domingo, 4 de agosto de 2024

Pois é

-Olha não está dando.
Digo em tom de casualidade,
A conversa se tornou rotina,
Dizer que está sobrecarregada 
Não é o bastante,
E pior,
Talvez nunca tenha sido suficiente.

Mas, por algum motivo bobo,
O casamento continuou,
E conviver a dois
Já não foi por amor.
E não deixaria de ser nunca,
Porque outro motivo não satisfaria.

Eu estou lavando a louça,
Não entendo porquê tamanha quantia,
Nem ele não estar auxiliando,
E o cara lá da sala
Parece nem ouvir,
Aliás nem parece estar ali 
Um estranho seria mais conveniente.
Saio, deixo tudo,
Olho através da janela
E imagino que isso satisfaz alguém,
Não eu.
Outro alguém.

Olha vou te devolver.
O cara fala,
Não basta eu ter de aturar sua presença,
Ainda quer ter tom de satisfação,
Não conhece a religião,
Os costumes ou nada,
Apenas quer usar uma frase estúpida,
Para causar repulsa
E humilhação.
Desprezo.
Gosta de subestimar.

Olha cara, escuta:
Aponto o dedo em sua direção,
Bem no peito para que entenda.
Você não é objeto de valor
Para ser devolvido,
Aliás, aquela que te trouxe
Para cá,
Nunca lhe quis perto,
Do contrário você estava lá.
O valor que você não tem comigo
Por quê acha que teria com outra pessoa?

Cara idiota,
Não se posiciona como pessoa,
Não sabe valorar
E quer taxar outra no seu lugar,
O conceito valor é para quem o tenha,
Desvalorizar quem está a seu lado
Não o faz melhor,
O contrário,
A mentira mesmo espalhada
Não é capaz de omitir nada,
A violência física ou psicológica 
Não faz calar a quem com ela se cala,
Aliás,
Só sabe dar a voz 
Para quem nunca deveria 
Sequer ser ouvido,
Muito menos correspondido,
No quesito usar, mentir, agredir…

Não vou quebrar meus pratos sujos,
Não vou atirar faca,
Limpar este fogão imundo,
Não lhe darei ouvidos,
Nem farei melhor que lhe atirar na cara 
Este meu pano de prato sujo,
E quer saber?
Coloque está barriga enorme
Na máquina de lavar roupas e se vire!
Baby, fui, entendeu?
Estou saindo!

sábado, 3 de agosto de 2024

Saudade

Sinto muito.
Entre, por favor.
Fui tão rápida
Quanto senti sua falta,
Cheguei a porta,
E pedi desculpas.
Apenas isso.

Na entrada,
Puxei seu pescoço,
Entre a nuca
E seus sedosos cabelos fartos,
E o envolvi,
Entreguei meu melhor beijo,
O toquei como nunca senti,
Me aderi a ele,
Até me ver colada,
E fazer ele entender
O quanto o precisava.

Ele cruzou a soleira
Comigo em seus braços,
Vezes no alto,
Outras com os pés no assoalho,
Um tanto arrastada,
Sem direção,
Não foi a primeira vez
Que ele me dirigiu,
Embora disso eu pouco comente.

Agradeço a ele por cada beijo,
Respondo com intensidade 
A todos os seus afagos,
Retiro sua camiseta,
Abro o zíper da calça,
Dou um passo e peço
Sedutora e apaixonada
Que retire a calça sem pressa
E o vejo com sua velha cueca branca.

Ágil e esbelto,
Com seus músculos salientes
E o sorriso mais lindo
De que algum dia poderei falar,
Seus gestos educados
E compenetrados em mim
Me deixam louca,
Sua postura ereta 
E o olhar penetrante,
É tudo de que sinto falta.

Me agarro a sua cueca,
Me puxo,
E me seguro a sua cintura,
Depois disso desejo que o tempo pare,
E que possamos ficar juntos
Por muito,
Muito tempo,
Mesmo que me sinta cansada,
Mesmo que só abrir os olhos,
Me veja enjoada,
Mesmo que lhe sinta ódio,
Me vejo ficar
E querer apenas estar.

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Carinha

Amado carinha,

Instante bom,

É o tempo que estou contigo,

Espero você ligar,

Sonho com você duro,

Duro de raiva pela distância,

Duro de vontade de fazer sexo.


Amo ver os traços do seu corpo,

As marcas dos músculos,

Os ossos perfeitos,

Um delineado naturalmente lindo,

Amo você quente e ereto,

A esperar-me, a buscar-me,

Fico enérgica,

Esperançosa e desejante.


