sexta-feira, 7 de maio de 2021

Dessa Vez, O Adeus


Ela pegou a rosa vermelha e repousou nos lábios,

Sorveu o cheiro como se sentisse invadir seu peito,

Ali onde tantas vezes o amor repousou,

Hoje não havia nada além de lembranças e quem sabe,

Não fosse exagero definir lamento,

Sem saber precisar quais eram as consequências disso,

 

Ela permitiu-se chorar tudo o que um dia foi felicidade,

Hoje teria outro nome, distância, ou outra coisa parecida,

"Mas há entre eles, aqueles que escondem a verdade,"

Ela o ouvira dizer assim que lhe disse: "querido, jurar amor,

Todos juram..." não conseguia esquivar-se da frase,

E sem saber porque motivo decidira acreditar no que ouvia,

 

Deitada em sua cama, deprimida, se julgava arrependida,

Lágrimas de tristeza fugiam do seu olhar, sentiam medo,

Acreditavam que ao permanecerem dentro dela, morreriam,

De dor, tédio e mais alguma coisa triste que não sabia definir,

Fora dela, poderiam perceber que também não teriam vida,

Triste destino de quem muito amou apenas para ser esquecida,

 

Saudade era o preço por amar a quem não merecia,

Fim prematuro para a desventura de nunca ter amado,

Entre o texto e o contexto, a dor era quase desejada,

Antes quedar por um sonho que nunca ter acreditado,

Todavia a dor feria, palpável feito a carícia que tardava,

E quando vinha através de lembranças feria de novo,

 

De outra forma, poderia vir, mas quem a desejaria?

O amor vem de quem merece recebe-lo de volta,

Não adianta estar entre aqueles que duvidam

E chamar por aquele que só vem para momentos,

Embora sonhos possam ser construídos a partir de pedaços,

Um amor não sobrevive quando parte de apenas um lado,

 

Ela tentou imitar um dos seus gestos, queria apaga-lo,

A esperança que iniciara a tentativa terminara em piada,

Porém, vinha embebida em lágrimas - o abandono -,

Quem iria pensar nele antes de embarcar na estação amor?

Quando até suas palavras balbuciavam um até logo,

A frieza do adeus era quase insuportável, doía em demasia,

 

"Apenas peça desculpas, dê meia volta e deixe o escritório",

Ela pensou consigo mesma, cada qual tem um sonho que o guia,

Ela tentou sorrir ao ver que acreditara no amor daquele homem,

O amor de tudo atento, não a soube dirigir neste destino,

Tentava voltar a face para algum lugar em busca do que não sabia,

Tudo estava exato, até que a solidão batera a porta: não a reconheceu,

 

Ela trazia flores, falava de amor, bem, isso acontecera apenas no início,

Com o tempo foi caindo no acaso, até ele não atender mais o telefone,

Ele não quis escutar o que ela tinha a dizer, até que tudo se distanciou,

Bem, tudo que ele fez foi baixar o zíper e embalar-se,

Não tentou controlar-se para agradá-la, só gemeu aquelas promessas,

Gentileza premeditada para um fim individualista, amor de um apenas,

 

" - Amai a mim como eu a amei desde o primeiro instante querida,

Acredite em meus sonhos e junto a ti, não irei querer mais nada",

Ela recordara com um sorriso molhado de tristeza e um toque de amargura,

Ele não mentia, não quis mais nada... com ela; quanto ao resto ela não sabia,

Quanto as suas desculpas da época terem sido aceitas, isso era outra história,

Quando se percebia estava nua, parecia não importar tanto o que ela sentia,

 

"- Não irei querer mais nada”, isso ecoava em sua alma naquela voz melodiosa,

Final que deveria ter antecedido o início, bem, se ele não quer contato: o esqueça!

Quando se trata de amar a si mesma, nada que se faça termina em vão,

Mas quando o amor se torna a base da sua vida, seu esquivar faz fraquejar a emoção,

"Do amor emergi: a ele, um dia, irei retornar", - um brinde de lágrimas- ,

Ela poderia ir até ele, devolver os presentes, isso soava a peregrinar,

 

Indagava-se sobre o que poderia fazer para aplacar o erro de tê-lo amado,

Mas achava que deveria ser íntegra ao que havia sentido,

Pensamentos trêmulos, queria que ele ao menos soubesse o quanto o amou,

Doloroso castigo destinado aos que mentem: fingir nunca ter sentido...

É certo que palavras não sustentam atos, não por muito tempo...

Algumas horas, um veículo desgovernado a caminho, muito choro no trânsito...

 

E um rosto vermelho pede permissão para entrar em um escritório,

Encontra quem busca, calmamente sentado sorvendo um café,

O outro se surpreende, solta um sorriso com teor forçado,

Ela tem uma rosa vermelha em uma mão e na outra uma sacola de antigos presentes,

Nem um sorriso antipático, falta uma mentira ou verdade para contar,

Olhar para ele, embrulha o estomago, ela sente não ter o que dizer,

 

As circunstancias favoreciam as injustiças, ele usava o relógio que ela dera,

Presunçoso, altivo e resistente, o contrário dela com suas lágrimas irrefreadas,

Na roupa dele parecia ainda ter o cheiro dela, ela sentia medo das últimas horas,

Fechara a porta atrás de si, ninguém os incomodaria, ele a olhava e gemia - em sua cabeça-,

