domingo, 19 de março de 2023

Eu Não Amo

 

Raramente essa pessoa pensa em brevidade,

De um instante, um abraço ou beijo,

Porque Deus ocupa sua mente,

Seus lábios, seu corpo e seu abraço,


Destes há outros males,

Dentre pesa em demasia o amor,

O amor dá carinho, paixão e segurança ao homem,

Mas quando deixa apenas a saudade,


De tudo o que entregou a falta é o que fere,

De modo que nada agrada aos olhos,

O sono foge para longe,

Pensar não satisfaz, buscar não basta,


O reencontro é temido,

O amor permite desfrutar destas coisas,

O querer de um abraço,

E o medo de tê-lo de volta,


Desejar estar perto,

Mas não conseguir enfrentar o olhar,

Houve outras a desfrutar seu abrigo,

Agora, já não parece mais estar seguro,


Isso não faz tanto sentido,

Quanto é terrível.

O relógio passa as horas,

Meia noite, duas e o sono não chega,


Fecha-se os olhos e tenta enganar-se,

Como sempre fora,

Cobertor sobre o corpo desnudo,

Travesseiro aconchegado,


Imóvel e buscando não pensar,

Eis que mãos quentes te buscam,

Um estremecer de estranhamento,

Um cobertor é removido e atrás dele um travesseiro,


Os olhos desacostumados com a luz piscam,

Uma mão busca seu seio,

Um arfar denuncia – medo,

Um mover de corpos e cá está – o ex,


Ele sorri e fala qualquer coisa com uma boca estranha,

Há nela um sorriso que não se reconhece,

Três calcinhas são expostas,

Logo abaixo do seu nariz,


Um odor desagradável,

Reconhece-se a quem pertencem,

Porém, não mais que isso.

-Lhe trouxe de volta, não serviu!


Ele senta-se na beira da cama,

Com isso lhe empurra para o meio,

Seu corpo fica levemente dolorido,

-Não me parecem as que lavei a algum tempo.


Ela diz, olhos baixos, busca o cobertor.

-Pois é, você sabe eu te deixei,

E ao sair quis te privar delas,

Achei que lhe ficavam bonitas...


Ele fala, a voz falha,

Há nela muitas coisas não há medo,

Não há respeito, muito menos dor.

Bem, há outra, sabe-se – há outra!


-Bem, eu não gostava tanto... delas.

Ela diz e retorna a deitar-se.

Ele insiste em puxar o cobertor,

Quer revê-la e bem – aprecia-la,


-Eu, não me sinto bem para o que eu não estava,

E (pega a calcinha e a coloca),

Fico melhor com ela que sem, verdade.

Vira-se e o sono chega,


De alguma forma.

Uma mão a puxa.

-Não me toque.

Um tapa sobre ela,


Ela choca-se contra sua cara,

E ele fica, acredita que pode ficar...

As horas correm, quatro horas e ele parte.

Ele sai, busca o que ela não conhece,


Ela pensa que ele finge uma vida que não tem,

E que neste fingir ele a coloca...

Ela abre os olhos e vê o teto sem cor,

As paredes acompanham sem vida.


Porém, ela não é isso,

Não apenas isso,

Sente pena,

É cabível outra coisa?


-Não amo.

Eu não sou capaz disso.


terça-feira, 14 de março de 2023

Reservado - Entra e Fica!


-Você tem seios que eu gostaria de poder dormir.

Isso, ele simplesmente diz,

Como se fosse a coisa mais simples a se ouvir,

Então, desliza a sua mão por seu corpo,


Sem querer abusa de mim,

Parece que entende o quanto eu quero sentir,

Um arfar no meu peito

E sinto que meus seios chamam por ele,


Eu não digo nada mas meu sorriso denuncia,

Num instante e me vejo despida de mim,

Penso se as coisas deveriam ser assim,

E noutro não penso em nada,


Dois dedos trêmulos denunciam o que quero,

-Como seria tê-lo por inteiro dentro de mim?

Sei que não o conheço e fantasias são perigosas,

Mas me vejo querer recostar meu rosto no seu,


Deitar-me sobre ele e ficar ali,

Sentir seu rosto contra o meu e respirar,

Como explicar a sensação que tenho

De que preciso estar sobre ele,


Com ele a pulsar dentro do meu corpo,

Preciso de algo seguro dentro de mim,

Quero que esteja lá seja como for,

Quente por entre meus seguimentos,


Sinto uma espécie de conforto,

É como se sua mão forte me tocasse,

E seu segurar, por instantes me bastasse,

-Você tem o rosto que eu gostaria de me encostar.


