Se a sede predomina,
Eu prefiro a morte rápida,
Sonhar com sua boca sem tê-la,
Não é viver para quem não se sacia com nada,
Preciso de você, baby,
- Querido, um dia...
Uma lágrima molha seu olhar e percorre seus lábios,
-Querida, um dia é tempo demais para quem ama tanto!
Talvez, ela pensou,
Ele precisasse de algo mais sólido,
Havia frieza nela,
Não tinha como negar,
Havia algo a distanciar...
- Bem, solidez, concretude, calor e proximidade?
Ela o indagou com lábios trêmulos,
Sentia-se pronta para beijar,
Mas faltava um passo para aproximar-se,
E este passo não era dado,
- Amor, para sempre, te peço: me dê algum tempo...
Ocorre uma espécie de submersão espontânea,
Quando se olha dentro dos olhos de alguém,
Uma espécie de sede afoga a garganta,
É como se não fosse mais possível resistir,
Ou saciar-se de nenhuma forma,
Um algo intenso e forte pede para aproximar-se,
Se a distância predomina,
A morte parece ser mais lenta,
Deus sabe que se vive com o objetivo de saciar-se,
Há como ver-se morrer sem fazer nada?
Há um sepultamento próximo,
Quando o coração se apaixona,
Ou ele vem através da garganta árida,
Que só sabe implorar pelo beijo sem nunca tê-lo,
Ou por meio de um contato,
A busca por estar perto,
Corre-se aí o risco da rejeição e do fracasso,
Mas aí a morte vem mais rápida,
Talvez, morra-se neste instante o sentimento,
Ou a pessoa que se era um pouco antes,
Sabe-se que o ser humano transforma-se,
Mas morrer sem lutar não parece ser de todo seguro,
Não quando sua vida pertence a outra pessoa,
Quando sua língua busca as palavras em outro olhar,
Quando a garganta não se sacia por nada,
Uma frase, um beijo, um alguém...
- Querido, baby, tempo é importante...
Quando você me diz que precisa de tempo,
Você me pede importância ou adia?
A lenta sufocação por não saber o que dizer,
O triste fim daquele que ama e não sabe o que sente,
Os lábios selam-se como se embebidos por cola,
Dali não sai nada,
É como se houvesse uma tranca entre eles,
As pernas ficam moles e arredias – distância,
Fracas para seguir adiante,
Desejosas a voltarem-se para traz,
Um sentimento prende a garganta,
Mas não, não se sabe o que é,
Algo com um cheiro doce e desconhecido emerge,
Mistura-se a agonia e parece não se afastar,
Acho que me pertence,
A terra fica com aspecto de areia,
É como se a vista ficasse falha,
Tenta-se buscar ela, - mas ali está a boca fechada,
Estagnada e sem dizer palavra alguma,
Sujeira a embaçar a visão,
Na mente, na alma e na emoção,
Tenta chama-la com um ranger de dentes,
Dentes brancos e fáceis ficam a mostra num sorriso,
Ele o contempla ainda sem conseguir falar,
Debate-se, retorce-se e sente-se agonizar por dentro,
Procura uma resposta dentro de si mesmo,
Este sentimento que sente é enorme,
Mas não, não sabe de nada,
É o que ele decide.