Neste instante abri os olhos,
Não pude dizer que vi tudo,
Mas o bastante,
A garganta sufocava o sorriso,
A face tremulava para esconder,
Quisera eu poder rir de tudo isso,
Mas, nem sempre se é possível
escolher,
Minhas mãos percorreram minha face,
Não havia lágrima nem vontade de
chorar,
Quis dizer algo mas não soube o
quê,
Queria consolar o que eu sentia,
Mas nem mesmo sabia compreender,
Tirei o lençol de cima do corpo,
Uma lufada de frio me percorreu,
Estremeci por um segundo,
Devia ser dia eu não saberia dizer,
Perdi a noção das horas e de outras
coisas,
Mas, eu sabia de tudo o que era
mais importante,
Pegar o telefone e ligar?
Correr até o carro e procurar por
ele?
Olhei para a janela e pude
constatar,
Sim, era dia claro e o sol parecia
rir,
Fosse o que fosse ele deveria estar
gostando,
Apenas cri que não ria de mim,
Me pus de lado sem vontade de
levantar,
Pensei na roupa que vestiria,
Meu corpo nu pedia por abrigo,
Meu cabelo estava arrumado,
Nem de longe iria parecer
despenteado,
Poderia jurar ter passado a noite
em claro,
Mas não, senti que nunca dormi tão
bem,
Um travesseiro caiu no assoalho,
Não fez barulho,
Tudo ao meu redor parecia gritar
silêncio,
Dentro de mim também,
Eu não me sentia bem,
Mas, meus lábios desacordados,
Abriam-se seguros mas não diziam nada,
Penso que nem eles ou minha alma,
Porque, eu entendia sem entender,
Havia uma decisão e era importante,
Deitada na cama olhando para o
alto,
Quis sair dali sem me mover,
Pensei se teria possibilidade,
Mas também não soube para onde ir,
Quem sabe, apenas. eu quisesse ter
alguém,
Um alguém para quem recorrer,
A noite foi sem sonhos e sem pesadelos,
Mas o dia, parecia me trazer uma
espécie,
Disso eu não poderia acordar ou
fugir,
Teria que escolher e resolver,
Tinha uma sensação ruim na
garganta,
Um incêndio me percorria por
dentro,
Uma torrente de palavras queria
sair dali,
Haveria uma ebulição em meu peito?
Penso que isso havia sido evitado a
contragosto,
De cair em desgraça sei que
escapei por pouco,
Tentei deixar minha mente passear,
Vagar por algum cômodo ou outro
lugar,
À procura de uma resposta,
Uma saída que me desse algum
impulso,
Encontrei algo muito dentro –
escondido-,
Quando se sente perdida,
Nem sempre se quer encontrar o que
está no fundo,
Eu confesso que estremeci na hora,
Mas fui ao encontro,
Se nada é tão perfeito muito ruim
não seria,
No passado.
Me esforcei mais um pouco estava
vago,
Queria precisão de detalhes,
Não sabia ao certo se queria
repetir isso,
Afinal de contas o que importa é o
presente,
É todo o chão que se tem para
pisar,
Mas, havia um caminho e eu queria
percorrer,
A felicidade estava lá fora,
Então, porque eu parecia me esconder?