segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Olá, Josinei


 

-Josinei, eu te amo.

São duas da manhã,

Meu coração chama por nós,

Bem isso não é notícia.


Fecho os olhos,

Talvez, você acredite que eu tenha dormido,

Mas lhe pareceria que eu acordo,

Recordo nós dois juntos,


Tem como nos ver em separados?

Sim, o amo, eu o amo e você sabe disso.

-Ah, não me fala de amor mulher...

Parece que ouço você dizer,


Chamo seu nome outra e outra vez,

Meu coração parece te ver,

Não deve ser engano o amo tanto,

Não mereço este nosso distanciamento...


Bem, nem você,

Por dentro de mim há algo novo,

Algo infinito e abundante,

Meu coração transborda em sentimento,


Te amo muito mais que antes,

E se antes não te disse,

Bem, saibas, sim o amei desde o primeiro instante...

- E você o que fez dele?


Do homem que amei desde a primeira vez,

Você alega que agora parece que ele não existe,

Isso se deve ao fato de estarmos distantes?

Por que, bem, não me decidi quanto a que ser,


- O que afirmo é amo você.

Me fala, você: quem é este homem?

Este que amo tanto mesmo sem você perceber,

Você viu que eu te amava em cada ponto?


Os seus amigos, eu acredito que percebiam,

Eles te falaram sobre isso?

Meu coração fez da sua saliva um império,

Ela escorre por dentro de mim e sinto sua falta,


Então, por vezes choro,

Como faria de outra forma,

Sinto o meu interior se esvair de você

E não fazer outra coisa além de me percorrer,


O sinto em meu corpo outra vez,

Não falo nada, mas vejo você,

Então, você retorna para mim de novo,

É como se nunca estivesse estado em outro lugar,


-O mundo é triste sem você.

Meu coração deseja fazer uma coisa, Josinei...

- O quê?

Ter você mais perto, ao meu lado,


Junto comigo,

Estou errada em te amar tanto,

Acredite eu sofro de esquecimento,

Chego ao fim e ao início,


E sempre encontro você de novo,

Talvez, você não tenha me visto,

Mas eu persegui seu cheiro,

-Eu estava errada nisto?


Este homem perfeito que amo existe,

Não se esqueça de quem você foi e é,

-Josinei, amo você!

“Por seu desprezo ou respeito?!”


Levanto a taça com o vinho forte,

Parece o seu corpo, sua pele,

Sorvo cada gota, cada detalhe,

Lembro você tão quente derramando-se...


Já são quatro horas da manhã e eu não me importo,

Levanto e vou até a porta:

-Vou, hoje, sair com seu amigo,

Espero que não se importe!


Tranco a porta atrás de mim,

É como se eu o deixasse lá dentro,

Embora saiba que o levo comigo.

“Por seu desprezo ou respeito?”


Mereço a ambos!

Onde o espírito julga vagar,

Não é interessante que permaneça vazio,

Prefiro encher de algo,


Me inundar até encontra-lo,

Espero que nisso eu não me afogue,

Deus me livre fazê-lo sofrer,

Caminho por entre as sombras,


Antes você gostava disso,

Espero que recorde quando souber...

Nessa imundície em que piso,

Eu sinto o esplendor,


Sujo o calçado na grama molhada de névoa e poeira,

Me sinto um “monte” andando as cegas,

Ah, ao passado,

Olho para trás e vejo a janela aberta,


Esta porém, era preocupação de outrora.

-Josinei, olá.

Digo ao abrir a porta do carro,

Seu amigo nem se espanta!

Ele sorri, embora eu não saiba se gosta disso.

sábado, 15 de outubro de 2022

Tem um Nome? Sim, e Eu Sabia!

 

Ao mesmo tempo,

Isso ensina:

Olhar nos olhos e reconhecer,

Saber ouvir o que é falado,


Deixar por um instante,

O coração ao lado...

Sim, porque o que é dito é importante,

Porque o que a gente sente seria mais forte?


Amar é bom e é bonito,

Mas, amar-se e se valorizar é o bastante,

Luta-se, luta-se tanto por aquele,

E esquece-se...


Se tiver que lutar talvez obrigue a muito...

