Quem o nomeou líder e juiz sobre nós?
Perguntou o escravo no gemido do seu suplício,
Assim iniciou a história,
Escrita em agonia nas estrelas,
Mas Moisés sentiu medo, e fugiu para pedir auxílio,
E ao ajudar sete moças próximas a uma fonte,
Uma delas lhe arrepiou a pele,
E ele sentiu indagar em sua pulsação:
Acaso já amaste coração?
Ao avistar a moça mais linda e delicada,
Como se estivesse suspensa na noite,
De longe lembrava a luz da lua,
De perto, nem todas as estrelas
Alcançariam o fulgor do seu rosto,
Seus olhos possuíam o brilho do amor,
Tão puro e cristalino quanto a bondade do Senhor,
Seus lábios imaculados, lembravam um templo sagrado,
Que em um beijo terno libertaria de todo pecado,
Seu corpo virtuoso poderia ser comparado a um santuário,
Que em prece se curvava para exaltar o divino,
E agora por amor, se entregaria ao peregrino,
Deste enlace amoroso nasceram dois meninos,
Mas o gemido e lamento do povo escravizado,
Foi tão desesperador que chegou aos ouvidos do Senhor,
E o anjo do Senhor apareceu para Moisés,
Através do fogo que tocava a sarça, mas não queimava,
E pediu que ele procurasse as autoridades,
Para que juntos libertassem o povo escravizado,
Avisando que seu jugo foi visto pelo Divino,
E seus gritos de sofrimento foram ouvidos,
Agora o povo seria salvo pela vara e mão de Moisés,
Através dos quais, Deus operaria seus milagres,
Com seu irmão a cuidar das palavras
E Moisés dos sinais.
O povo oprimido ao saber que o próprio Deus vinha ao seu
auxílio,
Curvou-se em adoração,
Mas não foi capaz de se posicionar contra o império,
Descrentes quanto ao poder dos seus corações.
Já o monarca impiedoso, se negou a vontade do Divino,
E através do açoite e o fio da espada, manteve os
trabalhos forçados,
Mas Deus recordou da aliança com a raça humana,
E com braço forte mandou resgatar a esperança em suas
almas,
Com poderosos atos do juízo final,
O exército do Senhor marcharia para a vitória final,
Assim se fez e perante a majestade,
Ocorreu o primeiro milagre,
Quando a vara de Moisés virou uma serpente,
E engoliu as serpentes deles,
Sendo o gesto insuficiente
Para penetrar a dureza do coração reinante,
Em um ato clamante pela dor do semelhante,
Toda água do lugar virou sangue,
Como a dor que se esvaia na lágrima
E no suor da face da pessoa humana escravizada,
Na primeira praga, por sete dias o sangue tomou a terra,
Visando amolecer os corações de pedra,
Incrédulo, o rei se fechou em seu palácio,
Então vieram as rãs e tomaram, por um dia, todo o solo,
Por terceiro ato, todo o pó virou piolho,
E atacou todos os seres com vida,
Desde o animal até o mais sofrido escravo,
Em quarta praga, por um dia as moscas tomaram a terra do
Egito,
A partir de então, o Divino fez distinção e poupou o povo
israelita,
A quinta praga desfaleceu todo o rebanho,
As sexta praga, fez as chagas da alma
Ficarem aparentes,
Ao apodrecer em feridas toda e qualquer pele,
Moisés espalhou pelo ar,
Um punhado de cinzas da fornalha,
A qual caiu feito um pó fino sobre a terra,
Como se a própria pele humana estivesse sendo queimada,
Mas nem isso acalorou o coração do monarca,
Deus piedoso por suas vidas,
Preferindo salvar através da fé,
Fez raios, trovões e granizo cortarem o azul celeste,
Desfalecendo tudo que estivesse a deriva,
Sobrou apenas a comida e as árvores quebradas,
As quais foram consumidas pela oitava praga,
Que com gafanhotos cobriu toda a face da terra,
Até que o solo ficasse oculto aos olhos,
Do sopro do Senhor os gafanhotos surgiram,
E através do seu sopro partiram,
Veio então a nona praga,
E as trevas tornaram-se palpáveis na terra,
Por três dias só se ouvia o palpitar do coração
Da raça humana perdida na escuridão,
Para que unissem seus batimentos,
E respeitassem uns aos outros como seres humanos,
A décima praga levou todos os filhos primogênitos,
Dos animais, do monarca e dos escravos,
Neste dia comemorou-se a Páscoa do Senhor,
O dia em que a raça humana conheceu o poder do Salvador,
Apenas sobraram os que sangraram a dor do próximo,
E acreditaram no amor do Divino e dos seres humanos.