quarta-feira, 30 de março de 2022

Seu Olhar

 

Vejo em seu olhar o meu refúgio,

Em seu abraço a minha fortaleza,

Auxílio para os dias nebulosos,

Confesso não ter buscado por nós,


Mas quis o destino ser melhor que eu,

Te encontrou e o colocou no meu caminho,

Eu fixo os meus olhos em seu olhar,

Sinto medo, estremeço e tento desapegar,


Não que eu sinta que não seja bom,

Mas, a um passo de distância de senti-lo,

Já vejo minhas defesas cair até a base,

Feito encalços em busca de me manter distante,


Pequenos fragmentos silenciosos e indefesos,

A espera de que eu perca a calma ou as certezas,

Buscam apenas uma possibilidade de distanciar,

Jogados no meu caminho não fazem mais que ferir,


Feito vazios em que tento a todo custo me esquivar,

Nunca pensei que o que criei para me abrigar

Findariam ao chão apenas para vir de encontro,

Bem, mas tiro os olhos da calçada,


Fixo-os em outro lugar,

Um ponto em que possa me sentir segura,

E antes de mais nada e depois de todo o resto,

Vejo você e seu olhar seguro,


-Ora, querido, o que há em seu olhar?

Ainda que tremam os montes do meu redor,

Já não vejo mais nada,

Mesmo que meu coração afundasse no mar,


Ou que cada vazio em falso fosse preenchido por lágrimas,

Que chorei por uma vida até encontrá-lo,

Eu nunca poderia negar, então não me prendo,

Me deixo conduzir pelas suas certezas,


Mesmo que estas lágrimas tenham sido turbulentas,

Que todas as minhas certezas sejam postas em dúvidas,

Estou presa em seu olhar, segura em nós dois,

Vejo os vazios serem sacudidos por algo,


Não sei definir o que os tocam,

Mas, agora eles sentem meu medo,

O medo que me fez parar agora se coloca a favor,

Não busco olhar para trás,


No caminho em que o procuro, eu deixo as incertezas,

Estou no seu abraço, me vejo sua,

Há um lugar onde as incertezas são jogadas fora,

Este lugar chama o seu abraço percebo agora.

terça-feira, 29 de março de 2022

Até Outro Dia


Mas dessa vez foi muito intenso,

É certo que cada beijo era perfeito,

Porém, o de hoje tinha um outro gosto,

Não posso dizer que escapo de apaixonar-me,


Neste caso, o fim é um pouco diferenciado,

Quando fui calçar o calçado, nem olha para os meus pés,

Logo, no alcance da porta,

Foi que notei estar com os seus sapatos,


Até agora ainda posso jurar,

De forma alguma eu desejei criar uma situação,

Mas se eu pudesse, se por um instante

Pudesse estar ao meu alcance,


Ah, eu não resistiria a um outro beijo,

Juro que não oscilaria por um único segundo,

Se eu pudesse, ao menos por um pouco,

Ficar por um instante a mais ao seu lado,


Nesta ocasião ele estava mais carinhoso,

A distância me tornou mais acessível, admito,

Mas os seus carinhos ao percorrer o meu corpo,

Foram o fator definitivo,


Disso resultou a lágrima no olhar ao me pôr para fora,

Aquela ânsia louca de olhar para trás,

O acelerar do meu coração me pedindo para ficar,

Desta vez, o amor percorreu minha pele de forma pura,


O vi derramado por cada centímetro de mim,

E colhido por afagos que nunca serei capaz de expressar,

Cada jura de amor sussurrada por lábios trêmulos

Sobre a minha pele macia em forma de carícias,


Olhei para os seus braços fortes e seguros,

E em cada instante eu desejei mais um pouco,

As estrelas deveriam estar a cintilar lá fora,

Ao fundo havia uma música natural do encanto noturno,


Em mil gemidos e suspiros descontrolados,

Eu o pedia que ficasse, que o que havia ali: durasse,

Minha pele arrepiada soava carinhos nunca pensados,

Disse ao meu coração que parasse o descompasso,


Daquela forma eu já não controlava o desenrolar,

Mas, ele não me ouvia, nem minhas mãos cediam,

Se precisasse de ajuda de mim mesma,

Se daquela forma eu me perdesse para sempre,


Eu sabia: jamais seria encontrada,

Me vi desamparada ante as suas carícias,

Não queria de nenhuma forma estar fora delas,

Os seus lábios trêmulos sobre os meus:


Para sempre eu iria me lembrar disso,

E agora, sobre o meu corpo aquela necessidade o chamava,

E eu correspondia com tudo de mim e mais um pouco,

De repente, me imaginei deixando a casa,


Ele dormindo sossegado sobre os travesseiros,

Sereno como o luar da noite,

E percebi que eu não queria deixa-lo,

Tão terno e meigo como só ele,


Eu não poderia perde-lo, a ideia de deixa-lo,

Pelo tempo que fosse, me feria de morte,

Só não caí desfalecida com o pensamento

No mesmo instante, porque isso significaria perdê-lo,


Tinha que confessar o que sentia,

Talvez, isso bastasse para que ele me entendesse,

- Amor, eu te amo, não quero ir embora,

Me vi gritar sem perceber,


Mas, a esta hora eu já tinha ido embora,

E quem sabe, ele não me ouviria: eu estava longe.


sexta-feira, 25 de março de 2022

Recostada em seu Peito



Recostei meu rosto em seu pescoço,

Sorvi o seu cheiro e me acomodei no seu peito,

Fechei os olhos, não queria mais nada,

O último vestígio da saudade se acabara


No mesmo instante em que ele se voltou,

Sorriu e me disse olá, que bom revê-la,

Quando me aconcheguei nele confesso teor de revolta,

Um pingo de insegurança molhou meu olhar,


Não fora o bastante para o definir lágrima,

Mas quase afogou as minhas certezas de outrora,

Tudo que restou do medo de ficar sozinha,

Foi uma dor de cabeça a um passo antes dele,


A um segundo antes de ele me olhar e sorrir,

Assim que o vi no horizonte,

Senti tudo se afastar, mas quando me aproximei,

Não pude ocultar o passo em falso e a timidez,


Aquela espécie de tremor que vem dentro da gente

E que não nos permite pensar tão bem no que se faz,

Mas, então ele me olhou daquela forma perfeita,

E não precisou outra coisa,


Ainda assim ele sorriu para mim e isso feriu de morte

Cada incerteza que eu tive,

As coisas em que me agarrei e disse para mim mesma

Buscando esquecer de nós dois,


Tornou-se letra morta nos escombros da dor da saudade,

Percebi assim que o senti se enlaçar em minha cintura

Que tudo não passaria de cinzas e voaria para distante,

O calor que irradiava de nós dois era intenso o bastante,


Mas eu não disse nada, apenas fiquei ali a sentir o seu cheiro,

Não quis pensar que as cinzas poderiam voltar

E ofuscar a luz do meu olhar como fazem as nuvens,

Mas, me recostei bem nele e desejei não sair,


Como foram tristes os tempos em que ficamos distantes,

Eu não teria meios para descrever o tormento,

Contudo ao senti-lo tão perto,

Imaginei que ele tinha consciência sobre isso,


Nossos corações estavam em saltos,

Creio que se encontraram antes de nós dois,

Muito antes ainda do nosso abraço,

Talvez, bem antes de a saudade chegar sorrateira

E me abraçar em fria madrugada a me fazer prisioneira,


Aconchegada ao seu corpo quente eu suspirei sem perceber,

E só percebi o beijo, quando não sentia mais meus pés no chão,

Quando algo dentro de mim pareceu flutuar,

E a carícia mais esperada tocou meu rosto sem recuar.


quinta-feira, 24 de março de 2022

A Espera do Seu Beijo

 

Em doce amor eu mergulho em sua boca,

Busco de todas as formas me saciar,

Mas que doce possui este amor

Que quanto mais eu o busco mais quero?


Por amor e por te querer em minha vida,

Eu o te beijei por horas e o desejo mais ainda,

Que sua mão direita segure sempre a minha,

Que a outra permaneça a postos por nós dois,


Pois as minhas foram feitas para te amparar,

Não quero outra coisa se para ti eu não for o bastante,

Estes seus dentes brancos bem feitos e afiados

Abriram os meus lábios cerados num beijo sedento,


Encontraram o véu que ocultava a minha alma,

E o rasgaram sem dó ou piedade e me fizeram sua,

Debaixo dos seus pés caem nações inteiras,

Não cairia menos diante de tanta beleza e simpatia,


Este amor que eu sinto, meu bem,

Subsiste para todo o sempre,

Lugar em que encontro o que procuro,

Você sabe, é o seu carinho,


Lugar em que tenho tudo que preciso,

Você entende, é o seu abraço,

Amo o seu afeto e odeio a distância do nosso beijo,

Tenho como beijar seus lábios por uma vida?