Ela não sabia se o que via em seu rosto era saudade ou algum tipo de tristeza,

Mas não gostava, algo gritava sua dor impiedosa, não pronunciou uma palavra,

 

Ele parecia saber o que fazer, também, não disse nada, mantinha o olhar firme,

A infelicidade parecia ter virado rotina e ela não conseguia negar-se a ela,

Sua mente sombria, via a noite de lua depois do poente, lá não tinha ele,

Ela estaria sozinha, dentro de algumas horas, contemplando o luar,

Em um gesto instintivo ele estendeu a mão aberta sobre a mesa – convidativo -,

Ela segurou firme a rosa e a cravou nele - nunca soube resistir aos seus convites -,

 

O gesto o surpreendeu, ele manteve-se inerte vendo o sangue verter,

O sorriso congelou nos lábios, algo de lágrimas parecia ser visto,

Ela não esperou o resultado, deixou a sacola, abriu a porta e saiu para a rua,

Um espasmo de dor a movia, mas dessa vez a mandava para outro caminho,

O destino que deixava para trás, parecia estar estagnado olhando-a apático,

A injustiça vinha embriagada em algumas cervejas a luz do luar – sozinha,

 

Pela primeira vez desde que se apaixonara e fora abandonada,

Seus olhos sentiam-se vingados por todas as suas lágrimas,

Agradeceu aos céus com um acenar através de uma garrafa de cerveja,

Em passadas trôpegas ela tentava deixar toda a tristeza para trás,

Enquanto enfiara a haste da rosa tomara cuidado de não o tocar,

Mas fora como um roçar em sua mão, não dissera adeus: fora embora...


 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Um Papel Amassado


Deus abençoe o suco de coco no frescor do outono,

Ela levantou um sorriso enquanto levava o copo aos lábios,

Você aprecia meus brincos novos? Ela indaga descontraída,

Um elogio eleva o ânimo, mais ainda quando parte de quem se gosta,

Ela trazia as folhas para perto do rosto, indecisa sobre o teor,

Há quem prefira o remorso do que a sinceridade de confessar sua dor,

 

Provavelmente, naquele papel reciclado estivesse o resumo da sua vida,

Pedindo-lhe com uma singela assinatura que desse fim aos anos de casada,

Jogando ao acaso, como se cada sonho não significasse mais nada,

O nome que ele pediu para abdicar outrora agora fazia a diferença,

Daria um passo para trás no tempo, porém não nos anos que passaram,

Obteria sua vida de solteira de volta mas com o status de divorciada,

 

Não houve resposta sobre a sua pergunta por ela estar sozinha,

Sem ninguém para desabafar além de si mesma,

Ainda assim ela tagarelava, como se tudo o mais caísse, sem importância,

Em um gesto de descuido, amassou o documento,

Ele resolveu dar um fim as promessas desfeitas em que a prendera,

Demorara um ano preparando a data da cerimônia,

 

E pedia, no mesmo dia, 06 de maio para dar um fim ao que viveram,

Nem mesmo o vestido de noiva ela havia jogado fora,

Pergunta-se, quem tem o dom de decidir um futuro,

O amor que jurara o para sempre, ou uma briga de meses?

A tudo o amor é atento, com o mesmo zelo do início ao fim do beijo,

Por que a pressa ou a demora em procurar por ela?

 

Aquele homem que amara já se foi, ou estava arrumando uma desculpa?

Desabafar, talvez fosse uma ideia boa, podia telefonar para alguém,

Confidenciar o que sentia, correr o risco de ser traída,

Ela aconchegou-se na cadeira de balanço, sorveu o consolo em um gole,

O beijo que merecia estava distante agora, fugira do seu contato,

Repetir promessas não faz tanto bem, acaba aprisionando ao passado,

 

De forma insensata, ela se indagava: quem mudou a direção do amor?

O amor lhe virava as costas, havia nisso uma dura prova?

Tentou levantar-se num salto, perdeu a direção dos seus modos,

Derrubou o copo sobre o celular, perdeu a oportunidade de companhia,

De tudo que podia pensar, a culpa era a que menos teria efeito,

Já havia desperdiçado seu tempo o suficiente com essa história,

 

Levantou o rosto para o horizonte, as estrelas lhe dariam a direção,

Seu rosto que ganhara uma expressão descontente, estava sem emoção,

Todavia, seu punho se contraia em um sentimento que poderia definir-se: ódio,

Sua voz, se tivesse com quem conversar teria o tom estridente do rancor,

Tornou a encolher os ombros sob um sol amarelo que parecia se por,

Auto piedade não cura ou conforta quem você tenha magoado,

 

Esteja onde estiver o seu amor, ele saberá direcioná-la,

Como sempre fez antes de acreditar estar apaixonada,

E se entregar a quem agora, não lhe dava sombra de vida,

Ela agarrou-se sedenta a aquele tênue fio de esperança,

Enquanto pedia outro suco de acerola com manga e menta,

Qual foi o motivo que desencadeou em tudo isso, ela não sabia,

 

Parecia estar rodando em uma rua sem saída sempre em equívoco,

Ela recorda de ter sido xingada e ter devolvido a fúria com a mesma voz,

Quando se pegou estacionada para refletir sobre que direção trafegar,

Se viu em uma rua sem saída, um beco que não levava para nenhum lugar,

Mas, dessa vez o homem que a protegia a assustava,

Ela empreitava em fuga, mas não tinha para onde ir ou ficar,

 

O mais difícil nisso tudo, era estabelecer um diálogo com aquele,

Com quem você repete a anos a mesma coisa e ele não ouve ou entende,

O ataque precisava ser resolvido ou poderia terminar em sangue,

Sua vizinha caiu da janela do prédio numa noite escura de inverno,

Em certa vez, ela errara o pé do freio, noutra o confundiu com a marcha a ré,

Mas o amor estava atento, a dirigiu para aquele chalé de outono,

 

Ela abriu as mãos e suspirou com sua característica melancolia,

Não sentia dor, embora por dentro estivesse vazia,

O amor perdia a sua utilidade para virar penitência,

Não importava o que sentia, seu sentimento volta-se contra ela,

Inquieta ela sacara uma arma na bolsa, a pôs sobre a sua perna,

Uma mulher abandonada ao acaso, depois de crer em tantas promessas!

