terça-feira, 5 de agosto de 2025

Lá na Plantação

Meu pai e eu
Iniciamos uma plantação
De manga,
Uma fruta doce,
Difícil de ser encontrada
E nutritiva.
Nossa intenção era vender
De casa em casa,
Talvez, montar uma barraca
Na beira do asfalto
E tirar algum proveito
Destes frutos
Para sobreviver.
Em cada dia
A vida na roça se tornava
Mais difícil,
Plantar milho, feijão
E criar galinhas
Já não supria o suficiente
Para encher a mesa.
Contudo, o vizinho
Artêmio Joseniro não poupava
Esforços em buscar
Comprar a terra,
No entanto, achava
A terra desnutrida,
Fraca para o plantio
E queria pagar o quanto menos.
Isto não nos bastava,
Meu pai nasceu nesta terra,
Eu também e mais meu irmão,
Não podíamos vender
A propriedade ao vizinho
Quê valorizava o quê lhe pertencia
E queria pôr preço no que
Era dos outros.
Contudo, nossos quatro
Alqueires de terra
Nos trazia pouco sustento,
Num primeiro instante,
Quase na época da colheita
O milho pegou fogo,
A palha estava quase seca,
A espiga já se abria
Para ser colhida,
Sem sabermos como
A plantação toda queimou,
Restou cinzas de meses
De trabalho.
Não bastasse,
A chuva trouxe vento,
E o vento trouxe enormes pedras de granizo
Que despencaram do céu
Como se fossem torrentes
De água despejadas a balde,
Isto levou a plantação de feijão,
Catamos os poucos grãos
Ainda verdes,
Quase bons para colher
Para pôr na panela.
- nossa, papai.
Tantas pedras de tamanho
Tão enorme não pertencem
A ventosa dos céus.
Eu disse, triste,
Sentada na terra molhada
Com uma bacia sobre
As pernas
Enquanto catava na vagem
Os grãos que sobraram.
- sim, filha.
É inacreditável.
São pedras grandes demais.
-parece que alguém passou
Com uma madeira,
Levou o que quis
E destruiu o resto,
Depois, jogou gelo
Aproveitando-se do tempo chuvoso
Para disfarçar o mal que fez.
Meu pai sentou
Na terra molhada,
Levantou os joelhos
E não conseguiu conter
O choro.
Minha mãe e meu irmão
Continuaram o trabalho
Até o fim da roça.
De bacia em bacia,
Pé em pé,
Conseguimos colher
Três sacas de feijão verde.
- vamos investir nas frutas.
Falou meu pai.
De manga a manga que colhemos
Plantamos o caroço,
A maioria brotou
E formou muda,
No decorrer de um ano
Conseguimos 50 mudas
Aptas ao plantio.
Minha mãe foi na frente
Desbotando os tocos
Com um facão,
Eu e meu irmão fomos
Afastando as pedras
Para o lado da roça,
E nosso pai foi arando
A terra com os bois.
Em nossa ausência
Alguém invadiu o galpão
Onde estavam as galinhas,
Levaram 20 galos de estimação,
E 10 galinhas ponhadeiras,
Além de todos os ovos
De cada ninho.
Ao chegarmos em casa,
Minha mãe foi colher ovos
Para fazer a massa,
E avistou o galpão sem nada,
Correu chamar meu pai,
Ele pegou um facão
E correu até lá.
Bateu o facão no chão,
Bateu contra o galpão,
Gritou por misericórdia,
Não foi ouvido,
Exceto pelo vizinho
Que ao meio dia tornou
A vir até nossa casa
Nos fazer a proposta de compra.
Não desistimos,
Na mesma tarde plantamos
Todas as mudas,
Fomos até a cidade de carro,
Juntamos o que sobrou
Do milho e do feijão,
Levamos uma balança
E vendemos de porta
Em porta.
Em dois anos
Colhemos os primeiros frutos,
Armamos uma barraca
Na beira do asfalto,
E ficamos lá
O dia todo oferecendo
Os produtos: milho, feijão, manga e ovos.
Agora, trinta anos depois,
Eu retorno com meu filho
Em meus braços,
Meu esposo nos abandonou,
Cansou de viver comigo,
Buscou outra vida.
Eu perdi o emprego,
Não consegui sustento,
Retorno ao lar,
De longe avisto meus pais
Sentados na área
Tomando chimarrão,
As mangueiras carregadas
De manga,
Com seus frutos maduros
Caindo no chão.
Sorrio, já tenho o que fazer,
Tenho por onde começar,
Porém, antes de descer do carro
Avisto o vizinho,
Com a velha proposta esdrúxula
Em mente sobre vender a terra.
Logo, já sei que nosso produto
Não adquiriu valor,
Que a vida está desassossegada,
Lá no galpão os galos cantam
Felizes por nos receber,
Próximo a casa,
Meu irmão joga adubo
Na roça com sua esposa
Ao seu lado
E duas crianças brincando
Sobre a terra por entre as vergas.
Elas pegam a terra
E amontoam para fazer desenhos,
Há esperança,
Eu posso ver isso,
Há alimento,
Estamos a salvo.
A noite sussura por entre
Seus serenos
Que produzem a vida,
Há nela uma sombra
Que caminha comigo
E nos protege,
É meu avô,
Ele permanece.

