segunda-feira, 12 de abril de 2021

Pode Alcançar a Toalha?


Ela urrou um grito surdo e profundo com o intuito de expulsar a dor,

Usou todas as suas forças até colocar-se de joelhos no chuveiro,

Embora, a água pudesse ocultar suas lágrimas, não as impedia,

Ela as sentia mesmo sem derramar sequer uma única do seu olhar,

Desejava quebrar as algemas que a prendiam naquela dor enlouquecida,

Mas não conseguia rompe-las, as paredes a exprimiam contra si mesma,

 

Tudo que sentia era remessado com força contra a sua cara,

Cada pensamento seu vinha de encontro aos seus sentimentos,

Distorcidos, embebidos em veneno, seus atos não lhe pertenciam,

A feriam de dentro para fora e vice-versa como uma voz sedenta por socorro,

Que ao invés de proteger feria com garras intangíveis e macias,

Com o calor da água que caía rasurava seu rosto, arranhava até sangrar,

 

Sem lágrimas que denunciassem a dor silenciosa e desumana,

Seu choro cego comprimia o peito como se não houvessem alternativas,

Soluçou para descansar, foi quando escutou uma voz macia que dizia,

Seu inimigo não está além de você mesma, o erro é seu, se redima,

A voz feminina não entendia o que ela sentia, mas cobrava com tudo que possuía,

Ao ouvir isso, não restou nada além de responde-la conforme queria,

 

De que outra forma poderia agir aquela que era prisioneira sem acusação,

O incentivo não tinha outro intuito senão o de ferir sua emoção,

Como uma marionete, foi usada como joguete, sem vida ou vontade própria,

O contra-argumento só lhe prestou como incentivo para lutar por si mesma,

De que forma sofrer dentro de casa e sair com o rosto molhado sem demonstrar?

Quando feri-la, sem saber por que motivo, era o maior intuito de alguns?

 

O quão bem poderia proceder dependeria das circunstâncias,

Mas, ela não desistiria, mesmo impedida de ser ou sentir, resistiria,

A frequência em que ia ao chão se tornava mais regular agora,

A ausência de lágrimas em seus olhos não era notada ou desvelada,

As distorções estratégicas se desenvolviam em vista de verdades falseadas,

Tudo o que era ou se importava caía as margens da importância,

Havia uma guerra fria ao seu redor, mas ela queimava em chamas,

 

Ardia, vendo-se desfalecer ante tudo que sentia, ninguém a via?

Sinta culpa diziam-lhe, procure uma desculpa em que se apegar,

Desça a sepultura com ela, permaneça a espera, até a chuva descer à terra

Lavar seu rosto ferido, carregar sua alma para algum outro lugar

Em que tudo possa fazer sentido, onde você possa ser reconhecida,

Um rosto sem face, um cadáver sem nome, identidade falsificada,

 

O que sobra de você quando tudo que você faz cai em (des) importância?

Ora, pare de se preocupar tudo não passa de um singelo ponto de vista,

O enfoque sobre as lágrimas de sangue que escurecem seus olhos castanhos,

Neste aspecto da questão, não significam nada, a chuva cai e vai embora,

Você não, você morre aos poucos porque se permitiu acreditar no amor,

Se as flores de plástico não padecem porque você desejou fazer a diferença?

 

Neste ponto de raciocínio, você não passa de uma indisciplinada,

Precisa aprender a viver, amadureça as suas ideias, sentir irá te proteger agora?

Primeiro que você parece relutar a obedecer às ideias postas,

Segundo é que ainda acredita naquela teoria respectiva a tal justiça?

Em qual você se apega: à humana, a divina? Querida, aqui você não opina!

Relaxa os ombros, aqui é um homem que fala, não reconhece as palavras?

 

Ela se contorceu, a fala lhe parecia errônea, então, havia algo errado com ela?

As propriedades referentes ao seu pensamento lhe pertenciam ainda,

Mesmo que o sigilo acerca dele estivesse fora do alcance dos seus dedos,

Mesmo que segurar ou contê-los não fosse qualidade sua,

Sua mente inquieta sofria, mas não se permitia quedar ao silêncio,

Rejeitada, não sabia se rejeitava ou acolhia, se via tonta, perdida em si mesma,

 

Se preocupava demais em esperar retribuição, não conseguia ver além da sua vista,

Sua tristeza não era mais do que poderia oferecer, estava ferida, sangrava e agora?

Permaneceria a espera de ser acolhida ou pegaria o carro e dirigiria a sua vida?

Havia um buraco em sua alma, ela estava caída lá dentro, colocaria a mão para fora,

Se arrastaria até sair de si mesma para lutar por si própria e por quem ama?

Não viam-na além dos seus erros, ou ela havia se bloqueado em angústia?

 

Não saberia precisar se era chuva ou lágrimas que a inundavam por dentro,

Iria se afogar em si mesma, precisava reagir depressa ou desfaleceria em sua dor,

Pensar sobre as pessoas não as transforma para além do que você as rotular,

Projetar sua dor no seu redor não modifica o semblante do próprio rosto,

Se você sofre eu sofro, agora é esta a lei que determina a sua vida?