 

Todavia, a três dias atrás via assinada a sua sentença,

Quando foi buscar as crianças na escola e o pegou com outra,

Agora sua intenção era esquecer o embaraço de ter trocado o dia de ir busca-las,

Simples e direta: ponto de impacto isolado, só queria dormir agora,

Os dois meninos se aproximaram dela com um menear de cabeça,

Pareciam não gostar de contemplar a situação em que a mãe estava,

 

Pensara em indagar a eles sobre tudo o que vira, mas rejeitaria as respostas,

Arrependimento, um pedido de desculpas, não: um divórcio calculado,

Sua cabeça pesava com as lembranças deixavam as ideias desnorteadas,

Entre tantas juras, ele se perdera no caminho do tempo,

Ela não soube conduzir sua dor, fugira desolada para longe de tudo,

Pegara as crianças, sussurrava coisas desconexas com beijos ao ouvido,

 

Tudo parecia um absurdo erro que condenava ao fracasso a sua vida,

Ele deixara quedar em caprichos todo o amor que lhe foi revelado,

Com um suspiro ela não esperou o suco, pôs a arma na bolsa,

Pegou as crianças e foi caminhar na água tranquila do riacho,

Sentara-se na água com elas ao lado, então ouvira uma voz sonora,

Antes de ter tempo de virar-se, sentiu um projetil lhe ferir por trás,

 

Depois disso, ouviu um grito masculino e outra arma ser disparada,

Antes de ter tempo para qualquer coisa, ouviu um grito feminino,

Que agoniava a dor de ser perfurada três vezes antes de cair nas pedras,

Ela reconhecia a voz masculina, era a do seu esposo um tanto raivoso,

Não pode dizer ou fazer nada até sentir a água penetrar suas narinas,

E ver as crianças em pânico enquanto tudo escurecia aos seus olhos.


quarta-feira, 5 de maio de 2021

A Um Dos Meus Exs

 


Ao meu querido, Henrique e a outros que neste instante,

Resistirei a revelar seus nomes, sim eu usei o plural, não nego,

Henrique leu o próprio fim de ser considerado como homem,

Com aquele seu sorriso seguro nos lábios e olhar atento,

A razão do descompasso é que com o passar dos anos,

Ele ganhou o hábito de conquistar corações e abandoná-los,

 

Nada encorajador para quem deveria honrar sua dignidade,

Ao procurar conquistar a todas, descuidou-se de sua mente,

Ocorre, que os anos foram passando e com eles sua juventude,

Sua fama de conquistador foi decaindo pelas esquinas da cidade,

28 dias antes do Natal, ele buscava um presente para si mesmo,

Abria a porta do carro com relutância, fechava com uma batida,

 

Queria impedir que ficasse aberta, temia a escolha de ser sozinho,

Fazia tudo com gestos mecânicos, não se considerava um ser humano,

Era como se todas as promessas que quebrou em sua vida,

Estivessem se voltando contra ele, ferindo-o por onde passava,

Buscava um sorriso em um rosto amigo, mas não via mais nada,

Fechara-se tanto em si mesmo, que ninguém mais o entendia,

 

Temia as miragens que andavam a sua volta,

Era como se tudo que fez um dia voltasse contra sua cara,

Talvez, ainda pudesse se prostrar e pedir perdão por seus erros,

Mas agarrara-se tanto ao transitório que o orgulho que o guiava,

Era tão intenso que o impedia de tomar uma atitude compassiva,

Ferira tantos corações que não sabia a quem se referir naquele momento,

 

Via-se arrastado para o suplício do fogo, no entanto, não podia evita-lo,

Funesto se apresentava o seu destino, feito uma névoa que acoberta,

Algo que o impedia de desculpar-se e o mantinha firme em seu caminho,

Sentara-se no banco, puxara o sinto de segurança e ligara o carro,

Ao conquistar a vantagem da velocidade sentiu-se satisfeito,

- Não se exalte – ouviu uma voz feminina lhe brindar com um sorriso,

 

Manteve-o gelado em seu rosto no mesmo instante em que uma arma

Apontava contra a sua nuca, movida por uma voz rouca e calma,

Continuara na mesma marcha, sem poder fazer um único sinal de ajuda,

Viu carros se afastarem e ultrapassarem, tudo continuava normal,

Menos sua cabeça que explodia buscando uma meio de fuga,

Qualquer um que não terminasse com ele morto em uma vala,

 

Mil nomes cruzaram a sua alma, sim, naquele momento ele a tinha,

Mas, de todos os rostos nenhum lhe chamara a atenção o bastante,

- A menos de um mês para o Natal, imagino que seu namorado a espera,

Eu estava a caminho de uma loja para adquirir um presente,

Uma moça com esta voz linda, não merece andar por aí sozinha;