domingo, 3 de agosto de 2025

Cidade Perdida

Elena perdeu seu filho
Outra vez,
Dez anos de casada,
De ano em ano
Tentou engravidar,
Amava seu esposo,
Queria consagrar a união.
Contudo, está vez
Foi diferente.
Enriqueeh dirigia seu carro,
Ela estava trocando um cd
No rádio,
Grávida de seis meses,
Quando um caminhão
Desistiu de sua pista,
Sem aviso algum,
Veio para cima deles.
Não houve meios
De desviar,
Apenas ela pôde ver
As luzes acesas e intensas
Do caminhão mudarem
Para sua direção,
E então, veio um escuro,
E mais nada.
Ela acordou chorando,
Estava sobre um monte
De terra nua,
Ao lado havia um gramado,
Ela se escorou na lápide,
Sem entender o que
Estava acontecendo.
Apenas notou
Que não sentia a alma
De seu bebê,
Outra vez,
Perdeu o filho,
Outra vez,
Não foi capaz
De mantê-lo vivo
Em seu ventre.
Depois de chorar
Abraçada aos joelhos,
Percebeu que o esposo
Não estava ao seu lado,
Outra vez,
Ele fugiu para o trabalho,
Outra vez,
Ela enfrentaria a perda sozinha.
Era culpa dela,
Suas entranhas não
Mantinham filho,
Seu ventre era incapaz
De engravidar,
Sua barriga não dava a vida,
Apenas mantinha a dela
E mais nada.
Ao levantar o rosto dos joelhos,
Secou os olhos ao ver
O dia descendo por trás da cidade,
Lá no final do prédio mais alto,
O sol se punha,
Lhe parecia ter corrido
Um dia inteiro,
Doze horas ou mais.
Baixou a vista para o chão,
Notou assustada
Que não estava em casa,
Estava num local
Com muitas lápides,
Com muita terra,
Estava no cemitério da cidade.
Olhou para trás
Para ver no que estava escorada
Então, viu sua fotografia
Ali colada junto ao seu nome,
Logo ao lado,
Havia uma fotografia do esposo,
E seu nome,
E uma data,
Parecia ser a da noite passada
Ela não entendeu,
Mas, algo em seu íntimo
Lhe ditou: estavam, ambos, mortos.
Manteve o choro,
De repente, suas lágrimas
Percorreram aquela terra,
E muitas velas se acenderam
Do nada.
Velas ao redor dela,
Da lápide do esposo
E de outros túmulos,
Velas atendidas a anos,
Outras recentes,
Todas ganharam chama,
E creditaram como se
Estivessem tremendo devido
Aos seus soluços.
Porém, mais tarde,
Outros soluços se juntaram
Ao dela,
Pertenciam ao que pareciam
A bebês,
Então, a terra toda
Passou a verter água
E cera de velas.
Cada túmulo verteu,
Cada túmulo tremeu,
E as lágrimas se misturaram
A cera,
Depois desceram do monte,
No qual o cemitério
Estava localizado
E cruzaram a rua que o ligava
A cidade,
Depois desceram até o centro.
As luzes da cidade
Começaram a falhar,
Em todo lugar
Onde haviam velas,
Elas se acenderam de súbito,
E não se apagavam
Mesmo que fosse tentado,
Seja com o dedo
Ou com o que for,
A chama retornava
E tremeluzia
Como se fossem chacoalhadas
Pelos soluços secos e curtos
Como os de bebês.
De repente,
Surgiu uma rachadura
No cemitério,
E ela se estendeu por ele
Inteiro,
Lá de dentro saíram
Pequenos braços,
Que se firmaram na terra,
Depois surgiu suas cabeças
E depois seus pequenos corpos,
Eram bebês de todo tipo
Que emergiam do chão
Como grama em terra molhada.
As crianças se ergueram
Daquela rachadura
Chorando,
Suas barrigas soluçando,
E seus olhos arregalados
De espanto.
- o que vocês são?
Ela indagou assustada,
Abraçada a sua lápide.
- somos bebês abortados!
Responderam em uníssono.
Os bebês provenientes
De abortos deram seus
Primeiros passos
Em direção ao centro,
E deixaram de olhar
Para ela,
E deram seus segundo passo
E terceiro e foram todos.
Ela ficou estarrecida,
