terça-feira, 18 de outubro de 2022

Seu Beijo

Olhando desconfiado em torno de si,

Tremia de frio embaixo daquela blusa ensopada,

Chovia lá fora,

Mas isso não foi o bastante para contê-la,


Ele tinha o aspecto de uma pessoa clássica,

Ela um tanto mais eclética,

Dizem que sol e chuva não se fazem num mesmo dia,

Mas, naquele instante tudo se fez na mesma hora,


Usava um casacão com cara de autoridade,

Abotoava-o até o queixo,

De que adiantava isso, indaga-se ele,

Que ao menos não estava molhado,


Ela corre pela chuva sobre a grama escorregadia,

Desliza com leveza e certa gravidade,

Daria para se acreditar que desejava a tempestade que vinha,

Pelo menos estava feliz por estar ali ensopada,


A roupa colada sobre o corpo bonito,

A maquiagem escorrendo aos poucos pelos olhos,

O rosto com gotículas de chuva,

Guardavam um aspecto realmente másculo,


Algo de altivo e soberbo,

Típico de homens – pensava ele,

Bem, ela devia não estar se enxergando tanto,

Parecia não conhecer seu efeito sobre as coisas,


De imediato as flores se abriam,

O sorriso tomava o rosto dele,

Embora não concordasse em correr na chuva,

Não tinha de que reclamar ante a tudo que via,


O leitor talvez reconhecesse este casal

Se os visse percorrer as vielas das ruas estreitas e mal feitas,

Mas ali imersos naquela grama macia,

Não saberia, realmente que opinião guardar,


Como eu que aqui lhe escrevo também,

Qual seria o objetivo último?

Provavelmente agasalhar-se um no outro,

Espero, vejo e descrevo...


Ele a olhava com fome e sede,

Seus lábios molhados e avermelhados

Tinham um aspecto perfeito,

Sobretudo ele sentia sede - sede de toma-los,


Queria ganha-la em seus braços,

Ser merecedor de tudo que sentia,

E ali ele era, ao menos acreditava nisso,

Como o rio que seguia,


Mas neste instante tomava novo rumo,

Subia as encostas,

Ganhava as margens e conhecia os bosques,

Um lugar cheio de água que não se pode beber,


Águas límpidas que se fazem turvas,

Percebeu que sua visão também se embaçava,

Aproximou-se dela e a tomou pelo braço,

A conteve a tempo de evitar que caísse,


Ou quase causou o tombo,

Algo deste aspecto,

A puxou confortável até seu peito,

- O que é que há que foge tanto?


Indagou com o rosto quase colado ao dela,

A chuva que molhava seu rosto agora,

Passava por ele e percorria, então, o dela,

- Bem sabes, eu te odeio!


Disse ela altiva com seu jeito inevitável,

-Odeia eu por completo,

Posso saber o que a fiz de tamanho desfeito?

Ela procurou as palavras como se procuram os atos,


Ele sorriu por sua atitude compassiva,

Então, não haviam motivos:

- Não se odeia uma pessoa por completo,

Se odeia, então, atos dela,


Sendo os atos deve-se, então, encontrar o motivo.

Um ato de um homem é parte dele,

Mas não é o todo dele.

Ela parecia chorar, abaixou a cabeça,


Parecia procurar um lugar em que se encontrar,

Ele a traz para seu peito,

Não tem certeza se ela chorava ou não.

-É realmente, odiei o instante em que você


Se recusou ao beijo.

Com isso, levantou a cabeça e encontrou seu queixo,

Com lábios sedentos procurou sua boca,

Com mãos tremulas acariciou seu peito,


Desejou de toda sorte encontrar sua alma,

Um ato, um gesto, talvez não faça um homem,

Mas um beijo, este sim é capaz de fazer...


 

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Por Um Beijo

Confesso que me olho no espelho e pigarreio,

-Sim, estou agora a me enganar.

Acredito que estou no caminho certo,

E sigo adiante, o que faria diferente?


É será uma pena caso eu não esteja,

Eu entendo e acredito assumir o risco,

Embora aos vinte e poucos anos,

Não se possa dizer ter certeza de alguma coisa,


Por quê?

Uma brisa fria sopra contra o meu rosto quando saio,

-Sim, amor. Estou chorando.

Imagino que onde ele estiver ele saiba disso.


Ignoro o pensamento e persisto,

Não há lágrimas fora de mim,

Guardo todas comigo,

Talvez, algum ele tome conhecimento,


Quem sabe isso nunca interesse.

Esse perigo é grande,

Mas o risco de recuar sempre se fez maior,

Será que se eu voltar atrás eu o encontro?