Ele juntou as mãos no volante e continuara em linha reta,

 

Não ouviu voz de retorno, não buscou se mover, ereto e silencioso,

A efeito da arma contra si mesmo, buscou uma prece na qual nunca acreditou,

Não buscou juntar suas mãos, não acreditava nestas coisas insensatas,

Havia errado o bastante neste mundo e em outros que houvessem,

Se existia um lugar para ele, era no banco de trás com a moça sobre suas pernas,

Suas mãos presas entre os cabelos dela, desfrutando do seu prazer,

 

Mulher não era feita para portar arma e possuir voz altiva,

Ele as preferia submissa, com alma e corpo desnudos ao seu dispor,

Dentre todas as que fez sofrer, esta com voz meticulosa não estava presente,

De uma arma entre mãos femininas previa a própria morte,

Fosse dos seus lábios já teria revertido a situação que se estendia,

Apenas sussurros inaudíveis saiam da sua boca que ele a sentia: rosada,

 

No banco de trás, ela tentou esconder o semblante triste,

As palavras engasgavam em sua boca feriam sua garganta ofegante,

Sua paciência se esgotava com as palavras que não ganhavam o teor do ar,

Morriam em algum lugar dentro dela, implorando para tomar forma,

Sentia a carta em seu bolso, lá ela havia escrito tudo que queria dizer,

Mas, de repente, a entregar perdeu a necessidade tanto quanto transcrever,

 

Ao amor submetida, pelo amor agora estava disposta a ferir,

Mesmo sob o risco de morte ou de esgotar o seu sentir,

Aquela promessa de amor ficara para trás assim que o carro ganhou velocidade,

Ao amor, o que ele merecia: o traidor sob sua mira logo a sua frente,

Recordara de tê-lo visto com outra um dia antes da celebração do casamento,

Por 5 anos noiva, abandonada um dia antes de realizar o seu sonho,

 

Um novo sonho, logo após lhe foi revelado, um ano depois disso:

O encontra imóvel sobre o sofá do apartamento, morto sem motivo;

Nada estava fora do lugar, apenas a carteira sumira,

Vasculhou até encontrar alguma pista, chegou até o carro do seu ex-noivo,

Ela olhou para onde sabia que estava a carteira que ela conhecia,

Agora que estava com tudo esclarecido, temia realizar o ato,

 

Repousou a carta sobre o colo e direcionou-se até a carteira,

Ele vira seu rosto, mas sob a mira, manteve-se ereto com seu sorriso petrificado,

Recuperou a calma, a reconhecera, esticara suas pernas equilibrando-as,

Sentiu o corpo em brasa, a perdera a um ano e dois meses atrás por um erro,

O erro resolvido e tudo voltaria ao seu lugar costumeiro,

Sabia da sua influência sobre as mulheres e do quanto a dominara,

 

Precisara de muito pouco para conquista-la, ela não o teria esquecido,

Uma mulher quando ama, não precisa de mais que uma jura

Para ser dominada pelo sentimento que jurou sentir em algum momento,

Junto com suas lágrimas sempre existem os sonhos, elas gostam disso,

- E quando uma mulher não aprecia uma carteira? Divirta-se, guardo as alianças aí dentro...

Ela não esperou o fim da frase, repousou a carta ao lado e disparou a arma contra ele,

 

O carro perdeu a direção e saiu da rodovia, sua visão ficou turva, talvez, por lágrimas,

Quando aceitou as promessas, não recusou ser marcada pelo amor,

Mas, existem marcas que não perfuram o corpo e ferem a alma,

Existem aqueles que amam, que não precisam ferir para juntar os pedaços,

Ao coração o que for de mais bonito, não apenas palavras soltas em ruínas,

Onde tudo parece ruir ao seu entorno, sem receber nem ao menos o eco delas de volta,

Em um sentir-se sozinho estando junto alguém termina por sair ferido(a).

terça-feira, 4 de maio de 2021

Uma Rosa Sangra

Quem troca o amor por um olhar na rua, se desvia,

Iniciam a escolha pelos meios e depois seguem-se as desculpas,

Com a flor que ela deixou sobre a sua mesa da sala de escritório,

Ela esperava encontrar um meio de fazê-lo retroceder,

Ele poderia ter deixado uma promessa em um verso,

Mas a verdade se tornou descarada de forma evidente,

 

Quando ela passava pelo escritório era motivo de piadas,

Qualquer um que a amasse não a rebaixaria dessa forma,

Ela se pacientou e procurou seguir as ordens da sua alma,

Mas o amor que tem poder sobre tudo, a pediu para sair,

Ainda assim, ela buscou mais uma forma de recuperar,

Pagou preço caro, por ter acreditado sem refletir,

 

Tais foram seus anseios, que as provas de sua dor escoaram

Por entre os seus dedos, através de sangue entre suas pernas,

A traição foi evidente por meio de um e-mail com fotos,

Em que ele beijava outra em uma viagem que seria a negócios,

O medo que não se apoderou dele investiu contra ela,

Com tamanha força que a fez desvanecer por sobre o sofá,

 

A notícia cuja qual ele nem ao menos tinha conhecimento,

Acabava de sujar o sofá e perder-se no ralo do banheiro,

Ela foi rápida em chamar o médico que não teve o que fazer,

Viu o assinar de um atestado alegando uma desculpa médica qualquer,

O dinheiro consegue escrever o que se desejar numa folha,

Bastava a assinatura necessária e um filho nunca veria a luz do dia,

 

Não adiantava chorar, partir-se ao meio em dor profunda,

Os que prometem, nem sempre cumprem, assim é a vida,

Haverá alguém mais perverso que aquele que jura amor

E depois, fere a alma em destino traiçoeiro sem culpa

Ou piedade daquela que acreditou e o amou como nunca,

Jurar amor para depois impedir que o amor se faça?

