sexta-feira, 29 de abril de 2022

Um Suspiro


A voz chegava ao seu ouvido,

Um sussurro apaixonado e terno,

Roçava sua orelha feito um afago,

Com a doçura de um beijo,


Porém, sem tocar, sem chegar perto,

Era um sentir sem o apego,

O sentimento que flui sem achego,

Um suspiro vinha tão perto,


Que parecia penetrar a pele,

Apenas um estremecer percorria o corpo,

Tão perceptível e nítido,

Que não cabia disfarce,


Tão forte e aconchegante que

Parecia pertencer ao pensamento,

Era como se já estivesse por dentro,

Antes ainda de ter sido pronunciado,


Um afagar que não mede esforço,

Mas sabe esperar o momento exato,

Mexia com cada um dos meus sentidos,

Parecia zombar se eu dissesse: não sinto,


Mas, mesmo que eu quisesse falar algo,

Meus lábios trêmulos ficaram emudecidos,

Embora o corpo desejasse chegar perto,

Algo dentro de mim ainda dizia não,


O suspiro ressoava por dentro tão vivo,

Que já não era apenas um afago,

Era um convite para um talvez,

Fosse para um beijo eu teria virado o rosto,


Mas não, era algo muito mais profundo,

Sorri sem disfarçar o gosto,

O suspiro me buscava e eu gostava disso.


 

quinta-feira, 28 de abril de 2022

Chuva

 

Tentando apagar o calor da pele ou não,

Ele entregou a chuva que caía a sua mão,

Sentindo cada gota com uma espécie de calma,

Sabia que poderia esperar, mas algo incomodava,


Sentir a chuva molhar enquanto afaga,

Não se assemelhava ás lágrimas mas outra coisa,

Algo escondido dentro que queria aflorar,

Não poderia dizer que fugia das lembranças,


Mas, sentia que aos poucos elas se apagavam,

Fechou a mão em concha até vê-la escorrer,

Sentir a água transbordar incapaz de ser contida,

Assim, são os sentimentos e ele sabia,


Se não podem ser entregues fogem de si mesmos,

E de quem jurou amar por uma vida,

A chuva parecia cantar uma canção não correspondida,

Estava calma e passiva, contrária ao que ele sentia,


Um suspiro soou baixo e desafinado,

Um nome ficou preso por entre os seus lábios,

Ele chegou mais perto até molhar o rosto,

Sentou-se por sobre a grama e decidiu molhar-se,


Sentiu o lábio inferior ficar inflamado,

Queria beijá-la e sentir tudo aquilo de novo,

Mas, ao mesmo tempo não tinha certeza,

Havia uma marca sobre o seu queixo,


Não, não pense isso: não era marca de beijo,

Era uma outra coisa, da qual ele não queria falar,

O coração se acelerava junto ao peito,

Mas a chuva permanecia do mesmo jeito,


Fosse como fosse, ela queria contrariá-lo,

Não poderia definir de outra forma,

Mas, sobre o seu rosto apenas ela e mais nada,

Nem uma lágrima enquanto no peito,


Apenas aquele sentimento,

Deus sabe que a chuva não penetra a pele,

Ou penetra? Será que ela poderia encontra-lo,

E lá dentro apagar tudo o que ele sentia,


Ou quem sabe fazer o sentimento transbordar a superfície,

Até e apenas até o ponto em que ele o entendesse,

Se sentimentos são capazes de transbordar,

Por que deveriam usar apenas a face?


Não poderia emergir em outra forma,

Uma carícia ou algum outro jeito?

