quinta-feira, 24 de abril de 2025

Assim, Não Aconteceu

- você perdeu a fome.
A irmã dela disse,
Retirando o prato,
Recém servido.
Alice em sua cadeira de rodas,
Olhou para o prato,
Aspirando seu cheiro
Sentindo fome
E enjôo.

- sim, estou sem fome.
Respondeu.
Ella, empurrou Alice
Para dentro do quarto,
Trancou -a com as chaves.

O passado de fama
E dinheiro,
Era rememorando em casa
Fotografia pendurada na parede.

Ella, foi mesmo a melhor
Das editoras,
Escreveu como ninguém,
Teve cada um de seus livros
Vendidos
E suas histórias lhe renderam
Excelentes filmagens
Campeãs de bilheteria.

Não cansava de olhar as fotos,
Sempre posicionadas
Com os reconhecidos artistas,
Beijando a quem queria,
Vestida nas melhores roupas,
E em algumas delas perdidas,
A sua irmã Alice,
Sempre discreta,
Óculos nos olhos,
Quase masculina.

Era simples editorar,
Mas, um dia,
Sua irmã ficou paraplégica,
Perdeu os movimentos das pernas,
E entrou na cadeira de rodas
Da qual não saiu.

Iniciou com problemas
Nas articulações,
Foi parando de escrever.
A verdade é que seus textos
Diminuíram a qualidade,
A intensidade da escrita,
E até as ideias escassearam.

Alice, como toda escritora
Decaiu num abismo
De perder a criatividade.
No entanto,
Ella deixou-a bem cuidada
Em seu quarto,
E gastou tudo que pôde
Em novo material,
Novas mãos escritoras,
Mais jovens, bonitas,
Com mais personalidade artística.

Investiu muitos bilhões,
Teve que comprar material,
Bilheteria e holofotes.
Neste tempo, Ella perdeu-se.
Ela passou a fazer uso de antidepressivos,
Assiduamente,
Acompanhada por um psiquiatra.

Começou a perder o sono,
Ficar indisposta,
Revoltada com a vida
E as coisas.
Certa vez, encontrou um revólver
Dentro de casa,
Pegou-o entre seus dedos,
E atirou contra a parede
Sem mais nem menos.

Isto, pôr em risco,
Sua integridade física
E a de sua irmã,
Foi um erro grotesco.
Entrou, no mesmo instante
Para o medicamento.

Os remédios intensos,
A fizeram dormir por dias,
Ao acordar ela se debatia,
Incapaz de aceitar suas deficiências,
Se jogava no chão usando as mãos,
Gritava alto,
Se feria.

Foi enrolada em lençóis,
Medicada de hora a hora,
Jurava que podia andar...
Foi difícil vê-la naquele estado.
Ella, indisposta e irritadiça
Com toda a situação
Entrou para a bebida alcoólica.

Comprou das bebidas
Mais caras,
E fez as festas mais vangloriadas.
Com a irmã fechada.
Em meio a festa saia,
Levava um copo de algo
Para a irmã,
As vezes, de bebida,
Ela precisava melhorar
De seu estado de abandono.

As vezes, um bolo.
Alice, abria os olhos
Olhava a irmã e seus olhos
Derramavam lágrimas
Sem soluçar,
Sem falar,
Só chorava.
Ella se comparecia,
Lhe dava a bebida na boca,
Lhe dava um pouco de bolo,
Então, soltava o prato de lado
E saia para a festa.

O barulho ensurdecedor
Não atrapalhava a nenhuma,
Uma aproveitando cada instante,
A outra dormindo.
Ella acordava-se,
As vezes na cama,
Outras no sofá da sala,
Até no chão próxima a piscina,
Com dois homens dispostos.

Rememorando, antigos tempos,
Ella decidiu contratar
Novo escritor,
Pôs anúncio no jornal
E pediu boas qualificações.
Iniciou um rapaz,
Trouxe texto pronto.
“Mais um.”
Ella pensou.

Contudo, analisou suas
Capacidades e viu conveniência nisto.
Editorou, e enviou para publicar.
Porém, o público leitor
Abandonou seus gostos,
Passaram-se os meses,
E nenhum exemplar
Foi vendido.

Todos estavam expostos
Nas melhores vitrines,
Apenas geraram gastos.
“Fracasso”.
Ela disse,
Embriagada por trás do sofá,
Em seu pescoço,
Com o hálito quente.

Depois disso,
O esfaqueou.
Jogou o corpo num terreno baldio,
E retornou indignada.
Sua irmã,
Agora com menos uso de remédio,
Levemente, movia suas mãos,
Isto era o bastante
Para trazer algum dinheiro
Pra casa.