Sangue pulsa em meu corpo,

Molda e salienta,

Pego o telefone,

Perco as forças,

Movo as pernas e o busco,

A pulsar desejo latente,

Intenso, profundo e ardente.


Quero sentir você dentro,

E cada vez mais fundo,

Sentir seu rosto entre meus seios,

O amo,

Sentir seus lábios sobre os meus,

Seu calor e pulso.


Sinto tesão por você,

Grosso, grotesco e gostoso,

Tenho vontade de te ver,

Espero o tempo,

Gosto de mostrar meu corpo,

Te apresentar meus segredos,

E confesso eu sinto medo,

Mas me entrego.


Mostro mais e mais,

Desejo e busca,

Você se vê em minhas formas,

A movimentar-se por minhas curvas,

Mover-se fraco e intenso,

Profundo e lá dentro?

As vezes,

Tudo que sinto é ódio,

Fora este encalço,

Você mete sua força em meu corpo,

Me deixa sem respirar por pouco,

Me mantém contra o lençol,

Põe seu braço contra meu peito,

Segura o cotovelo no colchão,

E o resto do braço sobre meu corpo,

Pode ser entre os seios,

Ou sobre ou abaixo,

Mas coloca este empecilho entre nós,

Me demonstra o quanto você pode,

Vai até onde consegue,

E mete,

Mete se pênis prepotente 

E viril entre minhas pernas,

Vai fundo e cada vez mais,

Mexe a perna,

E esfrega o pé no lençol suado,

Move sua mão com intensidade,

Morde e beija,

Me faz sua e indefesa,

Demonstra toda a sua dureza,

Querido não seja rude,

Mas embruteça,

Soque tudo que tiver,

Com metidas contidas e contínuas,

Toque o bico do meu seio,

Aperte e veja,

Recusei olhar em meus olhos

E dizer que ama,

Apenas meta e se mova,

Me mantenha inerte,

Me contenha,


Não desencaixa sua perna de sobre a minha,

Apenas desliza e se segura

Entre o chão e sobre ela,

Pé no colchão,

Canela em carícias,

Joelho no colchão,

Use sua força

E socada intensa.


Tudo que eu quero

E você latejante dentro 

Da minha vagina,

Febril, viril e sedento,

Sentir seu suor,

Amar seu peso,

Sentir seu peito tocar minha pele,

Ficar com você horas e horas,

Você me faz molhar,

Derramar e derreter,

Me avoluma o corpo ver você,

Pica, pica, pica,

Grita, grita, grita,

Me sinta latejar intensa,

Quero sua virilidade em minha vagina,

Até te ver molhar e derreter, baby.

Sinto vontade de você.

Vamos transar até saciar-se?

quarta-feira, 31 de julho de 2024

Lugar

De sobre os pés,
Sem pensar em dores,
O que calçar,
Ou mesmo como ir,
Levantou seus olhos,
Sem burcas no horizonte,
Simplesmente,
Precisava ir.

Para outro lugar,
Outros olhares,
Outras pessoas,
Outras paisagens.
Embora soubesse
Que deveria estar feliz
Com sua vida,
Suas conquistas 
E vivências,
Contudo,
Não bastava,
A cadeira não satisfazia,
Os afazeres não preenchiam.

Mesmo que tudo parecesse perfeito,
Não era o que sentia,
Viver não agradava,
Queria emoções novas,
O vazio que nunca se preenchia,
Também nunca soube se afastar,
A solidão sempre conseguiu chegar,
Os poucos amigos que vieram
Se foram,
Tão logo puderam,
Foram.

E ela se viu obcecada 
Pela tentativa louca
De fugir daquele lugar,
Outrora foram outras cidades,
Agora, talvez,
Se tratasse do país inteiro,
O continente,
Ou então os mares…
Iria para um lugar
Onde não houvesse mar.

Já era uma direção,
Mais uma coisa chata,
Viver parece preencher um sistema,
De obedecer e viver conforme,
Faltou de repente,
O “ótimo. Faça o seguinte”.
Afinal, tudo estava pronto,
Mas não havia um alguém a satisfazer,
Tudo que precisava era preencher
A si mesmo,
Gostar do que foi feito,
Sentir-se bem com o que estava pronto,
Fazer o que mais fosse preciso
Para encerrar o que estava iniciando,
A questão era:
Iniciar o quê?
Satisfazer-se….
Orgulhar-se,
Pensar em si e apenas.

Sob a luz do luar
Que brincava por entre as formas,
Ela encarou a si mesma
E sentiu ódio,
Sentia raiva por temer tanto,
-Então, garota que basta-se -,
Disse a si mesma,
Olhando a noite que escurecia
Cada vez mais serena,
E resplandecente,
-Para onde ir agora?

terça-feira, 30 de julho de 2024

Louca e Tanto

Finalmente,

Estou louca e não estou,

Acordo passaram-se instantes,

Pode ser dia ou noite,

Nada programado.

