segunda-feira, 26 de junho de 2023

Não Precisa

Ela não era notável, 

Mas com certeza não passava despercebida, 

Não gostava de agradar, 


Esquiva, arredia e próxima, 

Desejava a solidão como nunca, 

Mas precisava desabafar, 

Contar o que sentia, 


Elucidar suas alternativas, 

Saia-se dessa falando sozinha, 

Se respondia e se bastava. 

Falar em voz alta surte o efeito de tocar as estrelas, 


E alcançar algo de intangível fora de si mesma, 

Abre-se a oportunidade de ser ouvida, 

E de não se importar com o quê de fora, 

Ou importar-se tanto a ponto de não querer saber, 


Ou quem sabe: pior, 

Receber opinião em demasia, 

Tantas críticas a alternativas a ponto de não saber o que fazer, 

Quando muitas opiniões são de importância, 


Costuma-se afastar-se muito de si própria, 

O agradar... 

Palavra simples e complicada. 

“Aquele que ama nunca jura” 


O que cumpre não precisa profetizar, 

Nem ao rei é permitida toda a justiça, 

A palavra do ser amado basta, 

Ele diz: por minha honra, 


E não precisa de outra coisa... 

Contudo, a cada frase uma confidência 

E nela um juramento, 

Ao final contradições... 


Entendo o querer ser ouvido, 

Porém, não me adequo a desilusões. 

Imagino a honra algo tipo tangível e próximo, 

Suas vestes, 


Aquelas as quais você se despe, 

E se livra delas muito rapidamente, 

Desculpe, lhe digo: imagino. 

Já quanto a sua palavra, 

É mais difícil precisar, 


Recordo de virar a cara, 

E não ouvir exatamente tudo conforme fala: 

- Como é? 

Desculpa não entendo a sua pronuncia, 

Você disse me ama ou cama? 


Me abraça ou quer um tapa? 

Caramba, a forma como você se move, 

Eu lhe vejo desmanchar, 

Essas súplicas, 


Ah, perdão falo demais, sei lá. 

“Desfigurar é melhor que matar”, 

Um estremecimento e um fio de medo, 

Não sinto mais nada sobre o chão, 

-Mas que grosseria, 


Não entendi o que você disse por último. 

Ele responde: - não disse nada. 

Com aquela sua voz fina e com um toque afeminada. 

Quase duvido daquele tanto de músculos, 

Mas não, não oscilo. 


Desfiro-lhe um tapa, 

Não as costas mas sobre os ombros, 

Assim mesmo no cara a cara... 

Ele ri e o vejo se desmanchar na mesma hora, 

-Anda lhe digo e faço um sinal. 


Ele vai mas logo fica para trás, 

Eu ainda tremo, 

Sinto medo e tomo mais consciência. 

Não se pode povoar um vazio de sonhos, 

Muito menos com uma cara medonha, 


Não se cobrem os sonhos com hematomas, 

Não se esmaga-os através da força, 

Estes percorrem as ruas despercebidos, 

Não entendo como não se notam suas vítimas, 


O hematoma não sagra e passa logo, 

Eles guardam segredos, é certo, 

E eu entendo cada vez mais sobre isso, 

Embora seja bom e progressivo, 


Eu não me sinto bem neste aspecto, 

Confesso que queria estar sob outro polo, 

Mas não posso pensar sobre isso, 

Não agora, 

Tempo perdido, 


Beijos jogados pela janela, 

Nada ridículo mas muito profundo, 

Ele guarda um definhamento sólido nas mãos, 

A de si mesmo, 


E a de outrem, 

“Cuidado” eu me digo, 

Eu preferiria ter em mente a imagem do meu pai, 

Mas, por ora, prefiro deixa-lo longe disso, 


Os reflexos, os meus também, 

Iluminam sua face, 

É uma transfiguração assustadora, 

Deslocadas e guiadas a um lenço de bolso... 

As lágrimas. 

