terça-feira, 10 de maio de 2022

Um Abraço

 

Voltou a realidade do abraço,

-Não, não se vá, por favor, não agora-,

Quis dizer, mas calou-se da mesma forma,

Abraçada a ele, rosto colado em seu peito,


Nem chegou a abrir a boca,

Pode-se dizer que nem mesmo as palavras

Tomaram-lhe a alma de forma latente,

Apenas seu coração se apertou do nada,


E isso, a fez olhar para cima e procurar seu olhar,

Mas, antes de chegar até ele,

Fechou os olhos e preferiu não avistar,

Os olhos fechados escondiam as lágrimas,


Ou simplesmente não havia nenhuma?

Não soube dizer e não quis se perguntar,

Sua língua vibrava inutilmente dentro da boca,

Mas não, não sentia que queria beijá-lo,


Mas, talvez o fosse, quem sabe ao final do abraço,

De qualquer forma se aconchegou nele,

Com a ideia de que talvez, nunca mais o veria,

Não por sua vontade,


Mas, como voltar atrás depois de ter desistido,

Acaso o amor merece quantas chances?

Cabe perdão ao amor que lhe vira as costas?

A mão dela se agarrava a cintura dele,


As dele permaneciam imóveis nela,

Agarrava-se a ele e o puxava para perto,

Era como se tudo o mais estivesse apagado,

Tem sede dos meus lábios quis indagar,


Tem prazer ao estar no meu abrigo,

Pensou em perguntar em seguida,

Mas, apenas um suspiro saiu de seus lábios,

Os dele permaneciam em silêncio - amenos,


Pareciam estar distantes de tudo que havia,

Isso foi o que ela pensou, porque não chegou a olhar,

Mas o conhecia o bastante

Para imaginar cada passo seu e cada detalhe,


Até poderia jurar que já tinhas as respostas,

Por este motivo nem queria ouvir da sua boca,

Por este amor que sentia, nutria compaixão,

Mas o que temia era que ele não,


Simplesmente era imune ao que houve,

A distância foi impactante e decisiva,

Não coube espaço para resistir ao entrave,

Queria apenas que este abraço lavasse a culpa,


Que dissipasse dela cada erro de sua cabeça,

Dor triste demais é amar quem está distante,

Que este abraço purificasse cada instante,

Para que não houvesse nem do que se lamentar,


Bem sabe-se que o amor distante

Tem o dom de tornar tudo errado e bifurcado,

Parece que tudo que se faz ou sente possui duas vertentes,

A do que se sentiu e fez e a de que a distância nos traz,


Pois, ela mesmo poderia reconhecer suas fraquezas,

Refletiu tanto sobre tudo que houve,

Que já não sabia se tudo foi assim tão acertado,

E o pecado do erro sempre persegue,

Bem, que o abraço do amor fosse o bastante.

domingo, 8 de maio de 2022

Uma Marca

 

Por dentro e por fora da boca havia um gosto,

Não daquele que se deseja esquecer,

De algo muito maior e gostoso,

O beijo que escapou da face,


Encontrou em cheio os lábios entreabertos,

Como se a espera-los,

Movidos pelo ímpeto do desejo,

E quem sabe, desejo daqueles que gostam,


O doce e definitivo gosto do amor,

Começou a sorrir do nada e sem um porquê,

Apenas gostava do cheiro de sua própria boca,

Queria mantê-la aberta e senti-la mais ainda,


Sorria e silenciava; balbuciava e calava;

Mas lembrar sempre gera algum impulso,

Pensou em ir atrás daquele beijo adocicado,

Mas, ao invés, jogou-se no sofá,


Com a jaqueta posta do lado e desajeitada,

Os pés soltas e móveis,

Percorriam uma dança inconsciente,

Seu corpo estava parado: fato inegável,


Mas a alma, ah, esta perambulava,

Estava por todo o canto e em algum lugar fixo,

No beijo, ah o beijo, que pede para ser repetido,

Da mesma maneira como um dia teria que beber água,


Ou ainda, tomar um banho, escovar os dentes...

