terça-feira, 11 de outubro de 2022

Saudade do Seu Beijo

Existem pessoas que observam as leis de honra,

Da mesma forma que veem um céu azul e límpido,

De longe, a imaginar que se modificará,

É como se acreditassem ter vontade própria,


Como se por uma mera nuvem tudo se dissipasse,

Talvez estejam a se indagar porque a cor muda,

Ou por que nunca é comum em todo lugar,

Dizem que o olhar que olha para o céu de hoje,


Nunca torna a repetir-se,

Há quem se apegue de tal modo ao fato,

Que apresenta até mesmo teorias quanto,

Bem, o que posso dizer é que a cada passo,


Sinto também que não é o mesmo...

O meu interior, este contudo,

Não estava por inteiro ou digamos: nada bem!

Não digo que estava apagada,


Apenas que não teria condições de fazer luz,

Aquele brilho de onde brilha a esperança...

Bem, este estaria mais distante que o céu do poente...

Sim, ainda é início da manhã,


Você imaginaria que o sol poderia não brilhar,

Eu o saberia de antemão,

Insuflem-se os sopros dos deveres,

Algo há de me conduzir que não seja a alegria,


Gostaria de combater isso que sinto com um beijo,

Ah, como gostaria!

Há um ideal logo a frente,

Este realmente está diferente,


Imagino que o busco por seu beijo...

Em minha imaginação enfrento tudo e o consigo,

Mas a razão permanece de fora,

Não se sente tão empolgada,


Um tiro de espingarda me atinge,

Eu quase não o sinto,

Não fosse o espasmo da mão para o alto,

A perda da direção momentânea dos meus pés...


Não fosse o sonho!

Chego a fechar os olhos pensando nele:

No beijo que agora sonho mais intenso,

Por um minuto,


Num único minuto fico de olhos fechados,

Ou nem tanto,

A emoção de sentir mãos vigorosas,

A carícia amena e afetuosa,


Vem com força total contra meu tombo,

O revido, quase desisto de tudo,

Bem, me refiro a eu, a vida e outras coisas,

Nunca do beijo!


Queria o seu amparo,

Como gostaria, mas agora não sonho,

O desmaiar consome o tempo,

Se as horas se esvaem eu perdo o instante,


Não que seja algo mágico ou onipotente,

Mas o beijo, o beijo me enleva e me faz buscar,

Se suas mãos vigorosas estivessem aqui agora,

Poderia contemplar o céu que vejo,


Sentir e perceber o quanto eu penso,

Ainda penso, talvez pense em demasia,

Não, evito o pensamento,

Não queria que estivesse aqui agora,


Me veria sangrar...

Estaria a salvo, como penso em você agora,

Talvez eu não possa te ver mais tarde,

Momentos não se repetem,


Desejos se esvaem como a dor,

A dor não é nada diante da saudade,

Aprisiono-me ao beijo,

Decido não revidar e retorno,


Poderiam dizer que me escondi,

Mas, você sabe, meu bem: lutei por ti!


 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

A Moça


A moça levanta-se logo pela manhã,

Sente-se satisfeita e feliz,

Absorve o cheiro bom que seria de café,

Pois bem, dessa vez não o é,


Vem dele,

Do homem que repousa ao seu lado,

E que por tanto tempo fora esperado,

- o homem que amo,


Ela diz com um sorriso desfeito,

Há marcas de batom por seu rosto,

Mulher nem uma diria que neste aspecto

Ela sorria,


No máximo chamar-se-ia esboço,

Houve nisso,

Um sorriso ingênuo chamando-a,

Nele um sussurro de já está acordada?


Ela o abraça forte e o pede para ficar,

Ele a olha de forma indagadora:

-Então, você me ama?

Mas não ousa perguntar,


Ela junta seu corpo ao dele,

-Sim, o amo.

Mas, prefere ocultar.

Apenas cola seu rosto ao dele como um,


Beija-o sôfrega e intensa por todo o rosto,

Vira-o e chega a sua boca,

Prepara-se para o que vale a sua vida: tê-lo!

Tenta acompanhar tudo que ele pensa,


Deseja ser importante,

Deseja ser amada e correspondida,

Seus ouvidos parecem latejar, porém,

Ela sente medo que tudo se esvaia,


Feito a névoa lá fora,

Que agora se deseja sobre a janela,

Mas dentro em pouco se dissipa

É como se ela fingisse nunca estar.


