Nada ainda,
Nada que eu queira falar,
Nada que eu considere importante,
Neste instante, penso em você;
Acabam de soar dez horas,
Sinto cada segundo passar mais rápido que o cheiro,
Posso beijá-lo ainda,
É como se não tivesse se afastado,
Semelhantes a esta indescritível rede,
Vejo-a ser jogada sobre as águas,
Imóvel como se nada o fosse,
Imagino aonde irá parar,
É como se ela fosse inanimada,
Porém, submersa ela não é...
Será que preciso me afogar em tudo que sinto?
Engolir cada atitude sua,
Jogo em você minhas palavras e nelas a saliva,
Guardo-as em seus lábios,
Talvez, você as possa usar melhor,
No momento em que adormeço,
Cerro as pálpebras,
De leves e arredias tornam-se um peso,
São como um cobertor de sonhos,
Me espanto, nele, hoje, você não está;
Penso se gostaria de estar comigo,
Levanto o vestido e o sinto,
Seu cheiro possui propriedades ímpares,
Sou incapaz de falar sobre nós dois,
É como se o tempo não me permitisse,
Tudo soa muito rápido,
Vejo as palavras sôfregas e incapazes,
Uma neblina levanta-se sobre as águas
E cobrem meu sono,
Já é tarde,
Na superfície um filete de sangue,
Pálida e ainda triste,
Me vejo contemplar o alto,
Penso de quero fugir,
Se há tempo para isso,
Uma dessas emoções superiores ao homem,
O amor e o cheiro que ele gosta de usar,
Costuma tocar e permanecer,
Doce amor nem ouso tentar reclamar,
Esqueço até de me defender,
Eu pensava em falar alguma coisa,
Apodero-me deste sentimento fervoroso,
Me aproximo daquele que amo,
Me sinto como um cadáver,
Tão rápida fui ao seu encontro,
Que não tenho cheiro, odor ou outra coisa,
Suspiro quase sem ar: restam as palavras,
Aquelas que antes não pude falar,
As mesmas que julguei sem importância,
Me apego a elas, não sei bem aonde estou agora.