Ah, como este beijo não queria ser apagado,

Um soluço saiu do fundo da garganta incontido,

Uma gota de sangue molhou seus lábios,


Um mordiscado foi mais rápido que o beijo,

Não chegou a machucar mas marcou,

O soluço soou mais para um som primitivo,

Quase inaudível,


A alma quando quer fala de outras maneiras,

Utiliza-se do que for para atingir seu objetivo,

E neste instante, ela amava,

Quem poderia reter o que quer que quisesse dizer?


Em seguida, virou para o lado e buscou a almofada,

A abraçou sem apertar,

Há coisas que só os abraços sabem fazer,

Havia uma mistura de suco, e algo doce em sua boca,


Aquele beijo teve um quê de mágico,

Seu sabor a percorria e voltava ao início,

Adorava rememorar cada momento,

Instante em que sua boca recuou,


Tremulou mais não evitou,

Pelo contrário, a buscou em seguida,

Beijos inesperados, são os melhores,

Pelo menos aquele o fora,


O beijo realmente é uma chama para a vida,

Uma flor é um convite a viver,

Uma borboleta é um motivo de alegria,

O sopro que Deus repousou na face,


Fez muito mais que dar sonhos e outras coisas,

Ele nos percorre por dentro por mais que mobilidade,

Amar não é mera invenção da solidão,

Promessas não são contratos antivelhice,


Em cada coisa que há na vida

Há algo que nos motiva a ser felizes,

Mas nenhum com a intensidade desta marca,

Pensou com um sorriso sabendo que em viver

É que se está a resposta – nenhuma outra coisa.

sábado, 7 de maio de 2022

Em Certa Manhã

 


Neste instante abri os olhos,

Não pude dizer que vi tudo,

Mas o bastante,

A garganta sufocava o sorriso,


A face tremulava para esconder,

Quisera eu poder rir de tudo isso,

Mas, nem sempre se é possível escolher,

Minhas mãos percorreram minha face,


Não havia lágrima nem vontade de chorar,

Quis dizer algo mas não soube o quê,

Queria consolar o que eu sentia,

Mas nem mesmo sabia compreender,


Tirei o lençol de cima do corpo,

Uma lufada de frio me percorreu,

Estremeci por um segundo,

Devia ser dia eu não saberia dizer,


Perdi a noção das horas e de outras coisas,

Mas, eu sabia de tudo o que era mais importante,

Pegar o telefone e ligar?

Correr até o carro e procurar por ele?


Olhei para a janela e pude constatar,

Sim, era dia claro e o sol parecia rir,

Fosse o que fosse ele deveria estar gostando,

Apenas cri que não ria de mim,


Me pus de lado sem vontade de levantar,

Pensei na roupa que vestiria,

Meu corpo nu pedia por abrigo,

Meu cabelo estava arrumado,


Nem de longe iria parecer despenteado,

Poderia jurar ter passado a noite em claro,

Mas não, senti que nunca dormi tão bem,

Um travesseiro caiu no assoalho,


Não fez barulho,

Tudo ao meu redor parecia gritar silêncio,

Dentro de mim também,

Eu não me sentia bem,


Mas, meus lábios desacordados,

Abriam-se seguros mas não diziam nada,

Penso que nem eles ou minha alma,

Porque, eu entendia sem entender,


Havia uma decisão e era importante,

Deitada na cama olhando para o alto,

Quis sair dali sem me mover,

Pensei se teria possibilidade,


Mas também não soube para onde ir,

Quem sabe, apenas. eu quisesse ter alguém,

Um alguém para quem recorrer,

A noite foi sem sonhos e sem pesadelos,


Mas o dia, parecia me trazer uma espécie,

Disso eu não poderia acordar ou fugir,

Teria que escolher e resolver,

Tinha uma sensação ruim na garganta,


Um incêndio me percorria por dentro,

Uma torrente de palavras queria sair dali,

Haveria uma ebulição em meu peito?

Penso que isso havia sido evitado a contragosto,


De cair em desgraça sei que escapei por pouco,

Tentei deixar minha mente passear,

Vagar por algum cômodo ou outro lugar,

À procura de uma resposta,


Uma saída que me desse algum impulso,

Encontrei algo muito dentro – escondido-,

Quando se sente perdida,

Nem sempre se quer encontrar o que está no fundo,


Eu confesso que estremeci na hora,

Mas fui ao encontro,

Se nada é tão perfeito muito ruim não seria,

No passado.


