
A vida toda,
Aí plantamos árvores
Para nossas casas em madeira,
Aprendemos a pregar a madeira,
Cortar as árvores
E já fazemos nossas primeiras
Embarcações de água doce,
Os caicos,
Fazemos nossos primeiros
Meios de locomoção em madeira,
As carroças.
Tudo vai bem
Para os que trabalham,
Mas nós gostamos de sombra
E água fresca,
Não escrevemos mais em pedras,
Deixamos de rabiscar
Para incluirmo-nos na escrita,
Falta saber falar bem a língua,
Desenvolver técnicas de aprendizados,
Mas estamos nos esforçando.
Caso não haja equívoco,
Logo trocamos os bois
Pelo trator,
E talvez, deixemos o cavalo
E adquiramos bicicletas...
Mas não há planos
De abandonar a terrinha
E partir para a vida
Da cidade grande,
Deixar de ser patrono
Para se tornar empregado.
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