Aline, por acaso e sem saber,
Como faz a vela sem saber que se fere,
Ou encerra-se;
Ela foi a vela, não o alguém,
Como mais tarde virá à tona,
O que não é segredo para ninguém,
Algumas palavras por mais inúteis,
Se prestam a versatilidade do instante,
De resto, nunca conseguira amar ninguém,
Tal como a rosa da roseira vermelha,
Ela por si só apenas existe,
Quem a contempla é que vê o que não há,
Sem amor algum feito um pássaro,
Que ressoa ao vento a cantar ou quieto,
Apenas deixa-se levar por onde queira,
Havia muito que o amor bateu a porta,
Ela nem ao menos abriu para ver quem era,
Se pede licença parece que chora,
Se vem sem pedir beira ao incomodo,
Quando alguém um dia lhe perguntou:
Como você pode ser tão imune?
-Esqueci-me-, disse ela sem pestanejar,
Palavras em demasia são insuficientes,
E se não forem tantas, quem é que sabe...
Seu coração estava vago para alguém,
A roseira que dançava ao vento lhe dizia isso,
Mas, ela mesma não amava a ninguém,
E olha que rosas sentem;
Ver suas pétalas abrirem-se
Lhe enchia o coração e isso era o bastante,
A roseira a ressoar ao sol produz uma ternura,
Só quem a vê como ela é, é que entende;
Dos céus parecem virem juízos,
A terra treme e empalidece,
Ela resiste a tudo com braço forte,
Ninguém duvidaria de que já foi ferida,
As águas puderam ver e como a viram,
Se contorceram em sua dor e mudaram o rumo,
Até os abismos estremeceram,
Jogaram-se sobre as águas em espécie de choro,
Agora, terra, água, flores e pássaros...
Todos se encontram.
As nuvens despejam nos céus seus trovões,
Feito palavrões que não são silenciados,
Os raios do sol subsistem e se jogam de lá,
Alcançam-na e a todos, de todas as direções,
Coisa estranha ver sol e chuva juntos,
No redemoinho do vento na terra,
O trovão parece descer e ver como está,
Relâmpagos se misturam a vela acesa em sua mão,
Ao sol que ainda conta com alguns raios,
Nem sol ou vela são capazes de feri-la,
Mesmo quando a cera derrete sobre ela,
Parece que tudo treme e se sacode,
As pétalas da rosa ainda não aberta por completa
Caem e outras vão embora para longe,
Incline-se e ouça o que tenho a dizer,
Ela sente que o seu redor fala,
Águas poderosas percorrem abismos caídos,
Não chegam até ela, mas ainda assim apagam pegadas,
Inclusive algumas estranhas que ela pensou ver,
Assim, que tomou a vela em sua mão direita,
Foi apenas este o motivo de tê-la acendido.