- você perdeu a fome.
A irmã dela disse,
Retirando o prato,
Recém servido.
Alice em sua cadeira de rodas,
Olhou para o prato,
Aspirando seu cheiro
Sentindo fome
E enjôo.
- sim, estou sem fome.
Respondeu.
Ella, empurrou Alice
Para dentro do quarto,
Trancou -a com as chaves.
O passado de fama
E dinheiro,
Era rememorando em casa
Fotografia pendurada na parede.
Ella, foi mesmo a melhor
Das editoras,
Escreveu como ninguém,
Teve cada um de seus livros
Vendidos
E suas histórias lhe renderam
Excelentes filmagens
Campeãs de bilheteria.
Não cansava de olhar as fotos,
Sempre posicionadas
Com os reconhecidos artistas,
Beijando a quem queria,
Vestida nas melhores roupas,
E em algumas delas perdidas,
A sua irmã Alice,
Sempre discreta,
Óculos nos olhos,
Quase masculina.
Era simples editorar,
Mas, um dia,
Sua irmã ficou paraplégica,
Perdeu os movimentos das pernas,
E entrou na cadeira de rodas
Da qual não saiu.
Iniciou com problemas
Nas articulações,
Foi parando de escrever.
A verdade é que seus textos
Diminuíram a qualidade,
A intensidade da escrita,
E até as ideias escassearam.
Alice, como toda escritora
Decaiu num abismo
De perder a criatividade.
No entanto,
Ella deixou-a bem cuidada
Em seu quarto,
E gastou tudo que pôde
Em novo material,
Novas mãos escritoras,
Mais jovens, bonitas,
Com mais personalidade artística.
Investiu muitos bilhões,
Teve que comprar material,
Bilheteria e holofotes.
Neste tempo, Ella perdeu-se.
Ela passou a fazer uso de antidepressivos,
Assiduamente,
Acompanhada por um psiquiatra.
Começou a perder o sono,
Ficar indisposta,
Revoltada com a vida
E as coisas.
Certa vez, encontrou um revólver
Dentro de casa,
Pegou-o entre seus dedos,
E atirou contra a parede
Sem mais nem menos.
Isto, pôr em risco,
Sua integridade física
E a de sua irmã,
Foi um erro grotesco.
Entrou, no mesmo instante
Para o medicamento.
Os remédios intensos,
A fizeram dormir por dias,
Ao acordar ela se debatia,
Incapaz de aceitar suas deficiências,
Se jogava no chão usando as mãos,
Gritava alto,
Se feria.
Foi enrolada em lençóis,
Medicada de hora a hora,
Jurava que podia andar...
Foi difícil vê-la naquele estado.
Ella, indisposta e irritadiça
Com toda a situação
Entrou para a bebida alcoólica.
Comprou das bebidas
Mais caras,
E fez as festas mais vangloriadas.
Com a irmã fechada.
Em meio a festa saia,
Levava um copo de algo
Para a irmã,
As vezes, de bebida,
Ela precisava melhorar
De seu estado de abandono.
As vezes, um bolo.
Alice, abria os olhos
Olhava a irmã e seus olhos
Derramavam lágrimas
Sem soluçar,
Sem falar,
Só chorava.
Ella se comparecia,
Lhe dava a bebida na boca,
Lhe dava um pouco de bolo,
Então, soltava o prato de lado
E saia para a festa.
O barulho ensurdecedor
Não atrapalhava a nenhuma,
Uma aproveitando cada instante,
A outra dormindo.
Ella acordava-se,
As vezes na cama,
Outras no sofá da sala,
Até no chão próxima a piscina,
Com dois homens dispostos.
Rememorando, antigos tempos,
Ella decidiu contratar
Novo escritor,
Pôs anúncio no jornal
E pediu boas qualificações.
Iniciou um rapaz,
Trouxe texto pronto.
“Mais um.”
Ella pensou.
Contudo, analisou suas
Capacidades e viu conveniência nisto.
Editorou, e enviou para publicar.
Porém, o público leitor
Abandonou seus gostos,
Passaram-se os meses,
E nenhum exemplar
Foi vendido.
Todos estavam expostos
Nas melhores vitrines,
Apenas geraram gastos.
“Fracasso”.
Ela disse,
Embriagada por trás do sofá,
Em seu pescoço,
Com o hálito quente.
Depois disso,
O esfaqueou.
Jogou o corpo num terreno baldio,
E retornou indignada.
Sua irmã,
Agora com menos uso de remédio,
Levemente, movia suas mãos,
Isto era o bastante
Para trazer algum dinheiro
Pra casa.
As festas diminuíram,
Porém, o nível de vida
Era bom.
Irritada com o curso
Das coisas,
Ella entrou na sala de cinema,
Passou a mão na estante
Lotada de filmes,
Correu os dedos
Na outra parede
Com tantos troféus,
As fotos no interior...
Na cômoda ao lado das poltronas
Em frente a televisão enorme,
Estavam as seringas,
As agulhas e os remédios utilizados.
Ainda hoje,
Com seu nível de vida diminuído,
Não sentia culpa.
Estudou por intermédio
De amigos e meios
Que o dinheiro alcança,
Então, foi dopando a irmã,
Causando nela dores...
Até colocou aquela arma
Ao alcance dela
Por próprio querer,
Induziu Alice a tomar
A atitude,
Depois disso,
Foram apenas desenlaces.
As seringas foram essenciais
Para alcançar o fim cadeira
De rodas...
Suas mãos intactas,
Eram, agora ferramentas
De trabalho de Ella.
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