Não, me desculpe,

Desta vez não luto por você,

Eu o amo ou não,


Já não é mais o bastante,

Ouvi cada palavra,

Coloquei tudo sob medida ou não,

Não importa tanto e o quanto,


Você não quis ficar,

Bem, eu soube e soube bem,

Você nem ao menos quis se aproximar,

Entendo e é inútil...


Põe nisso tudo que vivemos,

Há pouco dissemos,

Algumas histórias passam pelo esgoto,

Isso não significa que precise passar pela bunda...


Bem, coloco-lhe aqui um: foda-se!

Não, não estou gritando nem ao menos brigando,

Como lhe disse jogue ao inútil,

O esgoto neste instante é bem-vindo,


De gota a gota acha que eu coleciono lágrimas?

Os grandes amores públicos,

Bem eles tendem a não durar muito,

E os secretos?


Nem chegam a existir,

Há uma carnificina lá fora,

Distante de tudo que vivemos agora,

Esta dilacerou cada parte que você tocou,


Não lhe pertenço,

Agora ou antes,

Não lhe pertenço.

No subterrâneo da civilização,


Foi onde você me deixou,

Ainda lembro a emoção,

Sabe, nunca olhei você ir embora,

Nem seu rosto recordo,


Se eu passar por você é proporção de que

Nem o conheço,

Mas há ainda um algo que me impele,

Os olhos, o seu olhar para a direita,


Eu sempre cuidei dele,

Cada vez que focava no espelho,

Eu a via.

Não se engane,


Ela vive lá ainda.

É a mesma de antes,

Tem um nome?

Sim, e eu sabia!


sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Seu Beijo

 

Os lábios calcularam o beijo,

Trêmulos e inseguros quanto ao gosto,

Pelo percurso do rio,

Sedentos de cada gota de seus ânimos,


Notem isto:

Com este abraço que ofereço,

Pagaria parte da distância,

Me refiro ao distanciamento,


O seu, este que está em seus olhos,

A habilidade dos meus carinhos é tanta,

Que canso de não lhe fazer nada,

Não oferecer abrigo,


Não dar um desfecho ao que sinto,

É a própria substância do corpo que vem a boca,

Diria até que vem um gostinho da alma,

Quando o beijo deixo de ser quem era,


Parte de mim se transmite em anseios e entrega,

Aqui, gota a gota,

Ofereci minha boca com um dedo,

Pressionei o lábio inferior até comprimi-lo,


Deixei os dentes a mostra, a gengiva roseada...

Quase coloquei para fora a língua,

Preferi-a guardada,

Queria-o demais, doce o beijo,


Mais doce aquele de quem o desejo,

Ali, em ondas minhas palavras percorrem,

Sinto que os acariciam,

Em cada frase,


Em cada beijo que sugo de sua boca,

Pelo miserável do seu abraço,

Sou capaz de mover o mundo,

Por ter cada um dos seus olhares... faria muito,


Mais que fiz, como o tento,

Não diria que alcancei o objetivo,

Sempre o desejo mais a cada segundo,

Cada golfada de gostos seus,


Me provocam mil oceanos,

É um mundo de troca do que vivemos,

E este mundo custa-me nada,

Dou por ele tudo que tenho,


Lhe disse, pelo miserável do seu amor,

Já faria tudo que faço,

O que produz em mim dois resultados:

O que me conduz ao seu destino,


E o que me faz permanecer ao seu lado,

A terra, morada da vida, vê-se empobrecida,

A água fonte da satisfação sente-se contaminada,

A fome de você sai de cada um dos meus sulcos,


A necessidade assemelha-se a uma doença enevoada de um rio,

Tudo perde-se no que digo,

Muito permanece do que faço,

Estendo o polegar até sua boca,


Abro seu lábio e o procuro:

Meus lábios estão abertos,

Os seus a abrirem-se ainda.

Este beijo que desejo com mais intensidade,


Só me faz bem,

Quem dos céus não lhe obedece?

Lhe agradar se assemelha a favores,

Vê-lo bem faz-se ser mais forte,


Olho-te e digo: sou o mais feliz dos homens,

Agradeço a você pelo que sinto,

Me faz bem lhe conceder estes favores que favorecem-me.