Lá atrás deixei o vazio de uma casa oca,

Não há nada além de momentos,

Continuei avançando.

Em pensamento escrevo algo,


Erro as letras e distorço as palavras,

Eu gosto de como o seu nome se forma de diversas formas,

Continuei, veja bem, tem seu feitio,

Seu feitio não está nos rostos que vejo,


Espero que você possa entender, algum dia,

Eu olho para os lados,

Busco rir e disfarço,

Você acredita que estou a procura-lo?


Pois é, os outros tem certeza disso.

Então, por que não estamos juntos,

Eu não saberia dizer o motivo,

Bem, o sete vem em mente e vira oito,


Infinito – o eterno de um beijo...

Felizmente há dentro de mim uma lanterna,

Movida a bateria e outras coisas recarregáveis,

Eu não diria que esta luz tem vida inteira,


Tudo um dia se acaba,

Se o vejo, me perdoa, agora o vejo mal,

A janela esta embaçada, mas meu coração acelera

-Não, morena, não é ele...


-Quem?

-Não aquele que você finge: o outro.

Abro a boca para dizer então você sabe,

Ele simplesmente me olha sério e arredio,


É como se perguntasse: por favor, tem como isso?

Então, engulo o choro no riso,

Me engasgo e busco o assunto,

Acredito que estou falando,


Mas percebo muito tempo depois que não,

Até a música do rádio é desligada.

Levo um susto quando percebo ele ri,

Percebe isso,


Chego a pensar que sabe o que faz.

Me sinto longe, mesclada as trevas de algum lugar,

Não vivo o novo apenas repito,

Ele percebe isso,


Eu vejo na forma como dirige pelas ruas,

Deus me livre cruzar por você,

Ou Jesus me ajude que cruze,

Quando percebo estou com as mãos em prece,


Ele se irrita e muda totalmente o trajeto,

-Vamos para outro lugar!

Eu não pergunto para onde já não sabia de antemão a rota,

Talvez, agora estejamos mais distantes,


Ele para o carro em meio a rua,

Pessoas se assustam e buzinam,

Ele vira para trás,

Sinto medo: será que irá pegar uma arma,


Eu disfarço e busco o assunto,

-Será que ele te perseguiria?

-Como, quem e por quê?

... É como se ele dissesse:


É hoje você é minha... e segue,

Eu não, nem sei mesmo aonde estou.

Encosto-me na parede do carro,

A porta abre-se,


Tento me jogar eu acho,

Mas ele é mais rápido, um carro passa,

Eu rio, imagino que fosse você,

Ele me segura,


Retornamos a algum trajeto ou algo do tipo...

-O que é isso?

Me pergunto em tom alto,

Não tenho resposta,


Talvez ninguém a tenha.

Não compreendo – me respondo,

Ele ri, gosta deste jogo,

Os homens em ronda poderiam ouvir-nos,


Mas este que está comigo não,

Olho e não vejo nada,

Consultamo-nos um ao outro com o olhar...

-Então, eu to metendo na buceta dele agora,


Meus olhos embaçam de lágrimas

Eu já não vejo nada,

Nem sei se estou ali,

Preferia mesmo não estar,


-Você gosta tanto dele tanto assim?

Os olhos dele que estavam marejados,

Agora escorrem,

O queixo treme e a boca cai,


Mas não, não fala nada.

E eu, ainda tenho que beijar sua boca.

Fecho os olhos desejo morrer,

Finjo que estou noutro lugar,


Em outra coisa,

Em minha cabeça formo uma imagem,

Eu sei me perdoa, você não está.

-Você é de comer chorando eu digo,


Mais para mim que para qualquer outra pessoa.

-Você é uma buceta que vale um homem,

Ele fala com orgulho eu acho,

Eu entendo e entendo bem,


Talvez, em algum lugar você me espere...

(Com este será mais fácil)

Eu digo para mim de olhos fechados,

Não quero abrir, mas olho, preciso ver que... existo?


-Então, me traga ele.

Eu digo e levo um tapa no rosto,

Me defendo.

Embora não revide.


 

Fecho a Porta Atrás de Mim

 

Depois de dar cinquenta passos,

Ele vira-se e discute algo,

Seus olhos estão espertos,

E o porte altivo,


Eis que levanta o queixo,

A pose? De orgulho,

- Não, não gosto disso.

Você levanta o tom de voz comigo,


Me perdoa não mereço isso.

