O álbum da garota se espalhou,
Todos quiseram ver,
Houve quem quis pagar
E todos quiseram ter.
As fotos ficaram perfeitas,
Ela decidiu por minissaia,
E fazer a pose de garota madura,
Só que estudante,
Pois manteve os livros nas mãos.
A turma foi obrigada a admitir,
Ela tira notas boas,
Comparece em sala,
Participa e demonstra
Entendimento da matéria.
Ela subiu em uma árvore gigante,
De folhas diferentes,
Na beira do rio,
Cheinho de peixes,
Trouxe tudo pra aula de ciências.
Mata ciliar,
Recuperação de margem,
Árvore frutífera,
Espécie de árvore, de folhas,
E forma das flores e frutos...
Realmente, digno de matéria.
O professor de educação física
Aprovou com maestria,
Falou da natação,
Importância do esporte
Para o corpo e alma.
Necessidade de incorporar
O esporte no rol de esportes
Legais para os alunos,
Ao menos para conhecimento.
A conversa ganhou conteúdo,
E tempo.
Combinaram todos de irem ao rio.
A turma toda.
Alugar um ônibus e ir para turismo.
Chegou logo o dia.
Todos foram com roupas de esportes,
Máquina para tirar fotos,
Caderno para anotações.
E um garoto levou cordas.
Outro teve ideia de amarar ela
Ao tronco da árvore
Que era grosso,
E tortuoso
Indo parar sobre o rio,
Cheio de flores.
Então, amarraram as duas pontas
Da corda lá,
E fizeram um balanço.
Nunca foi mais divertido.
Alguns foram passear de barco,
Cabiam quatro alunos.
Alguns teimaram e foram em mais.
O professor ensinou técnicas
Da natação,
Mergulho, aeróbica, braceado
E outras formas de nadar.
Todos tiraram um tempo
Para se balançar,
Passou o dia como o sol corre
Ao ver uma nuvem.
Voou.
Contudo,
Nem todos sabiam nadar.
O Nardinho não sabia.
Caiu na água,
O barco virou com dez alunos.
O Nardinho foi pro fundo.
Ele mentiu que sabia nadar,
Caso contrário,
O professor impedi-lo-ia
De entrar no barco.
Todos tentavam
Levantar o barco,
Ver se havia furos,
Alguns nadaram até a margem.
Mas o Nardinho afundou.
O professor já dentro do barco,
Olhou o relógio
E sentiu falta de Nardinho,
Cadê Nardinho?
Então, ele gritou
E os mais espertos nadaram
Até o fundo,
Encontraram Nardinho grudado
Num galho,
Havia uma raiz forte lá embaixo,
Nardinho achou e se segurou
No fundo da água.
Para arranca-lo de lá
Foi difícil,
Nardinho parecia não ver,
Estava de olhos fechados,
Não dava pra falar,
E o professor não tinha forças
Para retira-lo.
Ele subiu as margens,
Gritou com Nardinho,
Pediu ajuda aos meninos,
E uma garota e um garoto
Foram rápidos no braceado,
Chegaram lá
Ao lado do professor
E retiraram ele.
Tiveram que quebrar dois de seus dedos,
O rapaz não se soltava.
Não respondia.
Nisto, a corda com a garota estourou.
Na hora dela.
Ela desceu de pressa demais,
Na agitação da hora
Não teve iniciativa de refletir.
Caiu sobre a pedra.
A maldita pedra que todos evitavam.
Com a cabeça direto nela.
Foi só um estouro.
Sangue.
E água pulando em todos.
Não sei sinal de vida.
Nem gritou na água.
Apenas gritou enquanto caia.
O balanço foi amarrado
Bem no alto
Para facilitar o mergulho,
Era o único intuito
Mergulhar através da corda
Para pegar impulso.
Antes dos mergulhos,
Foi investigado o fundo do rio,
Visto pedras e galhos
E retirados todos
Mas os mais grandes
Não puderam ser mexidos.
Ficou uma pedra enorme lá.
Os garotos ergueram muitas
Pedras sobre ela,
E colocaram uma camiseta
Colorida para demarcar.
Ali não podia ir.
Simples.
Contudo,
A corda arrebentou no meio
Do impulso do balanço,
Ela estava sentada,
Nem pretendia mergulhar.
Caiu,
Tentou se agarrar num lado,
Deslizou e foi de encontro.
Nardinho foi para o hospital,
Ela para o cemitério.
Não se formou.
Os alunos comentaram.
É não encerrou o ano letivo.