- Cuidado – Há um assassino lá fora! 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Minha Escolha

 


Não houve beijo algum,

Nem ao menos abraço ou aperto de mão,

Sonhos quebrados pelo chão,

Também não.


De forma que me deixou com a mão no peito,

E alma aos pedaços,

O que não é adequado a alguém que ama,

Poderia ter concluído que ele não sentia nada,


Mas não fiz isso,

Fiquei, simplesmente, a olhá-lo,

Só rastejando se alcança alguns caminhos,

Eu não desejei ou me submeti a isso,


Ele me cedeu sua mão esquerda e convidou-me a seguir,

Concluí com isso que preferia que o caminho

Fosse traçado de forma solitária – sorri,

Ofereci a ele minha mão direita,


Jamais o colocaria em lugar inferior,

Não teria motivações para julgar desta forma,

Lembro de ter lhe perguntado:

-Quantas mulheres mais você desejou ter?


E penso, por vezes, ouvir ele responder:

-Somente as melhores, querida, apenas as mais belas.

Realmente, querido, mulher bela há em qualquer lugar,

Foi assim que lhe desferi o grande golpe,


“o de lhe estender a mão direita sobre sua cara”.

Doeu mais em mim, no mesmo instante,

Recolhi a mão mas nunca pude recolher a vergonha,

Sujeitar-me a tocar num homem,


O homem que um dia amei com toda a alma,

É certo para defender-me,

Mas me rebaixei a sua vagueza de pessoa,

Olhei para as tais que ele queira,


Vi que uma mulher bonita vestia-se de uma outra forma,

No mínimo comportar-se-ia de forma diferente,

Sentia-me vestida de homem

E não me era motivo de nobreza,


Será que existe uma providência de diferentes ordens,

Uma em que eu acredite estar fazendo o melhor

E ao final só me depare com meus próprios demônios?

Que fardo para os ombros de uma mulher que ama,


A mão direita estendida sobre a sua cara,

Depois de acalmada a dor,

Uma histeria hipócrita por querer se livrar,

Alguém poderia deixar minha mão gravada ali para sempre,


Feito uma máscara petrificada nele,

Como um sinal do que me fora capaz,

Sujeitar-me, diminuir-me para se promover homem,

Entregar-me juras e um olhar vazio,


Até em seus olhos o mundo está ausente,

Que difícil infortúnio,

Ter o universo ao alcance e não poder se ver,

Perdido na imensidão de sonhos vazios,


Tinha na face promessas falsas,

Na sua boca cada sonho de desvanecia,

Mas, então, me vejo indagar o porquê de agora,

Me olho e me vejo disponível,


-Sim, eu quero ser sua e sinto isso em minha alma.

Não me lembro de tê-lo visto mais distante,

Banida de sua vida e condenada a não esquecer,

Quanto isso me faz sofrer!


Um observador me ouviria chorar até mesmo na escuridão,

Um conhecedor dos meus sonhos,

Me veria mesmo sem luz alguma,

Mas, de alguma forma, ele não,


Certamente não passava de um desesperançado,

Havia um paraíso onde não estávamos juntos,

Decidi, apenas por algum tempo aceitar sua mão esquerda,

Então, seguimos pela rua,


Muitos nos observavam e nos reconheciam juntos,

Penso que isto seja questão de escolha.


sábado, 10 de junho de 2023

A Submissa


 

O que poderíamos ver se ele fosse transparente? 

Talvez, o amor mais forte, 

Quem sabe um tanto de sangue por entre os dentes, 

De repente, sempre que beijou minha pele, 


Não fez mais que passar seus dentes, 

Testar a carne, 

Ver até aonde poderia ir sem que eu notasse, 

Até que ao perceber, 

Não lhe restasse mais que esta que escreve, 


A dilacerada, a apaixonada e enclausurada, 

Que hoje anseia por ter arrancada a superfície, 

Até ele e somente ele adentre e possa, enfim ver, 

Mais que ver – ver-se, 


O tanto que o amo e o quero próximo, 

O quê! Ora, que mulher extravagante, 

Já não me basta mais única chance... 