O telefone interrompe o pensamento,

Ela o ignora, ele não;

Então, ela o pede que atenda,

Ele tremulo o segura e diz: alô,


Então, vira para ela e pede:

- Digo que é quem?

Ela sorri e acaricia o seu pescoço,

-Ora, amor diga seu nome.


Ele se vira e o fala com voz tênue,

Então, volta-se:

-Como me identifico?

Ela sobe a carícia para o rosto,

-Meu amor, não seja rogado,


Diga a este: é o meu amor!

Aquele que tenho para esposo.

Ele sorri diante disso,

E assim, fala, presunçoso.


(Daí para a frente, não há recuo).

domingo, 2 de outubro de 2022

Seu Abraço

O que posso adiantar de antemão,

É que nunca conheci a trágica história

Que vem de paixões enciumadas e sem emoção,

De ter seu coração primeiramente cheio de amor,


Depois arrastado até que toda a paixão se consuma,

Andar de regresso a regar a terra com lágrimas,

Não, adianto, não sou dessas,

Se você busca algo diferente disso,


Encerre nesta linha a leitura.

O rapaz de quem gostava,

Girou a lâmina entre seus dedos bondosos,

Apresentou maestria,


Chegou até meu corpo – me esquivei-,

Ele me puxou pela cintura,

Senti meu corpo colado ao dele,

Neste instante já não sabia se o queria,


Ele puxou-me para trás na distância de centímetros,

Então, passou a lâmina no botão,

Ele não resistiu e saltou longe,

Mas, eu permaneci forte o bastante,


Segura de não querer seus beijos- ainda não,

O botão imóvel e distante,

Eu tremula e sôfrega ousei olhar em seus olhos,

O que vi neles não se assemelhou ao que eu conhecia,


Mas encarei de frente – resistente,

Ele apertou minha cintura com força,

Soltei um gemido incerto,

Nisso dedos hábeis arrancaram o zíper,


Bem, abriram-no esta é a palavra exata,

Um arrepio gelado percorreu minha coluna,

Minha cabeça ficou tonta,

Meu pé caiu num encalço,


O salto riscou – apenas um pouco,

Com isso, meu corpo jogou-se na direção dele,

Eu não gostei nada disso,

Havia um jogo entre nós dois,


E ele estava apenas no início,

Ao retornar para trás usando toda a minha força,

O primeiro botão da minha camisa se abriu,

Um seio rosado ficou levemente a mostra,


O metal gelado percorreu meu pescoço,

Assim que ele me tocou com a carícia costumeira,

Fiquei ereta, me senti estagnada,

Acho que eu era um botão, um botão de rosa,


Fechado, mas prestes a abrir-se mediante sol quente,

Sedento por água,

Consciente de que não iria encontra-la,

Isso, o custaria a morte – e ele sabe,


A roseira sabe e eu também,

Mas, eu não sou uma flor,

Com um olhar de desdém,

Senti os botões serem arrancados,


A iniciar com um puxão de uma mão apenas,

A outra, carinhosamente, nunca saiu da minha cintura,

Quatro botões sobraram,

Não por muito tempo,


Foram cortados com um ato só,

Este ato me custou um leve aranhão vermelho,

Quase sangrento,

Arrepios descontrolados me percorriam,


Um sorriso beirou nos meus lábios,

Deixando meus dentes a mostra,

Coração aos saltos, mãos inseguras,

Busquei empurrá-lo,


Notei que já fazia isso a algum tempo,

Sem efeito,

Apenas um roxo inconsistente e tremulo,

Meu short amarelo manchou-se em vermelho,


Uma gota de sangue – dele,

Da lâmina que rasgou a blusa,

Prendi minha respiração,

E agora como reagiria,


Inconsistente procurei seu beijo,

Ele se recusou, se empurrou para trás,

Pude ver o rosto que amava fugir de mim,

Não sei confessar o que senti,


Ele movia a lâmina de um lado ao outro,

Creio que pensou que eu a buscaria,

De alguma forma ele imaginou que eu a desejaria,

Mas, não, isso fragilizou minhas forças,


Me vi colada ao seu peito nu e descompassado,

Então, ele curvou-se ao meu encontro,

Com os lábios pressionando minha orelha,

Sussurrou coisas inconsistentes ao meu ouvido,


-Esta lâmina anda sempre comigo,

É uma espécie de amuleto,

Me apego a ela,

Mas prefiro você em seu lugar:


Você gosta?