O suspiro permaneceu preso em sua boca,

Estava estagnado por entre os lábios macios,


Não parece natural amar tanto,

E ainda assim não desejar se aproximar,

Olhou para a chuva, elevou os olhos,

E os pingos dela os molharam, sentiu dor,


Fechou-os depressa,

Existem coisas que não se pode lutar contra,

A chuva brincava por entre os seus dedos,

Escorria e se esvaia por sobre a grama molhada,


A roupa embebida em água,

Cedia alguns botões na blusa e o expunha,

Nada além disso, uma chuva que caía,

E seus pensamentos perturbados,


Se chuvas leem mentes, é difícil acreditar,

Se poderia esquecer, ainda não sabia ao certo.


sexta-feira, 22 de abril de 2022

Lembranças

 

Não sustentava nada que não fossem as promessas,

As promessas não impedem que a solidão nos tome,

E nem que as lembranças façam o amor presente,

Pois o amor é maior e faz os céus tocar a terra,


Na flor que renasce rumo ao alvorecer,

Ou na chuva que cai até sentir-se perder em algum lugar,

Ela contempla no amanhecer o olhar azul celeste,

O sol começa a tocar-lhe com seus primeiros raios,


Feito uma luz de esperança que lhe fala algo,

Algo de que não se foge mas nem por isso,

Procura-se estar mais perto, apenas sente por dentro,

Lindos raios que erram as árvores como se a divagar,


Talvez, também esteja a procurar, quem é que pode dizer,

Avistou através da escuridão que sorrateira se afasta

Um pássaro, ele voa alheio a todo o seu entorno,

Ela sente-se insegura e tremula à brisa fresca,


Conclui que pensar nele só poderia piorar as coisas,

Mas nem por isso, consegue controlar tudo que sente,

E o quanto deseja senti-lo outra vez agarrado a ela,

O pássaro voa com toda a sua graça,


De repente despenca lá do alto e toca a margem do rio,

Depois levita com a mesma segurança de instantes,

Só que agora ele tem na boca um peixe – sua presa,

Faz-se a manhã da mesma forma que vai-se embora a noite,


Sem novidades, indistinta, o sol parece sorrir para a manhã,

Seus rios derramam-se até tocar seus pés,

Embora, tudo ao redor seja belo ela escolhe as lembranças,

Se agarra a cada uma delas como se nada mais importasse,


O calor do céu a invade e o gosto dele lhe vem a boca por herança,

Nenhum outro beijo seria sentido com a mesma graça,

Mesmo que todo o tempo passasse,

Tempo algum seria tempo o bastante para fazê-la esquecer,


Sentiu o sol como quem sente um abraço apertado,

Fecha os olhos como não fez durante a noite,

Com uma calma de quem busca algo distante,

Avistou, através das pálpebras fechadas,


Um beijo que repousa sobre a sua boca sedenta,

Ela aprecia-o, enquanto o sol a toca sorrateiro,

Um lamuriar sai de seus lábios desatento,

Uma frase move-se sobre a sua língua,


Se ela fala tão alto o que diz a si mesma, não sabe-se,

Vagarosamente, ela sente como se pudesse ouvi-lo,

O sol vem com ousadia e a toca ainda mais forte,

Algo nela estremece e chama um nome em tom baixo,


Não é como se seu amor estivesse indeciso,

Apenas teme não ser ouvido,

Que amor é este que enfrenta o tempo

E não deixa de buscar


Mesmo as custas daquela que ama?

Por que o sol insiste em nascer sempre tão devagar?

Por mais que tente o mundo não supre a sua falta,

A jovem que cada vez mais se certifica sobre seu amor,


Abre os olhos com uma observação concreta:

Passe o tempo, os sonhos ou o que for, o amor não se vai,

Não importa como se reaja ele chega e fica.


quarta-feira, 20 de abril de 2022

Uma Flor

 

Soprou a flor com toda a força,

Algumas pétalas caíram a frente,

Outras ficaram ali estagnadas,

Como se a fúria do ar não significasse,


Mas, o que ela sentia não poderia ser definido,

Não tão facilmente com qualquer palavra,

Fúria, por mais que fizesse sentido,

Ainda não era o bastante, ainda não definia,


Pensou em jogar a rosa fora,

Como queria jogar as lembranças do beijo,

Mas beijos não são tão facilmente esquecidos,

Então, soltou a rosa no chão e a deixou,


Quem sabe, com alguns passos adiante esqueceria,

Como se o tempo pudesse apagar de alguma forma,

Em que mais se apegaria se não no tempo?

Em uma oração silenciosa ao firmamento?


