Logo que a tarde caiu na cidade,
Quando o outono de maio
Foi perdendo espaço para o frio de junho,
A dor da minha alma se expressava em lágrimas,
De forma tão angustiante que anuviava dias e noites,
Um sofrimento purificador que subia aos céus para
entregar amor,
E descia a terra através da chuva para gerar vida,
Um pesar solidário que ultrapassava o humano
Para alcançar o universo,
E fazia o tempo chorar a angústia que sangrava em meu
peito,
E feito o milagre que faz a terra receber a água da
chuva,
E a guardar em si para gerar vida,
Vi minhas lágrimas secarem e as marcas se apagarem,
Tão logo entrou pela porta um anjo guardião,
Que no abrigo de seus braços,
Mostrou que minha agonia não foi em vão,
E enquanto o medo e o sofrimento batiam a porta,
E fazia o desespero gritar ao nosso redor,
Faziam do meu mundo algo melhor,
E como um amuleto precioso penetrava meu silêncio,
Para encontrar minha alma,
E buscar as palavras que eu não conseguia falar,
E quando nossos corpos e almas se uniram,
Todo o medo se dissipou,
E o sol então retornou, brilhou, aqueceu e iluminou.