A figura com aquela flor na mão
Me parecia distante de mim, um pouco,
Dez passos a distanciar-me do seu coração,
Porém, seus pensamentos divagavam para outro lugar,
Repare, apenas por um instante, como eu,
Ele tocava colhia a rosa vermelha com a mão direita,
Sorvia seu cheiro e com a esquerda parecia afaga-la,
Seu olhar brilhava pensava alguma coisa,
Seu semblante brilhava ao sol de forma diferente,
Se você o conhecesse perceberia desde logo,
Ali não estava o homem que eu beijei a pouco,
Seus olhos embora contemplassem o vermelho da flor
Desviavam dali e por reflexo viam o horizonte,
O vento trouxe uma folha sobre o seu rosto,
Ele não se moveu a deixou ali sobre o casaco bege,
Fosse o que fosse que tomava os seus pensamentos
Deveria ter alguma importância, eu soube disso,
Você saberia assim que contemplasse aqueles olhos,
Olhos fortes e seguros como aqueles não se perdiam,
Ele puxou a flor do nariz para o lábio inferior, beijou-a,
Eu levei minha mão a boca, pedi em nome de Deus,
E todo o amor que sentia, não quisesse ele apagar-me,
Por Deus o beijei com tanta paixão que não sei o que faria,
Meus joelhos bambearam, mas os dele estavam imóveis,
Ele sabia o que queria, como sempre soube,
Era algo importante, eu não duvidei disso um só instante,
Meu vestido balançou ao vento e levou a ele o meu cheiro,
Eu sorri e o esperei se virar para me ver,
Porém, ele não o fez, apenas levantou o rosto,
Um sorriso quis brincar nos seus lábios, mas não o fez,
Ao contrário escondeu-se creio que em seus olhos,
Dali onde eu estava eu não poderia ou não queria ver,
Em vez do vestido que eu usava quando o beijei,
Quis por desígnio de Deus, vestir outro, acho que errei,
Se houvesse problemas, agora, eu teria que resolver,
Pedi a Deus por um sinal e uma nuvem enublou o sol,
Não sei se ficou melhor ou pior,
Mas foi tudo que tive, aceitei isso da melhor forma,
Meu peito arfou forte como a minutos atrás,
Não como no instante do nosso beijo, não mais,
Agora eu estava insegura por outro motivo,
Temia ser esquecida, ou, evitasse Deus: ser deixada,
Pode ser que eu tenha falado algo, não lembro,
Mas pisei em uma madeira e ela e folhas secas fizeram
barulho,
Eu estremeci de novo, notei um sorriso no rosto dele,
Se ele ousasse me deixar, eu choraria, temia não ser forte,
Talvez eu corresse para dentro, e abandonaste a veste de
lamento,
Olhei para trás, sim, ousei me virar - ele não,
Permaneceu como estava, seguro da mesma forma,
Não sei porque motivo mas eu aprovava a sua reação,
Então, me voltei a ele e me aproximei,
Sabia que poderia ser rejeitada, acho que todos sabem,
Enfrentei o medo e decidi brincar com a sorte,
Abracei-o por trás e o indaguei: querido, o que está a
pensar?
Ele sorriu, tocou minhas duas mãos e repousou a flor,
-Querida, pensava no seu beijo e era bom.
Eu estremeci diante disso- resposta inesperada,
- querido, pensar em nós é bom, isso?
Me virei a ele aos poucos e sem soltá-lo,
-Querida, esperei tanto por seu beijo que pareço sonhar,
Me perdoa se ainda não acreditei que estás comigo?
Não sei se ele tinha mais a dizer e foi interrompido,
O que sei é que de um salto eu me pus em seus braços
E jurei a mim mesma: dali não sairia por nada.