Vendo crianças surgirem
De todo lado
Indo em direção a cidade.
Em momento posterior,
Do cemitério foi audível
Gritos de casais,
Homem e mulher gritando juntos,
Pois tiveram suas camas
Invadidas pelos bebês mortos,
As luzes das cidades
Passaram a ser acesas.
Alguns corriam para fora de casa
Com velas e acendiam
Holofotes para o céu
Em busca de ajuda.
Os casais que receberam
Suas visitas tiveram
Os vestidos de noivas
Cortados por seus dentes
E tesouras,
E queimados.
Uma cera descia de seus
Bracinhos para as roupas,
E elas passaram a queimar
Mesmo sem haver fogo,
As alianças foram tomadas,
E em suas mãos
Viravam líquidos
Que escorriam para o chão
E fugiam como se tivessem vida.
- você não merece papai.
Elas diziam.
Ediane acordou assustada
Quando um bebê
Retirou seu cobertor
E tomou sua aliança.
Ela ligou a luz do quarto,
E boquiaberta viu
Que era um bebê
Igual ao que ela enterrou
Quando tomou remédio
Abortivo.
- me dê minha aliança.
Ela exigiu.
Porém, o bebê a queimou,
Estarrecida ela viu a aliança
Virar líquido amarelo,
Escorrer por cima do cobertor,
Seguir para fora do quarto,
E o bebê a olhava fixo.
- você me matou.
A criança falou.
- impossível, eu o abortei
Com sete meses apenas,
 Você nem sorriu,
Nem ao menos respirou...
Ela gaguejou,
Vendo a criança.
A criança estendeu
A mão e encostou no rosto
Dela dizendo:
- você nunca será mãe.
Depois disso,
O bebê olhou para fora
Do quarto
E desceu escorregando
Da cama para o chão,
Então, saiu.
Neste enfoque, o bebê
Foi até a casa de seu pai,
O encontrou dormindo,
Subiu sobre o cobertor
E o acordou tocando em
Seu braço que estava
Sobre o cobertor e disse:
- você abandonou mamãe,
Quando ela estava grávida
De mim,
Você nunca será pai.
O homem acordou assustado,
Não sabia de ninguém
Que havia engravidado dele,
Também nunca desejou ser pai,
E ver uma criança sobre a cama
Tão bebê lhe soou terrível.
Tentou ligar a luz,
Mas ela só piscava,
Seu quarto ficou iluminado
Por reflexos de suas velas
Que se acenderam
Sem ele saber como
Sobre a espelheira do roupeiro.
Depois o bebê escorregou
Pelo cobertor e saiu.
Todos os bebês
Se encontraram na igreja,
Foram até o altar,
E juntaram diversas velas
Junto uma da outra,
Próximo as cortinas,
Então, as cortinas se acenderam
Junto com as velas
E queimaram,
A igreja inteira pegou fogo.
Um médico que praticava
Aborto odiou o que estava
Havendo e correu de encontro
Aos bebês com uma seringa
Em mãos e alguns frascos
De remédios abortivos
Para mata-los outra vez.
Como eles estavam
Todos dentro da igreja
Ele foi obrigado a entrar lá,
E uns vez, lá dentro,
Uma cortina se desprendeu,
E o segurou preso ao chão,
Enquanto as chamas
O consumiram no fogo.
As crianças saíram de lá,
Andando em soluços,
E voltaram ao cemitério.
Nenhuma das pessoas
Pode fugir daquela cidade,
Os casamentos de pessoas
Abortivas sempre foram
Impedidos por seus abortos,
E os pais que abortaram filhos
Não puderam mais ter nenhum.
A cidade foi envelhecendo,
O mato cresceu ao seu redor,
E foi se aproximando,
Os jovens envelheceram,
Até os últimos morrerem,
Presos no que fizeram.
Nunca casados,
Nunca pais,
Impedidos de fugir,
Os últimos não tiveram
Quem os enterrassem,
Então, os bebês saíram
Do cemitério
E os puxaram para a rachadura,
Era um último casal.
A placa na estrada
Com o nome da cidade
Apodreceu e caiu,
Uma anterior aquela cidade,
Que tinha uma seta
Que informava que haveria
Tal cidade próxima
Se apagou com a chuva.