Fechei os olhos e fui.

Não estou louca ou estou.

Mas, espero você aqui.


Converso com o espelho,

Brinco com as formas em meu rosto,

Conto as histórias lidas,

Invento as minhas próprias,

Evolui as páginas do livro,

Reescrevo tudo que senti.

Estou louca e menos.


Menos esperançosa de perde-lo,

Menos indigna de te-lo,

Já saio com a bolsa vazia,

Esqueço o livro ou decido deixa-lo,

Faço tranças de tricô,

Imagino e reimagino.

Louca e menos.


Dirijo o carro em velocidade,

Faço curvas bem feitas,

Sei dar os sinais,

Diminuir ou aumentar marcha,

Poucas vezes me confundo

Com você no espelho,

Me jogo de uma margem a outra,

Na frente do caminhão básico,

Você sabe sua louca e nem tanto.


Bebo pouco, 

Coloco salto alto,

E dirijo o carro,

Mas baby,

Desta vez, eu não te olho,

Mas lhe permito

Fazer a marcha,

É claro,

Isto se você estiver do meu lado,

Cerveja fria,

Pizza quente,

Beijos prontos,

E a escuridão da noite.


Sua louca e nem tanto,

Conjugo o verbo passado,

Me vejo no retrovisor,

Mexo no cabelo

E abro minhas pernas,

Toco no câmbio,

Convite, baby,

Esteja pronto.


Sua louca e pouco,

Deixo você cuidar seu lado,

Me diz se preciso acelerar,

Diminuir ou trocar a marcha,

Vê se nota,

A forma como eu deslizo no asfalto,

Garoto, eu não ando, desfilo,

Sério,

Confio em mim no volante,

Mas diz aí,

Posso trocar a faixa do seu lado?


Sua louca e tanto pouco,

Vê, ali, vem,

O garoto na motinha,

A toda e pouco,

Puta cara, gatinho,

Será que dar a travadinha,

Deixar o carro de lado,

No meio da pista aberta,

Na leve ameacinha da loucura ajuda?

Caramba,

Todo mundo para fora da pista,

Ah, a louca e tanto o mais.


De repente,

É adeus para sempre,

Mas caramba,

Como vê-lo e não pensar só em mim,

Ah, paro o carro e diminuo sim,

Erro a marcha,

Faço aquele barulhinho do explodir,

A fumaça escura,

E o puxa,

Cheiro da gasolina,

Sou garota e errei fácil assim.

Sua louca e tanto…

A cervejinha do lado,

Roupa desconfortável,

Calcinha a menos

E para o alto,

E o cara que voa e foge,

Quase passa longe,

Quase,

Você sabe,

Calcinha no visor,

Capacete a menos, baby,

Sua louca e tanto.


É madrugada,

As luzes se acendem,

O sinal se apaga,

Estrada escura e aberta,

Ninguém,

E você se acusa?

Jaqueta quente,

Calça colada,

E eu dou volume,

Meu bem,

Sua louca e tanto.


domingo, 28 de julho de 2024

Jardim de Inverno

Desafiador.
Às dez horas da noite,
Chamada do namorado.
Seguido de convite.
Ela chega ao bairro do interior
Da cidade onde vive.
Entra num jardim inglês,
A oeste de Dubai,
O jardim de inverno 
Estilo medieval,
Esconde flores lindas,
Que iluminado a meia luz
De lamparinas solares,
Formam um espetáculo único.

Flores brincam umas com a outra,
E colam-se as pernas dos que andam lá,
Como se a pedirem para ficar,
Molhadas de sereno parecem jurar,
Sob a luz do luar paira um altar,
Que abaixo, bastante abaixo,
De um amontoado de estrelas,
Se assemelhariam a uma cama alta,
Um convite de namorados,
Ou algo de bonito, romântico e profundo.

Qualquer um que não ame,
Não seria capaz de estar ali,
Dizem que as flores despertam alergias,
E outras urticárias a quem lhes seja inertes,
Ou insensível,
Seja como for,
Assim que ela passa o portão,
Sente falta do namorado,
E o deseja com profunda paixão,
Quase como uma necessidade,
Urgência moderada e desesperada.

O jardim se ergue elegante,
Com árvores floridas
E pedras postas juntas,
Como se fossem bancos naturais,
Um gramado florido resplandece ali sempre,
Seja dia ou noite,
Cada estação com cores e formas diversas.