As festas diminuíram,
Porém, o nível de vida
Era bom.
Irritada com o curso
Das coisas,
Ella entrou na sala de cinema,
Passou a mão na estante
Lotada de filmes,
Correu os dedos
Na outra parede
Com tantos troféus,
As fotos no interior...

Na cômoda ao lado das poltronas
Em frente a televisão enorme,
Estavam as seringas,
As agulhas e os remédios utilizados.
Ainda hoje,
Com seu nível de vida diminuído,
Não sentia culpa.

Estudou por intermédio
De amigos e meios
Que o dinheiro alcança,
Então, foi dopando a irmã,
Causando nela dores...

Até colocou aquela arma
Ao alcance dela
Por próprio querer,
Induziu Alice a tomar
A atitude,
Depois disso,
Foram apenas desenlaces.

As seringas foram essenciais
Para alcançar o fim cadeira
De rodas...
Suas mãos intactas,
Eram, agora ferramentas
De trabalho de Ella.

Me entrega

- entregue seus beijos, rapaz!
A garota disse
No ouvido do garoto,
Enlaçando seus ombros,
Descendo as mãos
Para os seus braços,
Acariciando até tocar seus dedos,
E prender-se neles.

Depois ela pendeu-se para frente,
Tocando suas costas com seus seios,
Acariciando-o,
E cumprimindo-se a ele.

Nisto, beijou sua coluna,
Soltou a mão esquerda,
E se afirmando em seu ombro
Direito com a mão esquerda,
Segura nos seus dedos da mão direita,
Ela rodopiou até sua frente.

Passou a mão esquerda
Para o seu pescoço,
Apertou-o:
- me entrega todos
Os seus beijos rapaz!

Ela disse,
E recostou sua bunda
Em suas cochas,
Apertando-se nele.

Ele a puxou com a mão esquerda,
Acariciou sua cintura,
Passou para a barriga
E apertou-a para si,
Depois baixou a cabeça,
E procurou seus lábios
Com sôfrega paixão.

Lábios nos lábios,
Carícias por carícias,
Lábios trêmulos se buscavam
Em intensidade desmedida,
Então, ele virou-se de frente para ele,
Se beijaram loucamente.

- me dá todos os seus beijos,
Lindo homem.
Ela falou de coração aos saltos,
Paixão voraz,
Corpos ardentes em fogo,
Mãos incontidas em ansiadas carícias.

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Aquisição pro Verão

Hoje foi um primeiro passo,
Tão difícil se desfazer
De antigos laços,
Tomar uma decisão
E lhe dar iniciativa.

Parece ideia cultural,
Mas sempre que se foca
Num objetivo
Se busca um meio
Para alcançar,
Para obter o sucesso.

Precisa-se de que
Outro alguém seja o meio.

Por exemplo,
Se acomodar a usar
O carro do próprio pai
Ao invés de obter o seu.

Buscar companhia
Para ir ao mercado,
Depender de opiniões impostas,
Para escolher desde a roupa
Até o mais importante.

Eu hoje,
Disse ao meu esposo,
"Gostaria de obter está propriedade".
E não lhe fiz pedidos:
“ o que você acha,
Seria lucrativo,
Você gostaria?”

Não.
Eu a vi
E lhe falei,
“Eu gostaria para nossa família”.
Lhe dei os fins de uso,
E a forma:
“pagamento em dinheiro”.

Eu não me sinto errada
Por isso,
Escolher algo que envolva
Todos nós,
Ter uma percepção unitária.

Eu gostei do que vi,
Disse como esperava que fosse,
Então, pedi.

Sem aquele medo
Por tomar uma decisão,
Sem apelar para opinião,
Dei liberdade ao meu querer.
Isto é coisa difícil para uma mulher.

Se libertar das amarras
Da dependência financeira,
Psicológica, educacional...
Meu esposo é parceiro,
Ele me presta todo o apoio,
E nós escolhemos juntos
Como desenhar nosso castelo,
Qual grama usar na terra,
As flores que iremos regar
E os frutos a acomodar no pomar.

Eu sou uma pessoa introvertida,
Dependente de tudo que vejo,
Estou tomando um primeiro passo
Para mudar conceitos,
Ter independência emocional,
Trabalhar meus sentimentos.

Eu já me imagino lá,
Sentada naquelas pedras,
Pondo a mão na grama molhada,
Provando os ares de nova terra,
Uma propriedade para descansar,
Escolher verões a se passar,
Vislumbrar novo futuro.

Queria pôr meus pés nela,
Mas deixo a critério do esposo,
Ele conversa contratos
E paga o valor
De um dinheiro que não é dividido,
É meu,
Dele.
Nosso.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Problemas

Olá, meu amigo,
Cansei de te ver triste,
Levanta os olhos,
Veja adiante,
A tristeza dividida
Se simplifica.