Jogue-se em queda livre comigo, aquele que sobreviver tem direito ao sorriso,

 

O enfoque sobre ser capaz de vencer a si própria tende a produzir algum incentivo,

Pensamentos inconclusivos ocasionam atitudes incompletas e sem sentido,

Buscar em si um objetivo é muito mais que inundar-se através das suas lágrimas,

Se agarrar ao passado para se recusar ao presente e desestabilizar o futuro,

É um esvaziar de sua alma e preencher-se de dor até não ser mais nada,

Seus erros do passado não lhe fazem melhor, quanto a ser pior pode ser sua escolha,

 

Se apega ou desapega, escolha em que acreditar a partir deste momento,

Escolha levantar-se neste mesmo segundo e buscar ver além do que você acredita,

Mude sua rota, rompa com suas teorias, percorrer em linha tênue não te faz maior,

A escolha entre o sorrir e o chorar pertence a quem senão a você mesma?

A opinião negativa dos outros lhe influência, mas as positivas não dizem nada?

Que tal parar de criar teorias sobre o amor e passar a praticá-las?

 

Seus atos não irão além do que você se apega, veja suas mãos e faça a sua escolha,

Favorecer o agravamento da sua angústia ao alimentar opiniões destrutivas

Não fará mais que lhe manter em ódio até destilar o veneno em que se afogar,

Não importa o seu pensar, o mundo ao seu redor é maior que a sua insônia,

Então, se você se aconchegar ao travesseiro e descansar talvez, possa ter calma,

A vida não para e você ainda acha que possui a solução em sua cabeça?

 

Sempre há exceções, sempre há uma lágrima escondida em algum lugar,

Chorar não lhe fará pior, mas um sorriso seu poderá fazer a diferença,

Se o seu interior está em conflito, busque ser seu próprio auxílio,

Existe um mundo a sua volta que necessita que você seja mais que isso,

Ela estendeu a mão para fora de si mesma, estava tateando no escuro,

Até que dedos seguros, da mesma mão que ofertou o dedo do meio,

 

A seguraram com força, com um gesto seguro a puxou para fora,

A luz que brilhava, também a feria, ao tentar derreter o salino do pranto,

Desnudava seu sofrer e exponha a sua alma, por ser humana ela sentia,

Por ser humano ele creia nela a ponto de oferecer amparo,

Ele desligou o chuveiro, a água sessou, o rosto inchado sofria,

Mas a dor que comprimia os havia libertado – uma toalha a secava.


 

domingo, 11 de abril de 2021

Sua Falta

 


Era como se eu tivesse voltado no tempo até o meu pior dia,

A lembrança do beijo em minha boca molhada por lágrimas,

A saudade ardia em minhas veias e tomava a minha alma,

Angústia foi o que vivi na hora em que ele virara as costas,

Cercada por tudo que nos lembrava sem ter com quem contar,

A solidão só deixava de ser companhia ante as lembranças,

 

Eu mal podia recordar sua fala sem ficar embasbacada,

Sem acreditar que todas as minhas juras foram vazias,

Usadas para afagar seu rosto sem alcançar sua alma,

Quando apenas um coração acredita e o outro não faz nada,

Resta pouco ou nada a se fazer, mentir para acreditar,

Sorrir em meia face, ofegava na tentativa de provar

 

Tudo aquilo que ele se recusava a sentir ou confiar,

Quanta dor restaria para suportar até a sua volta?

Mesmo ele tendo dito nunca mais, eu desacreditava,

Não cabia em minha alma que não haveria nada além da partida,

As lágrimas brotavam da minha alma, sofriam caladas,

Não pedi que ficasse, todavia não controlava a cabeça,

 

Meus pensamentos foram embora, já não sinto mais nada,

Nem a mim mesma, nem as promessas que sonhei um dia,

O beijo seria fácil esquecer, as juram também, da mesma forma,

As lembranças não podiam acreditar no adeus e, com isso, parar?

Eu estava imóvel com o rosto na almofada deitada no sofá,

Era como se o ar houvesse partido, tudo se fora, nada estava no lugar,

 

Estremeci ante a lembrança do seu nome, sem o pronunciar,

Esperei por sua resposta, as horas transcorriam atônitas,

Nem mesmo elas acreditavam no fim que discorria,

Ao invés disso, reconheci o silêncio que pesava no ar,

Não ousei olhá-lo, estava sofrendo admiti apavorada,

Meu coração estava sôfrego, doía ver tudo se acabar,

 

Eu resistia pensar no assunto, mas não conseguia evitar,

Foi um amor tão bonito, mas insuficiente para fazê-lo ficar,

Meus pensamentos não eram seguros, nem minha alma,

Nela os sonhos estavam em pedaços, não teria como os juntar,

Recordei suas mentiras o mais depressa que poderia,

Tentei evitar acreditar de novo, caí em suas falácias

 

Mais rápido que pude evitar, me vi querendo retornar,

Desejei seu abraço, que tudo pudesse voltar atrás,

Parece que ele estava enganado quanto a parte da partida,

Disse que seria fácil esquecer, que nosso adeus bastaria,

Repenso em cada segundo, me vejo desejar sua volta,

Nada mais importaria, se tivesse comigo as suas carícias,

 

Mesmo as falas exasperadas, as promessas vazias,

Os gestos exagerados, o olhar que nunca pensei que veria,

Esse rosto inchado de lágrimas é que não deveria estar

Se recusando a falar, recusando a deixar, sofrendo e mais nada,

Ele saíra satisfeito com nossa história, conseguira o que queria,

Quem decide o fim não sofre com a ideia de ir embora,

 

Um fim em que não implica um voltar atrás,

Onde eu fico na expectativa apegada as lembranças,

Com sorte daria tudo errado para ele, então retornaria,

Eu tola, ficaria a espera na expectativa entre o aceitar

E o sofrer por ter que abandonar quem se ama,

Fosse o fim relevado em palavras eu as rejeitaria,

 

Mas acreditei em cada uma, o que faço agora?