A Cova Aberta do Cemitério do Bairro

Ranson pegou a pá,
E pôs-se a cavar,
Preferiu a noite,
No instante em que
Os mortos dormiam,
Lhe pareceu mais seguro.
Estava a esmo,
Sentia profunda cede,
Queria algo para beber,
Um lugar para ficar,
Algo para comer...
Encontrou a pá,
Na entrada do cemitério,
Então, viu um lugar de terra
Fácil para retirar
E iniciou a escavação.
Enquanto a lâmina
Da pá cortava o chão,
Um barulho parecia
Tremeluzir sob aquela grama
Verde é viscosa
Que se espalhava
Por toda a terra.
Isto não o assustou,
Insistiu em cavar
Próximo a duas lápides,
Então, um galho se quebrou,
Caiu sobre sua cabeça,
Sangue líquido e fino
Escorreu por seu rosto,
Nem isto o conteve.
Suas mãos tremiam,
Ele sentia medo
Do que quer que
Houvesse ali dentro,
Mas, queria dinheiro,
Precisava de bens de valores
Financeiro.
A luz desfragmentada
Pela copa das árvores
Que chegava até ele
Era insuficiente para que
Ele fosse reconhecido,
Mas, era perfeita para
Ele encerrar o trabalho.
Tirou a terceira pá de terra
Para o lado,
Raízes se sobressaiam da terra,
Aprofundou outra pá
Até parti-las,
Não estava tão fácil,
Mas, a lua ia e voltava,
E isto era perfeito
Para manter sua identidade
Protegida.
A lápide da esquerda
Se inclinou em sua direção,
Porém, não deixou nada a mostra,
A da direita se rachou,
Mas, não abriu,
Ele insistiu,
Estava no lugar certo.
“mortos não retornam”.
Ele falou em voz alta,
E cavou um metro
Para dentro da terra,
De repente, sua pá
Começou a balançar
Como se tivesse vida própria,
Ele a soltou no chão,
Como se uma mão
A tivesse puxado de seus dedos,
Ela rodopiou e caiu
Ao seu lado.
Ele se agachou
Buscou na cova
Algum indício de algo,
Ainda não havia nada,
Nisto juntou a pá
E deu continuidade.
Contudo, quando a pá
Cavou mais profundo
Um barulho terrível
Saiu lá de dentro
Como se ele a passasse
Sobre pedras e soltou luz
Daquele buraco,
Mas, olhando-se lá dentro
Não se via nada.
“podem ser seus testudos.”
Ele falou em voz alta,
E continuou.
Trêmulo devido a luz,
Olhou ao redor,
Não viu ninguém perto,
Insistiu.
Todavia, a cova partiu-se
Ao meio e uma força
Sobre-humana o puxou
Para dentro,
Ela parecia sugar seu ar,
E fazer seu coração
Parar de bater
E ser tragado,
Como se outro indivíduo
Agora o recebesse,
Então, seus olhos ficaram cegos,
Ao levar sua mão sobre
Seu rosto,
Notou a ausência dos olhos,
E sentiu uma dor terrível,
Como se sua pele caísse
Dos ossos
E descesse para a terra fofa.
Não havia nada abaixo dele,
Apenas está força estranha
E silenciosa.
Porém, ele se soltou,
Pulou fora da cova
E pegou a pá rapidamente
Para bater sobre a cova,
Como se estivesse matando
Algo,
Sabendo que ali
Nada se via.
A cova parecia
Estar se abrindo para recebê-lo,
Por isso, tornava tudo
Tão fácil,
Ele não soube se pelo medo
Ou por qual motivo
Resvalou na beira da cova
E caiu dentro,
De um pulo se jogou
Para o outro lado.
Seu sapato ficou caído
Lá dentro,
Como se algo o puxasse,
Mas, não havia nada ali.
Ele não quis abaixar-se
Para buscar o sapato,
Mas pulou de volta
Para o outro lado
Onde estava a pá caída
Para fora da cova
E o retirou com ela.
A terra subitamente ficou
Molhada como se olhos
Chorassem lá dentro,
Num instante ela ficou
Inundada até chegar
Aos seus pés,
Então, ele abaixou-se
Para tocar na água
E viu que não havia nada ali.
Ela retornou toda
Para baixo da terra,
E sua cede piorou,
Ela parecia convida-lo.
O chão começou a se agitar,
As lápides começaram
A se quebrar,
E a árvore que estava
Ao lado dele
Se partiu ao meio
Permitindo que a luz da lua
Passasse.
De súbito seu rosto
Foi iluminado,
Agora, ele seria reconhecido,
Estava a mercê.
Mas, uma nuvem cobrou
A lua, levemente,
Como um véu.
Sem poder conter
A vontade que possuía
De abrir a cova,
Ele cavou outro metro
E lá viu um braço estendido,
Nele um bracelete
De ouro e pedras,
Haviam apenas ossos
E dedos sem pele
Com anéis de ouro e pedras.
“Mas isso é muito valioso”.
Ele pensou rápido,
Olhou de soslaio
Não viu ninguém,
E se agachou de joelhos
Para juntar o objeto,
Os dedos no entanto,
Prenderam seu braço
E o puxaram,
E eram muito fortes,
Eram os ossos mais fortes
Que ele já viu.
A terra começou a tremer,
E cair para dentro,
A cova começou a se desgrudar
E pedaços enormes de terra
De sua beirada
Se deslocaram para dentro.
Depois disso,
A lápide da esquerda
Se quebrou onde tinha
A nomenclatura do morto,
Caiu sobre a cabeça dele,
E seu corpo se estendeu
Sobre a cova,
Inconsciente.
Seus dedos presos
Nos ossos do morto,
A lápide grossa de mármore
Caída sobre sua cabeça,
Um pouco de terra
Sobre seu corpo,
E água.
A cova voltou a fazer água,
Quando chegou ao seu corpo
Ele sentiu profundo frio,
Seu corpo tremia involuntário,
Depois disso,
Ela chegou ao seu nariz.
Então, um tremor maior
Deslocou a lápide do lado,
E ela veio inteira sobre ele,
Como se seu lugar anterior
Fosse ali.
Contudo, apresentou rachaduras,
Pois quebrou ao meio
Sobre ele,
Que estava estendido
Sobre a cova aberta.