Deixa eu te dar meu abraço,
Apertar seu ombro,
Segurar sua mão,
Os anos de amizade
Nos fizeram mais próximos,
Não desperdice com tolices.

Me conte o que houve,
Me fale de suas dores,
Eu não suporto te ver sofrer,
Se você chorar
Eu choro também.

A vida está difícil,
Mas podemos melhorar,
Entregue seus problemas,
Vamos solucionar.

Amizades de bebida
Sempre termina ao final do gole,
Mas, a nossa durou
E se alonga no tempo,
Vamos dividir um chá,
Tomar água doce,
Dividir um sorvete
Ou uma cerveja.

Mas aproveita
E me fala do que te aflige,
Reclame de suas dores,
Confia no que te digo,
Falar alivia a alma,
Eu quero estar próximo,
Divida tudo comigo.

Nós Não Dissemos Olá

Visualizando seu perfil,
Rolando suas fotografias,
Vendo o que você gosta,
Coisas que compartilha,
Eu percebi,
Nós não dissemos Olá.

Não tentamos
Nos aproximar,
Não combinamos um suco,
Ou um sorvete,
Nem enviamos um ao outro
Uma mensagem.

Pois é,
É possível
Que você seja amigo
De pouco tempo,
E é possível
Que seja mais antigo.

O que fizemos
Que preferimos
Compartilhar e rolar vídeos
A nos aproximar?

Com tanto assunto
Bom para ser discutido,
Optamos por vaguear,
Não escrever um texto,
Uma frase,
Ou enviar um emoji de beijo.

Certo que emojis
Deixam a desejar,
Mas, optamos por pior,
Permanecemos
Sem nem ao menos
Nos cumprimentar.

As vezes,
Eu passo horas por aqui,
Outras vezes,
Desperdiço menos tempo,
E você,
Quanto tempo dedica
A rolar o telinha?

Não sei se perdemos
Um amigo,
Mas sei
Que não ganhamos
Com isso,
Ter um número
De perfil com fotografias
Não acrescenta na vida.

Nós não dissemos Olá,
Não conhecemos um ao outro,
Perdemos uma boa conversa,
Não estamos próximos.

Mas, você está
Em minha rede social,
Eu nem sei
Se você sabe disso,
Ou se vem a lhe interessar,
Caso goste de minha presença,
Tenta teclar,
Caso não faça diferença,
Nem assim,
Acho melhor silenciar.
Nós não dissemos Olá.