Então, num impulso,

Ela se aproxima diz algo baixo,

Quase inaudível,


Ele ri debochado,

A curtos passos de distância,

Ergue o rosto segura o olhar fixo,

E no olhar leva o soco,


Meio que a esmo e imperto,

Porém, atinge-o no queixo,

Usando entre o segundo e terceiro dedo,

-Qual é o motivo disso?


-Me perdoa, preferi não levantar o dedo...

-Você me atingiu com um soco, isso?

-Sim, sou frágil mas sou capaz de te socar.

-Ah, é. E... está doendo,


Ele ri com a mão no queixo e sai,

Se afasta, parece rir mesmo sem gostar,

Algum tempo passa e olha de soslaio para trás,

Se volta num ímpeto,


E o sorriso que contemplo é lindo.

-Você me bateu é isso?

-Sim, e... foi na frente de todo mundo,

Eu meio que me aproximo,


Insegura e tremula e outra coisa,

Sei lá,

Penso se devo ajuda-lo,

Esta avermelhado,


Busco um lenço no bolso.

-Ah, você ainda usa lenço?

Ele fala em alta voz e ri com gosto,

Se afasta feliz e satisfeito,


Eu fico sem entender o que houve...

-O momento que eu vi você chorar,

Eu digo isso e levo um pé a frente,

Rodopio ele sobre o dedo,


Para frente e para trás e para os lados,

O outro eu deixo parado.

Talvez eu tivesse uma pergunta,

A sinto no rubor da minha face,


Mas não tive tempo algum para fazê-la,

O primeiro soco a gente nunca esquece,

O corredor dava para uma passagem transversal,

Ele sumiu por entre a multidão,


Eu fiquei lá e estaria até agora,

Ali se ofereciam dois caminhos,

Ele pegou o da direita e foi embora: a saída,

Qual deles eu deveria seguir?


Lembrei que tinha aula e fiquei ali,

Embora a esquerda e direita fossem ambas – tentadoras,

Como se orientar naquele labirinto negro?

As luzes estavam quase apagadas,


Contava-se mais com a luz do dia,

E o sol havia a pouco ido embora,

Nuvens encobriam os tempos daquela hora,

Esse labirinto, como o digo,


Tem um fio,

Este é seu declive,

Seguir o declive é partir para a rua,

Seguir estrada acima quem sabe dê em nada...


Para mim daria e para ele?

Deixou de estudar e pronto,

Agora, é capaz de alegar que a culpa é minha,

Corro para a sala e fecho a porta atrás de mim,


Deixo as dúvidas lá fora,

Mais tarde, quem sabe possa ajuda-lo,

Por ora me basta a honra satisfeita!


Olá, Josinei


 

-Josinei, eu te amo.

São duas da manhã,

Meu coração chama por nós,

Bem isso não é notícia.


Fecho os olhos,

Talvez, você acredite que eu tenha dormido,

Mas lhe pareceria que eu acordo,

Recordo nós dois juntos,


Tem como nos ver em separados?

Sim, o amo, eu o amo e você sabe disso.

-Ah, não me fala de amor mulher...

Parece que ouço você dizer,


Chamo seu nome outra e outra vez,

Meu coração parece te ver,

Não deve ser engano o amo tanto,

Não mereço este nosso distanciamento...


Bem, nem você,

Por dentro de mim há algo novo,

Algo infinito e abundante,

Meu coração transborda em sentimento,


Te amo muito mais que antes,

E se antes não te disse,

Bem, saibas, sim o amei desde o primeiro instante...

- E você o que fez dele?


Do homem que amei desde a primeira vez,

Você alega que agora parece que ele não existe,

Isso se deve ao fato de estarmos distantes?

Por que, bem, não me decidi quanto a que ser,


- O que afirmo é amo você.

Me fala, você: quem é este homem?

Este que amo tanto mesmo sem você perceber,

Você viu que eu te amava em cada ponto?


Os seus amigos, eu acredito que percebiam,

Eles te falaram sobre isso?

Meu coração fez da sua saliva um império,

Ela escorre por dentro de mim e sinto sua falta,


Então, por vezes choro,

Como faria de outra forma,

Sinto o meu interior se esvair de você

E não fazer outra coisa além de me percorrer,


O sinto em meu corpo outra vez,

Não falo nada, mas vejo você,

Então, você retorna para mim de novo,

É como se nunca estivesse estado em outro lugar,


-O mundo é triste sem você.

Meu coração deseja fazer uma coisa, Josinei...

- O quê?

Ter você mais perto, ao meu lado,


Junto comigo,

Estou errada em te amar tanto,

Acredite eu sofro de esquecimento,

Chego ao fim e ao início,


E sempre encontro você de novo,

Talvez, você não tenha me visto,

Mas eu persegui seu cheiro,

-Eu estava errada nisto?