Não soube o que dizer,

Meu sorriso agora entrecortado tremia,

Meu olhar reluzia algo de ingratidão, será?


Naquele instante descobria que era capaz de matar,

E tudo que eu mais odiei foi a solidão que senti um dia,

Quis me livrar dela a todo custo,

Mas, isso me valia me achegar a ele,


E eu queria me livrar daquele aperto,

Eu o queria, você sabe, não preciso repetir,

Mas, aquele jeito me deixava arrisca, arredia,

Ele tornou a lâmina para perto,


Veio na direção do meu cabelo,

E cortou um chumaço,

Me colou na perna dele – soltou minha cintura,

Com a mão solta pegou a carteira e guardou o cabelo,


Eu ri desiquilibrada, embora bem segura,

Ele podia me manter estagnada com uma perna apenas,

Eu era forte porque o tinha,

Frágil porque não podia me livrar,


Levantei a cabeça e mostrei meus lábios avermelhados,

Poderia haver um outro alguém no lugar,

Isso me deixava agitada,

-Não gosto dela,


Sua voz ressoava profunda, sarcástica e segura

Enquanto removia minha calcinha com um puxão,

Como se não fosse absolutamente nada,

Notei então que deveria ter sido cortada,


Caso contrário me machucaria,

Não tive certeza,

Eu não podia enxergar direito o seu rosto,

Então, não falava mas balbuciava algo,


Gemidos, sorriso incontidos,

Ele me pressionava ao seu encontro,

Vividamente, me tocava com maciez e profundidade,

Seu rosto tinha a expressão indistinta e desconhecida,


Vi que se sentia homem e estava másculo,

-Caro Senhor diferente, notei que gosta de me manter....

Consegui dizer e com isso me desvencilhar para trás,

Me senti tocar a parede,

Bem depois disso, depois disso: você pode imaginar.

 

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Abraço Apertado


Ela deixou-se cair outra vez em seu corpo,

Entregue ao abraço que a mantinha segura,

Mãos firmes e fortes envolveram seu cabelo,

Até repousar em sua cintura,


Seus olhos permitiram-se fechar,

Sentia-se em paz agora,

Pensou sobre todos os sonhos que perdeu,

O tempo difícil que transcorreu


Após a sua ausência,

Decidiu por cuidar daquele que ama,

Abraçou-o com tamanha força,

Que ele teve certeza de que não escaparia,


Um amor assim sem promessas,

Mas que agora mantinham-nos um no outro,

Jasmine se mantinha imóvel,

O suspiro do seu coração dizia tudo,


De súbito, elevou a cabeça até fita-lo,

De lábios trêmulos desejou seu beijo,

Mais que qualquer coisa que já desejou antes,

Mais que desejava almoçar a alguns passos


No restaurante a sua frente,

Há algo mais importante que si mesmo?

Viver por alguém que viva por você,

Sonhar um sonho que possa ser realizado...


Se julgava adormecida para sempre,

Mesmo de olhos abertos não sentia-se acordada,

Parecia um sonho, mas um sonho realizado,

Finalmente as noites insones ganhavam fim,


As longas horas de espera tardariam mais a chegar,

Quem sabe, doce encanto de amor,

Nunca mais viesse por alcança-la,

Havia em seu olhar uma sombra escurecida,


Era como se a distância não tivesse feito bem em nada,

Nos dele haviam a profundidade da morte,

Algo de mistério em se mergulha no fundo

E não resiste, não há retorno depois que chega até ele,


-Eu te amo, muito,

Ela disse num tom suave que vinha da alma,

Sentia-se dentro dos seus olhos,

De súbito, perdida neles,


Mais vale perder no olhar de um bom homem

Do que morrer na solidão dos que permanecem,

Viver imersos na superfície,

Não amam e não sentem: não vivem.


Ele parecia não ser daqui desde antes,

Ela pensou, mas não pensou que fosse assim,

-Estou um tanto apaixonado por você...

Ela tornou a repetir,


Ele sorriu, a puxou para o seus braços e beijou-a,

Terna, esporádica e sofregamente,

Ela envolveu-o pelos ombros,

Poderia dormir ali, nele,


Poderia fazer morada em seu corpo,

Desejava viver em sua vida,

Foi com estremecimento que tornou a fechar os olhos,

Seria com dor suprema se tivesse que se desvencilhar,


Mas isso não ocorreu,

Tinha imediatamente algo de importância entre eles,

O coração do homem é feito de forma desafortunada,

Mas nem por isso ele possui algo de tolo,


Ele também a amava e agora valorizava isso.