A sonhadora lúbrica, a virgem, 


Até que sua vontade se faça, 

E ele possa, então, ver-me, 

Seduzida não por um qualquer, 

Aquele a quem amo já tem um nome, 


Ser exposta a praça pública por amá-lo, 

Não é nada mais do que meu desejo, 

Brinquei de ser deusa, 

Pobre de mim que não sei esquecer, 


Arrogante miserável esta minha alma, 

Mergulhou no doce de seus lábios, 

Tocou até seus dentes, 

Foi longe demais, 


Agora já não sabe esquecer. 

Que fraqueza é esta que me pega pelas pernas 

Atinge em cheio meu estômago, 

Será que não é possível viver seguros beijos? 


Pronto! Escrava do que sinto e imagino, 

Já não vivo mais isso. 

Fui achar que aquele homem era simplesmente bom, 

Por quê não pude ver um pouco além? 

Que infâmia, 


Desejei ser beijada sem delicadeza, 

Quis que me rompessem os medos, as angústias, 

Foi um mais que tirar a roupa, 

Reviravolta selvagem que me espuma a boca, 


Pronto, condenada a ser aquela taxada: - a bonita, 

Preferiria mil vezes ser explorada até não ser mais a mesma, 

Reconhecê-lo em mim, 

Estar nele até perder-me, 


A caridade do seu beijo foi irremediável, 

Essas lembranças e sua busca me impedem, 

Já não sou aquela que transitava livremente, 

Até minhas roupas parecem ser coisa dele, 


Logo após vestir-me vem a indagação, 

Será que ele iria gostar e aprovaria como estou? 

Não me basto, 

O beijo que lhe entreguei transbordou, 


E não tenho como busca-lo – sem retorno, 

Está dito. 

Estou entregue a ele. 

E por quanto? 

Pelo quê? 


Sim ou não? 

Dele até roer os ossos, 

Doce beijo corrosivo, 

Não consigo me recompor, 


Não farei outra coisa além de agradecer eternamente, 

A sua, a que não quer se pertencer, 

Sua como de nenhum outro alguém, 

Não queria ser socorrida, 


Por Deus mil vezes agredida por ser alvo dos seus beijos, 

Agora, minha boca adora um dono, 

Um ser humano diferente do que sou, 

Sua generosidade de uma noite me cobra submissão, 


Aceita por ele, 

Meu corpo e alma se curva e enaltece, 

Glórias a esta diminuição que amplia, 

Não consigo baixar a voz, 


Tudo que ouço é muito alto nas ruas, 

Falam dele, 

Só me vejo mecanicamente amável, 

Será que me pertence? 


Como retornar ao estado de antes? 

Tê-lo! 

Óh, por Deus, 

Sentir-se em dívida é ser explorada, 

Como poderia fazer mais por ele? 


Como enfatizar todo este sentimento que me toma? 

Chega um momento em que você estende a mão, 

E submissa o entrega a moeda, 

Não há cobranças onde há a paixão, 

A entrega e mais nada. 