Rainha Vermelha

Em fuga
Eu rezei para que
A ponte do castelo
Estivesse baixada
Conforme eu pedi a Rolinton,
Eu precisa não ser pego.
Nono na sucessão ao trono,
Recebi a informação de que
A sala do trono estaria vazia,
Logo, pedi pão a vovó Rainha,
Ela me cedeu,
Fui a cozinha buscar,
Levei com está fatia
Uma faca,
E com ela destranquei a sala.
Lá, roubei a primeira joia
Que encontrei,
Não me preocupei se era a coroa
Ou o que vinha a ser,
Logo que entrei na sala
Reluzente em amarelo,
Imaginei que seria tudo,
Menos merda,
Embora vovó em seus tempos
Se ócio gostasse
De receber visitas,
Contudo, apesar de todos
Os meus esforços,
Eu nunca foram chamado
Para aquele determinado local.
Amaldiçoo os que entraram,
Ali só fui recebido
Mediante o comparecimento
De toda a família,
Do primeiro ao nono príncipe,
Todos enfileirados
Para ouvi-la falar,
Sentada ao trono,
Que, em evidências mais óbvias
Era esculpido do ouro,
Embebido a pedras preciosas,
Adornado por tudo que houvesse
De valor,
Até mesmo os nomes dos
Sucessores numa bandeja
Ao lado do magnificente.
Bem, dentro da sala de ouro,
Eu esqueci todo o resto,
Quando vislumbrei o enorme
Trono, de espaldar grande,
E quatro pernas,
Uma cadeira normal,
Contudo de pedrarias.
Corri para ele,
Tentei arranca-lo,
Mas parecia grudado,
Tentei retirar algumas
De suas pedras,
Mas, só consegui quebrar
A faca e deixar uns dentes,
Depois ao quebrar a mão,
Optei por pegar um baú
Que estava solto
Logo atrás dele,
E corri.
Corri muito.
Estava mais que
Com a cabeça a prêmio,
Mas, também com meus
Direitos de sucessor em jogo.
Provável rei,
Após a queda de oito,
Eu não poria minhas chances
No lixo por nada.
Fora da sala,
Recordei dos nomes
Sobre aquela bandeja,
Me veio logo o sorriso
De vovó Rainha,
Sem dentes,
Cabelos brancos,
Rosto coberto de rugas
Devido a idade avançada.
Abri a porta que já estava
Puxando para fecha-la
E corri até aquela bandeja,
Risquei o nome de Adriane,
Também, o de Paula,
E fui tomado por um ímpeto de coragem:
Deixei apenas três –
Enrique, Ariane, e Cleiton.
Agora eu era o quarto,
Ok.
Estava tudo melhorando
Bastante.
Risquei de maneira
Que jamais alguém
Poderia ler
O que havia anteriormente
Escrito.
E eu jamais seria testemunha
Contra eu próprio,
Então, o caminho estava a salvo.
Corri, fechei a porta.
Dentro do amplo corredor,
Busquei a porta de saída,
Estava trancada,
Eu não poderia bater
Para que fosse aberta,
Então, busquei minha faca
E lembrei de tê-la quebrado
E abandonado ela
Ao lado do trono.
De maneira estratégica
No estofado de pele
Para que vovó Rainha
Se sentasse sobre ela
E nunca imaginasse
Que foi trabalho de um adulto.
Agora, sem a faca,
Já que quebrou-se toda,
Eu deveria achar outra saída,
Estava com o baú de mão
Em meu poderio,
Tinha dinheiro em propriedade,
Não poderia desistir,
Fui até a janela,
Sem recordar muito
O que havia embaixo
E pulei.
Me larguei de lá
Para o pátio,
Cai sobre arbustos,
Destruí o jardim de vovó Rainha,
Sobre escoriações
Devido aos galhos
E penso que fraturei
Uma perna.
Mesmo assim,
Me levantei e fugi,
No caminho,
Lembrei de Sabine
Docemente a espera
De ser amada em seu quarto,
Sem avisá-la
Sobre minhas intenções
Fui até lá.
Subi pelas janelas,
Vi que o baú de mãos
Estava pesado
E o soltei para o lado
Sobre um dos arbustos,
Então,
Escalei uma,
Escalei a outra
E depois a terceira.
Ela estava na terceira,
Em seu quarto,
Rasguei a cortina
Antes de ela me ver,
Fiz dela uma espécie de touca,
E entrei,
Fingi que era seu esposo.
- Oi amor,
Sou eu Normaro.
No corpo de Sabine
Eu perdi a contagem do tempo,
Quando saí de lá,
Ao descer as janelas
Resvalei na terceira
E cai.
Normaro me pegou
No quintal,
Ainda descendo das janelas,
Normaro me bateu tanto,
Que minha touca sobre o rosto
Ficou irreconhecível de sangue.
Ao ser jogado no rio,
Rolinton me encontrou de barco,
Soube das minhas dores,
E correu para buscar o baú
De mão,
Encontrando o trouxe,
Voltou ao barco
E me acolheu daquela água
Ensanguentada
E fria.
Eu tremia,
E soluçava minhas dores.
Logo ele iniciou a remar,
Levou o barco para o meio
Do rio
E desceu água a baixo.
- por quê não cruzamos a ponte?
Indaguei,
Recostado na beirada
Do barco.
- você está muito ferido,
E não pode andar.
- mas, por quê você não
Me carrega?
Eu sou o príncipe.
- o quê? A que preço?
- a preço pequeno!
- quanto exatamente?
A custo me virei de costas,
Escondi o baú de mão
E verifiquei o que tinha:
Fiquei estarrecido,
Havia ali somente jóias
Que eu já havia levado
Anteriormente e troquei
Por falsas.
- vovó Rainha nos enganou.
Eu disse.
- o quê?
Rolinton gritou
E bateu o remo
Contra o lado do barco.
- não destrua isso
Ou afundaremos.
Estamos com pouco
Dinheiro, apenas isso.
- não entendi.
Ele insistiu.
- olha, a cópia de joias
De valor ainda são
Réplicas perfeitas
Àquelas pertencentes a coroa.
- claro, terei uma réplica perfeita.
Rolinton falou
Concordando
E seguiu remando para longe.
Passamos por três cidades,
Eu não faço ideia
Por quais eram,
Nunca decorei nomes
Ou me importei com territórios,
Mas, precisava fugir:
*Para gastar o valor das réplicas;
*Para ser esquecido do quarto de Sabine;
*Para que o esposo dela
Me esqueça mais que ela.