Algo dizia a ambos, que este amor não iria morrer,

Há algo de bom em poder fechar os olhos do lado de alguém,

E esta certeza basta para saber tudo que se quer saber.


 

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Triste é a Saída

 

Oh! Sim, vá embora!

Junte suas coisas e sentimentos,

Leva os planos e com eles os sonhos,

Sim, por favor, não esqueça nada,


Certifique-se de se esquivar do caminho,

A-Pague o rastro que lhe trouxe um dia,

Quanto as juras de amor?

Simplesmente, as esqueça!


E, por favor, não fala alto sobre nós,

Também, nem tão baixo a efeito cochichos,

Você sabe bem sobre o quanto

Eu preso por meu nome...


Embora de voz baixa era entrecortada,

A um fio de seu rosto,

A uma pontada após o desespero,

Com a mão no trinco da porta – entreaberta,


Se há dúvidas entre o que digo e faço,

Não precisa falar nada,

Apenas saia e deixa que me encarrego

De fechar a porta,


Cuidarei para que não a use com força,

Tendo dito: - abre a porta sem ruído,

Ele cala-se contido,

Um soluço entrecortado fere a garganta,


O homem de antes com tanta força,

Agora, quase ajoelha-se fraco,

A voz falha quanto ele tenta falar alto,

Nem parece o de antes tão seguro e íntegro,


Que só sabia ameaçar ir embora,

E contar os motivos pelo qual o amor não daria certo,

Numerou-os todos,

Agora, soava o nariz com teor de arrependido,


Se quer um pulso fraco,

Que fira o próprio,

Nem força para abrir a porta ele detêm,

Acha que agora pode falar de boca cheia de amor,


Apenas por que o convém?

De vez em quando a raiva era interrompida,

Isso apenas por dentro dela,

Poderia confessar que vê-lo sofrer doía,


Mas, tudo que ouvia a poucos segundos,

Não poderia ser esquecido,

Ser ferida dói mais que ferir em retorno?

O amor, ah, o amor gosta disso!


Apenas ele se diverte com a situação,

Enquanto o coração falha a pulsação,

Vê-se pequeno diante do seu redor,

Fosse o coração impedido de ver,


Que houvesse forma de mantê-lo fechado por dentro,

Mas, cada vez que vejo o rubor em sua face,

Sei que ele salta para fora,

Nada o seguro,


Vê-se e sente-se como ele o ama...

(Como eu ainda o amo),

Mesmo após isso, mesmo com isso,

Não é a primeira vez que discutimos o assunto,


Mas ele torna caloroso em tudo que fala,

Parece ter propriedade sobre a verdade,

Amo a segurança que vejo nele,

Não gosto tanto quando ela ameaça...


Aproximava seu rosto do dele,

Estava mais perto dele que de si mesma,

Talvez, desde o início tenha sido desta forma,

Temo que continue ou deseja isso?


Diante do seu rosto,

Quase me recosto no homem que amo,

Me é difícil dizer-lhe que não,

Forçosa é sua presença quando grita,


Triste é a saída que lhe fere a feição,

Quando o amor se torna feio?

Acrescento, com sofreguidez de cortada emoção:

- Quando o olho vejo você ou a nós dois?


Admito a dor daquele que amo,

Mas a sinto mais como reflexo da minha expressão...

terça-feira, 27 de setembro de 2022

Guarde-o contigo


Feita a chamada,

Verificou que sobrava um sorriso,

Na verdade, faltava...

Faltavam lábios para o tanto que sorria,


Sim, estava feliz da vida!

Ouviu a voz dele e seus sussurros,

Seu timbre a efeito sinfonia,

Coloria os muros,


Pintava as ruas,

Mais que estilo carnaval,

Era absolutamente perfeito!

Quem?


Uma voz falou atrás dela,

Assim, que ela baixou o telefone

E deixou-se deitar sobre a cama,

Olhos fechados e sorriso complacente,


Sou eu meu amor,

A sempre sua namorada,

A que mais te ama no mundo!

