sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Tarde Em Casa

Você abre a porta,
Se ergue na lata
Feita de banco
Que está dentro de sua casa,
Fica na ponta dos pés
E abre a tramela.

Dobradiças boas,
E a porta abre-se sem esforço,
O vento sopra forte,
Quase a derruba de cima da lata,
Você desce,
Olha para frente,
Imagina onde estão seus amigos,
Pensa em os chamar,
E espera.

Desce ao assoalho limpo,
Com cheirinho de limão cravo,
Sorri como se já os imaginasse vindo,
Então, teu irmãozinho
Desce da única cama que há,
Caminha a passos curtos e lentos,
Chama se nome,
Tão bebê,
Ele não sabe brincar
Com os amiguinhos maiores,
Você suspira,
Pensa se fica triste,
Olha para aquele rostinho
Gordinho e olhos espertos,
Sorriso fácil,
Lábios que sempre chamam seu nome,
E decide ficar com ele.

Os amiguinhos crescem e crescem,
E você se torna diferente deles,
E por mais que o tempo passa,
Você nunca se arrepende
Do tempo em que passou
Com seu irmão,
De todas as brincadeiras que deixou,
E de todas que criou com ele.

Seu colo
Se torna apropriado
Para conforta-lo,
E os lábios dele
Aprendem desde cedo
A chamar você
E não os estranhos,
Por mais complicado que pareça
Vocês aprendem a cuidar
Um do outro,
Estar em sintonia,
Proteger-se e sobreviver
Neste mundo de brincadeiras
Tão intensas que precisa
Escolher idade
Para ser brincada.

A lata vira um ótimo banco,
Suas pernas não se cansam
De mantê-lo,
Não há arrependimentos,
A porta é tramelada,
Não sem antes
Você descer até a escada
Ficar na ponta dos pés
E tirar bergamotas
Do pé que chega até próximo
Da porta.

Você diverte-se
Enquanto aprende a descascar
Muitas bergamotas,
Desfrutar seu sabor
E divide com seu irmão.

Senta-se na lata por um dia inteiro,
Joga as cascas e as sementes
Na fresta do assoalho,
Cuida toda dia
Se nasce nova plantinha
Ali na terra do porão,
E a lata vazia de tinta
Torna-se travesseiro,
E não tarda a muda cresce.

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