Bem, logo de entrada encontra ali uma caixa,
De formas antigas e amarrada,
Cordão antigo,
Lacre desconhecido,
Ela a pega,
E seus dedos correm para abri-la,
Mas como se por desejo,
Ou urgência,
Ouve a voz do namorado,
E teme o conteúdo,
É como se fosse especial,
Mais que o beijo ou se abraço,
E isto não lhe parece verdadeiro,
O que haveria de mais importante,
Mais único ou desejado?

É como se o ouvisse dizer que é antigo,
Presente de avó,
Que foi deixado de lado,
Porque embora querido,
Nunca o foi aberto,
Apenas guardado,
Como se o conteúdo fosse do mais alto valor,
Então, vieram as mulheres,
Mãe e namorada,
Porém, a caixa permaneceu no lugar,
Quase como se fosse parte daquela entrada,
Ou se tivesse aderido a beleza.

Sempre limpa sobre a pedra,
Nunca, nunca aberta.
Os anos vergaram o corpo da mãe,
Levaram a avó,
E dificultaram a visão,
E a caixinha foi ficando,
Agora estava em suas mãos.
Quase que por instinto,
Por saber de seu amor,
Ter certeza de tudo que sentia,
Seus dedos foram seguindo o barbante,
E romperam a cera do lacre antigo,
Um anel surgiu brilhante,
Feito estrelas,
Ela virou-se seguida pelo mesmo instinto.

-Sim, eu aceito.
Simplesmente disse,
Conhecedora de que ele estava perto,
A amava e que também lhe era amado,
Ele tomou o anel entre os dedos,
Sem que ela abrisse os olhos,
O colocou,
-Nunca quis algo mais que isso.
Uma cortina de flores se abriu,
Ante o peso dos dois sobre o piso
De grama sobre pedra natural,
E abriu-se um desconhecido 
E único jardim,
Cheiroso, florido e antigo.

Dava-se para enxergar seus avós ali,
Juntos,
Plantando, limpando, colhendo…
Animais brincavam,
Borboletas e pássaros,
Também coloridos vagalumes,
Dava-se para ver o nascimento do pai,
Sob a luz de luar ocre,
Suas vestes deixadas ao tempo,
E uma história que ficou, até então, guardada.


sábado, 27 de julho de 2024

Me Fala

Eu quero que diga 

Que me ama,

Que sou tudo que você quer,

Que você ama estar comigo,

Que sou sua mulher,

Amada, sonhada esposa.


Aonde quer que você vá,

Quero estar contigo,

Antes de cada passo que der,

Quero poder te proteger,

Projetar nossos melhores sonhos,

Viver cada único momento.


Chove lá fora,

Sobre as plantas, a horta, o telhado,

Eu contemplo seu rosto perfeito,

Toco cada parte sua,

Sinto tudo crescer,

Inclusive nossa vontade de viver.


Diga que me ama sempre,

Preciso ouvir isso de você,

Me abrace e ampare,

Eu me sinto fraca e tenho medo,

Que coisa ruim quando você se cala,

É horrível quando você some…

Palavas falam, falam e não dizem nada,

Se não vier de sua boca.


Oh coisa ruim, horrível,

Ouvir frases e frases,

E não tiver seu sonido,

Seus lábios a moverem-se,

Frases de outros só fazem medo,

Diga que me ama,

Preciso ouvir isso de você.


Me deixa segurar sua mão,

Te levar a lugares perigosos,

E te amparar em voraz paixão,

Me deixa te dar todos os abraços,

Segurar você firme,

Estar contigo sem que nada impeça.


Ser sua foi sim o que mais sonhei,

Te trazer a minha casa

Foi motivo de orgulho,

Não quis outra coisa,

Coisa triste te perder,

Não quero isso em sentimento,

Ai terrível dor e lamento,

Deus me impeça de viver.


Antes destino trágico,

A ver nossas mãos separarem-se,

E nunca, nunca mais eu o possa ter,

Antes dor mais felina,

Castigo mais traiçoeiro,

Cruel esquecimento,

Da vida, de mim e de tudo,

Oh Deus não nos seja cruel,

Como esquecer a quem tive amor,

Já não é possível o não tivesse conhecido,

Deus não consigo me contentar 

Nem com o tivesse antes eu morrido…

Impeça,

Sim, que aja impedimento,

De sua ausência,

Sua falta,

Distância 

E calar.

Diga-me, diga:

Me ama?

O que lhe vem em mente

Quando lhe surjo do nada,

Em horas insones 

Ou vagas,

Amor, doce carinho,

A que este meu amor lhe entrega?

Afagos, sonhos beijos?

Diga, por favor me diga.


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Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...