Como poderia fazer dessa forma

Se de olhos abertos ou fechados só queria repetir o beijo?

Sentir o gosto entre os seus lábios trêmulos,

Ver o sorriso no rosto que a fez apaixonar-se,


Pudesse fazer um pedido mesmo que silencioso,

Com certeza seria tê-lo de novo,

Fazer com que aquela rosa nunca murchasse,

Que tudo pudesse dar um passo para trás,


Um único momento em que pudesse abraça-lo outra vez,

Ela olhou para o céu calmo e azul do horizonte,

Ele parecia inerte a tudo que se passava dentro dela,

Tentou esquecer toda a história,


Pensar em algo que não a fizesse sonhar com a lua,

Ou esperar uma estrela cadente se desvencilhar por ousadia,

Mas, mesmo todo o seu esforço só terminava por piorar as coisas,

Cada sopro de vento contra o seu rosto,


Cada toque suave e frio sobre os seus cabelos,

Tudo a fazia recordar do beijo apaixonado,

Em que ela amou e sentiu-se única por um segundo,

Ou mais tempo, não saberia precisar,


O tempo é curto demais quando se está beijando,

Este beijo não era nenhum tipo perfeito,

Mas, então porque insistia em lembrar tanto?

Com um virar de cabeça e estreitar de olhos


Viu a rosa no chão ainda inerte a todo o seu redor,

Tirou o cabelo do rosto e tornou a olhar para a frente,

Será que depois de um beijo apaixonado

Aquele a quem se ama consegue ouvir mesmo ao longe?


E de repente um cheiro de outono,

Uma mistura de frutas, flores e árvores verdes,

Ela só teve tempo de suspirar por uma única vez,

Antes que aquele calor chegasse e quase a tocasse,


Irresistível e esperado, um sorriso se fez,

E um abraço a contornou por trás sorrateiro,

Então ela soube: o amor ouve e vem ao encontro.


quarta-feira, 13 de abril de 2022

Por Pouco, Muito Pouco


 