A estratégia de me deixar sem me ferir estava deletada,

Sair sem me dizer adeus com um beijo que me interessava

Não diminuiu o que eu sentia, nem facilitara coisa alguma,

A irritação do adeus até era tolerada, mas as lembranças,

Por quê me abraçavam e o trazem de volta?

 

Não esta escrito o quanto eu sofro em meu olhar?

Sem restar o que fazer, me tornar inexpressiva parece ser a alternativa,

Singular, um coração ama e o outro vai embora,

É simples, um fica a espera e o outro retoma a sua vida,

Um sorriso luta contra as lágrimas que receava,

Minha expressão vazia jaz desconhecida para a minha alma,

 

Nosso amor se esgotara, ele obteve o que queria e partira,

Olhei-o cabisbaixa, com um único pensamento: obrigada,

Do tanto que o amei ainda resta muito em que acreditar,

Seguirei meu caminho por outra estrada, isso basta,

Ele assentiu em atitude cética, me calei, o que diria?

O amor que havia me tocado, agora se colocava porta a fora,

 

Não sei se fazer algo adiantaria, fiquei ali sentada,

Ainda o amava, não teria como negar, sem ter em que me apegar,

Sussurrei para mim mesma: vá embora, mas retorne se recordar,

Se lembrar de tudo que vivemos, das nossas juras apaixonadas,

Ele já não me ouvia, mas quem sabe, marcaria a data,

Talvez nos veríamos mais próximo do que poderia imaginar,

 

Meu sorriso se apagava como se tudo caísse em lacunas,

De repente, mesmo as promessas eram postas em dúvidas,

Ele partira, tive a sensação de que nunca sentiu nada,

Algo me amedrontava, senti receio de estar certa,

Ele se fora totalmente as cegas, nada mais importava,

O que eu poderia ter feito se eu falava e ele não me via?

 

Como reagir se a tudo que eu fazia ele não sentia?

Sem corresponder, sem acreditar, um adeus e mais nada,

Por favor, repeti, só queria que voltasse para casa,

Que me pegasse no colo e retornasse ao nosso lar,

Mesmo que houvesse um assentir de cabeça, apenas,

Eu fecharia os olhos, o beijaria e não desejaria outra coisa.


Coração Partido

 


Eu sustentei o olhar, porém o que vi não gostei,

Embora eu pudesse sentir um sorriso em meu rosto,

Por dentro, eu me esforçava para controlar o pranto,

Não era medo o que me afastava, eram os seus atos,

O amor se apagava aos poucos, junto com os sonhos,

Era quase como se minhas lágrimas falassem comigo,

 

Implorando para me afastar por mais que fosse difícil,

Mesmo que elas não estivessem visíveis, eu as sentia,

Minha alma estava ferida, minha vida em ruínas,

Mas ele não via, sozinha a implorar por socorro, não ouviria,

Distante demais para entender, descrente para sentir,

Em minha alma ecoava uma pergunta sem resposta,

 

Se aproximara para me conquistar apenas para me destruir?

Eu me encolhi incapaz de conter o pranto que escorria,

Apesar de ele estar próximo, eu o procurava sem encontrar nada,

Hesitei ante a ideia de tê-lo de volta, ao menos uma vez,

Ele havia ido embora, ainda assim parecia que a decisão era minha,

Fez as malas, batera a porta atrás de si e eu ficara com a culpa,

 

Como se eu tivesse em mãos alguma alternativa em que me apegar,

Se havia algo nelas, eram lágrimas que sofriam por eu me sentir sozinha,

Ferida, fria e encurralada, me apaixonei apenas para perder no final,

Antes nunca tivesse amado, antes tivesse nunca sentido nada,

Uma voz saia sôfrega por uma garganta entrecortada,

Voz monótona de um alguém que já não tinha vida alguma,

 

Balbuciara algumas sílabas, não precisei indagar quem era,

Não estivesse desolada, gelada em minha solidão vazia,

Teria tentado me esquivar, me proteger de alguma forma,

Havia mais sofrer em mim do que eu poderia acreditar,

Eu, definitivamente, havia me apaixonado e visto ele ir embora,

As lembranças soavam como punição, viam como açoite as lágrimas,

 

Se recusavam a me deixar esquecer, todavia impediam de lutar,

Sem forças me via fraquejar, perdia sem ter culpa alguma,

A voz que ressoava ao meu ouvido não era amistosa,

As lembranças que vinham não tinham a intensão de agradar,

O contrário do que haviam feito quando ele iniciara em minha vida,

A voz que eu ouvia agora era fria, desprovida de surpresa,

 

Pude ver meu rosto refletido nela pela primeira vez,

Rejeitei a visão, nela eu não estava nada bem,

Olhos escondidos, pulso fraco, afogueada por lágrimas,

A voz morta trazia o aborrecimento de me convencer a levantar,

Queria me mover do lugar e me levar até uma faca,

Meu pulso parecera se acelerar, desejava a mesma coisa,

 

Ninguém para me ver, com certeza alguém me ouvia,

Mas ouvia ela também, diante dela eu não era nada,

Levantei a cabeça o suficiente para ver se os remédios fizeram efeito,

A voz soara branda, queria se certificar quanto ao resultado,

Embora as palavras fossem neutras, tive a impressão de serem minhas,

A voz que eu ouvia, vinha da minha alma, acusava estar vazia,

 