 

Não cabia julgamento ou condena, destino selado,

Agora nem uma de suas pílulas de felicidade falsa

Trariam aos seus braços o amor que nunca conheceria,

Um rosto sem face ainda sangrou a mesma dor que ela,

Os que procedem dessa forma deveriam temer o amor,

Provar o sabor do próprio veneno, embriagados em cruel destino,

 

Sua recompensa será o opróbrio neste mundo

E o suplício de se ver sozinho no outro,

Sabendo que a Deus pertence do nascer ao pôr-do-sol,

Não há nada que se oculte ou se desvie de suas mãos,

Será tarde quando encontrardes a Deus face a face,

Talvez, lá se depare com outras vidas que fez perder-se,

 

O amor é imenso, Deus sabe disso, alguém se encarregará

De apresentar seus atos, vez que não terá como questionar

Que espécie de envolvimento era imperativo com relação

Aos seres humanos de sua volta, e o que incitava sua emoção,

Felicidade e frustração acompanham a todos sem distinção,

Em que desculpa se apegará quando estiver ausente a paixão,

 

E não restar nada em que você se apegar, por tudo estar explícito,

Buscará inventar uma crise sem nenhum fundamento?

Quis possuir o amor do mundo aquele que não cuidou do amor de casa,

Depois da promessa feita, os adultos fogem aos seus objetivos,

Vale mais o sabor da novidade do que valorizar o que se conquista,

A realidade é oposta aos sonhos de criança, se acostume a isso,

 

Um sorriso não conheceu a luz do dia, outro morre diante dela,

Um terceiro, está absorto em doses de tequila nos lábios de uma estranha,

Os medos foram intensos demais para que ela os pudesse controlar,

Alguns espasmos de dor e seu filho decidiu que não era a hora certa,

A raiva em sua alma tomou proporções avassaladoras,

Não precisou pisar em falso, caíram suas lágrimas e com elas: a criança,

 

A razão desse descompasso é que sua mente estava ocupada,

O abandono foi nocivo com o teor de veneno em sua boca,

Embora o esforço em tentar evitar ver, as fotos ganharam a tela,

Percorriam sozinhas sob suas vistas, precisas e frias,

Mesmo quando jogou o celular fora, não pararam ainda,

Viu cada momento como se estivesse presente, em carne viva,

 

Foram tantas as desculpas esquecidas por entre os cômodos,

Que seus vazios buscaram se preencher de outra forma,

A beira da morte havia tanta dor em seus olhos vítreos,

Que parecia não haver cura para tanta mágoa acumulada,

Todavia, não era tarde demais para curar e ser curada,

Pegou a rosa mais bonita, beijou por entre os espinhos,

 

Juntou-a do seu jardim, o que cultivaram juntos,

Ainda sangrava uma dor profunda e vazia,

Buscou cruzar a diferença daquele momento

Em que arruinar ou superar um erro em sua vida,

Se torna imperativo a ponto de pôr em equívoco

A sua capacidade de decidir por si própria,

 

Dominada pela raiva, cegada pelo ódio,

Uma família se destrói pelas mãos de um carrasco,

Instante em que vidas tornam-se números,

A aparência é mais importante que fazer o necessário,

Os efeitos do ódio se evidenciam em um rosto sombrio,

A vontade era usar a rosa para perfurá-lo ao meio, contudo,

Conteve as lágrimas, fechou a porta do escritório e saiu.

A Importância do Respeito em que Lugar?


Sentada no seu colo, tocando o seu rosto,

Enquanto admirava seus belos traços,

Percebi que a maioria dos medos que carregamos,

Não pertencem somente a nós mesmos,

No instante em que você decide conviver com outro,

Mesmo que você os guarde em segredo,

 

O cérebro os envia em sinais manifestos,

Através de palavras afoitas, gestos imprecisos

Ou mesmo meticulosos, e somente quem quer

Consegue se eximir de ver ou fazer algo,

É como se houvesse um gatilho contra você,

Que mesmo sem você querer o denuncia e pronto,

 

Tolos são aqueles que se recusam a acreditar no fato,

E permanecem em erros pelos cantos com um desejo

Incontido de que o outro o adivinhe, por evita-los,

Quando sorri e me aproximei dos seus lábios

Repousando um beijo suave sentindo o seu frescor,

Fazendo com que minha mão acariciasse a nós dois,

 

Senti que o que eu era se misturava a ele de forma intrínseca,

Será que cada vez que se constrói um pacto algum deles desiste?