Este homem perfeito que amo existe,

Não se esqueça de quem você foi e é,

-Josinei, amo você!

“Por seu desprezo ou respeito?!”


Levanto a taça com o vinho forte,

Parece o seu corpo, sua pele,

Sorvo cada gota, cada detalhe,

Lembro você tão quente derramando-se...


Já são quatro horas da manhã e eu não me importo,

Levanto e vou até a porta:

-Vou, hoje, sair com seu amigo,

Espero que não se importe!


Tranco a porta atrás de mim,

É como se eu o deixasse lá dentro,

Embora saiba que o levo comigo.

“Por seu desprezo ou respeito?”


Mereço a ambos!

Onde o espírito julga vagar,

Não é interessante que permaneça vazio,

Prefiro encher de algo,


Me inundar até encontra-lo,

Espero que nisso eu não me afogue,

Deus me livre fazê-lo sofrer,

Caminho por entre as sombras,


Antes você gostava disso,

Espero que recorde quando souber...

Nessa imundície em que piso,

Eu sinto o esplendor,


Sujo o calçado na grama molhada de névoa e poeira,

Me sinto um “monte” andando as cegas,

Ah, ao passado,

Olho para trás e vejo a janela aberta,


Esta porém, era preocupação de outrora.

-Josinei, olá.

Digo ao abrir a porta do carro,

Seu amigo nem se espanta!

Ele sorri, embora eu não saiba se gosta disso.

sábado, 15 de outubro de 2022

Tem um Nome? Sim, e Eu Sabia!

 

Ao mesmo tempo,

Isso ensina:

Olhar nos olhos e reconhecer,

Saber ouvir o que é falado,


Deixar por um instante,

O coração ao lado...

Sim, porque o que é dito é importante,

Porque o que a gente sente seria mais forte?


Amar é bom e é bonito,

Mas, amar-se e se valorizar é o bastante,

Luta-se, luta-se tanto por aquele,

E esquece-se...


Se tiver que lutar talvez obrigue a muito...

Não, me desculpe,

Desta vez não luto por você,

Eu o amo ou não,


Já não é mais o bastante,

Ouvi cada palavra,

Coloquei tudo sob medida ou não,

Não importa tanto e o quanto,


Você não quis ficar,

Bem, eu soube e soube bem,

Você nem ao menos quis se aproximar,

Entendo e é inútil...


Põe nisso tudo que vivemos,

Há pouco dissemos,

Algumas histórias passam pelo esgoto,

Isso não significa que precise passar pela bunda...


Bem, coloco-lhe aqui um: foda-se!

Não, não estou gritando nem ao menos brigando,

Como lhe disse jogue ao inútil,

O esgoto neste instante é bem-vindo,


De gota a gota acha que eu coleciono lágrimas?

Os grandes amores públicos,

Bem eles tendem a não durar muito,

E os secretos?


Nem chegam a existir,

Há uma carnificina lá fora,

Distante de tudo que vivemos agora,

Esta dilacerou cada parte que você tocou,


Não lhe pertenço,

Agora ou antes,

Não lhe pertenço.

No subterrâneo da civilização,


Foi onde você me deixou,

Ainda lembro a emoção,

Sabe, nunca olhei você ir embora,

Nem seu rosto recordo,


Se eu passar por você é proporção de que

Nem o conheço,

Mas há ainda um algo que me impele,

Os olhos, o seu olhar para a direita,


Eu sempre cuidei dele,

Cada vez que focava no espelho,

Eu a via.

Não se engane,


Ela vive lá ainda.

É a mesma de antes,

Tem um nome?

Sim, e eu sabia!


sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Seu Beijo

 

Os lábios calcularam o beijo,

Trêmulos e inseguros quanto ao gosto,

Pelo percurso do rio,

Sedentos de cada gota de seus ânimos,


Notem isto:

Com este abraço que ofereço,

Pagaria parte da distância,

Me refiro ao distanciamento,


O seu, este que está em seus olhos,

A habilidade dos meus carinhos é tanta,

Que canso de não lhe fazer nada,

Não oferecer abrigo,


Não dar um desfecho ao que sinto,

É a própria substância do corpo que vem a boca,

Diria até que vem um gostinho da alma,

Quando o beijo deixo de ser quem era,


Parte de mim se transmite em anseios e entrega,

Aqui, gota a gota,

Ofereci minha boca com um dedo,

Pressionei o lábio inferior até comprimi-lo,


Deixei os dentes a mostra, a gengiva roseada...