Milho aos Galos

- que programação legal
A de hoje.
Disse Gerome,
Olhando pra televisão
Sem piscar os olhos.
- mais que legal.
Respondeu Emma,
Ambos sentados
Um do lado do outro
Em poltronas de courino
Rasgado.
Acordaram,
Tomaram café em frente a televisão,
Fizeram o almoço
Da mesma forma.
Ir no banheiro
Que se localizava na área
Era uma corrida,
Tudo para não perder
Um minuto sequer
De assistir.
Chegou as dezessete
Da tarde,
E o pai e mãe de ambos
Chegaram da roça.
Angelo chegou puxando
Os bois que traziam a carroça
Carregada de melancia
Sobre o pasto Elefante
Que iria servir de alimento.
Marrina vinha atrás
Puxando três vacas,
Duas novilhas
E um terneiro.
Logo, o terneiro
Foi direcionado
Para a estrebaria
Onde seria alimentado
E receberia água
Sem sair lá de dentro,
Vez, que foi direcionado
Para a engorda,
Seria carneado para o Natal
Que se aproximava.
O ano era 2025,
Mês de agosto,
O pasto estava escasso,
Não poderia ser perdido tempo.
- Gerome e Emma corram
Levar o gado tomar água
No rio!
Eduardo gritou lá de fora.
-Saiam da frente desta
Televisão gritou Marrina.
Eduardo passou ao lado
Da casa de madeira,
E bateu duas vezes com a mão
Na parede com força,
Para despertar as crianças
Do transe assistir televisão.
- ah, que droga.
Ambos disseram juntos,
Olharam um para o outro,
E se atiraram em direção
A porta,
Certificando-se de desligar
A televisão
E fechar a porta com uma puxada
De mão atrás de si,
As corridas para voltar a assistir.
Levado o gado no rio,
Dado a água,
Ambos se atiraram num mergulho,
Aproveitaram algum tempo
Da água gelada
Que corria serena e verde.
- a paz do mundo mora aqui, né?
Indagou Gerome.
- claro que sim.
Respondeu Emma.
Eles chegaram até a árvore Sarandi
Que se jogava das pedras soltas
Para o leito do rio,
Com seus galhos tocando
A água,
Levemente sendo empurrados.
Auxiliaram um ao outro,
Subiram nela,
E se permitiram cair na água,
Segurando-se nos galhos,
Sendo empurrados
E seguros.
Depois, disso,
Voltaram para a casa,
Tocando o gado
Usando o galho seco
Da margem.
- aqui é o lugar mais lindo!
Disse Emma.
- sim, amo aqui para sempre.
Respondeu Gerome.
Emma colheu um galho
Florido de guanxuma,
E andou cheirando as flores
Amarelas.
Com uma mão
Puxava o gado
Para não se desviar,
Com a outra roçava
A flor no rosto,
Sorrindo para o irmão.
Retornaram pra casa,
Amarraram a vaca
No eucalipto,
Pegaram uma jarra
E um balde
E foram tirar leite.
Juntaram o elefante
Na carroça,
Cortaram para os terneiros.
Gerome pegou um balde
Levou água ao terneiro fechado.
Retornaram em disparada
Para a frente da televisão,
Correndo com o balde cheio
De leite,
Derrubando leite no chão,
E sujeira, um pouco de pó
Dos chinelos no balde.
Entraram, soltaram na pia,
Coaram o leite.
Uma leiteira foi colocada
Sobre o fogo para ferver.
Nisto o pai chamou-os
De volta,
Gritando bem alto.
- faltou dar milho
Para as galinhas
Do terreiro
E para os galos fechados.
Emma foi a escolhida
A deixar a televisão,
Desceu as escadas pulando
Para fazer barulho,
Irritada em ter de trabalhar.
Pegou o balde da mão do pai,
Levou aos galos.
Chegou lá e se posicionou
Do lado das gaiolas
E jogou dali mesmo
Morando nos potinhos
O milho todo
Num único movimento
De levar para cima,
E impulsionar e soltar
O milho.
Muitos caíram no chão,
Contudo,
Em três dias,
Se tornou bem certinho.
Nada caia, ou pouco se perdia,
E o que caia virava comida
Para as galinhas
Que estavam soltas.
No outro dia,
No instante de ir trabalhar
Na roça,
O pai cortou a melancia,
Foi obrigado a chamar
Os filhos várias vezes,
Para comer as fatias.
Eles correram,
Pegaram suas fatias
E voltaram para a frente
Da televisão.
Então, foi designado
O trabalho de tratar os galos
E galinhas.
Emma propôs a aposta
Ver quem fazia mais rápido
Sem desperdiçar
E suprindo a necessidade
Por completo de alimento
As galinhas e galos.
Iniciaram com uma jarra,
Passaram para um balde
De três litros,
Terminaram com o pai
Tratando todos
Em única vez
Num balde de 20 litros.
A divisão de tarefa
Assistir e fazer
O que mais for necessário
Se tornou mais divertida.
Mas, a televisão
Super aquecida,
Foi buscado ao máximo
Não ser desligada.
Em certo dia,
Depois de todo o treino,
A televisão estragou,
Simplesmente chuviscou
Tanto,
Que já não aparecia imagem.
Emma ergueu Gerome
Pela janela sobre as telhas,
E Gerome arrumou a antena,
Ao descer resvalou numa delas,
Ela caiu no chão
A seis metros de onde estava,
E estilhaçou-se em mil pedaços.
Ele porém,
Se pendurou lá,
E Emma o puxou
Para dentro.
- você quase caiu.
Ela disse.
- mas a tv está funcionando.
Ele respondeu.
- está sim.
E bateram a mão de um
Na mão do outro
Em comemoração.
Num gesto de unir esforços
E trabalhar juntos.
Abraçaram-se
E correram o mais rápido
Que podiam para assistir.

Beleza a Torturar

A distância nunca é boa,
Mas com relação a sua beleza,
Torna-se tortura,
Você joga meus vestidos
No lixo,
Minha maquiagem
Na água,
Meu corte de cabelo ao vento.
Caramba,
Tão lindo assim é tormento.

Surreal,
Tipo magia negra
Da braba,
Eu não me livro,
Nem desisto,
Seco a baba,
Porquê caramba, cara?
Beleza foi beleza,
Hoje é nobreza.

Deus fez lúcifer
O anjo mais bonito,
Mas lá ele errou,
Aí te criou?
Eu fui fiel até aqui,
Agora, só sei pensar em ti.

É erro manifesto,
Que rosto,
Que lábios,
Que perfeição,
Tão distante de minhas mãos,
É capricho?

Uau,
Maravilhoso homem perfeito,
Seus traços parecem desenhados,
Todos correlatos,
Que contraste
Com a distância que nos separa,
Crueldade,
Tortura para está garota
Que o adora.

Caso: Assassinato da Balconista

Aos vinte e cinco anos Não se espera a chuva fria De julho Quando se sai para o trabalho, Na calada da noite, Até altas mad...