Enchente Braba

O rio encheu
Tão de repente
Quanto iniciou
A chuva.
A água ficou marrom,
E o barulho
Se tornou ensurdecedor,
Otaviano acordou assustado,
Eram cinco horas da manhã,
Não havia previsão
No dia anterior para chuva,
Porém chovia.
Ele notou pelo barulho
No telhado,
Teve certeza,
No instante em que
Uma telha se rachou,
E começou a pingar
Sobre a cama.
A chuva estava tão densa,
Que o foro não suportou
Segurar a chuva
Para impedi-la de cair,
Ela escolheu cair sobre seu pé.
- acorde, Judite.
Está chovendo sobre a cama,
Acho que molhou os cobertores,
E talvez, já tenha chegado
Ao colchão.
A esposa dele acordou
No mesmo instante,
Assustada e sonolenta.
- não permita que molhe tudo,
Temos poucas roupa
De inverno.
Ela respondeu,
Saindo da cama rapidamente,
E pegando ao lado da cama
Para puxa-la
Para o seu lado
E tentar evitar que a goteira
Molhasse completamente.
- puxe a cama
Até que a goteira suma.
Ela disse.
- você não acha melhor
Trocar a telha
E cobrir o furo?
Respondeu Otaviano.
Auxiliando Judite
A empurrar a cama
Para a direita.
- como você trocará a telha
Embaixo da chuva?
Pode cair um raio,
Ou então, você pode resvalar
E cair de lá.
Judite respondeu preocupada.
- tem razão amor.
Se retirar a cama debaixo
Da goteira ajuda,
Já fizemos o bastante.
Ele encerrou.
Encostando a cama
Para o lado
E ajudando Judite a sair de lá.
Judite aceitou a mão
Que ele lhe estendeu,
Depois aceitou encarecida
O abraço que ganhou,
Se demorando recostada
No peito do esposo.
Otaviano saiu para a sala,
E foi até a janela da cozinha,
De onde constatou
Que o rio estava cheio,
Uma enchente sem tamanho
Chegou e seu caico
Poderia ter se perdido,
Ou arrebentado a corda
Que o mantinha preso
A margem.
- querida, o rio encheu
E nosso caico se perdeu.
Ele disse,
Se virando assustado
Para o lado da esposa
Que entrava da sala
Para a cozinha
E abria bem a cortina.
- talvez a árvore esteja
Já dentro do rio,
Mas não tenha se quebrado,
Então, ela o segurou...
- tem razão.
Ele respondeu,
E correu trôpego
Para abraça-la,
A esposa sempre lhe traziam conforto.
- eu preciso nadar até o caico,
Desamarar a corda
E puxa-lo para a margem
É de lá que tiramos nosso pescado,
Sem o peixe que nos sustenta
Morremos de fome.
- mas amor,
O rio pode estar cheio demais,
Vamos escolher deixar o caico...
-querida, não podemos.
O caico é difícil de fazer,
Caro pra comprar...
- amor, você não está
Pensando direito,
Você não pode arriscar sua vida
Desta maneira.
- querida, entenda:
Eu nado bem!
Otaviano respondeu,
Dando a conversa por encerrada.
Abraçou a esposa com carinho,
Pegou o guarda-chuva
Que estava pendurado
Num prego atrás da porta
E saiu para fora.
Judite ficou boquiaberta,
Sem entender o motivo
Seus olhos lacrimejaram.
Chovia muito.
Estava escuro.
O céu não dava trégua
E o rio não perdoava.
Buscou sua sombrinha
Atrás da porta
E correu atrás do esposo.
Não o deixaria sozinho.
Na saída da porta
Uma lufada de vento
Quebrou a sombrinha
Para trás,
Agora nada adiantaria.
Ela jogou a sombrinha
Sobre a área
E saiu embaixo da chuva,
Preocupada com o esposo.
Ao chegar próxima
Ao porto,
Resvalou na terra,
E foi parar dentro da água,
A água estava rápida,
Porém ela se firmou
Sobre uma galho
E se puxou para cima.
Em terra dura,
Ela se agarrou
Num galho ao lado
E buscou o esposo,
Ele estava nadando.
Realmente, a árvore
Que segurava o caico
Estava no meio da água
E o caico foi puxado para baixo
E batia contra as pedras
E árvores.
- a corda não irá mantê-lo?
Ela teve tempo de gritar
Ao esposo,
Ele estava chegando lá,
Em meio a braçada na água
Ele olhou para ela.
Um olhar assustado.
Um olhar apaixonado,
Talvez, um último olhar.
Chegando lá,
Ele foi obrigado a cortar
A corda
Para poder puxar o caico
Para seu lado.
Isto demorou um pouco,
Então, ele cortou,
Puxou o caico,
E subiu nele buscando o remo
Que continuava dentro dele,
Que embora cheio de água
Não se perdeu por estar amarrado.
Com o remo ele retirou a água
De dentro
E então o empurrou
Para o lado da margem,
Pulando dentro dele
Rápido.
Quando ele estava
Próximo a chegar,
Na metade do caminho,
O caico bateu contra
Uma pedra debaixo
Da água
E Otaviano caiu contra a borda
E quebrou a perna,
Estabilizado,
Não foi capaz de impedir
Que o caico se perdesse
Para baixo
Levando ele em cima.
Judite correu pela margem,
Juntou um cipo mil homens,
O cortou da árvore
Em que ele subia
E laçou o caico,
Então, a árvore o manteve.
Impedido de seguir o caico
Chegou a margem,
E ficou lá.
Judite correu,
Subiu nele,
Pegou sua corda e
O amarrou numa árvore.
Agora ele estava seguro
Pelo cipo
E também pela corda amarrada.
Depois disso,
Ela ajudou Otaviano
A voltar para a casa,
Seguros.
Também seu ganha pão
Foi salvo,
Agora restava apenas
Trocar a telha
E esperar a chuva acalmar.
Logo, o dia foi amanhecendo,
A chuva continuou,
O rio aumentou ainda mais,
 Porém, não foi capaz
De levar o caico
Ou causar danos.