Me perdoa, meu amor, mas de você não me sacio,

Existe uma ânsia louca em mim que te busca,

Por isso, estes lábios trêmulos que agora falam,

Escolhem seus braços para abrigo,


Seus dedos por desalinho,

Para que um pouco antes do néctar do seu beijo,

Eu me sinta saciar ou ao menos tente me enganar,

Sentindo-os tracejar a linha da minha boca,


Em doce previsão de tudo que estou para sentir,

Doces apertos sobre a minha pele em convite,

Dizem os seus dedos a minha boca: abra-se e faça-se minha,

Antes mesmo que chegue a tocá-los, meu bem,

Você sabe, já estão trêmulos e a sua espera.

quarta-feira, 23 de março de 2022

Meu Homem

 

És dos homens o mais notável,

Não posso dizer que a lua nascia no horizonte,

Nem que pensei em sonhos de amor,

Mas pedi para beijar sua boca e ele correspondeu,


Derramou-se graça em seus lábios,

Como se suas palavras fossem feitas de afagos,

Adiei o máximo que pude sentir aquilo tudo,

Mas confesso que quando me juntei a sua cintura,


Assim que senti o calor da sua pele sobre a camiseta escura,

Eu percebi que existe hora certa para tudo,

Até para se apaixonar, confesso: fechei os olhos,

Quis adiar de todas as formas, mas não tive como,


Me coloquei na ponta dos pés e senti sua boca,

Sorvi cada beijo mais doce que o afago das suas palavras,

Os planos que eu tinha estavam em outro caminho,

Não parecia certo me apaixonar,


Mas beijei-o e não quis mais nada,

Atrás de mim eu deixava uma pequena cidade,

E nela muitos dos meus sonhos da mocidade,

Mas parado comigo em meus braços estava ele,


E neste instante era tudo que eu precisava,

Sabia que tinha que pensar mais sobre isso,

Deus e algumas pessoas sabem o quanto resisti,

Eu o vi desde o segundo em que pus meus pés ali,


Mas evitei-o, me esquivei do seu olhar, fugi do que dizia,

Se vocês pudessem me ouvir agora, saberiam disso,

Sentiriam a segurança de quem não mente em minha voz,

Mas, aqui neste papel, não posso fazer mais que escrever,

Então, não espero que entendam nem tento dar explicação,

O momento de resistir ao amor havia acabado a horas,

No exato instante em que senti o acelerar do meu coração,


Mas mesma hora em que o vi e não pude mudar o passo,

Um pouco antes do instante da fuga que falei antes,

Eu poderia sonhar o que fosse nada me afastaria dele,

Não mais, acontecesse o que for eu estaria ao seu lado,


Chamo a isso amor, mas facilmente trocaria por necessidade,

Uma espécie de vício onde se encontra tudo que precisa,

Quando os lábios se completam e as ideias também,

A ideia de perde-lo simplesmente me apavora até hoje,


Estou ficando arredia para fugir do que sinto,

Esta coisa de evitar o amor e brigar comigo mesma,

Já não dá resultado, isso apenas era interessante antes dele,

Antes de me enlaçar no seu pescoço e sentir sua pele macia,


Seus braços a percorrer-me como se não houvesse mais nada a fazer,

Cobro dele apenas seus beijos e um abraço apertado,

Nas suas mãos o amor percorre feito o suor sobre a pele,

Cada carinho seu é um convite para ficar mais perto,

Que sua mão direita percorra meu corpo por uma noite inteira,

Que não tenha outro dia se eu quiser ter outra mão ao invés da sua.

terça-feira, 22 de março de 2022

Bem-Vindo Outono

 

Me sentia bem,

Exceto pela saudade,

Sentia o frescor do outono,

Primeiro dia,


O cheiro de frutas preenchia o ar,

Da falta de lágrimas eu não estranhava,

Mas, confesso que aguardei pela chamada,

A ligação fora de hora que neste instante,


Eu já sabia, não iria chegar,

Nem ao menos ele voltaria,

Esperanças jogadas ao vento,

Folhas a preencher o chão amarelado,


E eu, aqui a lhe falar tudo que vivo,

Sobre o amor que sentia certo dia,

Não omito os detalhes,

Mas, assim como algumas folhas se perdem,


Dentro de mim, algo iria junto para outro lugar,

Talvez para distante, talvez não tanto,

Meados do fim de março e eu não esperava outro mês,

Nem ao menos pensava em outro dia,


Apenas vivia o presente,

O outono enchia de cheiros todo o ambiente,

As frutas pareciam competir uma com a outra,

Em mim, a saudade brincava com a distância,


Às vezes, deixava as lembranças distantes

Outrora me ignora e as faz presente,

Sim, ainda me recuso a lembrar,

Depois de meses de distância quem se arriscaria?