Não sei por qual motivo me veio esta pergunta a cabeça

E uma lágrima tornou meus olhos molhados, estávamos face a face,

Ele que estava com suas mãos sobre as minhas costas,

Me envolveu ainda mais forte e senti tudo se afastar de repente,

 

Percebi que em nossa troca de segredos havia, ainda,

Uma troca maior que isso, vez que, sem querer esbarro

Em meu vaso predileto e o vejo ir ao chão – quebrado,

Com minha flor preferida jogada no assoalho – perda,

Quando, devagar me afasto do abraço e a vejo caída no piso,

Solto um espasmo de dor, mas antes que eu diga qualquer coisa,

 

O vejo ligando para a floricultura e providenciando o vaso mais bonito,

Suas mãos estavam tremulas quase derrubam o telefone,

Seus olhos marejados de lágrimas faziam da minha dor a dele,

Uma comoção profunda me invade, o abraço com toda a força,

E desejo que nada nunca nos afaste, sussurro que o amo,

Entre mil beijos no seu rosto, com ele ainda no telefone – sem importância,

 

Se alguém desejasse nos julgar pela ligação fora de hora,

Que fosse sabendo que ele era o maior e melhor homem do mundo,

Soltei alguns gritos desajeitados, acho que fui ouvida por toda a loja,

Essa era a minha intenção, que todos tomassem conhecimento – o amor,

A maior parte teme acreditar no amor, poucos se entregam de alma pura,

Mas este não nunca foi meu caso, o amei desde o primeiro olhar – primeira vista,

 

Era bom e engraçado o quanto nos conhecíamos bem,

Nossa entrega favorecia o diálogo, tal como ainda ocorre,

Tem aqueles que descreem e com isso, alimentam seus medos,

Quando estes nunca foram descrentes ou fracos em suas atitudes,

Quando percebem seus medos estão maiores que o amor- dominados,

O diálogo se escapou pelas janelas que agora estão fechadas – pressionados,

 

O ar já não guarda aquele cheiro de aconchego, as bocas não se procuram,

Um deita num sofá o outro no outro – a distância,

Por que preço fajuto venderam tudo que sentiam,

Se soubessem teriam evitado a encruzilhada – sem alternativa,

Um escolhe um caminho o outro prefere o contrário,

A rua que trafegavam quando estavam unidos está perdida – abandonados,

 

O vejo desligar o telefone, me abraçar forte e beijar minha boca,

Sinto algo salgado e quente percorrer por entre nossos lábios,

Acredito estar chorando, sorrio me esquivo e peço desculpas,

Quando olho em seu rosto, percebo que quem chora é quem amo,

Acho interessante que não distingo a minha dor da que ele sente – unidade,

Recompensa maior que essa creio que não exista, o amo muito – intensidade,

 

Se tentar separar pedaços das nossas preocupações ou medos,

Veem que um se confunde no outro, trabalhamos juntos nisso,

Não reprimimos o que sentimos, não nos escondemos um do outro,

É claro, que temos nossas próprias ideias, que nos pegam ao acaso,

Mas construímos um caminho que se baseia no bem-estar conjunto,

Assim, não há traições, ninguém termina ferido – a dor represada por amor,

 

Marca-se os pensamentos em que se acredita,

Põe eles um pouco de lado e testa sua valia,

Se forem interessantes o bastante: se comunga,

E com isso decide-se qual atitude tomar- família,

Não existe teste de força ou de maior importância,

Se anda junto, um ao lado do outro, por que se ama,

 

Há ninguém deveria ser permitido ver o ódio nos olhos

Daquele de quem recebeu e entregou amor – a fuga,

Ouvir dos lábios de onde já ouviu palavras de carinho,

Frases cuspidas contra sua cara a açoitar sua dor – a raiva,

Mãos que te acariciaram uma vez nunca deveriam bater,

Não importa o que ab-rogam ou desprezam – a descrença,

 

Se substitui uma alma como se ela fosse um simples objeto,

Abandona o amor sem saber seu poder sobre tudo – a importância,

Há de reconhecer em algum carinho um defensor ou protetor?

Prefere retroceder ao passado quando a verdade fica evidente – o respeito,

Se desapega do que sente vitimando a si mesmo preso as desculpas,

Há sempre uma resposta pronta (n)a qual você não sente ou crê – em que lugar?

A Importância do Respeito em que Lugar?

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Renegas a Saudade, Querido!

 


E quando eu enviei pelo correio aquela carta,

Embora não aguardasse ansiosa por uma resposta,

Eu coloquei em cada linha todo o meu coração nela,

Foi como se a escrevesse com as palavras da alma,

Tivesse em mim uma forma de ser exata com o que sentia,

Não teria me expressado melhor, no entanto, não sabia

 

Que mesmo todas as frases do mundo lhe confidenciariam

O quanto eu me vi perdida com esta distância,

O tanto que pedi a Deus que lhe trouxesse de volta,

Uma chance a mais de ser sua, buscava em ti um sinal,

Qualquer coisa que me desse uma alternativa,

Uma maneira de trazê-lo para mim ou de esquecer,

 

Desmentindo minhas lembranças rebuscadas naquelas linhas,

Renegando tudo o que sente meu coração à outra face,

A maldição da promessa do amor eterno pendia em minha vida,

Poderia defini-la de outra forma tivesse de ti ao menos a chance,

Vil foi o preço pelo qual lhe entreguei minha alma,

Um beijo, uma promessa, um sorriso e um rubor de instantes,

 

Agora, se faz distante, nega tudo que um dia prometeu,

Com o mesmo sorriso com que usou para cativar meu amor,

Revoltado a ideia de cumprir com seus deveres de homem,

Aqueles em que me fez acreditar ao conquistar-me,

Merece do meu coração nada mais que mágoa,

Mas minha lembrança se revolta, insiste que o ama,

 

Um castigo aviltante espera aqueles que se entregam dessa forma,

Leviano e traiçoeiro com o sentimento alheio,

Nega o que vem depois, esquece tudo que sentiu naquela hora,

Amor de instantes não preenche nada além do mundo que o cerca,

De momento a momento, todos se afastarão, até não restar nada,

O nada a que você condena, pode, se tornar prisão perpétua,

 

E o ter por prisioneiro, se hoje meu coração chora por te amar,

Talvez um dia sorria por ter conhecido você e tê-lo perdido,

Bem, iniciei a carta com uma declaração e dou continuidade

Com um derramamento de lágrimas em linhas tortuosas,

Verdadeiro desabafo de quem você nunca quis dar ouvidos,

Pergunto-lhe: porque conquista corações se depois os renegas?

 

Lhe apresento frases, lembranças, e nossas juras como provas,

Assim mesmo, não tardou em se ausentar, sem dar notícias,

Cheguei a rezar por sua alma, pedir uma missa ao padre por sua vida,

Fui procurar nos bancos de dados, em hospitais, delegacias...

Exagero de atitude? Exagero o seu em me conquistar e fugir,

Se tornaste um prevaricador que se recusa a sentir,

 

Aceitai esta carta que o envio de coração aberto e a lê,

Por favor, não leia muito alto, basta que chegue aos seus olhos,

Não preciso de plateia para aplaudir o meu sofrer,

Escutai nossas promessas sobre o tempo em que nos amávamos,

Não tenho necessidade alguma em lhe parafrasear as frases,

Mas o amo de forma pura, gostaria que soubesse disso,

 

Responda-me: “recebi, a li e concordo com o que dizes,

Ou discordo”, mas diga ao menos que recorda de nós,

Se já me trocou por outro alguém, tudo bem,

Não diga que já nos esqueceu de maneira tão mesquinha,

Rasgue a carta ao meio, queime seus restos, jogue as cinzas fora,

Mas não negue o que vivemos de forma insensata,

 

Seu coração herético está embriagado de mentiras,

Espero que minhas palavras possam salvaguardá-lo um pouco,

Deixar-lhe sóbrio sobre os sonhos das nossas almas,

Aqueles quais buscávamos juntos até ver você desistir e ir embora,

Digo-lhe: o amo da mesma forma intensa de tempos atrás,

Condenável é o que seu coração ordena para nos afastar,

 

Ora, nunca rejeitei o afago que suas mãos perpetraram,

Se teu coração nos afasta posso ao menos conhecer o motivo?

Eu o senti se afastar tarde demais, quase não pude fazer nada,

Me desculpa se foi insatisfatória minha maneira de busca-lo,

Mas, lhe juro fiz tudo que estava ao meu alcance, minha vida,

Verificarás, ao contrário, que quedei ao grito surdo dos seus olhos,

 

Seu olhar de ira me revoltou, me deixou vazia por dentro,

Apenas não soube o que fazer, acho que sou muito agarrada a promessas,

Relembro cada uma delas e acredito com o mesmo entusiasmo,

Se contasse com a segurança do seu abraço, mil anos não bastariam,

Mil e um beijos não demonstrariam o quanto é grande o meu amor,

Mas ainda que vivesse tanto, não bastaria para amá-lo uma só vida,

 

Meu coração lhe busca e é como se eu o pudesse ver,

Sinto que não esqueceu de nós, é como se ele soubesse o que fazes,

Foi ele que revelou a minha mão cada palavra da minha alma,

Acredita no que meu coração fala, ele o recorda em cada dia,

Um beijo de paixão apenas e boas-novas a uma outra história,

Uma em que fossemos felizes juntos, sem ver tudo se acabar,

 

Como é estar longe de tudo que vivemos e fingir não se importar,

Sente-se como se estivesse chorando uma tristeza que não acaba,

Nota essa intensidade refletir em seus atos e embriagar sua fala?

Repele este pensamento e busca por nós em sua alma,

Estas lágrimas são mais frágeis do que o amor de uma vida,

Não importa quais foras as circunstâncias, há sempre uma alternativa.

Um Amor Sem Distâncias

 

Um sopro brincou com meus cabelos, me trazendo um sorriso,

Não precisei de muito esforço para recordar seu rosto,

Com aqueles conhecidos olhos irradiando luz em minha vida,

Deixando o semblante alegre e um sorriso belo em sua boca,

Tentei tocar o vento, segurá-lo por entre os dedos,

Meu sorriso saiu ainda mais seguro, embora não pudesse tocá-lo,

 

Não havia nada além de algo suave a me afagar os cabelos,

O bastante para trazer sua lembrança e me deixar feliz,

Tentei brincar comigo mesma como se você estivesse ali,

Fechei a janela, puxei as cortinas, me escondi atrás dela,

Com um gritinho como se dissesse: amor onde estou agora?