Me esforcei mais um pouco estava vago,

Queria precisão de detalhes,

Não sabia ao certo se queria repetir isso,

Afinal de contas o que importa é o presente,


É todo o chão que se tem para pisar,

Mas, havia um caminho e eu queria percorrer,

A felicidade estava lá fora,

Então, porque eu parecia me esconder?

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Soluços

 

Ela jogou-se na cama a chorar,

Um soluço calava a garganta,

A dor dilacerava a alma,

As palavras eram sufocadas pelo medo,


Se eu estivesse a morrer, de que adiantaria falar?

Ela jurou amor tentou busca-lo,

Fez tudo que podia mas ele rejeitou-a,

Apenas isso,


Quem é que poderia provar ter havido algo?

Em tudo que viveram ele sempre foi solícito,

Escondeu o que sentiu tão fundo,

Que tivesse existido algo nem ele o acharia,


Se o amor existe na alma é preciso confessá-lo?

Jogada sobre na cama fria não sentia a si mesma,

O corpo estava estagnado e arredio,

Nem mesmo sua alma mais lhe pertencia,


As mãos jogadas para a frente sob o lençol,

Buscava remexer em algo - ver se ainda existia,

Nada do que havia ao seu redor lhe pertencia,

No instante em que se entregou por completo


Desistiu de si mesma e perdeu-se, talvez, para sempre,

Nas profundezes do seu ser uma dor dilacerava,

A sufocava de maneira aguda e doentia,

Um pó a efeito da morte lhe ressoava sobre as narinas,


A respiração lhe escapava,

Tudo que sentia se distanciava,

Soluços eram calados dentro do peito,

Quando já não podia mais aguentar-se de cabeça erguida,


Deixou-se cair sobre os seus próprios braços,

Ali encontrou abrigo,

A torrente de lágrimas foi cortada e elas rolavam sobre a cama,

A respiração voltava pouco a pouco,


Mas a dor, esta não partia,

Ofereceu-se ao amor como uma espécie de sacrifício,

Do tipo que não há como voltar atrás,

E ele soube disso, soube usar seus sentimentos,


Até destruí-los, coisa inútil é amar,

Quando se passa por quem se ama e tenta falar-lhe,

Mas antes que as palavras saiam,

Antes que consiga fazer mais que balbuciar sobre isso,


Ele lhe vira o rosto como se não a reconhecesse,

Ela, eleva o rosto ao Altíssimo e engole o choro,

Mas a dor continua se vá aonde for,

 O sorriso do traidor nunca é esquecido,


Com uma dor a dilacerar o coração tinha um juramento,

E o faria, mesmo que somente para si mesma,

Que Deus o traga para mim no dia da angústia,

E eu saberei como lhe virar o rosto,


Que Deus possa honrar cada dor sentida,

Cada lágrima calada frente a frieza dos seus olhos.

Gritara? Não, não teria forças para tanto,

Estava caída, dilacerada de tanta dor,


Olhou para os braços estavam lívidos,

Os lençóis molhados ao seu redor,

Ela deitava-se de bruços,

Gélida de frio ou de tanta dor não saberia dizer,


O cabelo molhado caía ao lado do rosto,

Parecia estar morta,

Não, ela não gritaria.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

O Amor: Quem há de Evitá-lo?

 


Tracejou com o dedo indicador os seus lábios,

Estavam fechados e macios e ternos,

Desceu um pouco o lábio inferior,

Aproximou seu rosto da boca do seu desejo,


Mas, antes de chegar perto se estagnou,

Ficou presa a respiração quente que a tocava,

O aroma que vinha de dentro dele,

Tinha cheiro de amor e alguma outra coisa,


Um arrepio na espinha a fez voltar-se,

Uma lágrima quis inundar seus olhos,

Há instantes em que o que se vê,

Vai além de tudo que se acredita,


Não moveu o dedo do lugar,

Sentia que nunca poderia se desvencilhar,

O amor realmente tem algo de supremo,

Convoca tudo que há de melhor dentro de nós,


E quando nos damos ainda parece ser insuficiente,

Mas, vendo-o adormecido e seguro naquele quarto,

Sob a meia luz que refletia em sua pele,

Sentiu que naquele instante,


Pela primeira vez tinha feito tudo certo,

E que agora sim, dera tudo de si e fora o bastante,

Esperou tanto por aquele momento,

Contou os segundos do nascente ao poente,


Parecia que ele sentia o que ela pensava,

Neste segundo, o lábio dele estremeceu,

Pareceu lhe pedir um beijo sereno e apaixonado,

Ela lhe sorriu em contrapartida,


Desde o cabelo bem cortado, sedoso, macio e cheiroso,

Até a forma peculiar do seu queixo,

Sentia que o amor resplandecia,

Era como se sua beleza lhe gritasse ao longe,


Estivesse onde estivesse: oh, querida, se apaixone!

E para ela não ouve recusa,

Ela o ouviu ou pelo menos o sentiu,

Isso basta por uma noite e agora o queria,


Para muito mais que isso, o desejava por uma vida,

O amor vem, ela soube disso,

Assim que ele seguiu a passos firmes ao seu encontro,

O coração é tão apressado que nem tenta ficar calado,


Grita e pulsa forte tudo que sente,

Não se contenta com a distância,

Anseia aproximação e a busca indisplicente,

Nas carícias da sua mão ela sentiu um fogo devorador,


E agora, com o dedo sobre o seu lábio,

Sentiu algo que parecia maior,

No calor do corpo nu que tocava tudo mudava ao seu redor,

Era como se fosse tomada por violenta tempestade,


Cuja chuva não possuía nada de frio ou arredio,

Ao contrário, vinha para ela cheia de vida,

Fechou os olhos ao aproximar-se de sua boca,

Convocou aos altos que esta noite não tivesse um outro dia,


Pois que fosse apenas continuação do que agora existia,

Sem novidades que pudessem modificar o momento,

Ou pior das catástrofes tentar impedir o que havia,

Se fosse acordá-lo do sono tranquilo que estava,


Não importava, o desejava de forma intensa,

Beijou-o de forma serena,

Que este beijo servisse de julgamento aos sonhos dele,

Que lá, onde ele estivesse a sonhar agora,


Pudesse senti-lo e talvez, assim a quisesse como ela,

Ajuntou-se mais ao seu corpo,

Pediu a Deus que fosse dela para sempre como agora,

E os sonhos dele proclamaram esta justiça,


Mesmo absorto e de olhos fechados,

Ele a buscou com seu abraço e a segurou para si,

A queria,

O calor que irradiava dele era o juiz,


E quanto ao amor dela, o utilizaria por testemunha,

- Ouça, meu amor, e lhe falarei... – tornou ela,

Agora sua voz era um pouco mais que um gemido,

- Deixe meu amor testemunhar tudo que sinto,


Se eu te amasse mais, como eu poderia dizer?

Pois existe um mundo lá fora e ele é perfeito,

Porém, mais perfeito e importante é você.


domingo, 1 de maio de 2022

Dois Amantes

 