Me pôr sobre você no teu lado esquerdo e ficar,

Sobre o teu corpo com você rígido dentro de mim,

Não por você, mas por mim você iria resistir,

Mexer só um pouco,


Nos teus cabelos, neste seu casaco que me dá medo,

Nos teus lábios que não vejo trêmulos,

Nestes dentes perfeitos,

Sinto minha língua ficar fora de mim,


Rejeitada, não se basta ela procura,

Minha boca aberta tenta dizer,

Mas não quer,

Quero parar ali.


Não sou de me considerar mole,

Mas você duro seria de todo interessante,

Um riso brinca em meus olhos,

-Você gosta do meu pau?


Ele me pede – gozado!

Acho que a forma como há um lugar em mim lhe diz,

Meus lábios inchados, rosados, embevecidos,

Quero beber desta rigidez em que não me vejo,


Sugar do seu gosto quente que não tenho,

Mantê-lo do lado de dentro.

Me vejo querer segurá-lo,

E até acho que você quer ser mantido,


Meu gosto é quente e ácido,

Minha mão pulsa mais que tudo,

Procura, não há abertura,

Mas ela encontra e mostra,


Convida – meu amor se aconchega!

Chega e fica!

Há um caminho dentro de mim,

Um lugar que anseia por tê-lo,


Aqui é quente mas as vezes faz frio,

Aí não me reconheço.

Está aberto para você ficar,

Entra e fica.


Quero o rosado de mim em outra cor,

Me avermelha e pulsa,

Chama e inflama,

Não muda.


Entra e fica,

Não há saída,

Escorre aqui em cada forma,

Daí jorra e se joga!


Há um lugar para se deixar,

Entra e fica!

Aqui cabe você por inteiro,

Aí escapa,


Permita-se ao que está reservado,

Entra em mim e deixa-se ficar!

Meu cheiro é pegajoso,

Forte, intenso e desdenhoso,

 

Se escapa de onde se dúvida,

Se achega e... sem saída!

Entra e fica!

 

segunda-feira, 13 de março de 2023

Um Dia, Se Encaixa

 


Fazia naquele dia 13 anos,

E o dia estava bonito lá fora,

Um sol ardente e gotas de esperança,

Não aparentava haver nuvens – nada nublado,


Mas, pássaros dançavam entre si,

Ela com seus olhos verdes e tristes,

Ele com aquele cabelo dourado quase bonito,

Os raios queimavam contra seu rosto,


Um brilho molhado exalava dele,

A boca levemente contorcida para o lado,

Denunciava um sorriso que morava ali,

E que, raramente desaparecia,


Era mais que uma marca registrada,

Ele com aquele suave sarcasmo,

Parecia se divertir de cada história,

Porém, no seu toque residia a repulsa,


Mesmo que ela tentasse não demonstrar,

Não foi o tempo que deteriorou esta história,

Talvez, até o final você entenda,

Mesmo que em poucas linhas,


Porque ela jamais conseguiria explicar,

Do que sentia ao que existia havia uma ponte,

A qual já estava quase intransitável,

Distante e quase em ruínas,


Havia mais crenças nesta ponte

Que qualquer outra coisa,

A crença no convívio da realidade,

Juntas e díspares,


Dizem que homens são fortes e intensos,

Porém, gostam de revestir-se de orgulho,

Cobrem o olhar com um tom desconfortável,

Um quê de prefiro evitar para mulheres desavisadas,


Quase sempre ela preferia ficar sentada,

Muito quieta,

-Você quer dizer não posso?

Ela indaga, embasbacada,


Contudo, já não entende as próprias atitudes,

Olha para ele, diretamente:

-Com isso?

Ele parece não entender a pergunta.


- Por favor... só quero dizer, digo entender,

Seria má vontade... da sua parte... bem,

Prefiro dizer que é má sorte.

Ele não parece estar no mesmo lugar que ela,


Se sente sorrateiro, arredio e esperto,

Há no homem sempre um sentimento de esperteza,

Este, contudo, nem sempre o pertence,

No entanto, ele acredita fielmente em si mesmo.


Amar um alguém, deve ser diverso,

Diverso do que se diz amor... ?

Não tarde e ele vira o rosto para o lado oposto,

Então, retorna abrupto.