Tivesse deixado a janela aberta teria a certeza de tê-lo visto,

 

Mas estavam fechadas, as cortinas que me teriam escondido,

Agora, acariciavam minhas costas em um leve balanço,

Percebi satisfeita, ao sentir aquele cheiro de rosas nos lábios,

Que meu amor não tinha saído daquele apartamento,

Ao contrário, enquanto ele tentava me fazer estar do outro lado,

Estava ali dentro, por entre os cômodos, as fotos e em cada canto,

 

O que senti com a janela aberta foi apenas um lampejo do que vivemos,

Uma lembrança boa do quanto é bom amar por inteiro,

Pedisse pormenores ao amor teria me respondido que ele é sempre igual,

Todavia, não posso falar sobre os outros, mas o meu é único,

O melhor dos amantes, o homem mais bonito, o sorriso que causa encanto,

O sonho de uma menina apaixonada que o reconheceu no sereno da noite,

 

Aproximada pelo destino, com um beijo selou aquele primeiro instante,

E assim se fez, todos os outros dias, com o mesmo prazer,

E a mesma sensação de o estar reconhecendo em cada vez,

Como se todo o beijo fosse mais saboroso e mais inebriante,

Em seus braços amparada, por seu amor guiada em cada passo,

Deus revelou com seus sinais o que ela precisava descobrir,

 

O homem que buscava desde sempre, que os dias buscaram encobrir,

Não tardou até que as mãos do destino se encarregaram de agir,

Tocou o seu rosto com um olhar encantador, e o amor se fez do nada,

Assim, um beijo faz emergir o verdadeiro amor, e dura a vida inteira,

“Possais compreender”, ela parecia ouvir, como se ele estivesse a sussurrar,

Com isso seu coração se revelou ainda mais cortês e amável que antes,

 

Tal aquela brisa suave ou mais leve ainda, feito a carícia de uma pluma,

Pois enquanto ela o sentia se acalmar dentro dela,

Sua mão se contorcia em carícias, o queria ali para afagar,

Enquanto a lembrança já o tinha abraçado nela,

Seu coração, porém, estava atento ao que ela sentia,

Sem se permitir ser enganado, pegou o telefone e discou um número,

 

“Esperais que acredite que uma brisa ressoa o sabor de um beijo,

Quando há entre vossos seios este coração que pulsa e pode trazer ele para perto,

Após compreender que o ama, quer enganar-se a esperar inerte?

Ora moça bonita, não seja tola, nem me faça de bobo, pegue o telefone,

Ande depressa disque um número, aquele que está em seus dedos,

Que você não precisa ressoar alto para discar de modo automático”,

 

Quando se reuniram todos aqueles números e uma voz chamou do outro lado,

Ela nem acreditou no que fez, em verdade, não sabia se ligou ou atendeu,

Tão forte foi o salto em seu peito e a alegria que irradiou em seu rosto,

Se ela acreditava estar feliz antes disso, percebeu que poderia ser mais que isso,

Uma voz magnética, forte, suave e doce atendeu: - alô querida,

Estou com saudade, você viu que deixei o café pronto, ao lado das flores? -

 

- Oi amor, também estou com saudade, querido reúne todo o amor do mundo,

Nem assim alcaçaria tudo o que sinto - ; “acredito”, ela ouviu do outro lado,

- Mas quando estou a sós, tranquila com seu abraço, me sinto completa;

“Também sinto isso meu amor, quando estamos juntos não falta mais nada;”

- Poderei dizer a você algo que o surpreenda e alcance a definição do que sinto?;

“Claro que não querida, eu tenho bom-senso, nosso amor é o maior do mundo,”

 

Ambos dialogavam sorrindo, como se não houvesse mais nada a ser feito,

Como se os segundos estivessem parados ao seu dispor no tempo,

Eles sabiam que quanto mais falavam mais sentiam o amor,

E menos conseguiam demonstrar o quanto era intenso o sentimento,

Ignoravam que havia um Deus que sabia o que ocultavam e o que revelavam,

Pois, os que amam gostam de parafrasear o que sentem e não podem explicar,

 

Abençoados pelo que suas mãos seguravam, um celular que encurtava distâncias,

Santificados pelo sentimento que nutriam, mal sabiam os quão sortudos eram,

O fogo que queima a carne, não os atingia senão para avivá-los,

O amor que era de instantes, chegou e preferiu ficar por mais alguns dias,

Pergunta-lhes: há quanto tempo se conhecem, vocês se amam tanto,

Ou apenas convivem um com o outro para o transcorrer das horas?

 

Eles viram as costas e se afastam, nem todas as perguntas merecem respostas,

Mas quando afagam-se, um ao outro, sem tentar esconder o que sentem,

Veem os anos percorrer por seus rostos sem que os percebam mais que dias,

Não fazem um ao outro poucas promessas, não refreiam seus prazeres,

Fazem suas juras e as cumprem seja em noite de lua ou em noite escura,

O que recordam ao olhar um nos olhos do outro é que o amor que se fez neles

 

Nunca disse tudo que sentia e nunca sentiu menos que o dia seguinte,

Prometeram-se e foram suas próprias testemunhas,

Acreditaram, acaso que o amor se constrói sem base alguma?

Construíram-se em cada dia, e por amarem tanto foram reconhecidos na rua,

Existiram os que caíram incrédulos no suplício e os que conspiraram contra,

E o mesmo amor que a tudo esteve atento, não quedou de forma alguma,

 

Agora com seus telefones de mensageiros, avançavam um outro dia de promessas,

Vinham os sinais de todos os lados, o dia encurtava a distância,

Como se concordasse com a inclinação de vossas almas,

Que se buscavam incessantes por entre as lembranças e prédios da rua,

Tornavam o amor um álibi para construírem juntos cada sonho,

O destino os abençoou por acreditarem-se, o quão sentem um pelo outro!

Busca aos Peixes

Masharey acordou, Subiu na alta cadeira Feita de pneu usados, E cantou alto: - estou no terreiroooo! Em forma de canto. Após iss...