Voltou a realidade do abraço,
-Não, não se vá, por favor, não agora-,
Quis dizer, mas calou-se da mesma forma,
Abraçada a ele, rosto colado em seu peito,
Nem chegou a abrir a boca,
Pode-se dizer que nem mesmo as palavras
Tomaram-lhe a alma de forma latente,
Apenas seu coração se apertou do nada,
E isso, a fez olhar para cima e procurar seu olhar,
Mas, antes de chegar até ele,
Fechou os olhos e preferiu não avistar,
Os olhos fechados escondiam as lágrimas,
Ou simplesmente não havia nenhuma?
Não soube dizer e não quis se perguntar,
Sua língua vibrava inutilmente dentro da boca,
Mas não, não sentia que queria beijá-lo,
Mas, talvez o fosse, quem sabe ao final do abraço,
De qualquer forma se aconchegou nele,
Com a ideia de que talvez, nunca mais o veria,
Não por sua vontade,
Mas, como voltar atrás depois de ter desistido,
Acaso o amor merece quantas chances?
Cabe perdão ao amor que lhe vira as costas?
A mão dela se agarrava a cintura dele,
As dele permaneciam imóveis nela,
Agarrava-se a ele e o puxava para perto,
Era como se tudo o mais estivesse apagado,
Tem sede dos meus lábios quis indagar,
Tem prazer ao estar no meu abrigo,
Pensou em perguntar em seguida,
Mas, apenas um suspiro saiu de seus lábios,
Os dele permaneciam em silêncio - amenos,
Pareciam estar distantes de tudo que havia,
Isso foi o que ela pensou, porque não chegou a olhar,
Mas o conhecia o bastante
Para imaginar cada passo seu e cada detalhe,
Até poderia jurar que já tinhas as respostas,
Por este motivo nem queria ouvir da sua boca,
Por este amor que sentia, nutria compaixão,
Mas o que temia era que ele não,
Simplesmente era imune ao que houve,
A distância foi impactante e decisiva,
Não coube espaço para resistir ao entrave,
Queria apenas que este abraço lavasse a culpa,
Que dissipasse dela cada erro de sua cabeça,
Dor triste demais é amar quem está distante,
Que este abraço purificasse cada instante,
Para que não houvesse nem do que se lamentar,
Bem sabe-se que o amor distante
Tem o dom de tornar tudo errado e bifurcado,
Parece que tudo que se faz ou sente possui duas vertentes,
A do que se sentiu e fez e a de que a distância nos traz,
Pois, ela mesmo poderia reconhecer suas fraquezas,
Refletiu tanto sobre tudo que houve,
Que já não sabia se tudo foi assim tão acertado,
E o pecado do erro sempre persegue,
Bem, que o abraço do amor fosse o bastante.