A vê inerte e ainda sentada – arredia,

Pega o rosto dela entre suas mãos e o vira,

Este toque também a acerta no pescoço,

No mesmo instante,


Ela já não o vê com as mãos fortes de antes,

As mãos acolhedoras que se estendiam a ela,

As mãos que sempre estariam ali para ajuda-la,

Para aconchega-la,


E percebe neste instante que de fato estão fracas,

Mas seu pescoço dá um estalo,

Seu rosto arde - ferido,

As mãos dele abertas se afastam,


E seu rosto bonito quase se parte,

Quase apaga aquele sorriso de lado,


Ela entende o quanto ele odeia isso,

O fato de sempre que ela o contempla,

Ainda guardar o mesmo sorriso de outros tempos,

Aquele que um dia ele alegou:


-Uau, como você mantem esta sua cara?

-Hã, como? Desculpa, quando você fala parece que não entendo.

Este sorriso que de longe está quebrado,

Pois está sempre aí,


E de perto está perfeito...

É que, não se desloca.

Então, seu sorriso fica... sem razão ou motivo.

Mesmo que ela não queira,


O sorriso que permanece está manchado,

Ela chora e percebe isso,

Apenas não consegue controlar,

O pescoço parece queimar,


Mas ela se cala e evita olhá-lo,

Então, ele percorre com as mãos o corpo dela,

Ela sente uma dor incomoda percorre-la,

De repente ele a pega com força e tenta puxá-la,


Tentativa fútil de ergue-la,

Parece querer jogá-la feito um móvel,

Mas, as mãos que se apresentavam fracas,

De fato estão, então falham.


E ela ri disso.

Um riso incontrolável e sarcástico.

Permite-se cair no sofá e ri – descontrole.

-Quanto orgulho, heim?


Ela diz enquanto levanta o próprio corpo,

Não usa as mãos ou os pés,

Apenas o tronco do corpo – se reergue,

Parece estranho pensar estas coisas,


Mas, parece-lhe que algum dia faria sentido.

­-Take on me.

Quanto de orgulho heim?

De mim ou de você?


O encara de frente e segura.

Ele sai sem dizer nada,

De forma afoita e desafortunada.

Ela é tomada por um sentimento de pena.


Três dias após isso,

Abre a porta e limpa a casa – livre,

Ele partiu para longe agora- aparência.

-Take on me.


Um riso solto jorra alto do seu lado.

Ela toma um susto ou finge para si mesma,

Não sabe.

-Ah? Três dias de sumiço,


A felicidade não dura tanto...

(Um muxoxo no sorriso)

Fugiste, do trabalho todo este tempo?

-kkk, quatro dias para você, querida...

Há quatro que não voltei a trabalhar!


Ele parece feliz do que diz e seus efeitos.

-Bem querido, quatro para o trabalho,

Para eu são três mesmo,

E três bem contados.


Encerra o que faz,

Ele junta a sujeira e joga contra seus pés...

Já não atinge,

Parece que em tudo isso não há um objetivo...


Ela continua e o vento ajuda.

Tudo está como está,

No lugar certo.


domingo, 12 de março de 2023

Você Está Longe

 


Te ligo, te espero e te busco,

Você sabe quantas vezes penso nisso?

Milhares, mas tento fugir disso,

Disfarçar tudo que sinto,


Tenho medo que passe a me definir,

Mais ainda de que seja pejorativo,

Deus me livre do “grudenta”,

Sedenta por seus lábios?


Você sabe que sim,

Me faz bem tê-lo comigo,

Saber que se der saudade eu posso te buscar

E que irei te encontrar,


Gosto de acreditar que “em qualquer momento”,

Mas é certo que tenho medo de me decepcionar,

Tento controlar os medos e os segundos,

As vezes, acho que busco regular o sentimento.


Então, em meu íntimo eu o defino:

Ah, ele não é tão perfeito,

Com certeza não seria o melhor de todos.

Mas não, também não está com outra,


Me apego nestes pensamentos fracos,

E sinto forças para te buscar de novo,

Mas não os identifico,

Escondo-os de você e lhe defino: o perfeito,


Busco elogios, disfarçar segredos,

Mas no fundo sinto que você sabe de algo,

Será que vê em meu íntimo?

Acho que meu íntimo é feio,


Tenho medo que se assuste ao chegar lá,

Então busco uma nova fuga,

Você se demora,

As vezes, demora menos,


Eu também não sei como se sente,

O que faz, ou até em que acredita.

Você, as vezes diz sonha comigo.

Mas, será que se esforça para estar perto?


O quanto de você, você me entrega?

Com o que se identifica ou como me gosta?

O que sou é o bastante,

Cheguei aos trinta e tenho esta dúvida,


Antes eu disfarçava melhor ou não me importava,

Mas o vejo e isso importa.

Preciso descansar,

Lhe entrego em resposta,


Com um sorriso de “você está desnudo agora”,

Voz suave em tom pastoso e fragilizada,

Talvez, carregada de desejo,

Embargada de sentimento,


-Por mim ficaria esperando você ligar,

Ou me chamar para conversar,

Mas o cansaço me carrega para a cama,

Podia ser você a me levar,


Mas, ao certo: onde está você agora?

Retiro o corpo da câmera,

Deixo o rosto e vou me retirando,

Finjo, que não estava te vendo,


Finjo que era mensagem de voz

E que não desejo tanto continuar falando,

Aproveitando os segundos,

Coloco uma distância falsa entre nós,


Busco suas reações, e o chamo...

Já não estou mais no alcance da câmera,

Não vejo o que você faz,

Mas o espero com o mesmo entusiasmo,


Segundos depois já não ouço sua fala,

Mordo uma fatia de pão,

Digo: hum, que delícia, está muito bom...

Ouço um riso nervoso,


Uma fala balbuciada,

Quase um esmurrar de tela,

Este pão que fiz, está muito bom,

Bem, mas você não me tem,


Está distante, mora longe,

Então, também não tem este pão.

Me jogo próximo ao celular,

Pego-o com uma mão,


E o vejo, enquanto mordo outra vez o pão,

Você sorri ainda mais nervoso,

Um riso feliz que desejo ao meu lado...

Ofereço-te,


Quase sinto que posso te alcançar,

Mordo com a boca cheia de saliva e vontade...

Podia ser seu cheiro e hum... sua boca?

Mas, bem, morder não é tanto o que eu faria.


Te Amo Mais Meu Amor

 


Olá, meu anjo,

Pois é, estou de volta,

E você com este sorriso no rosto,

Nem ao menos se foi,


Deu tempo de eu repensar,

Viver outros tempos – desacreditar,

Para só então retornar,

E você aqui – parece que me espera,


- Te amo, querida,

Você fala com voz macia,

Sinto um arrepio me percorrer,

Quase desejo que não seja tão compreensivo,


Lá onde estive fiz tanta coisa,

Agora sinto medo de ter tentado te esquecer,

-Eu amo muito mais você,

Digo agora com novo entusiasmo,


O amor que senti nunca foi insuficiente,

Mas renova-se cada vez que o contemplo,

-Querida, te amo em todos os momentos.

O vejo responder ofegante,


Não sei se sofre ao tentar controlar a dor,

Ou se apenas sente-se feliz e renovado por me ver,

Por vezes, queria entender mais meu amor,

A dúvida que espelha em meus olhos,


Me arrependo de sentir na mesma hora,

Agora êxito e preciso desconfiar de suas reações,

Por Deus, há margem para dúvidas de não conseguir reconhecer

Aquele que foi meu único alvo por tantas vezes,


Talvez o tantas é que esteja incerto,

Deveria haver apenas o todas – o sempre,

-Não se preocupe querida,

Trabalhei bastante,


Vamos conversar a noite.

Estou a sua espera.

Sorrio sem esconder a felicidade,

Desejo pular em seus braços,


Me agarrar com toda força e ser sua,

Me sinto sua,

Desejo que me proteja e não seja como os outros,

Por que há outros por todos os lados,


Os que nunca estiveram comigo

Mas que ainda assim me marcaram,

Os que estiveram e eu desejei tanto que não tivesse ocorrido,

-Obrigada por estar com nossa família,


Vejo o gatinho percorrer por entre o meio de suas pernas,

Suave e aconchegado,

Bem cuidado, como eu teria sido,

Mas, por algum motivo fugi,


-Amor, - eu digo e o busco,

Dou todos os passos até alcança-lo,

Pareço não contar quantos são,

Mas a distância fere tanto que os conto,


O alcanço me enlaço,

Passo minha mão direita em seu rosto,

Fico na ponta dos pés até alcança-lo,

Aconchegada ao seu peito,


Colada ao seu rosto, continuo:

-Quando eu sinto medo eu penso em você.

Roço meus lábios sobre o seu lábio superior,

Sinto seu cheiro e quase o seu gosto,

Mas é quando eu não sinto medo que o quero perto.




sábado, 11 de março de 2023

Não, NÃO QUERO TE VER


Senhor, me desculpa se ofende meu modo,

Me desculpa se meu aperto de mão é forte,

E meu olhar é determinado,

Me perdoe se minhas mãos rígidas ferem as suas,


Isto que tenho, são calos,

As suas possuem cremes específicos,

Saiba: não os uso!

Posso imaginar o que sejam,


Porém, você não gosta de como sou,

Não me reconhece como ser humano,

Não frequento os ambientes em que você esteja,

Claro, você não convive com outras como eu.