Acordou em meio a uma noite segura,

Antes de abrir os olhos e espantar o sono,

Estendeu a mão e sem precisar procurar,

O encontrou dormindo seguro em seu abraço,


Que agora rodeava o seu corpo,

E a levava para junto dele como um só,

As noites de espera em que imaginou não o encontrar,

Haviam definitivamente ficado para trás,


Em um passado sombrio e enfermo,

Que desfalecia nas sombras que rodeavam o quarto,

Não havia luz ali naquele lugar,

Mas o amor que sentiam um pelo outro


Era demasiado evidente para ser calado ou escondido,

As sombras que atemorizaram outrora,

Agora serviam para juntar dois sonhos em uma cama,

Roçou o cabelo de sua nuca, aproximou-se do seu peito,


Beijou-o de forma afetuosa,

E ouviu um suspiro satisfeito,

Sorriu ao recostar seu rosto em seu corpo,

Puxou-o ainda mais forte, não desejava prendê-lo,


Nem temia perdê-lo, apenas o queria,

Por tudo que sentia queria recompensá-lo,

Pelo quanto era feliz queria demonstrar,

Tinha certeza que nasceu para ele e que o esperou,


E de tudo que viveu ele era seu objetivo maior,

Mesmo sob os encalços dos erros e desacertos,

Estar com ele entre seus braços valia qualquer preço,

Tirou o cobertor que o aquecia puxando-o até a cintura,


E permitiu que suas carícias suprissem a ausência do calor,

Sentia-o cada vez mais dentro de si mesma,

Era como se puxando-o para si o trouxesse para dentro,

De alguma forma que talvez alguém entenda, ou não,


Mas, eles se compreendiam ela sentia isso,

Em cada descompasso do seu coração,

Esfregou sua pele de forma leve e arredia,

Sabia que da superfície alcançaria a parte mais profunda,


Aquele segredo que toda pessoa esconde em sua alma,

A parte em que se guarda para si mesmo,

Esta parte sua pertencia a ele e a dele?

Ela a queria, não é demasiado desejar tudo do seu amor,


Apertou um pouco a carícia, sem chegar a arranhar,

Havia uma busca nela e este ponto estava nele,

Sem resistir o beijou, moveu seus lábios de forma ávida,

Um suspirar sôfrego saiu do seu peito – incontido,


Não desejava perturbar seu sono,

Ele estava tão terno ela podia sentir em cada parte sua isso,

Dormia como um menino,

Nem parecia todo aquele homem que é, acordado,


Um beijo apenas para aliviar a busca,

Apenas um e subiu movendo a língua em sua pele macia,

Sorveu o seu cheiro até poder transpirá-lo,

Chegou na cavidade do seu pescoço,


E sentiu seu pulsar acelerar-se,

Estava mais próxima dos seus lábios e queria-os,

Um beijo apenas para aliviar a busca,

Não iria acordá-lo, apenas roçar um pouco a boca,


Servir-se-ia do seu amor sem perturbá-lo,

E agora sua boca ansiava e parecia comandar o contato,

Moveu-se e ele moveu-se com ela,

Estendeu o braço sobre sua cintura e a puxou pela coluna,


Aquele seu toque seguro e forte,

Pelo qual ela era capaz de qualquer coisa,

Até conter a ânsia do desejo por sua boca,

Por algumas horas, apenas até que o coração dele acalmasse,


Até que o dia o chamasse,

Ou que, ela tivesse nova chance – esperaria,

Os lábios continuaram em seu peito serenos e possessivos,

Uma espera doce e apaixonada se avistava,


Eram, ainda, 3h e 15min da madrugada,

Horário em que até os amantes ressonam,

Um beijo para aliviar a busca- esperaria.


sábado, 30 de abril de 2022

Um Beijo

 


De dentro de sua boca,

Um lugar profundo e terno,

Em que as palavras soavam arredias,

Podia sentir o gosto do desejo,


Com um murmúrio a silenciar um pedido,

O Eu te amo foi pronunciado recostado,

No exato segundo em que provava o sabor,

E se embriagava porque desejava ficar,


Num tipo de porre em que se perde as pernas,

A direção, a cabeça e tudo mais,

Simplesmente, quer-se ficar ali e não sair,

Não se importa se ao amanhecer irá cair,


Ou se dessa vez tudo dará certo como sempre quis,

Simplesmente aproveita o momento,

O instante mágico do aconchego,

Em que encontra um lugar para ficar,


Um lugar diferente dos outros,

Em que se é bem-vinda,

E quanto mais se aprofunda,

Mais se perde o controle e a compostura,


Ao se estar dentro não se quer sair e pronto,

Adentra-se num universo reservado,

E busca-se saciar ao saciá-lo,

Sente-se apenas que não se pertence,


Ser sua é o maior desejo e maior alcance,

Ter seus lábios é ver o passar das horas

Como se fosse uma noite escura,

Em que não se vê nada,


Mas sente-se tudo que está envolta,

Aconchego minha boca na sua,

E o tremular encontra o calor da pele nua,

Molhado e arredio,


Apenas deseja-se provar mais um pouco,

Até alcançar aquele algo,

Que palavras ou carícias não sabem falar,

Sinto o gosto que jamais será esquecido,


Um pedido calado - baixo,

O Quer namorar comigo expresso em gemidos,

Mas, que não é falado,

Nem mesmo quando os olhos se abrem e se encontram,


Nem quando as mãos se juntam,

Ou quando o ar falta e o respirar se mistura,

Nem mesmo quando se pede que não amanheça o dia...


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...