Acusava se sentir prisioneira de lembranças condenadas,

O coração pulsava, delatava estar embebido em lágrimas,

Um cálice de dor era servido em seco por minha garganta,

Eu sorvia cada gota, engolia cada dor em palavras agonizadas,

Promessas condenadas a sepultura pela mesma mão que me afagara,

Mas como ele mesmo dissera: querida, adeus e mais nada;

 

Recordo ter lhe lançado um olhar em dolorosa dúvida,

Ele sacudira a cabeça, se dirigira a porta sem olhar para trás,

Nossas juras de amor mandam lembranças a cada hora,

Desde aquele momento não me permitiram a paz,

Eu agradeceria se ele pudesse recordar nossas juras,

 

Se ouvisse meu pranto, soubesse a dor em que me sinto,

Me vejo cair sem ter suas mãos para me afirmar,

Me noto abatida, como se meus objetivos estivessem ocultos,

Como se sombras enevoassem nossos sonhos, levando-os,

Meus lábios ainda esboçam um sorriso, não o sinto,

O fio da navalha poderia me percorrer agora, seria bem-vindo,

 

Meus murmúrios eram audíveis, sentia medo, poderia tocá-los,

Sentia toda a dor ao meu redor, menos a mim mesma,

Não tinha um nome para chamar, rejeitava sua partida,

Nem mesmo a voz que sofria era bem-vinda ao meu lado,

Me sentia morta de qualquer forma, o que mais ela queria?

Eu tentava contrapor, me direcionar, mas só restavam lágrimas,

 

O sorriso desfalecia em meu rosto, afogado em dor,

Insistira em levar os sonhos, mas recusara o amor,

Não era queixa o que me feria, eram as lembranças,

A dor de ter acreditado no amor de quem não merecia,

Minha vida caía ao meu redor, em ruínas quebradiças,

A dor ardia a pele onde um dia houveram carícias,

 

Devorava a minha alma, recusava-se a me deixar sozinha,

Com meus sonhos quebrados mal podia ouvir meus gritos,

Quem me dera poder entender o motivo de me ferir tanto,

Enquanto minha dor falava a visão se escurecia,

Sem tempo para pegar a faca, sem forças para fazer algo,

Tudo ao meu redor sumira como se fosse imaginação minha.

sábado, 10 de abril de 2021

Uma Frase De Amor Na Janela Do Ônibus


Eu o amava por uma vida inteira, soube isso antes de beijá-lo,

E muito mais depois disso, em cada lembrança me certificava

Que tudo que vivemos não ficaria esquecido em outros tempos,

Embora, as horas nos distanciassem, em minha boca eu o sentia,

Em minha memória o trazia para perto, com um sorriso de soslaio,

Seguido por qualquer gesto irrisório que viesse a facilitar o desembaraço

 

De sorrir por lembra-lo em qualquer ponto que estivesse,

Feito uma boba sorrir por simplesmente recordar sua imagem,

O amor pode incentivar e até mesmo impor que se recorde,

Só quem ama sabe como isso acontece e o porquê de acontecer,

Eu necessitava, por vezes, adquirir um pouco mais de precisão,

Recordar nossos instantes não bastava para acalentar a paixão,

 

Considerações sobre a eficiência de trazê-lo em meu pensamento

Suplementam o argumento em favor de não desejar nenhum outro,

Quando se defende que beijar uma vez basta para amar para sempre,

Não precisa se agarrar em muitas desculpas para verificar essa verdade,

Tivesse ele me fornecido bons argumentos para esquecê-lo,

Talvez, eu pudesse me permitir pensar em outro, mas mesmo isso,

 

Não seria intenso o suficiente para negar tudo que vivemos,

Apagar nosso passado como se fosse um desenho inacabado,

Um sonho que caíra ao assoalho em fragmentos dilacerados,

De forma que mais ferisse que fizesse bem, não fora assim,

Mesmo não tendo mais conversado, não nos negamos,

Sem desculpas ou justificativas, apenas não nos vimos mais,

 

O gosto do seu beijo em minha boca era crucial todos os dias,

Me fazia desenvolver meus passos sem desviar a nossa rota,

O caminho em que cruzamos juntos estava no mesmo lugar,

O amor que nutri por ele, também, não mudara em nada,

Existem contra-argumentos a serem examinados nesse contexto,

Certa manhã nublada, em que eu trafegava de ônibus eu o vi na rua,

 

Essas duas questões – sua distância em minha vida e as lembranças-,

Entraram em descenso, com atenção merecida quis revê-las,

Mas em outra hora, naquele instante revê-lo era tudo que eu precisava,

Sorri a contragosto, o que queria na verdade era correr para os seus braços,

Parar naquele mesmo ponto, gritar que o amava e que não havia esquecido,

Mas, agi diferente disso, como a janela estava embaçada

 

Em razão da neblina, permiti que meu hálito quente desfragmentasse a visão,

Tornando a janela nublada para que dificultasse de ele me avistar,

Escrevi Eu Te Amo com a ponta do dedo indicador, o mesmo que em paixão

Usei para afagá-lo, a mesma mão que ele pegou em nossa primeira vista,

A que prometera acaricia-lo em cada dia que tivesse vida,

Abaixei-me, vez que o ônibus fez um solavanco fazendo minha mão bater na janela,

 

Por sorte não apagara a frase em que declarei minha afeição,

No entanto, deixara a marca da minha mão fechada em punho ao lado dela,

Como se no furor de terna emoção, eu não desejasse ferir nosso final,

Mas, deixar minha digital para que ele reconhecesse quem o amava,

A marca ficara de lado, formando um ponto de exclamação,

Mesmo ante a ideia de rejeição se formando em meu coração,

 

Tudo em mim ainda dizia que o amava, cada traço, cada forma,

Agora o sol decidira se abrir, como se sorrisse desse amor tolo,

A neblina fora ternamente se apagando, restando a minha promessa,

A que exclamava por uma chance a mais, recusava-se a pôr um fim,

A frase tomava proporções maiores todos podiam contemplá-la,

Ficara marcada pela ponta dos meus dedos, os que o esperavam ainda,

 

Não permiti que o meu rosto fosse visto, talvez ele reconhecesse minha letra,

Então, se recordaria de nós, e iria me procurar por retribuir o amor,

Estivessem guardados em sua alma os nossos carinhos, com certeza,

A digital ele reconheceria, a frase talvez, estivesse cansado de ouvir,

Mas o sentimento, era puro de forma que não haveria nenhum outro,

Se sentisse ao menos um pouco do que eu sinto, não refletiria muito,

 

Reconhecer-me-ia, cheguei a vê-lo isso acalentava a alma,

Mas, implorava por novo encontro, eu ainda o amava como em outrora,

Sem medir as consequências, sem pensar em nada, só o desejava,

Por mais um dia ou em chance única por uma vida inteira,

Minhas expectativas aumentaram com particular veemência,

Não expressei seu nome, não me identifiquei, mas bastava,

 

Havia feito o suficiente para que ele repensasse sobre sua ausência,

Dado o óbvio argumento de que meu amor não mudara em nada,

Pelo contrário, o esperava com a mesma ânsia, a mesma crença,

A de que seriamos felizes juntos por uma vida inteira,

No entanto, como as pessoas buscam se afastar por vários motivos,

Ele pode ter se apegado a qualquer um e ter se colocado distante, só isso,

 

Nada tão significativo que pudesse destruir nossos sonhos,

Apagar nossos ideais, os sonhos que se quebraram com sua partida,

Poderiam ser consertados, usaria a mesma mão com a qual declarei amor,

Antes com afagos agora escrevendo-o, no teor do inverno de agosto,

Tirar a luva me ferira os dedos, então, juntar os sonhos aos pedaços,

Não faria nada pior que isso, ao contrário, valeria cada machucado,

 

Um coração concertado enfrenta qualquer barreira, unido a outro,

Não restariam fronteiras que pudessem nos separar, enfrentamos o tempo,

Que haveria de opor-se a nós dois e ser maior que isso?

Estar em seus braços era seguro, eu encontraria calor e conforto,

O bastante para enfrentar o que fosse preciso, por ele, por nós,

Não o queria por momentos, segundos de amor não constroem sonhos,

 

A substituição parcial dos nossos afagos por lembranças,

Mesmo eu esforçando-me para negar, estava me destruindo,

O que, ainda, não era visto e interpretado como um desincentivo

Tão grande que me fizesse negar nosso passado, ou odiá-lo,

Pelo contrário, sentia orgulho de tudo que havia vivido,

Dos sonhos, mesmo que estivessem dilacerados por meu pranto,

 

Conforme, as vezes, eu mesma me permitia supor,

Fato que era negado a cada recordar, a cada segundo em que o via,

O problema da falta de incentivo não estava ausente entre nós,

Deveria haver uma razão para isso, eu a descobriria em seguida,

Assim que o ônibus retornasse por aquela rua,

Eu já não estaria mais dentro dele, mas ele reconheceria a minha letra...


 

Ser Sua

 


O vento soprou o cheiro de um rapaz lindo em minha direção,

Olhei, sem dúvida quanto ao sobressalto em meu coração,

Meus pensamentos se dispersaram e foram busca-lo, logo adiante,

Minha busca por um amor iniciara assim que avistei a sua face,

No segundo em que meus olhos cruzaram com seu olhar sombrio,

Aqueles olhos escuros tinham um magnetismo que me puxava,

 

Seu corpo era o tipo ideal para um abraço apertado e caloroso,

Daqueles em que você deseja se recostar sem hora para deixar,

Minha alma se acentuou nele, e quando ele abriu os lábios em sorriso,

Eu tive a certeza de que não precisaria em minha vida, nada além disso,

Estar segura em seus braços, ouvir sua voz ao meu ouvido,

Poder sussurrar seu nome de uma forma possessiva, definindo-o: meu,

 

Ouvi-lo responder sem pestanejar: minha amada; e não desejarei mais nada,

Ele destacava-se por entre a multidão, como se fosse uma espécie de solução,

Para aqueles dias nublados em que você acorda pela manhã sem saber porquê,

E teria encerrado o dia no mesmo ritmo, se não tivesse cruzado com a emoção

De ver tudo o que você sempre sonhou caminhando ao seu encontro, a flor da pele,

Com frequência é mais fácil vender a ideia de como amar, do que sentir o amor,

 

Passar por uma floricultura e colher uma flor, ver a chuva cair na janela do carro,

Mas, amar alguém de verdade, exige um pouco mais de empreendimento,

A flor murcha e vai parar na lixeira, a chuva cessa e o vidro do carro embaçado

É limpado e pronto, alguns dias se passam e tudo não passa de vestígios,

Depois disso, nem isso. Mas, naquele instante em desejei ir num ponto a frente,

Desejei amar por mais tempo, desejei me entregar profunda e carente,

 

Sabe quando você se desarma de toda a bagagem do passado,

A dor sofrida por amores descompassados,

Os olhos chorosos por quem ficara para trás,

Dos quais só se quer esquecer, nem de longe recordar,

Com ele, eu quis algo diferente, quis aquele amor que fica,

Que permanece o cheiro na roupa, o carinho na pele, o beijo na boca,

 

O amor do qual não se quer desprender, depois de cair em seus braços,

Ficar ali para sempre, segura sem medo de sentir-se frágil,

Sem receios de demonstrar suas fraquezas e necessidades de mulher,

Ser humana por inteira, mostrar quem você realmente é,

A forma segura como ele andava, demonstrava que ele me entendia,

A maneira como seu olhar me procurava, confessava que ele me sentia,

 

Acho que fui afetada pela ideia do romance casual, uma coisa por vez,

Primeiro convidá-lo para um encontro, depois me declarar, tentei me dizer,

Mas minha alma se recusou a entender, te amo gritou em meu semblante,

Quero você por toda a vida, ser feliz ao seu lado, desenhou em minha face,

Copiando o sorriso dele, acrescentando um ar tímido e inocente,

Com um enfoque correspondente, acenei como se lhe dissesse: atitude,

 

Eu vi nele uma felicidade plena que duraria uma vida inteira,

Sem saber o motivo, entendi que a oportunidade estava posta,

Como um sexto sentido, o amor despertou em meu peito, reconhecendo-o,

Eu precisava remover as atividades que se voltavam para o trabalho,

Há tanto tempo não entrava em férias, não me destinava um tempo,

Ao vê-lo me senti cansada, a oportunidade de ficar bem, estava em seu abraço,

 

Analfabeta no que se refere a palavra amor, sedenta por prova-la ao menos um pouco,

Iria iniciar uma reforma importante de dentro para fora,

Mesmo que não tivesse o êxito que acreditei ser recíproco entre nós,

Me comprometeria em me amar mais, valorizar meus pontos positivos,

O fato de me deparar com um homem bonito e ser vista por ele,

Afagou meu ego, como se suas mãos estivessem sobre a minha pele,

 

Eu sempre estabeleci limites em tudo que fiz, dessa vez quis me entregar apenas,

Viver tudo aquilo de que depende meu bem-estar, amar de forma intensa,

Sem refrear os carinhos, medir o gesto ou a altura em que gargalharia da sua piada,

Queria viver com ele um sonho que valesse a pena viver e reviver no outro dia,

Algo a mais do que aquelas horas disponíveis no mercado,

Consumir o amor e dele viver por estar acordada em um sonho,

 

Beijar seus lábios entreabertos até senti-lo sorrir com a alma,

Fazer com que esquecesse que sua boca se dirigia a outra coisa

Que não fosse beijar-me por horas e horas entre gemidos e sussurros loucos,

Eu poderia desviar o caminho e comprar aquele sorvete do dia-a-dia,

Tomá-lo até saciar minha sede, e me recusar a proteção dos seus braços,

Mas, mesmo eu tendo sede, minha boca ansiava, mas era por seus beijos,

 

Sentia meus lábios gélidos, como se a brisa que trazia o seu cheiro,

Mexesse com meus sentidos de forma a desestabilizar o meu corpo,

Tivesse um sorvete agora, não sentiria o gosto, não sentiria mais nada,

Como se eu fosse um cubo, prestes a tomar forma em suas carícias,

Derretendo-me conforme ele me tocasse; o sol se abria, mas não bastava,

Outra coisa tomou a minha alma assim que o vi, não teria como evitar,

 

A previsão do tempo identificava chuva, mas o sol resistia,

A previsão do meu destino indicava uma vida inteira de amor,

Nem ele ou eu resistiríamos, a atração que nos envolvia era ardente,

Mais intensa que os raios do sol, quanto mais se aproximava,

- Eu podia sentir uma gota de suor percorrer meu rosto - , eu derretia,

No entanto, meus lábios trêmulos estavam frios ao encontro da sua boca,

 

Nada poderia aplacar a minha necessidade de ser sua,

Tentei descongelar algumas palavras soltas, mas não saia nada.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Beijou-o



Seus cabelos caíram em seus olhos enquanto andava,

O vento soprava absorto ao seu redor, tocava-a,

Com um movimento ela retirara os cabelos do olhar,

O vento insistira em importunar, agora levando-os a boca,

Ela parara de caminhar, com o semblante frustrado o retirara,

Instante em que esbarrara nele, - me desculpa, não o vi na rua -,

 

Ela disse, embasbacada ao percebê-lo tão bonito e sereno,

Ele lhe dirigiu um sorriso, se desculpando com ela,

Ela sentira que estava fora do mundo até encontra-lo,

Era como se todo o seu passado fosse um vazio desumano,

Que poderia ser preenchido por aqueles braços seguros,

Dando um sentido diferente para o caminhar do seu futuro,

 

Uma ardência na garganta dela implorara por um beijo,

A boca seca sentia dificuldades para expressar as palavras,

Era como se a sua alma estivesse fugido, parando em seu olhar,

Não houve outro pensamento senão aplacar o seu desejo,

O vento soprava o cheiro dele em sua pele, ela podia senti-lo,

Mesmo que tivesse forças não poderia controlar o que sentia,

 

Precisava dele, sem pensar no porquê, apenas o amava,

O cheiro penetrava a sua pele percorria em seu sangue,

Nada a faria mudar de ideia, necessitava provar a sua boca,

Mesmo que por uma única vez, ou até a eternidade,

A centímetros do seu contato, nada poderia alterar os fatos,

- Como você é bonito -, ela balbuciara com voz rouca de porcelana,

 

Aquele tipo de voz que corta as defesas e o obriga a aproximar-se,

Ele manteve aquele sorriso educado e meigo nos lábios vermelhos,

O sangue pulsava em suas veias, ela sentia-o e gostava disso,

Por um segundo esquecera de tudo a sua volta, até de que existia,

Tudo o mais perdia a importância, menos o vermelho da sua boca,

Era difícil controlar o impulso de agarra-lo, prova-la, mesmo que a força,

 

Os olhos dele eram provocativos, pareciam estar brincando com ela,

O sorriso em seus lábios era um convite, sua necessitada avançava,

Algo desenfreado dentro dela o queria, seu corpo respondia a rigor,

Levaria menos de três segundos, e poderia provar seus lábios

Pelo tempo que fosse preciso, e um pouco mais que isso,

O sangue na boca pulsava quente e ardente naquele sorriso sóbrio,

 

Podia aplacar a ardência em sua garganta, saciar a sede da sua boca,

Ele estava tão perto, a olhava com um olhar encantador de advertência,

Uma prova dos seus lábios e seria amor por toda a vida,

Como uma fonte a jorrar da qual nunca se farta, sempre mais a desejar,

E ela sabia que morreria se tentasse controlar a garota que o queria,

A garota que esteve presa dentro dela e agora não conseguia mais resistir,

 

A agonia em sua boca dava a impressão de que não poderia dar um fim,

Precisaria estar em seus braços o mais depressa possível,

Sem o intuito de acabar, sem tempo para terminar,

Uma dor intensa acelerara o seu coração, soltara um gemido sem querer,

Ele a segurara pelos braços, ela tentara se mexer, sem querer se esquivar,

Esforçando-se para provar os seus lábios, erguera-se na ponta dos pés,

 

Lábios entreabertos, pronta para o momento mais esperado: o beijo,

Era como se as mãos dele fossem pétreas removendo-a do chão,

Não haveria chances de se abster, precisava provar seus lábios,

Naquele exato segundo, era o que denunciava sua respiração,

Seus gestos confusos, sua busca por ele todo, alimento para o coração,

Cravara os dedos em seu peito, ele resistia ao beijo, provocava a paixão,

 

Segurara-se nele com força, sentia cada parte dele em seu corpo,

Ele estava dentro dela sem ter feito um único movimento,

Ereto conduzia a situação conforme queria, ela gostava disso,

Mesmo sabendo que parecia uma tola, buscava-o sedenta,

O sorriso na boca dele não desmanchava, ele fugia e a buscava,

Expressão bondosa e calma, parecia ama-la da mesma forma,

 

- Me beije, por favor -, a frase saíra balbuciada em tom de súplica,

Fazendo contato com a boca dele que cedera um pouco,

O calor dela tocou-a embasbacada, um beijo fora entregue sem contato,

Eu a quero, parecia dizer-lhe, mas resistia por algum motivo,

Ela fitara a garota dentro dela, desejando com veemência

Que soubesse o que fazer, que tomasse uma atitude certeira,

 

Seus dedos cravavam-se nele, inúteis e frágeis, ela o chamava,

Não suportava mais a ardência, não aceitava a distância,

Procurara um nome em seus lábios para chamar,

Percebera que não havia pedido a ele para se identificar,

Amor fora o mais adequado, mas, ainda assim ele relutava,

Seu calor bailava sobre a boca dela, em uma dança que não cedia,

 

Descompasso ao seu coração, desajuste da sua emoção,

Soltara o seu peito e agarrara a sua camisa, desejara rasga-la,

Qualquer coisa que o fizesse beijá-la, naquela mesma hora,

Aquele sorriso era certeiro demais para permanecer na boca,

Precisava dissipá-lo, beijá-lo de forma sôfrega e profunda,

Suas tentativas vãs não surtiram o efeito desejado, ele sorria,

 

Ela tentava se debater, lutar contra o desafio de tê-lo tão perto

Sem poder sentir sua boca, mergulhar em seus lábios carnudos,

- Me beije agora -, ela murmurou tentando descontrolá-lo,

Ela podia ver uma veia pulsando em seu pescoço,

Seu sangue ardia, ela respondia, ele se esquivava de novo,

Uma vez mais ela o buscava, dessa vez obteve êxito, sugou os seus lábios.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Um Momento



Por um momento, tudo desapareceu do meu redor,

Exceto seu rosto, que eu via mesmo de olhos fechados,

No teor dos seus carinhos conforme me percorriam,

No frescor dos seus dedos que sentiam minha alma,

De repente, sem razão alguma, me sentia feliz por nada,

O fato de estar em seus braços me bastava como nunca,

 

Talvez tenha sido a saudade ou poderia ter outra causa,

A forma como me beijava parecia ser diferente agora,

Quanto a ser intensa, é certo que recordava do fato,

Mas parecia mais profunda, exigente quase como uma jura,

Ou algo que sem palavra alguma remete ao infinito,

Sentindo seus lábios me veio em mente nossas vídeo-chamadas,

 