Agora, você me olha e diz: vire-se,

Tudo bem, estou de costas para a sua cara,

Você já não é capaz de me encarar agora,

Coloca as suas algemas em meus pulsos,


Sobre os meus calos as suas algemas fechadas,

Você não pode ver se choro,

Eu agradeço,

Para esta que me tornei desde os cinco anos trabalhando,


É vergonhoso chorar por tão pouco,

Me desculpa, eu não entendo um homem,

Não entendo dois homens,

Hoje não entendo três homens,


Vocês pensam da mesma forma,

Foram criados as suas maneiras,

O que é a semana toda com uma máquina de veneno sobre suas costas?

Talvez você saiba, talvez nunca,


O que são carregar dez quilos enquanto trabalho,

Em minha cabeça?

Estão minhas escolhas e agora,

Meus atos apertam meus pulsos,


Eu lhe diria: obrigada!

Mas, estou de cara virada... (de costas),

Você chega e leva o que eu tenho,

Que bom, sabe quantos anos demoram para eu resgatar?


Talvez, uma vida,

Talvez nunca mais volte a ter aquele objeto,

Que de você é menos que seu salário,

Mas que ótimo a vida foi boa com você,


Mas veja você se aproximou do meu terço,

Levou-o até o chão,

Também não foi capaz de encarar ele?

Bem, eu ainda rezo todas as noites,


Mas até hoje você não estava lá,

Pois eu não te conhecia, conhecia?

Mas veja você como você reage?

Me definiu “demônio enjaulado”,


Reclamou da minha cara...

Eu digo, senhor me perdoe se lhe chegam deturpados ao fatos,

Aqui não pega sinal de celular,

Eu não tenho mais que ao dispor um app,


Lá eles veem uma foto e já acreditam saber quem é,

Você ignoram meu filho se jogar embaixo da cama,

Ele vê que a mãe dele chora,

Ele não tem pai – só ela,


E você ameaça retirá-la da presença deles,

Querido, eles entendem.

Ele é gordo e bem cuidado,

Quem vê não diria que se enfiou lá,


Por um descuido seria fácil matá-lo,

Veja a vida como é,

Mas, disso você não entende,

Por quê deveria?


Eu sou obrigada a conviver com quem não me gosta,

E você ainda imagina que só me fariam bem...

Mas, tudo bem, em mim cabe o seu estereótipo,

Me desculpe, se crio o meu também.


Eu peço a você, você me chama de criminosa

Porque me recuso a olhá-lo,

Eu lhe peço com sinceridade:

-Você, realmente acha que eu deveria olhá-lo,


Você se apresenta aéreo olhando o seu celular,

Buscando sinal de internet e diz: “eu não”!

Se você concorda que não sou obrigada a vê-lo,

Por que me obriga?


Então, foi este o motivo do uso da algema?

Você já sabia que não seria capaz de me ver,

Olhar em meus olhos e saber quem sou,

Foi pior para mim, acredito!


Olho, te vejo e nunca quis ser você.

Esta certeza me reforça e sigo adiante,

E você, depois de mim o que fez?

Foi descansar eu era apenas um delito...


Eu digo: obrigada (por concordar em não vê-lo)

Você diz, “ah, então eu posso tirar suas algemas?”

Eu penso se usar as algemas fazem de mim cega,

Então, respondo de ímpeto:


Não, continuo não querendo vê-lo.

Ele encerra tudo que pretendia,

Embora, no decorrer vá mudando de opinião,

Quer me conduzir para outro lugar,


Sou perigosa,

A lazer na minha cara,

A arma bem municiada,

Depois decide remover a algema e sair,


Por conta própria decide que não sou mais perigosa,

Eu penso, olhando para ele em detalhes:

Em que eu mudei?

Se eu era antes como pude deixar de ser?


Ele havia pulado a janela para entrar,

Agora permito que mexa nas chaves da porta,

Reconheça os pequenos cômodos da minha casa,

Não, com isso, não sou mais perigosa,


Mas, como eu estava antes continuo agora:

NÃO, NÃO AS REMOVA, EU CONTINUO NÃO QUERENDO VÊ-LO!

Ele havia iniciado: você ofereceu resistência,

Não queria me ver,


Isso o remete a algemas,

Mas então, o por quê do remover?

Eu não acho que algum dia irei querer vê-lo,

Espero que me perdoe.


 

Eu o Encontro

Sim. Combinado. Eu o encontro. Guarde nossas lembranças, Transfira todas para um arquivo, Onde possa recorda-las, Num futu...