O calor de verão chega,
Trás suor e terror ao sono,
Você acorda no meio da tarde,
Reza pela chuva,
Pensa em seus pecados,
E separa suas mãos
Que estavam unidas em prece
E corre.
Você tem dez anos,
Acredita em tudo que ouve,
Viveu pouco,
Mas é muito responsável
Pelo que os outros dizem.
Sua barriga dói.
Parece que vai explodir,
Entumecida e dolorida...
Busca o amparo da avó,
Com seus cabelos soltos,
Brancos de conhecimento,
Velhice e amor,
Ela pega você nos braços,
Já sem forças,
Senta-se,
E o segura.
Uma massagem
E a dor passa,
Um chá
E o calor se esvai,
É como se não precisasse
Mais rezar,
Mas ela o ouve,
E reza.
Ajoelha-se ao seu lado,
Te deixa sentado
De xícara na mão,
E reza.
Você busca a frente dela
Se há anjos voando,
Se ela vê algo,
Ou o que é isto em que ela acredita.
Mas crente,
Entendedor ou não,
A dor passa,
O calor passa
E a chuva vem.
Você sente o cheiro dela
E imagina que irá durar para sempre,
Você vê a roupa dela
E imagina que é a mais linda.
O tempo passa,
Você aprende a rezar
Sem ter uma imagem para se apegar,
Não espera mais pela visita de anjos,
Não imagina que Deus irá lhe falar,
Sabe que sua avó sempre fez,
Sempre teve resultados bons,
E que seus pecados
São pesados para te fazer ser ouvido,
Nunca foram insuportáveis
Para ela
Que te pegou no colo,
Segurou e deu segurança
E foi falar a Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário