Não sei ao certo a direção que estou seguindo,
Mas, sinto que pela primeira vez estou no caminho,
E que, não tão logo adiante, está a minha casa,
Não há ninguém ao meu lado,
Mas, eu sinto dedos em meus braços,
É como se eu estivesse protegida
Por esta estranha sensação que não sei explicar,
Talvez não fosse mesmo para termos nos conhecido antes,
Penso tratar-se de alguém que não está longe,
Antes da curva do monte de onde vejo minha casa,
Ali, em pé, andando sobre a estrada de pedra, está ele,
Eu cerro os punhos com força, quero segurar a sensação,
Neste gesto, sinônimo de perigo, eu tento lhe manter,
Porque eu me importo, porque algo em mim se importa,
Pelo fato de saber que sou tocada por alguém,
E que este alguém me interessa de forma apaixonada,
Confesso, que as vezes, parece um pouco difícil entender,
Mas, na maioria do tempo deixo o coração me levar,
Meu rosto não tem ânimo, está triste,
Mas algo dentro de mim me incentiva a seguir,
Me sinto emburrada, em teimosia movida por saudade,
Crio um bloqueio e me apego a ele em demasia,
Tiro os olhos da estrada onde estou e miro o
horizonte,
Por um instante não penso em nada,
Fico num silencio tremulo e desinteressante,
Será que para tudo na vida precisa existir uma explicação?
Imagino que este rubor que me sobe a face possa responder,
Ouço meu coração dizer com um pulsar em defensiva,
O silêncio se abate sobre mim por um tempo,
Parece se camuflar pelas sombras das árvores que me ladeiam,
Mas logo algumas palavras são sussurradas ao meu ouvido,
Como as folhas que caem por sobre as pedras,
Sem alarde, sua voz não é mais que um afago ao ouvido,
Tal como um sopro contra um muro de cimento,
Sem surtirem muito efeito, confesso entristecida,
Não importa o que me diz, prefiro não ouvir,
As coisas caem no vão do caminho sem sentido,
As folhas, tadinhas, são levadas pelas chuvas,
Enquanto as palavras seguem o caminho das lágrimas,
Se eu as tivesse, mas água alguma há ao meu redor,
Então ficam ali estagnadas, folhas e palavras - inertes-,
Sem força alguma contra as folhas ou as palavras,
Vez que me calo, sem dizer coisa alguma,
Elas ficam ali e não tardam a ecoar dentro de mim,
Me fazem repensar, refletir com um sorriso satisfeito,
Eu confio nele, sempre concluo este fato,
Gosto do efeito das folhas brincando ao vento,
Da mesma maneira que gosto do jeito como ele se esforça,
E fala na minha orelha entre beijos insatisfeitos,
Penso que ele quer mais de mim e me esforço,
Demoro um pouco, mas me movo em reação,
Fosse eu vazia, seus esforços não teriam efeito,
Mas não sou uma pedra no que refere-se a ele,
Sinto algo muito profundo que me move em sua direção,
Em mim, se algum dia houve lugar vago, está repleto,
Sinto orgulho do que ele faz mesmo se me contradiz,
Não gosto de estar contrafeita mas gosto do resultado,
Sempre me espanto com o quanto o vejo gostar de mim,
Então, seguro o choro e tento falar: amor, estou chegando,
Demora um pouco, mas tomo a decisão mais correta,
Sinto dor, estou ferida pelo caminho árduo,
Mas, nesta mesma hora, meu amor, volto para nossa casa,
É quando o vejo, meio que por encanto, está andando,
De um lado para o outro, imagino se me espera,
Então, digo para mim mesma, que sei: ele está lá.