sábado, 2 de agosto de 2025

A Rachadura Lá de Casa

Com pouco dinheiro
E muito a fazer,
Eu dei meu primeiro passo
Para dentro da casa,
No mesmo instante
Um barulho de algo
Se partindo
Cruzou por meus ouvidos.
Fiquei mais atento,
Para entender o que ocorria,
Percebi que embaixo
Do meu pé
Originou-se uma rachadura,
E está andou para frente
Em velocidade desmedida
Ganhando quase todo
O chão que viria.
Eu levantei o rosto
Para o alto,
Sem temer,
Dei o segundo passo,
Nada mais ouve,
Então, decidi cruzar a sala.
Me deslocando para
O meio dela,
A rachadura continuou
Comigo,
Se refez a partir do chão
E correu pela parede,
Subindo até o foro da casa.
De súbito parei,
Medi a pressão
Do meu próximo passo,
Dei uma olhada para trás,
Tentando analisar
Se retornava a partir do zero
E buscava outra casa,
Ou se optava por economizar
Meu dinheiro.
Apertei minha carteira,
E lembrei que dispunha
De pouco, muito pouco.
Eu precisava,
Mais que nunca,
Contar com a sorte,
Então, segui.
Cheguei a cozinha,
E lá do teto
Caiu outra rachadura,
Foi como se ela estivesse
Medindo esforços comigo
Numa tentativa inútil
De me aterrorizar
Ao buscar estar sempre
A minha frente.
Bem, eu realmente,
Não iria até a janela
Que ficava ao final
Da cozinha,
Não neste instante,
Assim, deixei a rachadura
Como estava,
Parei de pensar nela
E me dirigi para o quarto.
Lá me deitei,
Me refiz do cansaço
Do dia.
Ao acordar
As rachaduras
Não ganharam tanto espaço
No meu pensamento.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Vizinha

Já estou quase
Sentindo o amor
Do vizinho
Pela esposa dele.
É o segundo mês
Depois que eu descobri
Seu horário de tomar banho
E trocar de roupa
Que eu me posiciono
Estrategicamente da minha sala,
Com minha cortina
Semicerrada para vê-la.
Já decorei suas curvas,
Admiro seu perfume,
E tenho preferência
Por seu hidratante.
Agora, encontrei minha coragem,
E escrevi o horário
Em meu vidro
Molhado de suor
E sereno
Em que irei vê-la.
Convenhamos que a sua
Veneziana de madeira
Não me convence
Sobre ela desejar me afastar.
Há dois meses
Que tenho por hábito
Cuida-la,
E me deliciar com a visão
Dela nua,
A desfilar feito uma deusa
Por seu quarto,
Fazendo poses
E apelos,
Que já não acho possível
Que ela me ignore,
Ou não tenha notado
Minha presença.
Estou doente por ela,
Já estou quase
Pedindo a ela
Que se divorcie.
Bem, se aproxima
Do horário expresso no vidro,
Desta distância,
Não há como ela
Não ter enxergado.
Vou-me embora,
Rumo a sua janela.
Chegando ao pátio
Do vizinho,
Não encontrei até agora
Problema nenhum com seu
Portão sujo,
Contudo, minha roupa
Já não está como outrora.
Bem, vejo daqui debaixo
Que a veneziana está fechada,
Está certo,
Porém, a luz do quarto está acesa,
De tempos em tempos,
Ela aparece nua
Na janela,
Este deve ser meu aceite,
De fato.
Me agarro numa árvore,
Subo pelo tronco,
Chego às venezianas
E pulo em direção a ela.
A moça me vê,
Eu aceno,
Me seguro no espaldar
Da janela,
Ela abre a boca,
Faz cara de susto,
Eu sorrio sem jeito.
Indico as venezianas
Semiabertas,
Ela confirma com a cabeça,
Então, é isto,
O convite foi aceito,
Com está informação
Subentendida
Eu movo meus dedos
Para a veneziana
Que se parte ao meio.
Eu perco minhas forças,
E odeio a maneira
Como um tombo
Termina odioso
Quando ao final dele
Você se vê de costas,
Caído no chão,
Olhando para o céu tão distante,
E sua boca exclama
Um grito de dor involuntário.
Contra o involuntário
Não há como lutar,
Ferido,
Enganado,
E abandonado.
Com o custo da minha
Autoestima eu levanto,
Chacoalho a sujeira
Da minha roupa
E vou embora
Depois de um último tchau.

Saudade

A saudade gosta
De ficar comigo,
Você chega,
Ela passa,
Você vai embora,
Ela decide chegar.
Sempre que você não está,
Ela insiste,
Parece gostar
De estar aqui
O tanto que você
Não quer ficar.
É certo,
Você tem outras coisas
Para fazer,
Enquanto a saudade
Só sabe ficar,
Mas sabe?
Mesmo quando você está,
Só agora
Penso em confessar,
Quando ela passa,
Eu a vejo
E penso nela,
Poxa há tanta coisa
Em que pensar,
Que já estou acostumada,
Já me imagino
Te vendo distante,
Enquanto, ela
Sempre fica mais atraente,
Mas, neste pouco instante,
Em que ela me deixa,
E eu posso ser só sua,
Vamos brindar,
Beber whisky com coca cola,
Ver se posso entorpecer
Os sentidos,
Mudar o rumo da conversa,
Afastar os pensamentos,
Eu já não quero
Pensar em nada,
Quero aproveitar você,
Te abraçar
E esquecer todo o resto.