Por pouco a esqueço,

Por segundos de lembranças eu a renego,

Não fosse aquele pássaro revoar ao meu lado,

Aquela flor desabrochando no caminho,


Ou o casal de namorados ao longe

Fazendo promessas de algo sobre o destino,

Acelero o carro, sigo com lágrimas nos olhos,

Nunca pensei que demoraria tanto para assumir,


Para afirmar para mim mesmo que amo,

Também, não cogitei retornar a um caminho abandonado,

Um que a tempos eu não pensei fazer o retorno,

Mas, o beijo, o carinho, a voz ao ouvido, o sorriso,


Tudo que vejo me chama de volta a ela,

Por onde passo eu recordo,

Mesmo quando beijo outra boca ou desejo outra,

Ainda assim, lá no fundo de mim, algo a busca,


A cada acordar do sol me pego sozinho,

Mesmo se tenho ao meu lado outra companhia,

Me vejo não sentir nada,

Dou qualquer desculpa e penso em outra coisa,


Mas, no fundo de mim ela ainda está lá,

Da mesma forma que a deixei a tempos atrás,

Quando chego em frente a sua casa,

Sinto que ela me espera,


É noite e a luz está acesa,

Me encaminho até o portão e a busco através da janela,

Mas, ela não passa, deve estar fazendo outra coisa,

Depois de tanto tempo não seria ali que me esperaria,


Bato palmas, toco a campainha,

Toco uma vez e aguardo, então toco outra e nada,

Ela não vem a porta e nem dá resposta,

Então, toco de novo, reafirmo meu amor e não desisto,


Olho para os meus dedos frios do outono gélido,

A neblina já está cobrindo o lugar e ela não veio,

Estremeço, penso que poderia ter trazido flores,

Ou que poderia ter ligado antes,


Quem sabe enviado um bilhete de aviso,

Ou um alguém para recordá-la de nós dois,

Tanto tempo se passou e ela pode ter me esquecido,

Os dias passam e com eles vão-se as lembranças,


Então, um vulto me faz para de pensar,

Meu coração acelera e depois para de bater,

Quase sufoco, e alguém vem em direção a porta,

Não consigo reconhecer,


Me esforço mais um pouco e vejo que é um homem,

Recordo de que ela reside ali sozinha,

Então, estremeço e não contenho a dor,

Ante o agudo no peito choro ali parado,


Dou um passo para trás,

Me escondo na neblina, ali estou seguro,

Penso em atraí-lo e ver quem é,

Tenho curiosidade ou quem sabe ciúme,


Mas me contenho,

Ele sai entremeio a porta, o vejo,

Ele não me vê e retorna a ela,

Eu fico um pouco parado,


Depois entro no carro,

Acendo um cigarro, tragueio e jogo o que sobra fora,

Antes do amanhecer, um pouco antes da neblina partir

Eu decido ir embora,


Ela não me vê por um único segundo,

Mas em meados da madrugada eu consigo vê-la,

Instante em que me arrependo muito de ter demorado,

Choro descompassivamente por tê-la deixado,


Mas vou embora, sei que sobrevivo

E tenho certeza de que ela ficará bem.

terça-feira, 12 de abril de 2022

A Porta Trancada

 

Havia algo as quatro da tarde,

Algo pelo qual não dormiu a noite,

Olhou o relógio neste dia mil vezes,

Agora faltavam apenas poucos instantes,


Se é que minutos podem ser assim definidos.

Ao todo: quinze minutos nada menos,

E jurou a si mesma que conseguiria,

Há sempre um lugar onde a saudade ocupa,


Queira Deus que a saudade dele a pertencesse,

Ou que ao menos quisesse ceder passagem,

Um instante ao seu lado já seria o bastante,

Será que quando se ama momentos são suficientes?


Para lembrar sim, mas para permanecer?!

Fosse como fosse ela gostaria de saber;

Um ruído seguiu-se na rua em frente a casa,

Um motor se desligava lento e desavisado,


Soubesse ele o quanto ela o queria perto,

Talvez tivesse feito mais esforço, ou o tenha feito,

E ela desatenta não soube precisar,

Com as mãos tremulas e suando frio,


Como é que se pode pensar com clareza?

Tocou a porta antes de ser tocada a campainha,

Era ele, ela reconhecia o cheiro e a forma de chegar,

A porta estava destina a perturbá-la,


Decidiu por emperrar, fizesse o esforço que fizesse: não abria,

Puxou o trinco, bateu de leve sobre ela três vezes,

Empertigou-se, e recostou o corpo com força,

Quase aos prantos com o olhar cegado de lágrimas,


Deixou-se escorregar o corpo, desolada,

Mas, então deteve-se: ela poderia falar, então, falaria,

Saberia que era ele e o pediria ajuda,

Tão simples quanto qualquer outra coisa,


Mas a voz dele não era ouvida, e o tempo passava,

Nem ouvia a campainha ou batidas na porta,

Nada, absolutamente nada,

Será que ele teria errado a casa,


Ou evitasse Deus desistido da ideia de vê-la?

Nem ao menos um último olhar,

Um jogar-se em seus braços desesperada,

Sobre um último beijo ela já dispensava,


Mas um último olhar, como poderia desistir de tudo que mais esperava?

Dois minutos do horário se deram por vencidos

E percorreram sem que ela desejasse o relógio,

A cinco ela tentava abrir a porta sem êxito algum,


Implorava por ouvi-lo, sentir seu cheiro ou qualquer coisa,

A coisa toda não soava estranho,

Pois havia um cheiro diferente no ar,

Alguém parecia estar a espera mas estava mudado,


Chegava a ver um semblante frio do outro lado,

Quase sentia uma voz sóbria e desafiadora lhe dizendo não,

Três minutos escorregaram e ela ali estagnada,

Grudada na porta como se ambas fossem a mesma coisa,


Alguém batia a porta de um carro,

Acho que a fechava, talvez logo houvesse uma partida,

Não seria a porta da casa dela, pois esta não se abria ou cedia,

Como ela havia ansiado por este dia,


Como contou com a sorte hora após hora,

Quando a voz dele lhe ressoava ao ouvido pela saudade,

Ela sabia que tudo que mais queria era ele,

Soando como se estivesse ao seu lado,


Chegou a acreditar que havia amor entre ambos,

Voltou-se, desgrudou da porta sem saber como,

Ficou de frente, esforçou-se e nada,

Havia um lugar, uma pessoa e um carro,


Fora isso, havia muito sentimento envolvido,

Era a segunda vez que iriam se ver, nada além disso,

De quantas vezes se precisa para que o amor se dê por vencido

E deseje adentrar em um coração aflito?


