“Devoção.”
Ele estava de joelhos,
Tinha um desejo muito intenso,
Precisava realiza-lo.
“lhe peço devoção,
Só isso.”
Ele levantou o rosto
Para o alto,
Juntou as mãos
E rezou mais forte.
“Você ouviu.”
Contudo,
A voz era feminina
E desde muito cedo
Ele aprendeu que Deus
Era masculino?!
Ele já não sabia,
A única certeza que tinha
É que tinha urgência
De que seu pedido
Se concretizasse.
“Sim.
Aceito”.
Ele falou no escuro
Do seu próprio quarto,
Sua esposa dormia serena,
Seus filhos não o ouviam,
Estavam em outro quarto,
Provavelmente, dormindo.
Foi simples dizer isto,
E o que ele pedia
Não era nada simplista,
Ele simplesmente
Precisava que este pedido
Se concretizasse
E naquele momento devoção
Era o caminho mais simples.
A voz feminina
Continuou em sua vida,
Para ela
Foi simples ele concretizar
O seu sonho,
No entanto, a devoção
Que prometeu exigiu dele
Pertencer a está pessoa
Que ainda não passava
De uma voz obscura.
Ele lhe cobrou,
Ele se entregou,
Cooperou em tudo
Que pôde,
Nada lhe pareceu pretensioso,
Se curvar até ter prazer
Consigo próprio
E não outra pessoa
Foi fácil,
Falar sobre coisas impensadas
E acreditar que os pensamentos
Eram próprios dele
Foi fácil.
Até que encontrou
A voz com maior facilidade
Ao entregar-se para drogas
De toda espécie:
Bebida, cigarro e outras.
Certa vez,
Acordou e desejou morar sozinho,
Sua esposa e filhos
Deixou de fazer parte
De sua vida,
Entregou-se a outros beijos,
Rostos desconhecidos
E amores vazios.
A moça da voz surgiu,
Lhe ofereceu coisas fáceis,
Descomplicou para que ele
As conseguisse,
E ele nunca duvidou
Que até os sonhos que ele
Sonhava em suas noites,
Faziam apenas parte
Da devoção que lhe prometeu.
Que muito antes de porvir
De sua fala
A devoção já estava
Dentro dele,
Apenas tardou fluir
Ou ser cobrado por esta
Que nunca lhe deu nada gratuito.
Então, ela ficou com fome,
O convidou a fazer pactos
Com o demônio
Percorrer o fogo e sair intacto.
Tanto ele não saiu intacto,
Quanto ela comeu de sua carne
E brincou com seus ossos,
Porquê a devoção provinha dele,
Nunca foi dela ter cuidados
Ou piedade por este que ele era.
Agora seus ossos
Se juntaram aos de outros devotos,
Foram colados em paredes
E estão expostos para enfeite
De seus feitos.
São troféus de tantos
Que está mulher conseguiu
Apenas usando um aparelho,
Algumas vozes,
E os sentimentos de pessoas
Que agora preenchem paredes
E mais paredes de suas mansões.
Ninguém sabe
Quando isto teve início,
Quais são seus nomes,
Ou se cada osso
Realmente pertence ao que está exposto,
Todos deveriam saber
Que isto para ela
Não terá final,
E cada qual que se sentiu especial,
Nunca foi.
Simplesmente trata-se
De fanatismo,
Carne podre
E ossos expostos.
Não há nada de alma,
De sentimentalismo,
É o terror puro,
A dor e a ideia de
“Ate onde um devoto seu
Iria por ela,
O que faria,
A que resistiria”.
Um experimento,
Só isso.
Testes sobre a psique,
Sobre o corpo humano,
E devoção irracional,
O final não é o túmulo,
É a morte doce e lenta.
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