Um Grandalhão

Fui passar e esbarrei
Em alguém,
De início foi difícil
Perceber
Quem seria,
Era noite,
E o ambiente estava
Mal iluminado.
Contudo, aquele ombro
Bateu feito ferro
Contra o meu,
Eu tentei passar
Por ele, na verdade,
Porém, fui jogada
De volta tão rápido
Quanto seu ombro
Me tocou e me jogou
Para trás.
Me alicercei com um pé,
Segurei firme meu corpo,
E busquei aqueles olhos,
Quem seria?
Como poderia ser tão forte,
Eu esfreguei o ombro,
Tentei olhar séria,
Fazer de tudo
Para evitar o sorriso,
Estava ferida
E ele parecia uma muralha,
Uma espécie de muro
De pedra,
Contudo, seu olhar
Foi pior que isso.
Ele parecia estar preparado
Para ser minha linha
De limite,
Me olhou gélido,
Quase ameaçador,
Seu rosto era quase
Sem expressão,
Parecia feito de pedra,
Daquela pedra só havia
Uma espécie de fenda,
De onde brilhava seu olhar,
Aquela fenda a me ver
Levou embora toda
A minha coragem.
Gelada de medo,
Desisti de reclamar,
Quis passar correndo,
Fugir apressada,
No entanto, aquele gelo
Parecia exigir mais que isso,
Talvez, cautela,
Precaução em minhas
Atitudes.
Uma onda gelada
De medo me ganhou,
Eu estagnei,
Permitir que a multidão
Nos separasse,
O olhar era duro demais,
Foi como se uma luz
De alerta
Brilhasse por dentro
De mim e me dissesse:
Cuidado, este não é
Como aqueles
Com quem você brinca,
Esnoba e chama
Quando deseja.

Garota da Mente Fraca

As vezes,
Me chamam de despreparada,
Inocente para as coisas,
Porém, eu não tenho mente
De maldade,
Não deturpo
Tudo que vejo,
Não olho as coisas
Com maldade.
Desculpa, se não vi
Todas as vezes
Que você tentou
Me ferir,
Eu estava ocupada
Demais vivendo,
Imaginando um sonho,
Tentando.
Não tenho culpa
Se quando sonhei
Você estava lá
Para estragar tudo,
Como ele não te influenciava,
Nada tinha a ver
Com sua vida,
Não imaginei que virei
Sua inimiga de carteirinha,
Porquê, querida,
Você nunca me disse nada,
E convenhamos
Eu não tenho mente fraca,
Você pensa que eu saio
Cuidando todos
Que andam na rua,
Cismo com todo rosto estranho
E o imagino me fazendo mal,
Sabendo que nada fiz
Para merecer isso,
Negativo, querida,
Você está totalmente
Por fora
De como vivo
E de como você agia.
Você me fez mal, sim.
Ok. Está certo,
Porém, nunca esteve
Tão perto,
E fez tudo que pôde
Para não me dar chances
De defesa,
Porquê, querida,
Você realmente nunca desejou
Que eu me defendesse,
Ok.
Você foi falsa,
Uma medíocre traiçoeira,
Mas, veja,
Eu nunca fui como você é,
Tanto que nas suas baladinhas,
E círculos que você frequenta,
Querida,
Eu nunca estive lá,
Nossa mente
É diferente
Não tente fugir disso,
Sua mente é fraca,
Me escolheu para inimiga,
Nem me deu escolhas,
Cai fora e amadurece
Garota mal amada.

Sozinhos Nunca

Rememoro o passado,
Vejo mais erros
Que acertos
Entre nós,
Mas, isto nos manteve juntos,
Você optou por ficar,
Eu escolhi te amar,
Agora o rumo é esquecer
O que houve,
Buscar ficar juntos,
Fortalecer o que há.
Antes haviam tantos planos,
Agora, em questão de horas
Nós colocamos tudo
Em prática,
Isso se deve
Por estarmos juntos,
Quando foi cada um por si,
Nada saiu do papel,
Nenhum sonho foi real,
Nem ao menos quisemos
Ir tão longe.
Estamos juntos
E mais fortes,
Eu vejo em seus olhos
Nosso futuro mais perfeito,
Eu vejo em nós
O que há de mais perfeito,
Eu o amo,
Eu adoro o seu jeito.
Eu errei,
Isto se deveu a tudo
Que passei
Sem ter você ao meu lado,
Foi difícil,
Foi horrível,
Prefiro não falar sobre isso,
Gosto mais de pegar
Sua mão,
Sentir a segurança
De nós dois,
A confiança
Que há em nós,
E saber que jamais
Se repetirão os erros,
Nem estaremos sozinhos,
Nunca.
Nunca estaremos sozinhos.

Lá na Plantação

Meu pai e eu Iniciamos uma plantação De manga, Uma fruta doce, Difícil de ser encontrada E nutritiva. Nossa intenção era v...