Trouxe o celular para o ouvido,


Embora, tinha certeza que ele estava ali dentro,

Não ouviu barulho,

Baixou a mão sobre os lençóis

E permitiu o telefone deslizar sobre a orelha,


Olhou para o final do quarto,

Ergueu o pescoço acima do peito de costas,

Viu-o sorrateiro ao lado da porta,

Um dos mais caros,


O que há de mais valioso foi o que contemplou na hora,

O sorriso dela por inteiro refletir-se nele,

-Te amo, como queria vê-lo!

Procurava-o sobre o seu corpo,


Não estava,

Mas vinha, agora ao seu encontro,

Buscou-o sobre a cama não estava,

Seus olhos já estavam fechados,


O sorriso ainda perfeito,

Percorria cada parte sua a busca-lo,

Em cada parte da cama e do quarto,

Seus olhos fechados viam mais que tudo,


Porque neste instante era o coração quem via,

Doce visão a quem entrega a sua alma,

Por vê-lo, tê-lo com ela,

Seria capaz de entregar tudo que tinha,


Que são dos olhos se não for para contempla-lo,

Que função teria a vida,

Se ele não estivesse mais ao seu lado,

A valia de sentir era ser sentida,


Não havia nada de melhor nem haveria.

Abriu a boca com o sorriso intacto,

Buscava um beijo, desejava-o,

Passeava suas mãos a procurar,


Era evidente que estava apaixonada,

Do amor prisioneira,

Dele por inteira...

Um hálito quente percorreu seu corpo,


Um arrepio chamou de dentro dela,

O nome dele enquadrou-se ao sorriso,

A boca já não buscava o beijo,

Embora ansiasse para tê-lo,


De repente ao chama-lo viu-se completa,

Faltava nela algo,

Este algo era desde seu nome... sua presença...

Uma lágrima escorreu dos seus olhos fechados,


Um beijo repousou no rosto,

- Guarde-o...

Seu coração pareceu falhar,

Manteve-se estagnada: olhos fechados,


Outro beijo repousou e outro,

Juntos moldaram sua face feliz,

-Guarde-os, ele repetiu,

Sua voz a preenchia,


Ela abriu os braços com o coração a saltitar,

-Posso, agora, devolver alguns?

Tenho tantos a te entregar...

Encontrou-o e o puxou para si sem relutância,


Se jogou com toda força ao seu encontro,

O queria, em sua vida, nunca haveria outro.


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Vou Te Falar


Nada ainda,

Nada que eu queira falar,

Nada que eu considere importante,

Neste instante, penso em você;


Acabam de soar dez horas,

Sinto cada segundo passar mais rápido que o cheiro,

Posso beijá-lo ainda,

É como se não tivesse se afastado,


Semelhantes a esta indescritível rede,

Vejo-a ser jogada sobre as águas,

Imóvel como se nada o fosse,

Imagino aonde irá parar,


É como se ela fosse inanimada,

Porém, submersa ela não é...

Será que preciso me afogar em tudo que sinto?

Engolir cada atitude sua,


Jogo em você minhas palavras e nelas a saliva,

Guardo-as em seus lábios,

Talvez, você as possa usar melhor,

No momento em que adormeço,


Cerro as pálpebras,

De leves e arredias tornam-se um peso,

São como um cobertor de sonhos,

Me espanto, nele, hoje, você não está;


Penso se gostaria de estar comigo,

Levanto o vestido e o sinto,

Seu cheiro possui propriedades ímpares,

Sou incapaz de falar sobre nós dois,


É como se o tempo não me permitisse,

Tudo soa muito rápido,

Vejo as palavras sôfregas e incapazes,

Uma neblina levanta-se sobre as águas


E cobrem meu sono,

Já é tarde,

Na superfície um filete de sangue,

Pálida e ainda triste,


Me vejo contemplar o alto,

Penso de quero fugir,

Se há tempo para isso,

Uma dessas emoções superiores ao homem,


O amor e o cheiro que ele gosta de usar,

Costuma tocar e permanecer,

Doce amor nem ouso tentar reclamar,

Esqueço até de me defender,


Eu pensava em falar alguma coisa,

Apodero-me deste sentimento fervoroso,

Me aproximo daquele que amo,

Me sinto como um cadáver,


Tão rápida fui ao seu encontro,

Que não tenho cheiro, odor ou outra coisa,

Suspiro quase sem ar: restam as palavras,

Aquelas que antes não pude falar,


As mesmas que julguei sem importância,

Me apego a elas, não sei bem aonde estou agora.


Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...