Quase coloquei para fora a língua,

Preferi-a guardada,

Queria-o demais, doce o beijo,


Mais doce aquele de quem o desejo,

Ali, em ondas minhas palavras percorrem,

Sinto que os acariciam,

Em cada frase,


Em cada beijo que sugo de sua boca,

Pelo miserável do seu abraço,

Sou capaz de mover o mundo,

Por ter cada um dos seus olhares... faria muito,


Mais que fiz, como o tento,

Não diria que alcancei o objetivo,

Sempre o desejo mais a cada segundo,

Cada golfada de gostos seus,


Me provocam mil oceanos,

É um mundo de troca do que vivemos,

E este mundo custa-me nada,

Dou por ele tudo que tenho,


Lhe disse, pelo miserável do seu amor,

Já faria tudo que faço,

O que produz em mim dois resultados:

O que me conduz ao seu destino,


E o que me faz permanecer ao seu lado,

A terra, morada da vida, vê-se empobrecida,

A água fonte da satisfação sente-se contaminada,

A fome de você sai de cada um dos meus sulcos,


A necessidade assemelha-se a uma doença enevoada de um rio,

Tudo perde-se no que digo,

Muito permanece do que faço,

Estendo o polegar até sua boca,


Abro seu lábio e o procuro:

Meus lábios estão abertos,

Os seus a abrirem-se ainda.

Este beijo que desejo com mais intensidade,


Só me faz bem,

Quem dos céus não lhe obedece?

Lhe agradar se assemelha a favores,

Vê-lo bem faz-se ser mais forte,


Olho-te e digo: sou o mais feliz dos homens,

Agradeço a você pelo que sinto,

Me faz bem lhe conceder estes favores que favorecem-me.


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Aquela Com Que Sonho

Sua beleza maior a cada olhar,

Dava ênfase a sua altivez,

Resplandecia a cada beijo que eu sonhava,

Me sentia menos cansado, não menos ferido,


O amanhecer que faz despertar,

As vezes, assemelhasse a uma cortina rasgada,

Leva o sonho para mais distante,

Dá luz ao olhar de quem preferia as escuras,


Vê-se única vez num dia,

Deseja-se atrasar o tempo,

Ou fazer com que passe depressa,

Evita-se a desilusão de saber que foi ilusão,


Sabe-se a cortina rasgada não serve para nada,

Que há do sonho que sobressaltou o coração,

E no mesmo ímpeto foi para longe?

O apaixonado, abre os olhos e sorri,


Sabe de tudo que se passou,

Imagina que viveu cada instante –feliz o infeliz,

Mal abre os olhos e está a par de tudo,

Mentira, sonho falseado,


Talvez, distante demais para ser realizado,

As ideias vem com lucidez brusca,

Parece até algo programado,

Feito o dia que sempre recorda de despertar,


E busca ele sempre este mesmo horário,

Eu mesmo cuidei este acaso,

Fiz de tudo para manter os olhos fechados,

Bem, mas a cortina rasgada não tem me ajudado,


Os sonhos, espécie de embriaguez que cega,

Quer-se manter-se nele e não noutro lugar,

Espécie de vapor que ilude o cérebro,

Não tem o impacto dela,


Mas, chega a me produzir ânimo,

O vapor dissipa-se em plena luz do dia,

Tudo se esvai,

Sinto que nunca a tive,


Certo de não tê-la,

No mais, sofre a alma os seus arranhões,

Feito a cortina que se dissipa,

Já não serve mais para nada,


Os beijos que não a quiseram,

Bem, o cuidado que não tive com ela,

Se sofrer faz parte do sonho que me conduz,

É mesmo preferível a luz do dia,


Parte dos meus sonhos não me faz bem...

Mas duvido muito que um dia deixe de tê-la,

Lá, junto comigo.

Será que é possível extrair alguém de um sonho?


Pensamento não é intuito? É?

Se assemelha mais a um ato não religioso,

O querer criar alguém de dentro de você,

E que este lhe pertença?


Sabe-se que mantendo-o por dentro,

Há de pertencer... há mesmo!

Uma pessoa exemplar,

Um alguém para lhe fazer e ser feita feliz,


Mais valiosa que a luz da lua,

Esta que possui os olhos de rubis.

Mas, esta com que sonho...

Bem, esta está em mim a tanto tempo!


Como hei de tirá-la,

Sabendo que está em mim há tanto!


 

Comida do Leito do Rio

E, Houve fome no rio, Os peixes Que nasceram aos montes, Sentiam fome. Masharey o galo Sofria em ver os peixes sofrerem, ...