sexta-feira, 9 de junho de 2023

Decidir-se a Amar

Se mulher significa plenitude, 

Nunca ela foi mais apaixonada, 

Nem mesmo ele mais amante, 

Nunca encobrindo mais suas façanhas, 


Declarou-se a mais entregue, 

Plenamente sua, 

Como não haveria outra, 

Ele acreditou em cada frase, 


Ela fez mais que isso, 

Fez-lhe a declaração mais apaixonada, 

Com um beijo em sua mecha de cabelo, 

Recolheu-a por entre os seus dedos, 

Utilizando-se de uma tesoura, 


Coletou, também uma sua, 

O entregou conforme a outra guardou, 

Ele sentiu-se o detentor de sua onipotência, 

Ela era sua, plenamente sua, 

Guardar este amor determinou a queda de todas, 

Ela não parou por aí, 

Fez o máximo que pode, 


Entregou-lhe uma cópia de uma das chaves de casa, 

Certificou-se de manter a porta trancada, 

Sem esquecer-se de fechar as duas trancas, 

Mas metade de si já pertencia a outro, 

Entrada facilitada, 

Sorriso a brilhar pleno no rosto, 


Com certeza não havia outra mais bonita, 

De soberana moça, 

Tornava-se quase uma mulher submissa, 

Casar-se e ser de um único homem, 

A satisfação feminina as vezes lhe pedia isso, 

Sem dúvida algum dia chegaria este instante, 


Dava quase pena ou sentimento de remorso, 

Mas, sentia que se aproximava o dia, 

Ser casado descolora o rosto e as roupas, 

Núpcias: situação passageira e monótona, 

Ver único rosto, tocar único corpo, 

A entrega de uma mulher por um desconhecido, 

O tabelião, cartorário – uma assinatura. 

Mas iniciava o amadurecimento da ideia, 

Sem fazer tanto alarme, 


Acreditava fielmente nisso, 

Ela sentia que amava, 

Guardava em si particularmente a ideia, 

O sonho e o medo misturavam-se em seu olhar, 

De resto não guardava maldade alguma, 

Apenas era plena em tudo que vivia, 


A peruca era modo por entre os homens, 

Cada um com uma mais bonita que a outra, 

Porém, havia particularmente um homem 

Mais orgulhoso que as outros, 

Ele percorria as ruas com um sorriso no rosto, 


Sentia-se o único e melhor por entre eles, 

A pouco havia trocado uma mecha de cabelos com a amante, 

Amava-a e sabia disso, 

Queria-a somente para si e para sempre, 


Isso deu-lhe o ímpeto de coragem como a nenhum outro, 

Ousou tirar a peruca e mostrar os cabelos, 

Sentir o sol pleno no rosto, 

A quentura em sua cabeça feito os carinhos dela, 


Porém, houve um segundo que vendo-o imitou a ideia, 

Sentiu-se acometido pelo mesmo encorajamento, 

Porém, com a diferença de dias sobre a atitude, 

Após ele diversos passaram sorrindo e felizes, 

Não havia indiferença por entre eles, 


Eu diria que havia neles cumplicidade. 

Esses diversos também retiraram as perucas, 

Porém, alguns fizeram uso de pó sobre os cabelos, 

Transmitiam um ao outro a sensação de tempo, 

O tempo estava passando, 


É certo que o dia do enlace final chega, 

A todos é dado o momento de casar-se, 

Ser feliz e pleno apenas com uma mulher, 

-Oh, onde você estava até agora? 

Ele indagou de modo súbito a uma transeunte, 


Ela porém, usava uma peruca bonita, 

Em instante algum retirou-a, 

-O que você estava fazendo que não passou antes? 

Ela sorriu-o em cumplicidade. 


-Eu estava te procurando até agora em minha vida. 

Ela baixou o rosto e o olhar para os pés, 

Sentiu apenas que não procurava pelo beijo dele. 

-Oh, deixa eu beijar sua amiga, 

Gostaria de retirar o beijo que você entregou a ela... 


Ele não viu bem quem passou e fez aquilo, 

Mais ouviu que viu tanta coisa, 

Apenas enxergou o que seria uma mulher beijando outra, 

Envergonhou-se, 

Quis retornar a peruca mas estava sem ela, 

Então, dirigiu-se a porta de sua amada, 

Passou suas chaves e não conseguir abril-a

quarta-feira, 31 de maio de 2023

Saudade

 

Recorda-se entretanto,

E relembra-se a algum tempo,

Ainda, sem dúvida,

Sem lágrima alguma,


Contudo com saudade,

Arrepio na pele e nostalgia,

Não quer-se reviver aquele instante,

Não ainda;


Quer-se mais que isso,

Quer-se um beijo para sempre

E para toda a vida,

Sem haver regras,


Nada de modelos ou estereótipo,

Sem beijos de momentos,

Há neste caso muito mais que sonhos,

Também não definiria objetivo,


Antes de seus beijos,

Os segundos não eram indesejados,

Agora, porém, não me vejo em nenhum lugar,

Como gostaria de estar com ele agora!