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Aquela Com Que Sonho

Sua beleza maior a cada olhar,

Dava ênfase a sua altivez,

Resplandecia a cada beijo que eu sonhava,

Me sentia menos cansado, não menos ferido,


O amanhecer que faz despertar,

As vezes, assemelhasse a uma cortina rasgada,

Leva o sonho para mais distante,

Dá luz ao olhar de quem preferia as escuras,


Vê-se única vez num dia,

Deseja-se atrasar o tempo,

Ou fazer com que passe depressa,

Evita-se a desilusão de saber que foi ilusão,


Sabe-se a cortina rasgada não serve para nada,

Que há do sonho que sobressaltou o coração,

E no mesmo ímpeto foi para longe?

O apaixonado, abre os olhos e sorri,


Sabe de tudo que se passou,

Imagina que viveu cada instante –feliz o infeliz,

Mal abre os olhos e está a par de tudo,

Mentira, sonho falseado,


Talvez, distante demais para ser realizado,

As ideias vem com lucidez brusca,

Parece até algo programado,

Feito o dia que sempre recorda de despertar,


E busca ele sempre este mesmo horário,

Eu mesmo cuidei este acaso,

Fiz de tudo para manter os olhos fechados,

Bem, mas a cortina rasgada não tem me ajudado,


Os sonhos, espécie de embriaguez que cega,

Quer-se manter-se nele e não noutro lugar,

Espécie de vapor que ilude o cérebro,

Não tem o impacto dela,


Mas, chega a me produzir ânimo,

O vapor dissipa-se em plena luz do dia,

Tudo se esvai,

Sinto que nunca a tive,


Certo de não tê-la,

No mais, sofre a alma os seus arranhões,

Feito a cortina que se dissipa,

Já não serve mais para nada,


Os beijos que não a quiseram,

Bem, o cuidado que não tive com ela,

Se sofrer faz parte do sonho que me conduz,

É mesmo preferível a luz do dia,


Parte dos meus sonhos não me faz bem...

Mas duvido muito que um dia deixe de tê-la,

Lá, junto comigo.

Será que é possível extrair alguém de um sonho?


Pensamento não é intuito? É?

Se assemelha mais a um ato não religioso,

O querer criar alguém de dentro de você,

E que este lhe pertença?


Sabe-se que mantendo-o por dentro,

Há de pertencer... há mesmo!

Uma pessoa exemplar,

Um alguém para lhe fazer e ser feita feliz,


Mais valiosa que a luz da lua,

Esta que possui os olhos de rubis.

Mas, esta com que sonho...

Bem, esta está em mim a tanto tempo!


Como hei de tirá-la,

Sabendo que está em mim há tanto!


 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Saudade do Seu Beijo

Existem pessoas que observam as leis de honra,

Da mesma forma que veem um céu azul e límpido,

De longe, a imaginar que se modificará,

É como se acreditassem ter vontade própria,


Como se por uma mera nuvem tudo se dissipasse,

Talvez estejam a se indagar porque a cor muda,

Ou por que nunca é comum em todo lugar,

Dizem que o olhar que olha para o céu de hoje,


Nunca torna a repetir-se,

Há quem se apegue de tal modo ao fato,

Que apresenta até mesmo teorias quanto,

Bem, o que posso dizer é que a cada passo,


Sinto também que não é o mesmo...

O meu interior, este contudo,

Não estava por inteiro ou digamos: nada bem!

Não digo que estava apagada,


Apenas que não teria condições de fazer luz,

Aquele brilho de onde brilha a esperança...

Bem, este estaria mais distante que o céu do poente...

Sim, ainda é início da manhã,


Você imaginaria que o sol poderia não brilhar,

Eu o saberia de antemão,

Insuflem-se os sopros dos deveres,

Algo há de me conduzir que não seja a alegria,


Gostaria de combater isso que sinto com um beijo,

Ah, como gostaria!

Há um ideal logo a frente,

Este realmente está diferente,


Imagino que o busco por seu beijo...

Em minha imaginação enfrento tudo e o consigo,

Mas a razão permanece de fora,

Não se sente tão empolgada,


Um tiro de espingarda me atinge,

Eu quase não o sinto,

Não fosse o espasmo da mão para o alto,

A perda da direção momentânea dos meus pés...


Não fosse o sonho!

Chego a fechar os olhos pensando nele:

No beijo que agora sonho mais intenso,

Por um minuto,


Num único minuto fico de olhos fechados,

Ou nem tanto,

A emoção de sentir mãos vigorosas,

A carícia amena e afetuosa,


Vem com força total contra meu tombo,

O revido, quase desisto de tudo,

Bem, me refiro a eu, a vida e outras coisas,

Nunca do beijo!


Queria o seu amparo,

Como gostaria, mas agora não sonho,

O desmaiar consome o tempo,

Se as horas se esvaem eu perdo o instante,


Não que seja algo mágico ou onipotente,

Mas o beijo, o beijo me enleva e me faz buscar,

Se suas mãos vigorosas estivessem aqui agora,

Poderia contemplar o céu que vejo,


Sentir e perceber o quanto eu penso,

Ainda penso, talvez pense em demasia,

Não, evito o pensamento,

Não queria que estivesse aqui agora,


Me veria sangrar...

Estaria a salvo, como penso em você agora,

Talvez eu não possa te ver mais tarde,

Momentos não se repetem,


Desejos se esvaem como a dor,

A dor não é nada diante da saudade,

Aprisiono-me ao beijo,

Decido não revidar e retorno,


Poderiam dizer que me escondi,

Mas, você sabe, meu bem: lutei por ti!


 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

A Moça


A moça levanta-se logo pela manhã,

Sente-se satisfeita e feliz,

Absorve o cheiro bom que seria de café,

Pois bem, dessa vez não o é,


Vem dele,

Do homem que repousa ao seu lado,

E que por tanto tempo fora esperado,

- o homem que amo,


Ela diz com um sorriso desfeito,

Há marcas de batom por seu rosto,

Mulher nem uma diria que neste aspecto

Ela sorria,


No máximo chamar-se-ia esboço,

Houve nisso,

Um sorriso ingênuo chamando-a,

Nele um sussurro de já está acordada?


Ela o abraça forte e o pede para ficar,

Ele a olha de forma indagadora:

-Então, você me ama?

Mas não ousa perguntar,


Ela junta seu corpo ao dele,

-Sim, o amo.

Mas, prefere ocultar.

Apenas cola seu rosto ao dele como um,


Beija-o sôfrega e intensa por todo o rosto,

Vira-o e chega a sua boca,

Prepara-se para o que vale a sua vida: tê-lo!

Tenta acompanhar tudo que ele pensa,


Deseja ser importante,

Deseja ser amada e correspondida,

Seus ouvidos parecem latejar, porém,

Ela sente medo que tudo se esvaia,


Feito a névoa lá fora,

Que agora se deseja sobre a janela,

Mas dentro em pouco se dissipa

É como se ela fingisse nunca estar.


O telefone interrompe o pensamento,

Ela o ignora, ele não;

Então, ela o pede que atenda,

Ele tremulo o segura e diz: alô,


Então, vira para ela e pede:

- Digo que é quem?

Ela sorri e acaricia o seu pescoço,

-Ora, amor diga seu nome.


Ele se vira e o fala com voz tênue,

Então, volta-se:

-Como me identifico?

Ela sobe a carícia para o rosto,

-Meu amor, não seja rogado,


Diga a este: é o meu amor!

Aquele que tenho para esposo.

Ele sorri diante disso,

E assim, fala, presunçoso.


(Daí para a frente, não há recuo).

domingo, 2 de outubro de 2022

Seu Abraço

O que posso adiantar de antemão,

É que nunca conheci a trágica história

Que vem de paixões enciumadas e sem emoção,

De ter seu coração primeiramente cheio de amor,


Depois arrastado até que toda a paixão se consuma,

Andar de regresso a regar a terra com lágrimas,

Não, adianto, não sou dessas,

Se você busca algo diferente disso,


Encerre nesta linha a leitura.

O rapaz de quem gostava,

Girou a lâmina entre seus dedos bondosos,

Apresentou maestria,


Chegou até meu corpo – me esquivei-,

Ele me puxou pela cintura,

Senti meu corpo colado ao dele,

Neste instante já não sabia se o queria,


Ele puxou-me para trás na distância de centímetros,

Então, passou a lâmina no botão,

Ele não resistiu e saltou longe,

Mas, eu permaneci forte o bastante,


Segura de não querer seus beijos- ainda não,

O botão imóvel e distante,

Eu tremula e sôfrega ousei olhar em seus olhos,

O que vi neles não se assemelhou ao que eu conhecia,


Mas encarei de frente – resistente,

Ele apertou minha cintura com força,

Soltei um gemido incerto,

Nisso dedos hábeis arrancaram o zíper,


Bem, abriram-no esta é a palavra exata,

Um arrepio gelado percorreu minha coluna,

Minha cabeça ficou tonta,

Meu pé caiu num encalço,


O salto riscou – apenas um pouco,

Com isso, meu corpo jogou-se na direção dele,

Eu não gostei nada disso,

Havia um jogo entre nós dois,


E ele estava apenas no início,

Ao retornar para trás usando toda a minha força,

O primeiro botão da minha camisa se abriu,

Um seio rosado ficou levemente a mostra,


O metal gelado percorreu meu pescoço,

Assim que ele me tocou com a carícia costumeira,

Fiquei ereta, me senti estagnada,

Acho que eu era um botão, um botão de rosa,


Fechado, mas prestes a abrir-se mediante sol quente,

Sedento por água,

Consciente de que não iria encontra-la,

Isso, o custaria a morte – e ele sabe,


A roseira sabe e eu também,

Mas, eu não sou uma flor,

Com um olhar de desdém,

Senti os botões serem arrancados,


A iniciar com um puxão de uma mão apenas,

A outra, carinhosamente, nunca saiu da minha cintura,

Quatro botões sobraram,

Não por muito tempo,


Foram cortados com um ato só,

Este ato me custou um leve aranhão vermelho,

Quase sangrento,

Arrepios descontrolados me percorriam,


Um sorriso beirou nos meus lábios,

Deixando meus dentes a mostra,

Coração aos saltos, mãos inseguras,

Busquei empurrá-lo,


Notei que já fazia isso a algum tempo,

Sem efeito,

Apenas um roxo inconsistente e tremulo,

Meu short amarelo manchou-se em vermelho,


Uma gota de sangue – dele,

Da lâmina que rasgou a blusa,

Prendi minha respiração,

E agora como reagiria,


Inconsistente procurei seu beijo,

Ele se recusou, se empurrou para trás,

Pude ver o rosto que amava fugir de mim,

Não sei confessar o que senti,


Ele movia a lâmina de um lado ao outro,

Creio que pensou que eu a buscaria,

De alguma forma ele imaginou que eu a desejaria,

Mas, não, isso fragilizou minhas forças,


Me vi colada ao seu peito nu e descompassado,

Então, ele curvou-se ao meu encontro,

Com os lábios pressionando minha orelha,

Sussurrou coisas inconsistentes ao meu ouvido,


-Esta lâmina anda sempre comigo,

É uma espécie de amuleto,

Me apego a ela,

Mas prefiro você em seu lugar:


Você gosta?

Não soube o que dizer,

Meu sorriso agora entrecortado tremia,

Meu olhar reluzia algo de ingratidão, será?


Naquele instante descobria que era capaz de matar,

E tudo que eu mais odiei foi a solidão que senti um dia,

Quis me livrar dela a todo custo,

Mas, isso me valia me achegar a ele,


E eu queria me livrar daquele aperto,

Eu o queria, você sabe, não preciso repetir,

Mas, aquele jeito me deixava arrisca, arredia,

Ele tornou a lâmina para perto,


Veio na direção do meu cabelo,

E cortou um chumaço,

Me colou na perna dele – soltou minha cintura,

Com a mão solta pegou a carteira e guardou o cabelo,


Eu ri desiquilibrada, embora bem segura,

Ele podia me manter estagnada com uma perna apenas,

Eu era forte porque o tinha,

Frágil porque não podia me livrar,


Levantei a cabeça e mostrei meus lábios avermelhados,

Poderia haver um outro alguém no lugar,

Isso me deixava agitada,

-Não gosto dela,


Sua voz ressoava profunda, sarcástica e segura

Enquanto removia minha calcinha com um puxão,

Como se não fosse absolutamente nada,

Notei então que deveria ter sido cortada,


Caso contrário me machucaria,

Não tive certeza,

Eu não podia enxergar direito o seu rosto,

Então, não falava mas balbuciava algo,


Gemidos, sorriso incontidos,

Ele me pressionava ao seu encontro,

Vividamente, me tocava com maciez e profundidade,

Seu rosto tinha a expressão indistinta e desconhecida,


Vi que se sentia homem e estava másculo,

-Caro Senhor diferente, notei que gosta de me manter....

Consegui dizer e com isso me desvencilhar para trás,

Me senti tocar a parede,

Bem depois disso, depois disso: você pode imaginar.

 

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...