E se for em dois corações de uma única vez

É necessário percorrer tempo em dobro?

O carro estava parado mas que diferença fazia isso?

Não, ele não se movia, devia estar lá dentro pensando,


Ou quem sabe, desistindo...

Às vezes, os homens são assim fogem sem razão,

Você vive uma paixão, ardente e febril,

Mas, vem o sol do outro dia e o calor se torna vão,

Quando o beijou, o imaginou ao menos pelo mês de abril...

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Caminho Em Busca De Quem Amo

 

Claro, se tudo se encaminhasse bem,

E no dia seguinte, logo ao amanhecer,

O sol decidisse por conta própria brilhar,

E que as nuvens, estas nem outra coisa,


Não fizessem nada que pudesse impedir...

Saí do quarto, tranquei a porta atrás de mim,

Não precisei olhar para ela,

Apenas a puxei sem ruído e a fechei assim,


Certo foi que ao final saiu um estalo,

Deixei a chave aonde estava,

Não me pertencia esconder nada,

Ao contrário, não queria mais que falar,


Desci as escadas de uma a uma,

Não me sentia apressada,

Nem estava tão desatenta,

O vaso com a flor estava fora do lugar,


Ela cheirava a rosas mas era outra coisa,

Há um sentimento que nunca se cala,

Este é mais forte que tudo de que se acredita,

Talvez, se chame amor,


O que sei é que o que vivemos não será abalado,

Quando os sinos baladam os vazios em meu peito,

Sim, não afirmo nunca que sou perfeita,

Até mesmo aí, este amor eleva a voz,


E eu o ouço, mesmo que permaneça em silêncio,

Ainda assim posso ouvi-lo,

Com o decurso do tempo, da distância e todo o resto,

O ouço, e o sinto, confesso;


Se houvesse algo que me impedisse,

Poderia jurar que agora derreteria,

E por mais esforço que fizesse,

Em nada me abalaria,


Este algo que sinto dá fim as guerras,

Aquelas internas que se sente e as vezes, se silencia,

Da minha boca, à minha voz até a alma,

Ele põe fim a toda evidência em falso criada,


Quebra o arco e despedaça a lança,

Do que me põe em dúvida,

Depois deste instante de reflexão,

Não sobrou nada,


É certo que a lembrança de tudo que vivemos me chama,

E eu não tenho um motivo para resistir a ela,

Doce amor, que destrói os escudos com o fogo,

Se ergui minha armadura me despi dela a muito tempo,


Antes ainda que chegasse a me tocar,

Pouco depois de cruzar com o seu olhar...

Paro agora e respiro, não estou a lutar,

Do que sinto, não me nego a nada,


Chega de impor distância que nunca chegou a te apagar,

Se vivemos, sei que sim, que o amo,

Admito enfim e não quero mais calar,

Saibam que eu o amo,


Confesso que arfei o peito para gritar,

Mas, ali onde eu estava ninguém ouviria,

Se é que um amor é capaz de passar despercebido,

Espalharei o que sinto entre as nações até toda a terra,


Se eu o amo e tenho certeza quanto a isso,

Não irei mais negar por nenhum segundo que for,

O Senhor dos exércitos caminha comigo,

Ele conhece tudo que sinto


E agora, deseja que todos o saibam,

O abraço de quem eu amo e nenhum outro lugar

É minha herança segura,

É no seu abraço que me erguerei,

E direi que o amo como evitei até esta hora...

Sem outra pausa me guio e o vejo a minha espera.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...