Tinha passado a minha última hora

Pensando em nunca mais recordar a sua boca,

Jurando para mim mesma

Que nunca houve nada e nem haveria,


A esperanças, as vezes, confesso brinca com a gente,

Se disfarça de saudade e ousa nos fazer sonhar,

Mas, isso não dá certo comigo, não neste instante,

Quando pássaros voam e borboletas caem,


Quando tudo parece tão longe de ter existido,

Segundo em que o gosto do seu beijo passa despercebido,

Sugo uma laranja e pego outra,

Me recurso de todas as formas recordar sua boca,


Até o fato de você ter insistido tempos depois

Me passa despercebido,

Não busco o motivo de ter insistido,

E muito menos o de ter desistido,


Bem, que o dia está lindo não é impossível de ser aceito,

Mas, quanto ao sol, posso confessar que nunca o vi deste jeito,

Começa a nascer, mas fica esfumaçado,

Chego a pensar que está em passos incertos,


Será que nem mesmo ele possui todas as certezas?

Penso que ele não está ali por simples estar,

Sei que as vezes ele disfarça e olha para a lua,

Mas, hoje vejo um brilho diferente no ar,


Ele não parece estar seguro,

Talvez saiba de algo que não queria calar,

É o que eu digo: as vezes, a gente se cansa,

Quem sabe a lua saiba dar ouvidos,


Ou então, a relva aqui embaixo o responda,

Me agacho por um segundo, estendo as pernas e me sento,

Vou esperar, acho que hoje não é como ontem,

Há algo no ar, eu me definiria, quanto a isso: impaciente.

segunda-feira, 21 de março de 2022

O Lado Obscuro da Lua

 

Mas enquanto eu o observava,

Pude ver muita coisa,

Posso dizer que nem tudo que vi gostei,

Então, antes que eu pudesse concluir,


Ele voltou-se, pôs a rosa em uma das mãos,

Veio com quatro passadas na minha direção,

Seguiu, como se não me visse,

Não sei se estava desatento ou o quê,


Chego a cogitar que estivesse indiferente,

Seguiu rumo a escuridão das sombras de uma árvore,

Ali a lua não brilhava, nem sequer o alcançava,

Imensa escuridão se apossou de quem eu amava,


Fiquei inerte, o que deveria fazer naquela hora?

Talvez, se você estivesse no meu lugar faria diferente,

Talvez, com um pouco de reflexão encontraria a resposta,

Eu não, apenas levantei os olhos para o luar,


Tive sonhos que entreguei a lua e outros que pedi de volta,

O homem que eu amava fora tragado para algum lugar,

Aquele que esteve a instantes em meus braços,

Agora, eu já não sabia aonde estava,


Amor em meus lábios substituído pelo sereno arredio,

Gelava como um cubo a percorrer minha boca,

Derretia ali em algum lugar e poderia ter escorrido,

Não fosse eu passar a língua e sentir seu gosto,


Abençoado o instante em que provei o gosto daquela boca,

Agora, penetrando para algum lugar da minha alma,

O escuro a minha volta crescia,

Percebi desatenta o transcorrer das horas,


O escuro apagava todo o meu redor,

Mas não consumia o medo que eu sentia,

Sentia que ali naquele escuro e incerto eu iria cair,

E para onde eu iria eu poderia não ser encontrada,


Confesso que é difícil o instante em que se apaixona

E após sofre esta espécie de queda,

Em que o rapaz simplesmente não corresponde,

Por um momento cheguei a me sentir ofegante,


Não o bastante para me mover, virar para trás ou correr,

Nem mesmo o suficiente para chamar seu nome,

Acima de mim, a lua estava inerte a tudo que acontecia,

Atrás de mim, perdido em algum lugar, estava aquele que eu amava,


Passavam-se agora os minutos, sim, eu poderia conta-los,

As horas se apressavam e davam importância aos segundos,

Ele poderia vir ao meu encontro quando quisesse,

Que situação difícil a minha de não saber aonde ele estava,


Meu coração estava sendo embebido pelo sereno frio,

Aquele que derreteu escorreu para dentro,

Dilacerava as palavras belas e consumia com elas os momentos,

Poderia dizer que afogava o meu amor,


Mas, aquele que eu amava ainda não, eu sentia,

Este estava a salvo, apenas eu e ninguém mais era o alvo,

Fosse a minha língua como a pena de um escritor,

A de poucas horas atrás que escrevia eu te amo em cada beijo,


Talvez, eu tivesse o que dizer sobre o meu amor,

E a lua não se afastasse de mim tão depressa me fazendo cair no nada,

O sereno agora formava uma fumaça densa e palpável,

Eu a sentia, a via, mas não conseguia tocar nela,


Se quisesse pegá-la ou conter não seria possível,

Assim foi com aquele que entreguei meu beijo a poucas horas.

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...