Ainda que seja duro estar com outros homens,

Como me sentirei a aquecer meu belo corpo em outra pele?

Não, não me vejo como me via antes,

Nem me satisfaço com tão poucos instantes,


Meu coração se tornou exigente,

Minha alma chama por seu nome,

Já nem tento mais me enganar,

E quanto a maldição de fechar os olhos?


Não, já não dá certo mais,

Sim, preciso de seu rosto e muito!

Gosto de tê-lo por entre as minhas mãos,

Quase tanto quanto tê-lo entre as minhas pernas,


Penso se tratar de um conjunto,

Rosto, pele, nome e outras coisas:

-Ah, sua boca!

Como a sua não há nenhuma outra,


De que adianto o imitar?

Eles tentam copia-lo e eu vejo,

Me sinto satisfeita,

É claro.


Eu gosto do esforço,

No entanto, não me agrada,

Ao final, o procuro.

Até mesmo o sol se arrasta no tempo para vê-lo,


Cada vez que ele cruza a rua,

Eu vejo que o dia tem segundos a mais,

Quase minutos, eu sinto,

Todavia, as vezes passa disso,


Eu sei o mundo aos seus pés é pouco,

E eu poria,

Ah, se pudesse pô-lo.

Joaquim é apenas a lua desta que fala,


Se o amo?

Me veja agora,

Estou em sofrimento,

Sangue negro e arredio corre por minhas veias,


Meus olhos cobertos de dor quase gotejam,

Belos os beijos que estou a recordar,

Queixo-me dos homens,

Maldito o tempo que passa,


Destruidor foi aquele que me afastou dele,

Ah, se ele soubesse o quanto eu amava,

Quem sabe teria pensado outra vez antes de o fazer,

Talvez se apiedasse desta que sente,


Chora, clama mas não o vê,

Sorte tem o sol não a lua,

Eu em seu lugar eu também me arrastaria.


sábado, 27 de maio de 2023

O Senhor da Minha Vida

 

 

Eu não voltaria o rosto para o que me feriu,

Não imaginei muitas frases,

Mas de tudo que eu disse,

Você sentiu.


Deixei uma gota sua escorrer,

Quente recostada no meu do meu lábio inferior,

Ela desceu um caminho,

Segura, quente e afetuosa,


Percorreu até alcançar meu queixo,

Então, o trouxe para mais perto,

Senti seu cheiro,

Joguei minha língua para fora,


Tocando-o e o percorrendo,

Desci sua pele até chegar ao meu queixo,

Lá encontrei sua gotinha e a peguei,

Senti seu sabor,


Não misturei à saliva,

Apenas a joguei para dentro de mim,

Enquanto o sugava com beijos ardentes,

Eu não queria ter escolhas,


Sentir cada parte sua mover-se ao meu encontro,

Tomá-lo entre as minhas carícias,

Pertencer, finalmente, a alguém,

E este alguém era, simplesmente, maravilhoso.


Senti seu amor quente mover-se dentro da minha boca,

Até descer minha garganta- Sua,

Perfeita e deliciosamente sua,

Completa de você até me ver derramar,


Saciada e divinamente apaixonada,

Busco o Senhor do meu destino,

O homem a quem juro amor,

Me vejo sussurrar ao seu encontro,


Por essa razão ele sabe que o amo,

Autoridades ou homens de destaque

Não me despertam como ele faz,

Aquele que me guia também me desorienta,


Longe dele sou a altiva,

Junto dele a louca perdidamente sua,

A mão que lhe jura afeto,

O beija, acaricia e se entrega


E ainda assim permanece erguida,

Jura-lhe em verdade,

E assim permanece.