A forma como nossa conversa desenvolvia e me envolvia,

O jeito como ele sabia dominar a situação, me amordaçar,

Via as minhas palavras fugirem da boca, sedenta por seus beijos,

Sentia as minhas mãos vazias, ambas desejosas por suas carícias,

Inquieta me via desviar o olhar, incapaz de conter o desejo,

Era como se eu pudesse absorvê-lo de lá, trazendo-o para perto,

 

Recordei os seus lábios beijando a tela do celular, molhados,

Um arrepio percorreu minha espinha, me agarrei nele com força,

Apertei-o de encontro ao meu peito, com um único pedido,

De que nunca saísse de perto de mim, ficasse para sempre ali,

O calor que emanava de nós, era algo maravilhoso,

Eu recordava isso, sempre que rememorava o nosso beijo,

 

Porém, senti-lo em mim, era intenso demais para explicar,

Um afago dos seus lábios soprou um eu te amo em minha boca,

Absorvi o beijo e com ele cada palavra, sabendo que nunca esqueceria,

Estremeci com medo que a saudade o levasse embora,

Lágrimas molharam meus olhos fechados, com um soluço,


Busquei seu cheiro, e repousei minha cabeça em seu pescoço,

Abri os olhos tristonhos na direção oposta por onde ele veio,

Pude avistar um rastro de dor, que evidenciava as lembranças,

E com elas, o quanto ele sentira por causa da distância entre nós,

 

Não saberia dizer se foi com um soluço, um suspiro, ou murmúrio:

Eu te amo, repousei com um beijo em seu ouvido, com voz entrecortada,

Ele sibilou algo que não entendi, me fazendo voltar para trás

Com um movimento seguro em afago, - não desista de mim -,

Não acreditei no que ouvi da sua boca, - jamais desistiria de nós dois,

Seria o mesmo que me condenar a uma vida de saudade e sentir,

 

Por quê, mesmo distante, nunca pude esquecer ou apagar você em mim,

Eu respondi com lábios trêmulos e certos sobre o quanto o amo,

Com um beijo, um afago, um vestígio do passado e um movimento,

Ele me fizera abandonar a posição esquiva em que estava refugiada,

Para me assegurar na emoção de sentir-me única por ser sua,

E retomar aquela mulher que um dia parecera ter ficado para trás,

 

Mas que, por nenhum segundo fora esquecida ou esquecera,

Eu era aquela mulher que buscara se afastar para se aproximar,

Aquela que dissera eu te amo em cada instante de sua vida,

Que acreditara ser amada e lutara por este amor com as armas que tinha,

Não imaginara que em seus braços me viria desarmada e humana,

Humana demais para negar o quanto sentia e sentiria por toda a vida,

 

Longe do seu abraço, não me sentia completa, faltava algo,

Com ele em mim, me via busca-lo de todas as formas que podia,

Como se houvesse uma medida em que apenas ele cabia,

Uma peça chave para desanuviar meus medos, romper segredos,

Como se o amor derramasse entre os afagos, e me conduzisse a ele,

O cheiro do sentimento no qual todo o meu corpo estava concentrado,

 

O aroma doce e úmido do sangue mais delicioso que havia rastreado,

Saia das nossas almas para repousar em meus lábios encharcados,

Deliciada, nem mesmo podia acreditar que o amor escorria de nós,

Minha procura havia chegado ao fim, o amor estava consumado,

Eu percebia isso em cada carinho, em cada sonho que trocávamos,

Eu sentia a boca e a garganta calorosas por muitos beijos,

 

Seu gosto me percorria e inundava a minha alma por algo desconhecido,

Era amor, com certeza, pois não havia nada maior,

Nos relatos que ouvira de outras pessoas e nas experiências de outrora,

Nunca havia tido conhecimento sobre algo tão intenso,

Tentei, de olhos fechados em busca de menosprezo, fugir daquilo,

Não sabia reconhecer, não confiava no que sentia,

 

Perder o controle diante de alguém nem sempre é tolerado,

Eu gostava de ser dona de mim mesma, de controlar cada passo,

Agora, não conhecia nem mesmo minhas buscas ou respostas,

Pensar que para ele, talvez não houvesse um próximo encontro,

Eu tinha conhecimento do fato de ele ter outra melhor que eu,

Mas, naquele momento isso perdia a importância, sem domínio de mim,

 

Me perdi por inteira em seu corpo, isso era arriscado e estranho,

A sensação era de que eu me via rasgar ao meio sem sentir dor,

Na busca por continuar onde estava me sentia uma desconhecida,

A humana – que usava o meu nome – se via no espelho, não se reconhecia,

Enxergava o próprio corpo, não se concordava, amava como nunca,

De uma forma que não achara ser capaz, não distinguia o próprio olhar,

 

Abri-lo e encará-lo enquanto afagava a sua nuca, tornava tudo pior,

Eu conseguia ver o sangue correndo sob sua pele fina,

Tentei me projetar em outro aspecto, buscar o controle perdido,

Mas meus olhos eram atraídos para ele, sem que pudesse me conter,

Meus cabelos caiam na face, falei com ele em voz baixa e feminina,

Minha garganta estava a poucos centímetros, eu tinha necessidade,


Não era qualquer uma, era de pertencer-lhe, por sorte ele sabia se conter,

Por mais estranho que fosse, desejei não tê-lo encontrado,

Rejeitei o que vivi, fora rejeição o que sofri?

Aquele aspecto de mim eu não reconheci, quanto ao que se desenvolveria,

Seria fácil precisar o fim, o mesmo do beijo anterior,

Meses de ausência, distância precisa para me colocar em meu lugar.

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...