A impressão que tive dele,
Era a de que o brilho no olhar e o sorriso na face
Diziam mais do que ele queria que expressassem,
Havia uma indagação que o denunciava,
Algo que exigia pouco mais de um par de horas,
Eu me tornava infiel a ideia,
Tudo que havia em mim lutava contra isso,
Não saberia expressar de que se tratava,
Mas guardava a certeza em mim de ser contra,
A desfaçatez compreende uma pequena armadilha,
Ele caiu em cheio, tropeçou no que acreditava,
Eu me encontrava na cama, cabeça no travesseiro,
Descoberta de ideias de reação, enrolada em um edredom,
Olhos fechados, sorriso no rosto, pensava nele,
Minha mão estava fechada, desacompanhada do que sentia,
Me esforçava mas não o compreendia,
A chave do quarto girou sem esforço, uma porta foi aberta,
Um rosto se colocou primeiro para dentro,
Seguido de um corpo desnudo e bem definido,
Me pergunto: o que seria de um homem se não tivesse coração?
Não precisei abrir meus olhos para constatar tudo isso;
Sentia seu cheiro embriagando o ar,
Aquela sua fragrância masculina impregnava e eu gostava
dela,
Era desconcertante porque eu queria relaxar,
Pensar em outras coisas e ganhar distância,
Distância de constatar que eu estava seminua,
Que minha calcinha estava prestes/ implorando para ser
removida,
Que o sutiã apertava contra o peito que arfava,
Um suspiro escapava dos meus pulsões num salto do meu
coração,
E o dele permanecia impassível, em pé, ele me fitava;
Parado a alguns metros de distância segura de mim mesma,
Pudesse abrir a janela, puxar as cortinas e permitir a lua
entrar,
Talvez um sussurro do vento levasse as ideias,
E eu pudesse ganhar distância do que sentia,
Como se pudesse levar o cheiro dele, o charme,
Mas que ainda deixasse ele, e me ofertasse a imunidade,
O mais se encaixaria, eu saberia reagir e decidir por mim
mesma,
Ainda de olhos fechados, desejei ir ao banheiro,
O calor reagia contra o uso de roupas, tudo ficava
desnecessário,
Nenhuma palavra foi pronunciada, parecia não haver o que
falar,
Eu sabia que ele ainda me olhava, eu podia sentir seu olhar,
Era a primeira vez que eu juntava forças contra,
Meu primeiro desejo de agir de forma adversa,
Me soava feito um sonho estranho, quase feito um soluço,
Um homem perfeito, eu usaria outra palavra se tivesse
encaixe,
Nenhuma outra tinha; perfeito de um jeito ligeiramente
irritante,
O homem por quem me apaixonei era diferente de tudo que
desejei,
Era de verdade, másculo e irritantemente atraente,
Era daqueles que faz você desejar passar uma noite ao seu
lado,
E acordar todas as manhãs bem arrumada para poder beijá-lo,
Aquele que te faz preocupar-se com quem você é,
E com o que você sonha, que calcinha você prefere,
Em qual parte do seu corpo o beijo dele cai mais bem...
Ele suspira, eu sinto sua voz feito um afago em mim,
Mesmo ele não tendo dito coisa alguma, eu o ouço dizer,
Soa feito um beijo a repousar em meus lábios e percorrer
minha alma,
Desejo que não saia, então, gradeço pela janela fechada
Deste sábado de outubro em noite estrelada,
Abro os olhos sem calma; ele que está lá, se aproxima,
Ele é quem eu amo, eu tinha um começo de ideia sobre isso,
Mas, por mais que o tempo passe eu ainda não pude ser tão
profunda,
Me esforço em decifrar o quanto sinto, mas mais eu sinto e
mais amo,
Volto-me para assuntos banais, pareço estar fugindo disso,
Se a vida é assim tão fugaz, ainda assim não poderia sentir
menos.