Porque a impiedade pode queimar feito o fogo,


Mas nada se assemelha a distância,

Ou a ideia de não tê-lo,

Por única noite que seja,

Não poder ser sua – a grande tragédia,


O azar de uma vida inteira,

A ruína das mais altivas,

Não eu não desejaria isso por minuto que o fosse,

Não sou capaz,


Ele consome meus erros e pecados,

Não juro em fumaça,

Ou faço uso de artimanhas,

A sua frente,


Recostada ao seu corpo minha mão se levanta,

E permanece.

Pelo tempo inteiro que restar,

Não poupo minuto que for,


Pela vida que seguir ela continua,

A esquerda o devora e ainda sente fome,

É certo que necessita da direita para amar,

Mais vale o juramento eu o digo,


Assim que ele sente falta,

A direita que inicia em juramento,

Não se revolta,

Apesar de quere-la sobre ele,


De ansiar para tocá-lo com todas as garras,

Não há como se desviar-

Eu o amo,

Lhe digo com a boca cheia de desejo,


Quando ergo meu olhar até ele,

Vejo sua mão também erguida,

Colada a minha.


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Tê-lo de Volta!

 

O Senhor enviou uma mensagem,

Parecia ser contra o que eu sentia,

Disse-me ter visto ele,

Porém, ao seu lado havia outra.


Ora, amores não se encontram na rua,

Essa não deveria ser mais que uma amiga,

Contudo, fui avisada!

O coração aos sobressaltos,


A alma avassalada,

O amava!

Perde-lo me atingiu como uma bala,

Ferida na alma,


Adoentada sem poder dizer nada,

O orgulho e a arrogância fazem calar,

Não precisei mais do que aparência

Para, simplesmente, me afastar,


Os tijolos do meu murro caíram,

Um até chegou a ferir meu pé,

Mas isso perdia a importância,

E eu o medo de reagir ao que acontecia,


Contratei um pedreiro e disse:

-Siga, não quero outra opinião que não a minha.

Ele sorriu, era pago pelo serviço,

Não precisava emitir opinião.


O cheiro chegava as narinas com efeito de sangue,

O serviço, contudo, era bom.

Mas temi ao que ele utilizava em minha mente,

Na parede eu lavrava cada marca,


Sim, não minto que não queria esquecer,

As figueiras bravas alcançavam cada dia mais alto,

Eu não tentava subir nela e olhar longe,

Mas se eu subisse em um dos cedros,


Seria fácil avistar ele.

Me falando que fui traída não serviu em nada,

O Senhor apenas aumentou meu sentimento,

Tive certeza que o amava,


E que era imensa a sua importância,

Corri ciente disse todos os percalços da escada,

Quebrei cada um dos espelhos,

Não queria mais ver minha imagem,


Estava tudo preso em retratos,

Ele comigo,

Agora, sozinha e ainda ter que ver meu rosto,

Tentar sorrir me destruía,


Vê-lo com outra não doía mais que me ver,

Sim, não me suporto eu admito,

Estou exausta,

Errei e ele soube bem me mostrar isso.


Arrames e filetes eram estendidos sobre o murro,

Eu podia ver isso através da janela,

E nada disso me importava,

Nem me fazia sentir melhor,


Quase sentia vontade de pregar a porta,

Apesar de tudo isso,

A vontade divina não se desviou de mim,

Com minha mão ainda erguida,


Escorada na janela com metade do rosto no vidro,

Ele adentra e assim me encontra,

Inerte e a espera-lo...

-Olá, como sei o quanto você é linda,


Eu lhe trouxe um presente,

Desculpa a demora,

É um espelho,

Você adora tanto se admirar!


Como se fosse um surtou ou um sonho,

Respondo sem olhar para lado algum,

Olhos sombrios e distantes de tudo:

-Obrigada, não sei se quero me ver de forma


Que não seja através do seu olhar...

Me assusto quando sou envolvida por seu abraço,

Por algum motivo não achei que seria mais merecedora,

De alguma forma não me sentia segura,

Pareceu um sonho quando o tive de volta...


Um Segundo Olhar

- Me perdoe, senhora. Sei que não sou digno de sua filha! Ela recordava a tarde Em que o rapaz amigo da família, Foi conside...