Logo após inesperado beijo,
Surge uma espécie de relâmpago,
E com ele um mergulho no tempo,
Eu penso, me indago:
“Será que ainda o amo?”
Paro de pensar e decido me dedicar,
Passo a mão do pescoço até a nuca,
Acaricio sua pele e sinto sua quentura,
Desisto de abrir os olhos,
Permaneço com minha boca colada a sua,
Lábios trêmulos e seguros do que faço,
Ele se dirigia a alguém que não estava,
Eu poderia sentir,
Acredito por mim mesma não imaginar,
Mas era dedicado,
Diria aplicado em cada carícia que faz,
Eu correspondo em forma e medida,
Penso num relatório verbal sobre nós dois,
Mas, as palavras me faltam,
Há instantes mais significativos que falar,
Durante curta distância
Eu procuro evitar contato intenso,
Mas, me recosto em seu corpo feito um abrigo,
O sinto pele a pele,
É como se soubesse e entendesse o que sinto,
Sinto a protuberância do seu corpo,
Sua força parece me percorrer,
Já não sou a mesma de antes,
Em seguida, busco o lado esquerdo do pescoço,
Acaricio, o sinto quente por entre os dedos,
Agora, já não há distância segura,
Quase sinto poder me apaixonar,
Tento guardar o quanto é bom estar em seu poder,
Vigio com os olhos semiabertos cada forma sua,
Penso em remover sua roupa,
Então, lhe passo as unhas,
De cima a baixo até seus cabelos,
Que, havia algum tempo que eu o buscava,
Poderia acreditar que sim,
Que buscava fugir do que sentia,
Eu não saberia definir,
Isso me desperta a atenção,
Decido, por fim,
Abrir os olhos e olhá-lo,
Percorrer cada traço seu,
Sinto que posso decorar cada forma,
Talvez, ler seus pensamentos,
Me interesso por isso,
Então, percorro com minha mão seu rosto,
Percorro seus lábios,
Absorvo seu calor,
E nem por um segundo eu paro o beijo.